Eu me via novamente naquele solo gélido de madeira, numa pequena casa, a única coisa que nos abrigava naquele lugar repleto de neve. Eu estava deitado, de braços abertos, havia sido um dia difícil para mim. Eu estava ferido, gravemente ferido, mesmo que não pudesse sentir o sangue. Mesmo que tentasse, não conseguia levantar, estava completamente imobilizado. Talvez tenha chego minha hora de finalmente descansar, redimir-me dos meus pecados, deixar-me ir, mas vozes tornavam-se audíveis, a distância, ressoando de forma síncrona aos batimentos do meu coração. Elas aproximam-se, outrora a distância, e começam a chamar-me pelo meu nome. Eu fechei meus olhos para aquele ambiente, até que finalmente despertei em uma cama confortável, no centro hospitalar de Kumogakure. Minha cabeça estava confusa, e quando fiz menção de levantar-me, fui atordoado por uma dor intensa nas laterais do meu abdômen, que foi fechado por suturas cirúrgicas mediante aos ferimentos que obtive em guerra. Eu me lembrava vagamente do ocorrido, mas após eu fechar meus olhos, minhas memórias retornam em dosagens mais pesadas que os medicamentos que devo ter ingerido enquanto hospitalizado. Pedi educadamente para a seção responsável pela minha recuperação para que me desse alta para que eu possa voltar para minha casa. Eles estavam relutantes, por razões óbvias, mas eu os garanti de que tinha capacidade de me cuidar de qualquer forma: ー Eu agradeço pela competência de vocês. Até a próxima. ー Finalizo, saindo do hospital. Havia sido uma guerra intensa, mas eu não estava tão abalado quanto da primeira vez, talvez já tenha me acostumado, como os ossos do ofício. De uma forma ou de outra, eu acho que havia muito que eu poderia fazer para ajudar Kumogakure após os eventos passados. Felizmente, haviam duas missões pendentes para serem realizadas, exatamente o que eu precisava. A missão dependeria que eu me alocasse em uma base temporária na fronteira do País do Ferro, levaria três meses, um mês para a ida e volta, e mais um para a execução das missões. Um grupo nukenin criou uma base de operações em Tetsu no Kuni, um pequeno vilarejo, e roubam do armamento dos samurais do país para armarem-se. Não se há frequência de missões no país devido a sua grande e notória força militar, não há a necessidade de shinobis, então para que a presença de um Tokubetsu Jōnin fosse solicitada, era um esquema grande. A viajem foi mais tranquila do que eu imaginava, apesar da travessia ser muito reconhecida, o que poderia levar a muitos saqueadores. Eu conseguia ver a distância a neve começar a cair, as folhas das árvores de pinheiro congelavam, o clima característico da região. A sensação gélida da temperatura, de forma irônica, era acolhedora. Eu gosto de respirar novos ares. A princípio eu precisava de um lugar para ficar, então fiz questão de me acomodar em uma pousada, típico de visitantes, e haviam vários distritos onde eu poderia alugar um quarto para essa longa estadia. Tendo tudo organizado, analisei os pergaminhos que havia recebido, e então, poderia começar minhas missões.
A primeira dizia respeito da localização e recuperação das armas roubadas pelo grupo, enquanto a segunda era mais direta, eu precisa neutralizá-los, aos métodos de preferência, e então, eu poderia retornar para Kumo. Como eu não não conhecia as redondezas, e meu reconhecimento como ninja das forças regulares de uma grande nação, meu trabalho poderia sofrer da interferência de alguns dos samurais, o esperado de um país neutro que quer manter-se longe de relacionamentos políticos complicados. Usando do Meisaigakure no Jutsu, comecei a traçar um mapa pelos arredores, usando de minha inteligência para tentar encontrar uma forma mais apropriada de investigar o local onde os criminosos estariam. Para minha sorte, o serviço de inteligência da nuvem já triangulou a possível localização dos nukenins. A margem de erro era grande, e cobria uma área de mesma proporção, mas eu tinha tempo para despender e a vantagem estratégica até o momento. Primeiro eu precisava encontrar as armas. Como os nukenins ainda estavam ativos, seria mais fácil encontrá-los se eu me apresentasse durante a recepção de uma de suas cargas. Elas primeiramente deveriam ser roubadas dos postos militares, e então trazidas para a região. Com meu Akagan, eu podia cobrir uma grande área visualmente, e não foi difícil encontrar grandes carroças, com um conteúdo coberto no interior. A técnica de invisibilidade me permitiu uma aproximação sucinta, e com uso do Nehan Shōja no Jutsu, pude colocá-los em um estado de sonolência profunda. Ao checar o interior do carregamento, acalmando aqueles agitados cavalos, pude ver as armas. A primeira parte estava feita. A partir de agora era questão de tempo até me descobrirem, então decidi uma jogada arriscada, uma ofensiva direta. Levando um dos encarregados de guarnecer a carga roubada para mais ao longe, dissipei a ilusão e usei do Interrogation Genjutsu para força-lo a dizer-me a localização de sua base. Eles estavam todos em um pequeno vilarejo construído por eles mesmos. Eles se disfarçam de pessoas simples para camuflarem-se da força samurai, enquanto organizam os roubos de forma estratégica. Tendo em vista que agora eu sabia onde eles estavam, eu parti em direção ao local, mas não sem antes usar de meus conhecimentos anatômicos para atingir os nukenins que haviam sido vítimas de meus genjutsus e perfurar seus pontos vitais com uma kunai. Restavam apenas aqueles que ainda estavam no vilarejo. Ao chegar, usando do Myūjishan no kyūden, pude imobilizar aqueles que avançavam contra mim, enquanto me dirigia para a casa central da vila, onde o líder do vilarejo, o representa do grupo criminoso, controlava os roubos. O forcei a entregar-me os documentos referentes a tudo que já haviam roubado e onde escondiam as armas. Para minha sorte, tendo ciência de que não conseguiram vencer minhas ilusões, eles colaborarem, evitando que eu tivesse que usar de força letal. Tendo tudo que precisava em minhas mãos, bastou reportar tudo para meus superiores, prender os envolvidos, e retornar para casa. Para minha infelicidade a volta foi a parte mais dolorosa, porque acabei pegando um resfriado enquanto agia no meio da nevasca. Rever os portões de Kumogakure me trazia serenidade, um conforto tão agradável quanto sentir as cordas do meu samisém: ー É bom estar de volta.

Considerações: