Existem dois tipos de informações no mundo: a inútil, que não agrega em nada em sua vida, e aquela que pode transformar a sociedade, e mudar todos os aspectos de uma civilização. Num mundo que renega a tecnologia e abraça a primitivade, eu me recusei a aceitar a mediocridade. Por que renegar todas as conquistas das gerações anteriores só porquê um idiota resolveu brincar de Deus? Talvez devessemos abrir mão do Ninshuu também, não é? Enfim... Era mais uma noite em Konoha, como todas as outras. Meus passos pelas ruas de Konoha eram lentos, sem pressa e talvez sem rumo. As pessoas passavam de um lado para o outro, e a maioria delas olhava para o objeto brilhante em meu peito, um lembrete do que a sociedade poderia alcançar se abrissem suas mentes. "O que é aquilo, mamãe? Eu quero um!", dizia um filho de mãe rica, apontando para mim, mas a mãe puxava o filho num solavanco. "Anda, menino! Isso não é coisa para pessoas de bem como nós". Pois é...

Mais alguns passos e eu chegava na praça de Konoha, onde uns caras conversavam com as garotas. Watanabi Kizumi era um deles: nós fomos da mesma turma na Academia. Ele estava ali, se gabando das missões que fez em nome de Konoha, narrando missões Rank C e B como se fossem Rank S. Eu o odiava na Academia, porque ele sempre me humilhava para se fazer e bonzão. Sim, ele era mais popular, e sim, ele se tornou Chuunin primeiro. Mas aí ele ficou estagnado, enquanto eu me tornei Jounin com uma alcunha e um legado que ele nunca vai ter. E do lado dele está o Arashi, um papagaio de pirata com o tamanho de uma girafa, o tipo de pessoa que não consegue pensar por si só. E a minha mãe ainda pergunta porque eu não tenho amigos... Passei por eles e as garotas com eles sorriram para mim, esquecendo completamente a existência dos dois dos seus amigos. Olhei para elas sem entender o porquê daqueles sorrisos, virando o rosto e continuando minha caminhada, afinal não me dá prazer ficar na companhia de tantas pessoas.

Caminhei mais um pouco e cheguei a um restaurante que minha mãe me indicou. Me dirigi para uma das mesas dos fundos e pedi um hamburguer com duas carnes, queijo e bacon extra, assim como um cachorro quente, umas batatas fritas e uma garrafa de sakê. Cruzei meus braços e fiquei esperando por alguns minutos, até meu pedido chegar e eu poder aproveitá-los. Comecei pelo hamburguer, segurando-o com as duas mãos, olhando para os lados. De repente, um homem se sentou na minha mesa, enquanto eu continuava a mastigar os pedaços de pão e hamburguer. Seu nome? Yoshida Tanaka, um dos homens de confiança do Shodaime Hokage. Pela aparência dele (quarenta anos, 1,85m, cabelo negro, corte militar), dava para ver que era um um Jounin experiente, e caras desse porte sempre chegam com bombas nos bolsos. - Kobayashi Indra... Me perdoe a intromissão, mas tenho algo importante para tratar com você. - ele dizia com o semblante sério. Só ali, notei que ele segurava uma pasta preta em sua mão, mas enquanto enchia meu copo com sakê. - Não estou interessado em saber. - sussurrei. - Estou de férias. - peguei quatro batatas-fritas e coloquei na boca, mastigando-as devagar. - Homens como nós não tiram férias, Kobayashi, não em tempos sombrios como esses. Está acompanhando as notícias? - falou em voz baixa, colocando a pasta na mesa e pedindo algumas carnes para a garçonete. Parecia bem confortável em fazer parecer que tinha sido convidado a se sentar comigo.

- O filho do Yamanaka levou uma surra, picharam os muros da vila com o símbolo e um X e colocaram fogo na floricultura. Eu sei de tudo isso, já fiz minha parte como cidadão da vila e doei uma parte do meu dinheiro para a reconstrução da floricultura. - afirmei. Não que eu tenha qualquer empatia por uma floricultura, mas eu adoraria ver os rostos desses arruaceiros ao ver a floricultura renovada e ampliada, e perceberem que os seus esforços não levaram a nada. - Não vim aqui por conta da sua gorda conta, Major. Tudo isso que você descreveu é só uma ponta do Iceberg. Tem muita coisa acontecendo que você não sabe ainda. - as palavras dele me fizeram levantar a sobrancelha esquerda. O filho da puta tinha atraído a minha ansiedade. Fiz um sinal com o dedo para a garçonete, e então solicitei que trouxesse um copo vazio ao homem. Nada melhor do que uns copos de álcool e uma barriga vazia para fazer um homem falar. O servi, olhando diretamente para ele, o assistindo beber. - O ataque ao filho do líder dos Yamanaka e o incêndio? Não são casos isolados. As crianças Yamanaka estão sendo hostilizadas na Academia, ninjas do clã sendo seguidos pelas ruas, alguns clientes se recusam a ter os pedidos de missões executados por eles. - comentou de uma maneira que dava para entender que não era o tipo de coisa que eu deveria sair espalhando por aí.

- Uma onda de ódio está se formando, Kobayashi. Boatos e rumores estão sendo espalhados por aí, e não sabemos de onde vem e quem está absorvendo isso. Não queremos que isso evolua, mas se não fizerem nada, isso será inevitável. - sussurrou. Foi quando eu acabei soltando uma pequena deixa para ele continuar com os seus assuntos. - E tudo isso por causa do Time de Barreira de Konoha. - sim, eu sabia daquele projeto, afinal não era tão secreto assim. Meu trabalho como Investigador era saber de coisas que poucas pessoas ou quase ninguém sabia. - O nome do projeto é Sistema Sensorial da Parede de Ferro. Kaden colocou esse projeto na mão dos Yamanaka, pois eles são os únicos que podem erguê-la. A ideia é construí-la no território do clã. Mas é o tipo de coisa que muita gente não quer. Algumas pessoas dizem... Que essa barreira poderia ser usada para ler e controlar a mente das pessoas dentro dela. Apenas boatos, obviamente, mas uma mentira contada mil vezes... - ele não precisava terminar a frase. Naquela altura, eu já tinha terminado o meu hamburguer, saboreando o cachorro quente. - O que quer que eu faça? - perguntei, tomando mais um pouco do meu sakê.

- Simples. Quero que encontre esses filhos da puta, e façam com que eles paguem por esse caos que estão tentando gerar. Você, mais do que ninguém, sabe que esses caras irão tentar frear esse projeto que será um marco em Konoha por puro ódio e medo. Não pode deixar isso acontecer, Major. - afirmou o homem. Demorei menos de um minuto para pensar e tomar uma decisão. - O que tem nessa pasta preta aí? - perguntei, e ele direcionou-a a mim, me permitindo abri-la e ver alguns retratos falados de pessoas que mencionaram algum tipo de preconceito ou ódio aos Yamanaka, além de relatos de testemunhas nos casos envolvendo o clã. - Mais uma coisa: seu trabalho deve ser nas sombras. Estará fazendo um serviço particular, em seu próprio nome, por pura curiosidade. Sua casa será o seu escritório particular, terá os custos da missão pagos pela vila, e você poderá escolher pessoas para trabalhar com você. - afirmou o Jounin, mas logo o freei de chegar a mais conclusões sobre trabalhar em equipe. - Eu trabalho sozinho, senhor. Mas por que manter as coisas fora do registro? - quis saber, e a resposta que veio até mim me assustou. - Existe um outro motivo pelo qual chamamos você, além da sua competência e inteligência... - uma breve pausa. - É que você não é ligado a nenhum clã da vila, o que facilita as coisas. - ele afirmou.

- O que isso quer dizer exatamente? - perguntei, já me preparando para partir. - Quando descobrirem que existe alguém fazendo investigações sobre os fatos ocorridos aqui, vão contestar caso descubram que essa investigação está sendo feita em nome da vila. Vão alegar favorecimento, vitimismo, desigualdade de tratamento, tudo isso. Se chamarmos alguém de algum clã, os membros desse clã podem tentar induzir o investigador a desistir do caso ou fazer vista grossa para algumas coisas. Mas você não... Você é implacável, e sei que vai até o fim para descobrir a origem e as consequências desses atos. De qualquer forma, você se reportará somente a mim e a assistente do Hokage, Harumi. Faça o que for possível para descobrir mais a fundo o que está acontecendo. - ele pediu, fazendo eu responder que sim com a cabeça. - Tenho permissão para executar os meus inimigos, casos eles não colaborem? - perguntei, e ele respondeu que sim com a cabeça, se despedindo e indo embora. É engraçado como as coisas podem mudar de uma hora para outra, não é? Bom, sem muitas delongas, a partir daquele momento, eu começaria a investigar os casos em Konoha. Para aqueles que abraçam o ódio por pensamentos torpes, a hora de se arrependerem e abandonarem a loucura tinha chegado e passado batido. Todos aqueles que tentavam causar o caos começariam a pagar, um por um.