ㅤㅤ– Eu o vi indo pela direita. – Disse a Teri, e a mais dois ninjas que o acompanhavam. Agora, ele liderava o pelotão, estava a frente de mais três ninjas, e não parecia satisfeito com isso.

ㅤㅤCada salto dado era uma galho - espesso e escuro - deixado para trás na imensidão verde musgo que os engolia. A quase seis horas, o quarteto estava no interior daquela floresta, perseguindo um Nukenin de Kirigakure, cujo alcunha era Koindorobō, acusado, dentre vários crimes, de assassinato e violação de cadáveres. Mas Eru, não discordava de todas as ações do homem, naquela mesma semana ele havia sido responsável por assaltar uma das residências de veraneio do Daimyo da Água, fato este que Eru, respeitava. Tem meu respeito por isso. Vou tentar não cortar nenhuma parte dele quando o tiver capturado, Pensou. Se todos os malfeitores desse mundo direcionassem seus atos aos bens materiais e não as pessoas em si, talvez estivéssemos melhor. Era uma visão perigosa e deveras questionável para um ninja, de uma patente elevada, agora.


ㅤㅤOs meses que se passaram desde seu encontro com a seita de Kala foram cruéis. A marca em seu peito demorou semanas para que estabilizasse, e ele, vez ou outra, sentia-a pulsar e fustigar. Ainda encontrarei um jeito de me livrar dessa coisa. Seus olhos fixaram-se numa silhueta a alguns metros a frente.

ㅤㅤ– Vi algo. Sigam. – O fizeram.

ㅤㅤTeri, estava taciturno aquele dia, outrossim Eru, que não verbetava mais do que sua posição exigia dele. A outra dupla eram genins novatos, que o Kaguya não conhecia, um inclusive, mais velho do ele.

ㅤㅤSó encontraram de fato o criminoso, quando adentraram uma gruta, úmida e soturna, tendo os pés cobertos por águas cristalinas e morcegos sobre suas cabeças. Suas madeixas negras foram as primeiras a entrar na caverna, e com passos desvelados distanciou-se dos outros até cem metros, e após sinalizou para que eles o seguissem.

ㅤㅤNão enxergava no escuro, então estava atento, vigilante a qualquer perigo a espreita.

ㅤㅤO perigo não o decepcionou, e veio a ele mais depressa do que esperava.

ㅤㅤForam recebidos com cinco facas Kunais, cada uma delas com dois explosivos, acionados instantaneamente após os arremessos. Fez seu braço calcificar, e a se tornar alvo, duro e maciço. Quando a broca óssea se formou ao redor de seu membro, usou-a para se proteger do dano de calor das explosões, mas ainda sim foi impactado para trás, caindo a oito metros de onde estava. Os outros genins também saíram ilesos, afinal, o ataque era apenas para criar a distração. Eru, notou a intenção dúbia dos opositores. Aposto que vão em cima dos genins, agora. Idiotas. Não tinha condições de comprovar, mas avançou para a escuridão da caverna, acentuada pela nuvem de fumaça, mesmo assim.

ㅤㅤ– Fiquem ai. Aproveitem a luz da entrada da caverna para perceberem se algum inimigo se aproximar. Não venham atrás de mim. – Teri, odiaria aquilo, sim, mas não tinha como desobedecer as ordens de seu superior.

ㅤㅤSua Flor, no braço direito, se mantinha intacta, pontiaguda e resistente. Encontrou seu primeiro alvo, usando o som dos pés dele batendo na água, para identificar sua localização. Ele, lamentavelmente, estava no perímetro de ação de Eru, que bateu com o ponto média da broca bem no rosto do Nukenin. A intenção era faze-lo desmaiar, nem mata-lo, nem machuca-lo. Não tinha apreço por mortes e nem pela justiça do mundo ninja, contudo, como não havia refletido e decidido o que colocar no lugar para resolver este tipo de situação, por ora, pelo menos, trabalharia para a justiça dos shinobis.

ㅤㅤA cortina branca, que havia emergido do ataque anterior se dissipava, fazendo com que seus olhos encontrassem seu alvo. Koindorobō, tinha proporções largas e robustas, mas inteiramente musculosas e firmes. Eru, titubeou um pouco, é verdade, sua posição, porém, não permitia tal atitude. A ação contraintuitiva do adversário o pegou de sobressalto. A katana inimiga se chocou com seu osso, contrariando sua expectativa inicial. Achei que usaria os punhos. Estranho. Imaginou que o porte físico, poderia indicar que o homem era um usuário de Taijutsu ou alguma arte utilizando a força, não poderia estar mais enganado.

ㅤㅤTendo Koindorobō, uma espada leve e afiada em mão, em detrimento de Eru, que carregava sua Flor, que, por mais forte e resistente que fosse, ainda era uma arma pesada e de difícil manejo, o inimigo tinha a vantagem naquele curto embate físico. Curto, porque o Kaguya, ao perceber, desfez a broca e também sacou sua espada com destreza.


ㅤㅤOsso - como ele havia batizado-a -, era uma arma branca lendária, que havia encontrado durante uma missão, por entre o esqueleto de uma fera pré-histórica e colossal. A lâmina mostrou-se competente, acompanhando toda a movimentação de sua inimiga. Koindorobō, era um espadachim versátil. Ele é bom, devo admitir. Eru, sabia que não era bom com a esgrima, mas não precisava ser, sua intenção era apenas uma...

ㅤㅤDistraiu o oponente com sua canhota, atirando cinco de suas balas ósseas nele, obrigando-o a se defender utilizando a espada. Aquilo foi a brecha que precisava, Osso encontrou espaço no braço destro do oponente para um corte, apenas um. Aquele corte foi o fim da luta. A habilidade especial da espada se revelara. O corpo musculoso começou a contrair-se, tornando-se resistente as ordens do Nukenin e posteriormente indiferente a elas. A missão estava acabada.

ㅤㅤ– Confuso? – Indagou em meio a penumbra, enquanto se aproximava do bandido. – Essa é a habilidade especial dela. Interessante, não? – Embainhou-a na cintura.
ㅤㅤ– I-i-isso, isso é algum tipo de veneno paralisante? Droga, seu maldito! – Enraivecido, o homem caído se debatia, com o rosto nas águas rasas.
ㅤㅤ– Eu costumo dizer que ela calcifica seu sistema circulatório. É mais interessante.
ㅤㅤ– Eru, está tudo bem? – Era a voz do amigo, vinda da entrada da gruta.
ㅤㅤ– Sim. – Respondeu, erguendo o homem, agora completamente imóvel, e o carregando até o pelotão. Apoiou o corpo dele no chão. – Amarrem-o, ele vai ficar imóvel por bastante tempo, mas por precaução é melhor amarrar. – Os dois Genins logo se apressuraram em prender o criminoso. Teri, veio próximo dele.
ㅤㅤ– Da próxima vez deixa eu te ajudar.
ㅤㅤ– Você ajudou, protegendo a entrar da caverna.
ㅤㅤ– Sei. Não fica se achando só porque agora é um chunin.
ㅤㅤ– Não estou. Sabe que não ligo para essas coisas. – Iniciou, conduzindo seu esquadrão de volta para casa.
ㅤㅤ– Tá, tá. Vai me dizer que não está gostando de poder liderar seu próprio time de missão agora? Me engana que eu gosto, cara.
ㅤㅤ– Não é tão bom quanto você diz. Vai se frustrar quando se tornar um, e ver que não muda quase nada.
ㅤㅤ– Muda tudo. Tudo... – Os olhos dele se encontraram, os de Eru, levemente serenos e o de Teri, levemente enciumados e um pouco inseguros
ㅤㅤ– Se você diz...

Notas:

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