Esperei a noite passar e a vila adormecer para que eu pudesse realizar o meu treino. Me arrumei com roupas leves de cor cinza, levar muito peso não me ajudaria nesse momento, então após estar pronto eu deixei meus aposentos, carregando apenas uma lanterna de papel. A noite era fria devido aos ventos que sopravam em Iwa, e os uivos dos ventos e o balançar de guizos e chocalhos eram as únicas coisa que eu ouvia enquanto caminhava subia ao teto dos meus aposentos. Obviamente as ruas estavam totalmente vazias. O objetivo era obter máxima concentração e evitar distrações, por isso o treino seria realizado aquele horário. Coloquei a lanterna sobre o teto e me sentei a cerca de 2 metros de distância da mesma.

Sentado ali, fechei meus olhos e tentei me concentrar no meu subconsciente. Havia agora, além do barulho do vento, sons dos animais noturnos que a cada segundo pareciam preencher ainda mais a minha cabeça ficando mais altos. Permaneci ali, tentando encontrar meu subconsciente em meio aos sons externos durante alguns minutos, poderia durar o tempo que fosse, eu não desistiria. Eu li sobre isso em diversos livros, que devemos entender a nossa própria mente antes de entrar na mente das outras pessoas.

Após algum tempo em meditação, os sons da noite pareciam ficar mais e mais abafados até que desapareceram de vez. Sentia meu corpo tão leve que eu parecia flutuar imerso em uma completa escuridão. Flutuei por alguns segundos sem que pudesse enxergar nada até que na minha frente surgiu uma grande porta vermelha, grande demais para um ser humano normal. Comecei a me aproximar da porta tentando alcança-la com uma das mãos e esta parecia se distanciar mais e mais, e conforme eu ficava frustrado, maior a porta se tornava. Após alguns minutos, parei de tentar alcança-la e passei a refletir sobre o significado daquela porta, até que eu pude entender que não era a porta que estava ficando maior, mas eu que estava ficando menor conforme sentia-me diminuído pela frustração. Toda essa ilusão da porta trazia a tona meu problemas de ego e que, para supera-lo eu deveria entender meu lugar e que para ter mais eu deveria entender que eu sou menos. Sabendo dos meus limites, tentei novamente me aproximar da porta e conforme eu tentava, menor a porta se parecia, até o ponto em que ela chegou ao tamanho de uma porta comum quebrando aquela ilusão. Coloquei minha mão na maçaneta da porta, que estava quente, então eu a girei e a porta se abriu, deixando uma imensa fonte de luz entrar naquele espaço ocupado antes apenas pela escuridão.

Despertei de minha meditação e percebi que já haviam passado várias horas e agora, já se podia ver a luz do sol iluminando o horizonte. Levantei-me e caminhei até a lanterna de papel que havia deixado na minha frente, cujo a vela já havia esgotado. Estiquei os meus dois braços em direção ao céu alongando-os.
*Quão complexa é a nossa mente...* Pensei, antes de recolher a lanterna e tomar rumo de volta aos meus aposentos.

HP: 275/275 · CH: 375/375 · CANSAÇO: 00/05

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