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A LUZ DAS TREVAS
Arco 02
Ano 27 DG
Inverno
Meses se passaram desde a missão de investigação ao Castelo da Lua, no País do Vento, que culminou na Batalha da Lua Minguante. Soramaru, o cientista responsável pelos experimentos, morreu em combate, assim como outros ninjas do lado da aliança. Após a missão ser bem-sucedida, mas carregando tantas mortes, Karma, o líder da missão, ficou responsável por relatar às nações o máximo de informações sobre a organização por trás dos crimes agora que estava com o selo enfraquecido e com isso ele revelou o verdadeiro nome dela: Bōryokudan. Ainda não tendo como fornecer mais detalhes, pois o selo se manteve, e precisando de mais pistas antes de investir novamente em uma missão, Karma saiu em missão em nome das Quatro Nações para encontrar o paradeiro dos demais membros da organização — e sua primeira desconfiança recaiu sobre Kumo.

O mundo, no entanto, mudou nestes últimos meses. Os Filhos das Nuvens concluíram a missão de extermínio aos antigos ninjas da vila e implementaram um novo sistema político em Kumo ao se proclamarem o Shōgun sobre as ordens não de um pai, mas do Tennō; e assim ela se manteve mais fechada do que nunca. Em Konoha a situação ficou complicada após a morte de Chokorabu ao que parece estar levando a vila ao estado de uma guerra civil envolvendo dois clãs como pivôs. Suna tem visto uma movimentação popular contra a atual liderança da vila após o fracasso em trazer a glória prometida ao país. Já em Kiri a troca de Mizukage e a morte de ninjas importantes desestabilizaram a política interna e externa da vila. E em Iwa cada dia mais a Resistência vai se tornando popular entre os civis que estão cansados demais da fraqueza do poderio militar ninja. Quem está se aproveitando destes pequenos caos parece ser as famílias do submundo, cada vez mais presentes e usando o exílio de inúmeros criminosos para Kayabuki como forma de recrutar um exército cada vez maior.

E distante dos olhares mundanos o líder da Bōryokudan, Gyangu-sama, se incomoda com os passos de Karma.
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SHION
SHION#7417
Shion é o fundador do RPG Akatsuki, tendo ingressado no projeto em 2010. Em 2015, ele se afastou da administração para focar em marketing e finanças, mas retornou em 2019 para reassumir a liderança da equipe, com foco na gestão de staff, criação de eventos e marketing. Em 2023, Shion encerrou sua participação nos arcos, mas continua trabalhando no desenvolvimento de sistemas e no marketing do RPG. Sua frase inspiradora é "Meu objetivo não é agradar os outros, mas fazer o meu trabalho bem feito", refletindo sua abordagem profissional e comprometimento em manter a qualidade do projeto.
Angell
ANGELL#3815
Angell é jogadora de RPG narrativo desde 2011. Conheceu e se juntou à comunidade do Akatsuki em fevereiro de 2019, e se tornou parte da administração em outubro do mesmo ano. Hoje, é responsável por desenvolver, balancear, adequar e revisar as regras do sistema, equilibrando-as entre a série e o fórum, além de auxiliar na manutenção das demais áreas deste. Fora do Akatsuki, apaixonada por leitura e escrita, apesar de amante da música, é bacharela e licenciada em Letras.
Indra
INDRA#6662
Oblivion é jogador do NRPGA desde 2019, mas é jogador de RPG a mais de dez anos. Começou como narrador em 2019, passando um período fora e voltando em 2020, onde subiu para Moderador, cargo que permaneceu por mais de um ano, ficando responsável principalmente pela Modificação de Inventários, até se tornar Administrador. Fora do RPG, gosta de futebol, escrever histórias e atualmente busca terminar sua faculdade de Contabilidade.
Wolf
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Wolf é jogador do NRPGA desde fevereiro de 2020, tendo encontrado o fórum por meio de amigos, afastando-se em dezembro do mesmo ano, mas retornando em janeiro de 2022. É jogador de RPG desde 2012, embora seu primeiro fórum tenha sido o Akatsuki. Atua como moderador desde a passagem anterior, se dedicando as funções até se tornar administrador em outubro de 2022. Fora do RPG cursa a faculdade de Direito, quase em sua conclusão, bem como tem grande interesse por futebol, sendo um flamenguista doente.
Mako
gogunnn#6051
Mako é membro do Naruto RPG Akatsuki desde meados de 2012. Seu interesse por um ambiente de diversão e melhorias ao sistema o levou a ser membro da Staff pouco tempo depois. É o responsável pela criação do sistema em vigor desde 2016, tendo trabalhado na manutenção dele até 2021, quando precisou de uma breve pausa por questões pessoais. Dois anos depois, Mako volta ao Naruto RPG Akatsuki como Game Master, retornando a posição de Desenvolvedor de Sistema. E ainda mantém uma carreira como escritor de ficção e editor de livros fora do RPG, além de ser bacharel em psicologia. Seu maior objetivo como GM é criar um ambiente saudável e um jogo cada vez mais divertido para o público.
Akeido
Akeido#1291
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Havilliard
Havilliard#3423
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Angell'
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Angell Hyuuga Hattori
[ HP: ????/???? | CH: ?????/????? | CN: ???/??? | ST: ??/?? ]
[ Byakugou no In: ???/??? | Byakugou no Jutsu: ??/?? ]
[ Hachibi: ????/???? ]


No primeiro segundo, a azulada estava cuidando de sua mãe de seu mundo. No segundo seguinte, houve o clarão que apagou ambas da existência, junto até mesmo de Hakurei. No segundo final, ela acordava com um pulo, com o próprio Hakurei lhe perguntando se tinha sido aquele sonho estranho de novo. Mas a azulada sequer conseguiu discernir as palavras dele naquele momento; estando agora sentada em sua cama, cujos lençóis não passavam de panos amassados, arrancados do colchão com violência, ela notava o suor frio que cobria seu corpo todo, enquanto tentava recuperar ao menos um pouco de seu fôlego a inspirações e expirações fortes, descompassadas e afobadas, em uma tentativa vã de fazer seu peito parar de doer e seu estômago parar de borbulhar. Era como se... ela estivesse acordando do sono da morte.

– Hein... – Hakurei insistia. – foi aquele sonho estranho de novo?

E, agora, Angell o ouvia. Ela se voltou para ele de forma repentina, e o encarou com seus olhos azuis arregalados. Sentia as palpitações de seu coração, o desconforto de todo seu abdômen, a queimação de seu estômago e os movimentos de subir e descer de todo seu tronco tensionado ali em cima de sua cama. Mas a visão de Hakurei lhe fez começar a se acalmar, e, aos poucos, ela foi conseguindo enxergar seu – em breve – marido com mais nitidez logo ao seu lado. Ele já tinha levantado, mas notou o escarcéu que a azulada fazia ao se debater em meio a seu sono e retornou ao quarto que ambos compartilhavam na casa de sua mãe, lá no bairro Hyuuga, sentou-se na beirada de sua cama para consolá-la, mas acordou-a logo ao primeiríssimo toque. Para lá dele, escorada à lateral da porta do quarto, estava Katsura, com um livro semiaberto em mãos, encarando a azulada também com um olhar todo preocupado. À direita de sua cama, para lá de seu criado-mudo, que sustentava uma foto emoldurada de Katsura consigo ainda bebê nos braços e um Shaka adolescente sorrindo ao lado de ambas, Angell viu a única janela daquele quarto, aberta para lhe atormentar com o mais melancólico nascer do sol que já tinha assistido em toda sua vida, por mais que a visão devesse ser simplesmente esplêndida para qualquer outra criatura daquele mundo que pudesse tê-la naquele momento.

Ela não se lembrava de por que tinha seguido em frente desde a guerra em que seu pai e seu irmão mais velho foram mortos. Não se lembrava de quando teve Gyuuki selado em seu corpo, não se lembrava de como conheceu e adotou Everything, não se lembrava de quem lhe levou a Katsuyu ou mesmo a Kiba. Era como se, em todos aqueles anos, Angell estivesse sendo movida só e somente por seus instintos de sobrevivência e por seu dever de fazer sobreviverem junto de si. Porém, ao mesmo tempo, ela tinha plena sensação de que havia algo ou alguém faltando em suas lembranças; as lacunas eram estranhas e específicas demais, e o sentimento misto de vazio com culpa pela falta das memórias era desesperadoramente genuíno. O que tanto lhe faltava, afinal? O que ela andou perdendo por todos aqueles anos?


“But it’s the only thing that I have.”


Informações:
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Tenha sua ficha de personagem aprovada.
Angell'
Ficha de Personagem : https://www.narutorpgakatsuki.net/t70412-ficha-angell-hyuuga-hattori
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Angell'
Lenda Ninja | Sannin
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Angell Hyuuga Hattori
[ HP: ????/???? | CH: ?????/????? | CN: ???/??? | ST: ??/?? ]
[ Byakugou no In: ???/??? | Byakugou no Jutsu: ??/?? ]
[ Hachibi: ????/???? ]


Angell deixou a casa de sua mãe para se enfurnar na floresta que circunda a Folha outra vez. Os anciãos do clã a cumprimentaram vigorosamente, da mesma forma que quando ela e Katsura tinham retornado vivas e vitoriosas da última guerra que assolou o mundo ninja, assim que ela deu seu primeiríssimo passo para além da porta de entrada. Porém, um gosto amargo lhe subiu à boca; apesar de sua vitória na guerra ter salvado inúmeros inocentes, não foi capaz de impedir a morte de seu pai ou de seu irmão, muito menos foi capaz de trazê-los de volta de qualquer forma. Ela até tentou sorrir e acenar de volta aos anciãos... mas a tristeza estava estampada em seu rosto. Uma criança quis oferecer a ela uma florzinha azul, e enfim conseguiu lhe arrancar um esboço de reação, porém, não lhe impediu de continuar seu caminho solitário e quieto.

“Você precisava ser um pouco mais simpática.”, mas Gyuuki prestava um pouco mais de atenção. “Você é a heroína deles; eles te adoram. Vai ficar chateada a vida toda?, ao invés de aproveitar tudo que você tanto lutou para salvar?”

“Não consigo sentir esse orgulho depois de ter deixado metade da minha família morrer na guerra...”, e a azulada rebateu.

“Eles eram poderosos, Angell. Eram tão poderosos quanto você é agora. Como você poderia saber que eles acabariam assim, hã?”

“Não me sinto poderosa.”

“Besteira! Nem os anciãos chegaram ao seu patamar. E eu sei que eles bem queriam, ainda mais se soubessem que ainda não é tudo.”

“...não é tudo?”

“É? E aquele chakra que parece que te cerca quando você usa o Tenseigan? Ou você nunca percebeu?, nem quando se olha no espelho?”

“Do que você está falando...?”

Àquela altura, Angell já tinha adentrado a floresta. Correu até a clareira que se lembrava de ser a mais próxima e, sendo iluminada por uma bela porção da luz do sol, empunhou e encarou seu pingente em formato de lobo, percebendo-o não só reluzir, como também refletir sua imagem, mesmo que em uma fração mínima. Ativou seu Tenseigan e moveu o pingente de forma a conseguir visualizar o contorno de seu próprio corpo... e foi capaz de enxergar o chakra que escapava involuntariamente por seus tenketsus, exatamente da forma que Gyuuki lhe havia dito.

“Como você percebeu isso?”, ela perguntou.

“Eu não sei.”, e ele respondeu. “Como você não percebeu?”

A azulada quase pôde rir com o tom provocativo que Gyuuki começou assim de repente a utilizar consigo. Mas, além da melancolia que ainda carregava em seu peito, sentia uma certa fascinação pelo chakra que lhe cercava agora. Era como... o chakra natural que lhe concedia uma transformação única, ensinada por Katsuyu. Ou talvez como... o chakra do próprio Gyuuki, que lhe concedia várias transformações únicas, a depender só da forma como ele lhe emprestaria poder. A diferença era que a azulada já conhecia o precedente da energia das ditas transformações... mas, por algum motivo do qual não conseguia se lembrar, nunca tinha sido ensinada sobre os segredos ou mesmo a origem do Tenseigan que carregava em seus olhos.

“Só que nunca é tarde para aprender, hã?”, Gyuuki comentou. “Eu diria isso mesmo que você estivesse sozinha, mas, já que você não está...”

“Vai me ajudar?”, e a azulada complementou.

“Com muito prazer!”

Ela sorriu e se concentrou no chakra que escapava por seus tenketsus naquele momento, querendo entender onde ele se originava e para onde ele tentava ir. Percebia-o fluir por seu corpo tão naturalmente quanto o chakra que não saía dos caminhos comuns de sua rede de circulação, mas conseguia sentir lá alguma nuance diferente nele... como se ele não pertencesse a seu corpo, por mais que estivesse claramente vinculado a seus olhos, e quisesse retornar a seu dono original em algum outro lugar por aí. ...o que, claro, não fazia qualquer sentido nem para si nem para Gyuuki.

“Acho que você vai precisar contê-lo, hã?”, o hachibi sugeriu.

“Contê-lo em mim?”, Angell rebateu. “À força?”

“Se ele vem dos seus olhos, mas fica querendo fugir...”

Já aquela ideia, mesmo parecendo bruta, fazia sentido para a azulada, sim. Então ela se concentrou em seu chakra mais... comportado, por assim dizer, e o condicionou para que ele formasse um invólucro de pura energia ao redor de seu corpo, bem rente à sua pele. Só depois, tendo se assegurado de que o chakra diferenciado advindo de seus olhos não teria mais para onde fugir, voltou a se concentrar no mesmo, já pensando no que teria de fazer para mantê-lo “na linha”. Antes de mais nada, tentou condicioná-lo ainda dentro de seu corpo, lembrando-se de como criava um caminho alternativo para levar quantidades maiores de seu chakra comum até o tenketsu no centro de sua testa sempre que queria reabastecer seu Selo da Força de Uma Centena; porém, ao invés de criar caminhos novos por onde aquele chakra diferenciado poderia passar, foi tentando não deixá-lo fugir dos caminhos convencionais, ao mesmo tempo que comprimia aos pouquinhos o invólucro que tinha feito rente à sua pele, querendo encontrar alguma forma de reaver as porções do chakra especial que já tinham escapado de seu corpo.

Mesmo que tivesse um controle absurdo de seu próprio fluxo energético, tanto graças às particularidades de seu clã quanto com as diversas experiências e provações pelas quais tinha passado dentro e fora dos campos de treinamento e de batalha, a azulada sentia a dificuldade de condicionar um chakra que parecia sequer aceitar que se originava dentro de si, graças a seu doujutsu. Porém – e apesar do passar rápido e cansativo das horas –, ela insistia, insistia e insistia. ...até enfim conseguir notar o sucesso no condicionamento daquela energia especial, que finalmente começava a se misturar à sua energia comum dentro de seu sistema de circulação de chakra, dando-lhe, inclusive, uma sensação nova de um misto de poder e leveza.

Quando procurou por seu reflexo em seu pingente em formato de lobo, percebeu não só que a noite já tinha caído, como também que era outra daquelas transformações únicas que iluminava seu rosto agora, reluzindo no pingente e lhe deixando vislumbrar a forma majestosa que a mistura de seus dois chakras tinha tomado.


“But it’s the only thing that I have.”


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Convidado
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1º post
Situação: Aprovado
Considerações: -x-
Recompensas: Alterações pertinentes à história podem ir para a GF

2º post
Situação: Aprovado
Considerações: - x -
Recompensas: Modo de chakra do Tenseigan
Anonymous
Angell'
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Naquela noite, Angell voltou à casa de sua mãe um pouco menos desanimada. Deparou- se com a mesma criança de tantas horas antes ao adentrar o bairro Hyuuga, mas, quando recebeu dela uma nova florzinha azul de presente, conseguiu esboçar um sorriso. Gyuuki até chegou a se animar em seu interior, porém, tão logo se lembrou de que não era por si própria que a azulada demonstrava simpaticidade e educação; era pela criança. No dia seguinte, se Angell saísse para treinar outra vez, ela talvez fosse capaz de cumprimentar os anciãos, mas também não por si; por eles. Era assim há tanto tempo... então por que deveria mudar agora? Angell sempre tinha vivido pelos demais, dedicando sua força, sua determinação, suas energias, enfim, sua vida inteira por eles... então por que justo agora seria diferente? A perda de seu pai e de seu irmão mais velho não mudaria sua natureza altruísta. ...mas e a confusão quanto aos sentimentos sobre suas memórias?, ela poderia ser capaz de permitir que lhe mudasse – e tanto assim –?

A azulada não jantou; apenas tomou um banho quente e demorado antes de ir para sua cama. Hakurei ainda não tinha voltado, então ela talvez conseguisse cochilar e melhorar ao menos um pouco mais seu humor para esperar por ele. ...ou era o que ela imaginava, até Gyuuki de repente lhe impedir de descansar.

“Smile, the worst is yet to come; we’ll be lucky if we ever see the sun.”, ele resolveu cantarolar quando a azulada já estava quase adormecendo.

“...quê?”, ela rebateu.

“Got nowhere to go; we could be here for a while.”, e ele continuava. “But the future is forgiven, so smile!”

“Gyuuki... quer me deixar dormir um pouco?”

“Na... na, na, na... na, na, na... na, na, na...”

“Gyuuki?”

“Na, na, na... na, na, na... na, na, na... na, na, na...”

“Gyuuki?!”

“Smile, the worst is yet to come; we’ll be lucky if we ever see the sun! Got nowhere to go; we could be here for a while. But the future is forgiven, so smile!”

A azulada enfim se sentou de novo em sua cama.

“Tudo bem...”, mas bufou quase como uma criança mimada quando se irrita com sabe-se lá o que. “o que você quer com todo esse tragedismo?”

“Eu que devia perguntar.”, e o hachibi finalmente escolheu respondê-la direito. “Você devia estar um pouco menos emburrada depois do treinamento de hoje, hã? Fez um belo de um avanço para o primeiro dia.”

“Foi só uma transformação, Gyuuki... não há nada tão grandioso assim em uma transf-... espere, o que você acabou de dizer?, ‘primeiro dia’?”

“É disso mesmo que eu estou falando. Desde a guerra, você tem se tornado cada vez mais desatenta, tanto que nem consegue notar mais o potencial total do seu próprio poder; não notou o chakra do Tenseigan em volta do seu corpo, nem espalhado nem concentrado em alguns pontinhos específicos. Você tem se focado muito nesses seus sentimentos fúnebres e se esquecido de sentir a vida que não deixou de acontecer à sua volta. Você está viva... então viva!, viva pelos seus sonhos, pelas suas vontades e ânsias, pelos seus desejos! Viva para se tornar cada vez mais forte e não perder mais pessoas que você ama, nem sem perceber! Eu sei que você pode.”

Angell sentiu um calor em seu peito, como se uma pequena chama de esperança que se acende para aquecer um coração resfriado e cresce para alimentar uns bons sentimentos que podem ser esquecidos pela falta de se senti-los tivesse surgido graças às palavras do hachibi. Ela deu mais uma boa olhada no quarto que dividia com Hakurei, lembrando-se de que ele também ainda estava vivo, e pensando na casa em que ambos moravam, que pertencia à sua mãe, que também ainda estava viva. Não seria injusto se Angell deixasse de aproveitar a mesmíssima vida que compartilhava com eles?

Ela tornou a se levantar e saiu de seu quarto. Jantou junto de Katsura e esperou com ela, na sala de estar, pela chegada de Hakurei.

[...]

No dia que se seguiu, a azulada se levantou cedo, antes de sua mãe e de Hakurei, tomou um daqueles seus costumeiros cafés da manhã reforçados e saiu rapidamente. Enfurnou-se mais uma vez na floresta que circunda a Folha e se concentrou na nova transformação que tinha conseguido atingir na noite anterior, não apenas a ativando, como também já começando a analisá-la, antes de mais nada, de novo ao observá-la com cuidado através da imagem refletida dela em seu pingente em formato de lobo. Conseguiu visualizar com mais exatidão do que se tratava o “chakra do Tenseigan concentrado em alguns pontos específicos em volta de seu corpo” de que Gyuuki tinha lhe falado antes: ao contrário do que havia imaginado, não eram manifestações disformes e indefinidas de energia; eram, literalmente, esferas escuras feitas de chakra, que rodeavam seu corpo inteiro quando o chakra de seu Tenseigan lhe concedia sua tal nova transformação.

“Para que isso tudo serve?”, ela perguntou a Gyuuki.

“Sinceramente,”, e Gyuuki respondeu. “eu não faço ideia.”

“E de como utilizar?, tem alguma ideia?”

“Eu não tenho a mínima.”

Angell passou a se apoiar na visão privilegiada que seu Tenseigan lhe concedia, deixando seu pingente em formato de lobo voltar a repousar quietinho em seu pescoço. Apesar de sentir um receio quase indescritível – até porque já tinha visto poder demais nos últimos tempos, sobretudo durante a última guerra de que participou, e sabia talvez melhor que ninguém dos perigos de se utilizar mal um poder grande – em simplesmente pensar em mexer com alguma daquelas esferas, tentou fazer com que uma delas se movesse; focou seu chakra na esfera escolhida (aleatoriamente), utilizando-o para empurrar um pouco a mesma mais para longe de seu corpo. Viu-a deslizar pelo ar sem dar quaisquer sinais de dificuldade ou resistência, então começou a aumentar aos pouquinhos a quantidade de energia que utilizava para empurrá-la. E bem pensou que estava fazendo progresso, visto que a esfera se movia gradativamente mais rápido em pleno ar... porém, a partir de certo ponto, assim que a notou de repente parecendo se tornar mais leve, tendo mais fluidez nos movimentos que estava sendo condicionada a fazer, também a viu sendo atirada sem qualquer controle contra uma daquelas árvores que lhe cercavam.

De olhos arregalados, braços estendidos e mãos entreabertas, como se já tivesse tentado conter o avanço da esfera – que, àquela altura, já atravessava o tronco de uma terceira, de uma quarta, de uma quinta árvore, deixando um rastro de flora ainda sendo destruída por onde passava –, Angell flagrou aquela coisinha escura retornando ao ponto de onde tinha partido como que por vontade própria. Continuou naquela mesma pose por um instante longo, sentindo seu queixo cair.

“Eu acho que isso serve para destruir árvores, hã?”, Gyuuki comentou.

E então a azulada voltou a si.

“Isso é perigoso...”, ela ponderou.

“Smile, the worst is yet to come...”, e Gyuuki tornou.

“Don’t you give up! Nah, nah, nah. I won’t give up! Nah, nah, nah!”

“Hum... sério?”

“Sim, sério!”

“Eu achei que você estivesse ficando com medo.”

“Já estava com medo desde antes de começar... mas não posso deixar essas coisinhas se controlarem sozinhas; eu que preciso controlá-las.”

“Senão elas destroem mais árvores?”

“Ou algo mais preocupante...”

Gyuuki se sentou no interior da azulada, como se desse de ombros. Mas, pela expressão dele, notava-se um quê de ainda mais ponderação; por mais que andasse provocando a azulada, em uma tentativa (muito bem sucedida até aquele momento) de incentivá-la a continuar seguindo em frente, mesmo que, por ora, só por meio de alguns treinamentos de novas habilidades ninja, ele não tinha qualquer intenção de deixá-la desamparada em mais aquela empreitada. ...que, diga-se de passagem, meio que tinha sido ele mesmo a arquitetar para ela.

Enquanto isso, porém, Angell voltava a se concentrar na esfera de antes e a envolvia com seu chakra, preparando-se para tentar movê-la outra vez. Inspirou profundamente antes de começar a empurrá-la devagar, e, ao fazê-lo, deu mais atenção ao chakra que, agora, havia ao redor dela, do que a ela própria. Quando notou a mesma instabilidade estranha e repentina tomar conta da esfera, tentou contê-la com a ajuda do invólucro de energia, confiando na força de seu chakra. No início, sentiu que seus esforços seriam superados a qualquer momento, e que a esfera conseguiria romper a contenção, escapando de novo de seu controle para destruir mais da floresta que lhe rodeava. Porém, com mais alguns instantes de insistência, conseguiu reestabilizá-la dentro do invólucro.

“Eu acho que não é assim que se faz, hã?”, Gyuuki comentou.

“‘Assim’ como?”, e a azulada rebateu.

“Assim, precisando de um chakra a mais para conter as esferas... que já são feitas de chakra. Devia ser como uma manipulação simples.”

“...isso poderia ter a ver com a vontade que o chakra do meu Tenseigan tem de escapar de mim? Mesmo que eu tenha conseguido misturá-lo com o chakra do restante do meu corpo e possa sentir os dois fluindo juntos, em harmonia?”

“Talvez. Eu não vou saber te dizer.”

“Estamos deixando alguma coisa para trás...”

“...lá nas memórias de que você não consegue se lembrar.”

A azulada encarou diretamente a esfera que tentava “manipular”, contida no ar à altura de seus olhos, 5 metros à sua frente. Talvez devesse concordar com o hachibi... ou talvez devesse entender que, se a maneira convencional e mais lógica de se atingir um objetivo não estava funcionando naquela ocasião, uma outra maneira de se “manipular” aquelas esferas deveria ser encontrada – ou, quem sabe, até mesmo criada, a depender apenas da forma com que aquele treinamento fosse avançando. Mas por que Gyuuki não podia apostar na ideia inicial da azulada?

“Epa!, não foi nada disso que eu disse!”, ele reagiu. “Eu só pontuei que não devia ser assim; não quer dizer que não possa vir a ser.”

E Angell sorriu.

Porém, ela ainda precisaria pensar melhor sobre aquele assunto antes de insistir em um método que, além de nunca ter utilizado antes, não tinha como saber se realmente viria a funcionar com a maestria necessária para se controlar aquele poder. Então, por aquele dia, pausou seu treinamento e retornou para a casa de sua mãe.

[...]

Angell levou uma semana inteira para retornar à floresta que circunda a Folha. E isso não porque demorou a ter alguma ideia diferente, mas porque já estava demorando demais a retomar seu treinamento justamente por nem ela própria nem Gyuuki terem tido uma ideia melhor que a inicial.

Daquela vez, a azulada se instalou na clareira que se lembrava de sempre utilizar. Iniciou seu treinamento no mesmo ponto em que o tinha pausado uma semana antes; focou sua atenção na mesma esfera da última vez e a conteve no mesmo invólucro de chakra que o hachibi tinha estranhado. Teve a mesma dificuldade para retomar seu controle sobre a esfera depois de empurrá-la devagar até o mesmo ponto, mas ainda conseguiu mantê-la quietinha em pleno ar com a ajuda da contenção de energia. Inspirou profundamente de novo e foi movendo a esfera com cuidado pelo espaço vazio da clareira, tentando manter a consistência de seu chakra em termos de força, para que a velocidade e a trajetória da esfera não oscilassem muito mais do que já estavam oscilando. Inclusive, ela perguntava a si mesma quando conseguiria fazer com que a esfera se movesse com uma linearidade natural e fluida, como muito provavelmente já devia ser...

Gyuuki continuava observando os avanços – se é que realmente se podia chamar aquela situação de avanço – da azulada, e tentava analisar o treinamento junto dela, querendo ajudá-la a encontrar alguma forma de viabilizar de vez todos os esforços que ela andava fazendo, nem que, para isso, fosse mesmo precisar modificá-los por completo. Porém, ao passo que Angell se preocupava com o aspecto disforme dos movimentos que precisava fazer esfera desenvolver, Gyuuki se satisfazia com o simples fato de ela já conseguir fazer a esfera se mover totalmente sob seu controle. ...e, então, ele percebia que ainda havia um longo caminho para ela percorrer quanto à melancolia que a tinha abatido uns anos antes, bem no meio da última guerra, graças à perda gigantesca que ela sofreu. Não era como se ela não estivesse se esforçando para superar a tristeza e continuar seguindo em frente junto daqueles que tinha conseguido salvar, mas ainda havia muitas nuances que a incomodavam, sobretudo, por ela não ser capaz de se lembrar de muitas coisas que lhe tinham acontecido naquela época. E, de uma forma ou de outra, caraminholas na cabeça não costumam ajudar na concentração de quem quer que seja.

De qualquer maneira, mesmo um pouco mais pessimista, Angell notava os resultados de seu treinamento e se esforçava para, antes de mais nada, mantê-los, depois, melhorá-los como e com a rapidez que pudesse. Foi quase mais um mês até ela conseguir alcançar a fluidez que queria dar aos movimentos da única esfera que andava “manipulando”, mas tanto ela própria quanto Gyuuki se animaram um pouco mais depois de constatarem que havia, sim, como aquela ideia inicial dela ter um resultado positivo, mesmo que acabasse ralentando o treinamento todo.

[...]

“Eu tenho uma sugestão para o seu treino de hoje.”, Gyuuki sentenciou. “Vamos ficar por aqui mesmo por enquanto, hã?”

A azulada mal tinha adentrado a floresta, mas estacou bem no meio do caminho entre os limites da mesma e a clareira que visitou por quase um mês inteiro.

“Você sabe que o seu controle sobre uma das esferas já está relativamente bom.”, ele tornou. “Mas sabe quanto ainda dá para melhorar? Na primeira vez em que você quis mexer com a esfera, ela destruiu umas árvores sem a sua permissão. E agora, quantas você a impediria de destruir, hã?”

Angell olhou ao redor com um certo receio.

“...isso é realmente seguro?”, ela perguntou.

“Me diga você.”, e Gyuuki respondeu. “Eu confio no seu potencial e acho que ele é o bastante para você avançar um estágio no seu treino.”

Mesmo hesitante, Angell assentiu com um aceno de cabeça e assumiu sua transformação advinda do chakra de seu Tenseigan em meio às árvores. Atentou-se à mesma esfera de sempre e a fez veredar entre duas, quatro, seis árvores em uma trajetória quase bonita – de tão natural – de ida, depois entre mais duas, quatro, seis, oito, doze, vinte árvores em uma trajetória igualmente fluída de volta. Porém, antes de conseguir esboçar um sorriso graças aos avanços efetivos de seu treinamento, a azulada ouviu Gyuuki pigarrear dentro de si, chamando-lhe a atenção.

“Primeiramente, eu te disse.”, ele começou, sorrindo orgulhoso. “Em segundo lugar, eu acho que você já pode tentar ir mais rápido, hã?”

Ansiosa, Angell nem mesmo respondeu o hachibi antes de se preparar para dificultar um pouco mais as coisas. Porém, responsável, ela tornou a respirar fundo e se atentou com o mesmo afinco à esfera que mantinha paradinha no ar. No início, fez com que a mesma se movesse aumentando a velocidade aos poucos. Mas, com o passar dos instantes e das árvores que eram serpenteadas sem parar, começou a acelerar a esfera com mais avidez, aproximando cada vez mais a velocidade que a fazia tomar da velocidade que já a tinha visto ter originalmente, quando completamente descontrolada. Ainda hesitava, mas, aos poucos, confiava mais em seu chakra e em seu potencial, como Gyuuki mesmo tinha dito antes que confiava. Ora, ela conhecia seu próprio senso de responsabilidade, sabia bem que podia contar com sua própria força e tinha certeza de que sua própria determinação nunca lhe abandonou nem jamais lhe abandonaria. Então por que tanta insegurança?, só porque o poder parecia grande e difícil de ser controlado?, sendo que ela estava dando seu melhor para domá-lo?

Quando notou, estava fazendo a esfera ultrapassar a velocidade que a tinha visto atingir antes, mas impedindo-a de estraçalhar as árvores pelas quais passava.

[...]

O hachibi sugeriu a Angell uma pausa de mais uma semaninha. Mas, tendo deixado essa semaninha passar, ela retornou à floresta que circunda a Folha com a mesma animação de quando percebeu já ter um controle decente sobre a esfera pela qual tinha começado seu treinamento para controlar todas as dez que lhe rodeavam quando ativava sua mais nova transformação. Também por sugestão do hachibi, ela retornou à clareira da última vez. Agora, ele queria testar os limites da esfera em termos de forma, e, para isso, disse à azulada que seria melhor ela contar com mais espaço.

“Nesse seu tempo de pausa, eu andei pensando.”, ele continuava. “Chakra é um tipo incrível de energia, que pode se moldar e ser moldado quase infinitas vezes de jeitos inusitados. Você é uma usuária exímia de chakra, então deve saber que eu não estou falando nenhuma abobrinha. O que você me diz de tentar remodelar essas esferas e dar a elas um propósito melhor que a destruição massiva?”

“Considerando que eu nem gosto de destruição...”, e a azulada concordou.

“Pois bem! Eu já tenho uma ideia exclusiva para você. Remodelar um cenário é fácil quando você se especializa em doton, mas quanto tempo você levou para remodelar o seu chakra quando inventou de criar as suas plataformas flutuantes?”

“Aquelas do Joukou-Ba?”

“Elas mesmas.”

“Umas... semanas, talvez?”

“Pois é, não parece ser tão fácil quando você não tem alguma forma predeterminada para modificar e te levar de um lugar a outro especificamente. Você sempre tem uma necessidade clara quando remodela o cenário ou cria as suas plataformas. Mas e se pudesse transmitir essa necessidade para as esferas, hã?”

“Agora, sim, me parece manipulação simples.”

“É, eu acho que nós podemos classificar assim agora.”

A azulada ativou seu Tenseigan e assumiu a forma que o chakra do mesmo lhe concedia. Afastou a esfera de sempre de seu corpo, mas, ao invés de mantê-la parada à sua frente, a uma altura considerável, posicionou-a rente ao chão, ao seu lado direito. Apoiando-se no invólucro de chakra que sempre fazia ao redor da mesma para contê-la, mentalizou a utilização de seu Joukou-Ba e começou a pressionar o chakra da esfera, a fim de achatá-la até transformá-la em uma plataforma – escura, ao invés de pouco visível, e circular, ao invés de quadrilateral – fina, mas maciça e (aparentemente) resistente.

“Hum... eu pensei que fosse ser mais difícil.”, Gyuuki comentou.

“Pensei que você confiasse em mim.”, e a azulada rebateu.

“Smile...”

“Nem comece com isso de novo!”

“Eu só estou brincando. Mas você ainda tem um caminho comprido pela frente, hã? Precisa dar mais formas a essa esfera e precisa controlar todas as outras junto dela. Você acha que pode conseguir?”

“Não importa mais o que eu acho; eu preciso conseguir.”

“É assim que se fala!”

Por aquele dia, Angell se limitou a continuar remodelando a forma daquela esfera que já conseguia manter sob seu total controle. O hachibi lhe dava as ideias, sobretudo quanto a armamentos grandes que ela nunca tinha utilizado – e, muito provavelmente, também jamais viria a utilizar –, mas conhecia de vista para poder reproduzir o formato; bastões, tonfas, lanças, espadas, foices, flechas, fuuma shurikens... enfim, era amplo o arsenal de ideias de Gyuuki. Mas, em um dado momento, ele acabou se esgotando, e, então, ficou para a azulada a tarefa de delinear as formas diferentes que podia fazer a esfera assumir; agora, formatos simples, voltados à redecoração de um campo de batalha ou mesmo de treinamento, prontos para dar suporte a estratégias mais mirabolantes, tomavam conta daquela clareira da floresta.

A noite chegou, e, assim como sempre leva o sol embora do céu ao surgir, também levou Angell de volta à casa de sua mãe, lá no bairro Hyuuga. Mas, naquela noite, nem Katsura nem Hakurei tinham chegado ainda, e Everything demorou um pouco mais que o comum a recepcioná-la na porta de entrada. Naqueles poucos instantes de solidão, Angell teve a sensação de que nada estava diferente do normal, mesmo tendo a plena consciência de que, na verdade, tudo estava completamente diferente do normal. Ela se virou para trás, para a porta fechada, como se conseguisse enxergar lá ao longe a floresta que circunda a Folha através da mesma, apesar de seu Tenseigan desativado naquele momento. Podia jurar que sentia o ímpeto de retornar e passar a noite fora, já que isso devia ser natural, por mais que só tivesse dormido em uma cama diferente das suas próprias – fossem elas de solteiro ou de casal – enquanto Hakurei, mesmo depois de já ser seu namorado, ainda não tinha se mudado para a casa de sua mãe. Estranhou... mas até que ponto?, por qual motivo, mesmo? Por que de repente tinha lhe parecido e mais de repente ainda agora já lhe desparecia ser normal dormir em plena floresta da Folha?

“Angell?”, Gyuuki a chamou.

“...hm?”, e ela respondeu.

“Está tudo bem por aí?”

“Acho que sim. É só uma sensação... diferente.”

“De novo?”

“Sim... de novo. Mas não é preocupante; eu estou bem.”

“But the future is forgiven, so smile!”

“Sim, eu vou sorr-... não!, não desse jeito!”

Gyuuki desatou a rir logo que percebeu a azulada voltar – mesmo que forçosamente, ao que tudo indicava – à realidade. E quase conseguiu arrancar um riso dela com isso, mas, por mais que ainda não estivesse conseguindo animá-la por completo naturalmente, fora dos momentos de treinamento, já julgava melhor do que nada.

[...]

Na manhã seguinte, Angell não ganhou uma sugestão de Gyuuki tão cedo quanto ao seu treinamento; considerando o nível de manipulação – por mais diferenciada que fosse do comum conhecido pelo mundo ninja – que já tinha conseguido atingir graças ao controle sobre a primeira das dez esferas, ele mesmo se perguntava se o próximo passo devia ser mais proveitosamente dado em alguma das clareiras ou em meio ao pouco espaço entre as árvores do restante da floresta. ...até porque o próximo passo, segundo ele próprio já tinha sugerido no dia anterior, seria para resultar no total controle de Angell sobre todas as esferas de uma única vez.

Mas ela mesma teve mais uma ideia inicial: antes de mais nada, dirigiu-se à clareira para testar o controle que poderia conseguir ter sobre as esferas com as quais ainda não tinha tentado mexer; sabendo como comandar a primeira esfera, talvez fosse conseguir mexer com as demais sem causar nenhuma destruição descontrolada. E, por sorte – ou por seu potencial próprio –, Angell notou que os padrões quanto aos movimentos e às alterações de forma da primeira esfera se repetiam para as outras nove, encurtando considerável e satisfatoriamente seu treinamento. Agora, restava a ela descobrir como seria conciliar os comandos de todas elas ao mesmo tempo.

“Vejamos...”, Gyuuki se manifestou. “eu acho que tenho uma teoria, mas não sei se o embasamento dela seria suficiente nessa situação. Talvez dê para você começar com o controle simples sobre as esferas, sabe?, colocando uma por vez em jogo. ...como se você estivesse aprendendo a fazer malabarismo.”

Na verdade, a azulada realmente nunca tinha aprendido a fazer malabarismo; tudo que sabia era como manter duas bolinhas rodopiando verticalmente no ar, passando de uma de suas mãos para a outra sequencialmente. Mas, ao menos, ela não apenas conhecia o conceito de malabarismo, como também já tinha visto alguns artistas de rua espalhados pela Folha comandando bolinhas para que as mesmas fizessem acrobacias diferenciadas e bastante atrativas, diga-se de passagem. Então, sim, ela optou por acatar mais aquela sugestão do hachibi.

Aproveitando o formato original das dez esferas, manteve-se ali pela clareira por ora. Ao se transformar, envolveu-as todas ao mesmo tempo – mas ainda individualmente – com seu chakra. Começou pela de sempre, afastando-a de seu corpo e fazendo-a lhe rodear devagar várias vezes e várias seguidas. Enquanto isso, afastou uma segunda esfera de si e quis fazê-la também lhe rodear devagar, mas em uma circunferência mais aberta. Ainda não sentia dificuldade em manter as duas órbitas diferentes das esferas ao redor de seu corpo, então arriscou adicionar uma terceira... uma quarta... uma quinta. Parecia sentir um pouco mais de cansaço do que imaginava, mas podia continuar, então adicionou uma sexta, uma sétima, uma oitava. Já começou a suar, talvez por precisar fazer uns esforços mais intensos para manter todas as esferas sob seu completo controle. Mas conseguia ir um pouco além ainda... então adicionou a nona e arriscou fechar com a décima esferas. Ofegava um tanto, mas, ao menos enquanto mantivesse uma constância na velocidade e na trajetória orbital de cada esfera, imaginava que seria capaz de lidar com todas elas ao mesmo tempo e ainda ganharia alguma resistência para fazê-lo se insistisse naquilo por mais alguns minutos, talvez até por mais algumas horas...

Porém, pegando-a de surpresa – e, claro, assustando-a –, Katsura surgiu ali na clareira e lhe perguntou o que ela estava fazendo. Como da primeira vez em que perdeu o controle sobre a esfera com a qual tentava mexer, viu todas as dez sendo atiradas aleatoriamente contra as árvores que cercavam a clareira, atravessando troncos – fossem mais finos ou mais grossos; parecia não fazer qualquer diferença para elas –, deixando dez rastros bem delimitados de destruição por dez caminhos diferentes de uma única trajetória de ida e volta desde Angell até Angell de novo. Quando percebeu, estava, assim como sua mãe, agachada no chão da clareira, com ambos os braços rodeando sua cabeça, como que na esperança de uns poucos ossos serem capazes de frear o avanço das esferas, impedindo- as de destruírem seu crânio se o acertassem por qualquer motivo.

De olhos arregalados, ela encarou Katsura.

– ...o que foi isso? – e a ouviu perguntar.

– Foi... o meu treinamento atual. – Angell respondeu. – Mãe, como você me encontrou aqui? Como me reconheceu?

– Ah, meu amor, as mães sempre encontram e reconhecem os seus filhos, até nas mais inusitadas das situações que você pode imaginar. Mas... me conte um pouco mais sobre esse seu treinamento; do que se trata?

– Estou tentando controlar essas esferas do chakra do meu Tenseigan.

– E por que você aparta o chakra do seu Tenseigan o seu chakra?

– Não sou eu... é ele mesmo. É uma história longa...

– Eu tenho tempo. Venha, me conte tudo.

Katsura estendeu os braços para a azulada. Ela desativou aquela sua transformação e se aproximou mais de sua mãe, até se aninhar em um abraço dela. Foi sendo conduzida de volta ao bairro Hyuuga aos poucos, porém, no caminho, já ia explicando em detalhes sua situação atual para sua mãe.

[...]

Tinha vezes que era difícil para a azulada simplesmente se levantar de sua cama; mesmo com Hakurei, sua mãe, Everything, todo o bairro Hyuuga, a Folha inteira já acordados e muito bem dispostos, ela penava para encontrar disposição para continuar. É que... tinha dias que o treinamento parecia não avançar nada, e, nesses dias, ela se flagrava em seus dilemas internos: da mesmíssima forma que tinha se convencido de que era o certo viver por aqueles que também ainda viviam, sentia como se fosse errado não ter morrido por aqueles que já tinham sido mortos; parecia injusto para os dois lados. Mas era também nesses dias que Gyuuki voltava a cantar, provocando-a para que ela entendesse que nem tudo estava perdido, então, que valia a pena continuar seguindo em frente, até enfim ela ceder e retomar o treinamento. A conversa que tivera dias antes com sua mãe também lhe dava mais forças para superar o que pareciam ser seus “traumas de guerra”... mas, às vezes, ela preferia se apoiar no calor dos braços de Hakurei, na companhia de Everything e nas conversas que tinha com Gyuuki; até mesmo as lembranças que tinha de sua mãe vez ou outra pareciam estranhamente distorcidas e um tanto distantes, por mais que ela fosse atenciosa, carinhosa e presente ao extremo consigo.

[...]

Finalmente chegou o dia em que a azulada se flagrou capaz de controlar com maestria a movimentação de todas as dez esferas ao mesmo tempo. Se não fosse por Gyuuki, talvez ela tivesse perdido a noção da passagem dos meses, mas, como ele estava sempre junto de si para lhe apoiar – e lhe provocar também, claro –, não lhe deixou esquecer que dia aquele já era; fazia quase seis meses desde que ela tinha iniciado seu último – e atual – treinamento. Porém, mesmo que estivesse mais próxima do que nunca de finalizá-lo, ela ainda tinha um passo gigantesco a dar: precisava se tornar capaz de manipular com toda aquela mesma maestria as alterações no formato das esferas também simultaneamente, sem deixar de estar no comando de cada mínimo movimento delas.

Talvez fosse ser difícil, talvez fosse ser fácil. A azulada ainda não sabia. Mas uma certeza ela tinha: se continuasse seguindo os métodos que andara desenvolvendo para si própria naquele treinamento, devia logo conseguir conclui-lo com êxito. Considerando a fórmula com que tinha se capacitado a comandar todas as esferas ao mesmo tempo depois de já ter se capacitado a comandar totalmente apenas uma delas, tentou alterar o formato de uma após a outra, começando com formas mais simples, como ao achatá-las bem rentes ao chão para transformá-las em plataformas circulares. Não julgando aquela uma tarefa difícil, alinhou as plataformas e começou a elevá-las uma a uma, criando uma escadaria com um palmo de diferença de altura entre o degrau anterior e o degrau seguinte. Para finalizar, arriscou-se a subir aqueles dez degraus... porém, ao chegar ao último, moveu o primeiro de forma a transformá-lo no décimo primeiro, o segundo, no décimo segundo, o terceiro, no décimo terceiro, e assim por diante, até conseguir se ver na altura das copas das árvores que lhe rodeavam. Depois, reverteu a situação, fazendo com que a escadaria itinerante que subia agora descesse. Firmando-se no chão mais uma vez, Angell voltou a se ater mais às ideias do hachibi, passando a imitar com as esferas o formato de grandes armas ninja, mas, sem poder empunhar mais de duas ao mesmo tempo, precisou mantê-las sob seu controle ao seu redor, bem rentes ao seu corpo, como que fingisse ser capaz de empunhar todas as dez de uma só vez. Em um dado momento, moldou as esferas em dez espadas idênticas, todas quase do tamanho de seu próprio corpo, e as lançou contra dez árvores diferentes, a fim de acertá-las com força suficiente para marcá-las, mas não para atravessá-las, destruindo-as. Depois, trouxe-as de volta para si... para poder atirá-las mais uma vez contra as árvores, mas, agora, de forma a fazê-las serpentearem os troncos de vinte, quarenta, sessenta delas no caminho de ida e mais quarenta, sessenta, oitenta delas no caminho de volta.

“Isso me parece satisfatório.”, Gyuuki comentou. “O que te parece?”

“É um tanto... animador, eu acho.”, e a azulada respondeu. “Mas talvez ainda caiba uns aperfeiçoamentos. Uns... vários aperfeiçoamentos.”

“Você não se dá por vencida, hã?”

“Acho que não.”

“Mas isso é muito bom.”

Angell sorriu.

[...]

O tempo passava. Várias foram as ocasiões em que Angell se perguntou mentalmente se não haveria mesmo problema em estar dando um chá de sumiço do mundo ninja... mas tudo estava na mais perfeita paz; então como não? O que mais parecia lhe dar trabalho eram suas lembranças, mesmo...


“But it’s the only thing that I have.”


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Agony
Tokubetsu Jonin
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@Aprovado.

- Muy Bueno, mas confesso que os "na na na na na" me lembraram da opening de Promised Neverland q

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"I Just live to Fall."

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Agony
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