Passava do meio-dia quando a presença de Mio no Departamento de Polícia de Konoha foi solicitada. Sob o sol escaldante, uma pequena coruja branca cortou os céus e entregou à loira um pergaminho contendo essa mensagem. Junto a ele, estava amarrada uma das penas brancas dessa linda ave. Não havia dúvidas, era a assinatura de sua colega da época de Academia Ninja, Ling, a qual não encontrava desde que haviam se formado. Mas, por que o encontro no DP? Com isso em mente, pegou seus pertences e partiu em direção ao local indicado.

A Yamanaka não teve dificuldades para encontrar o DP, afinal, já havia se encontrado com Isirus algumas vezes naquelas redondezas. Todavia, era a primeira vez que adentrava ao interior do prédio. O constante fluxo de pessoas impressionava, provavelmente devido ao dia da semana e horário, mas não imaginava que era assim. Em meio a essas pessoas, estava Ling que facilmente localizou a loira.

— Mio? — Perguntou, assim que se aproximou.

— A própria. — Bateu continência, ironicamente. — Você não mudou nada, Ling.

— Muito menos você. — Ela sorriu. — Como anda a vida de shinobi?

— A mesmice de sempre, mas até que estou gostando. Enfim, por que me chamou? Não estava esperando por isso.

— Venha comigo, por favor. — Virou-se e seguiu em direção à um dos corredores.

considerações:

Chegando ao final do corredor, depararam-se com duas salas que ficavam lado a lado. Na porta à esquerda, havia uma placa escrito “Interrogatório I-A”. Entretanto, as jovens adentraram à sala da direita cuja placa dizia “Interrogatório I-B”. Nessa, havia apenas duas cadeiras de ferro viradas para a parede de vidro a qual possibilitava a visualização da sala oposta. No teto, além da luz, duas estruturas que se assemelhavam à caixas de som.

Do outro lado,  haviam dois sujeitos. O primeiro deles, sentado e com as mãos amarradas à mesa, estava vestido com o colete característico de ninjas superiores à genin e levava a bandana como símbolo da Folha à testa. Seus olhos estavam inchados e possuía um corte no supercílio esquerdo, deixando parte do rosto ensanguentado. Entretanto, mantinha a expressão de deboche para o outro homem que estava em pé. Esse, utilizava vestes mais formais e a bandana de Konoha estava presa ao braço.

— Aquele rapaz que está sentado é responsável pelo assassinato de sete shinobis de nível entre genin e chunin. Em nossas investigações conseguimos coletar informações o suficiente para associá-lo à esses crimes. No entanto, precisamos que ele confesse, devido a algumas questões burocráticas quanto a validade das provas coletadas. — Ambas encaravam a parede de vidro e viram o suspeito ser acertado com um soco no rosto. — Alguns interrogadores fazem o uso da força para conseguir tirar as informações do suspeito, então não estranhe o que está vendo. Mas, nesse caso em específico, nem isso está sendo o suficiente.

— Eu desisto! — Ouviram a fala  através das caixas de som no teto. — Se eu ficar mais um minuto nesta sala, eu vou acabar matando este cara. — O interrogador olhava pela parede de vidro, porém, daquele lado, não conseguia ver as garotas. Assim, ele deixou o suspeito sozinho e saiu da sala.

— Por isso que eu te chamei aqui. — Ling encarou a loira. — Em razão das desavenças entre a vila e o seu clã, não temos nenhum Yamanaka presente na corporação. Precisamos das suas habilidades, Mio. Por favor!

— Creio que eu não tenho outra opção. — Virou-se em direção a porta. — Vou te ajudar desta vez, apesar de nunca ter feito isso.

considerações:

— Mais um para me bater? — Disse o rapaz ao notar a porta sendo aberta.

— Não tenho aval para isso. — Respondeu, sentando-se em frente à ele. — Porém, se ficar me olhando com essa cara de deboche, eu não me importo de deixá-la ainda mais inchada. Enfim, não vamos perder tempo aqui. Foi você quem matou aqueles ninjas? — Questionou, colocando o braço direito sobre a mesa e o encarando fixamente. O interrogado não deu ouvidos, apenas sorriu e manteve a expressão debochada.

Mio se levantou e caminhou lentamente ao redor da mesa, parando atrás dele e apoiando seu braço no  o ombro do suspeito.

— Você sabe quem eu sou? — Ele permaneceu em silêncio. — Sabe que eu não preciso que você fale para tirar informações de você, não sabe? — Sussurrava à beira do ouvido do sujeito. — Não me dê o trabalho de gastar chakra contigo. — Complementou, enquanto uma serpente de escamas verdes saia da manga de sua jaqueta e se arrastava pelo corpo do rapaz.

— Sim… Fui eu quem os matei. — Respondeu, abaixando a cabeça. De certa forma, o criminoso sabia que não teria escapatória daquela situação. — Então, agora que confessei, o que irá fazer comigo? Vai me espancar até a morte como os outros estavam fazendo?

— Isso não é da minha competência. — Respondeu, deixando o local e seguindo para a sala anterior.


— O que irá acontecer com ele? — Questionou a loira.

— Provavelmente ficará preso pelo resto da vida. — Respondeu, Ling. Fazendo um sinal com as mãos para que o garçom do restaurante onde estavam viesse até sua mesa. — Me sinto no dever de pergunta isso, Mio. Na verdade, fui orientada a te perguntar. Você não tem interesse em ingressar na nossa corporação? Suas habilidades serão fundamentais e, pelo que eu te conheço, seria um passo a mais para você alcançar seu objetivo.

— Talvez eu aceite. — Respondeu, sorrindo.

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