— O sol estava quase ao centro do céu, e eu me encontrava em casa, relaxada. Os últimos dias haviam sido bastante intensos, não só pelas missões, como também pelos deveres comuns que tive que cumprir por aqui. Os arredores estavam tranquilos, mas eu estava em uma correria para conseguir colocar todas as minhas coisas em ordem, e tudo o que me restava ao fim do dia era nada mais do que uma grande dose de preguiça e cansaço. Deitada sobre a camada, coloquei as mãos por trás da cabeça, enquanto suspirava. Apesar disso, quando pensei em pegar no sono para ter um pouco de paz, meu pai  batia a porta, pedindo para entrar. Imediatamente me pus de pé antes de respondê-lo e então destranquei a porta, permitindo que ele viesse até mim.

— "Algum problema, pai?" — Perguntei-lhe.

— "Não é um problema, muito pelo contrário. Tenho um presente, já que você está avançando muito bem na sua carreira. Vou lhe passar as coordenadas de um altar antigo, faz algum tempo desde que eu visitei lá, mas creio que ninguém tenha vandalizado o local. Enfim, vou lhe acompanhar, também preciso lhe ensinar o conceito da energia natural. Vai ser importante para você, confie em mim. Tanto eu como sua mãe dominamos uma habilidades que poucos tem - E quero que você a herde de nós, seja perfeita ou não. Bem, me acompanhe. Vai ser uma jornada não muito longa, mas preciso que fique calma e concentrada durante todo o trajeto." — Toji ditou, em tom calmo e com um leve sorriso no rosto.

— "Ah!" — Exclamei, com um sorriso brando no rosto. — "Claro, pai! Já vou me trocar!" — O respondi, alegremente.

Era uma grande novidade a mim, que mesmo sem marionetes, já apresentava muita habilidade com Ninjutsus e um intelecto invejável. Um presente vindo de meu próprio pai por reconhecimento pela minha evolução como shinobi era uma oportunidade de me provar digna de herdar seus desejos e habilidades, para que no fim eu finalmente pudesse trazer minha mãe de volta deste maldito coma, para que sua doença fosse curada de uma vez por todas. Não era por mim - Era por todos aqueles que depositam suas esperanças em minhas costas, mesmo que de maneira inconsciente. Após meu pai deixar o quarto, fechei a porta para me trocar e puxei algumas roupas que considerei adequadas para a situação. Visto que seria uma viagem com sentido de aguçar minhas qualidades como shinobi, deveria utilizar trajes referentes a atividades deste tipo. Estava muito ansiosa pelo que se daria a seguir, tentando imaginar o que deveria se esconder neste misterioso templo que o pai fez menção. Seria algum segredo lendário, ou tesouro? Não tinha certeza, mas vindo dele, não deveria ser pouca coisa.

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— Troquei-me dentro de poucos minutos. Até pensei em passar um pouco de maquiagem para disfarçar as olheiras, já que pouco tenho dormido nestes últimos dias. Apesar disso, optei por balançar a cabeça em sinal de negação e alcançar meu pai o quanto antes. Ele possivelmente também estaria bastante animado para essa jornada, e seria uma das raras ocasiões onde tenho a oportunidade de viajar ao seu lado. Sempre foi um homem caseiro, e por isso eu pouco sabia sobre o mundo exterior  - Não que ele me interessasse de verdade, mas era um conhecimento obrigatório para uma kunoichi formada como eu. Após abrir a porta do quarto e dar passos elegantes para a sala, avisei-o de que já estava pronta para ir. Com uma leve risada, Toji levantou-se de sua confortável poltrona e abriu a porta da frente, deixando nossa moradia para que déssemos início a jornada. O caminho de ida envolvia deixar o recinto do vilarejo e seguir por uma estrada afastada e remota, que levaria até uma espécie de pequena floresta onde ao centro encontraríamos o tal altar. A parte inicial da jornada fora cercada de bastante silêncio e pouca coisa para se ver, uma vez que os arredores a mim já eram conhecidos. No entanto, quando ao horizonte já conseguíssemos visualizar parte ou toda a entrada do lugar onde deveríamos alcançar, meu pai levantou sua voz para explicar-me algumas coisas de interesse mútuo.

— "Quando chegarmos no templo, lhe ensinarei sobre a Energia Natural. É um tipo único e raro de chakra que todos temos dentro de nós, dormente, mas que precisamos treinar para despertá-lo. Além disso, ele também abre portas para uma coisa que ainda menos pessoas são capazes de alcançar, e que caso você seja capaz de dominar a energia natural, irei lecioná-la. Enfim, há um pergaminho bastante curioso dentro do altar, irei repassá-lo para que você firme um contrato com...Bem, você irá entender quando eu o tiver em mãos. Só para terminar: A energia natural não exige um treinamento baseado em técnicas, e sim pura concentração e persistência em balancear seu fluxo de chakra. Por conta disso, eu recomendo que você não mova um único músculo durante o treinamento, ou poderá acabar afetando o desempenho final do mesmo. Dito isso, vamos continuar." — Ele explicou.

— "Ah, que legal! Estou muito ansiosa para saber o que tem por lá e o que você vai me ensinar quando eu tiver essa tal Energia Natural!" — Exclamei, alegremente.

De fato, estava muito mais que curiosa. Não sabia muito das verdadeiras habilidades que meu pai adquiriu ao longo de sua vida e carreira como shinobi, então receber um treinamento desses e ainda ter a chance de descobrir um pouco mais de seus verdadeiros talentos seria uma experiência mais do que reveladora para mim, que como sua herdeira, também deveria ter o conhecimento e domínio das técnicas de meus próprios pais.

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— A viagem de nós dois perdurava por quase mais uma hora, realmente indicando que o local era verdadeiramente oculto do mundo exterior, onde poucos tinham permissão de se aproximar. O caminho por dentro da pequena floresta fora traçado, e a julgar pela trilha disfarçada criada pelo meu pai há tantos anos atrás, ninguém havia pisado neste local há pelo menos cinco anos. O templo, ao fundo. Já estava bastante desgastado, mas sua estrutura ainda não havia cedido. Por dentro, estava em perfeitas condições, o que significava que o que Toji previu estava correto: O pergaminho ainda estava por lá, exatamente como imaginava. O altar havia uma armadilha para quem retirasse o pergaminho de maneira incorreta, por conta disso o templo deveria vir abaixo caso tal acontecesse. Porém, antes de adentrar o local, virou-se para mim e levantou a voz.

— "Você fica aqui enquanto eu vou lá dentro buscar o pergaminho, ok? Bom, sobre a Energia Natural...É relativamente fácil de se compreender o conceito, mas para dominá-la, aí só depende de você. Treine aqui por algum tempo, você vai entender o que estou querendo dizer com isso. Arranje um local confortável e dotado de poucas coisas que possam tirar a sua concentração. Ponha-se em um estado de quase transe e concentre seu chakra, visando balancear a energia natural com o chakra convencional, a fim de mesclá-los para que você possa ter acesso ao mesmo. Porém, se você perder a concentração ou fizer movimentos bruscos demais, vai ter que refazer o processo de novo e de novo, até que seu corpo se acostume com o chakra natural, mesmo que aos poucos. Posso demorar algum tempo até encontrar o pergaminho já que ele muda automaticamente de lugar a cada ano que se passa, então aproveite o tempo livre para praticar. Já volto, fica bem." — Ele disse, acenando para enfim adentrar no templo.

Acenei com a cabeça em sinal de concordância e então aguardei até que ele entrasse no local, visando encontrar o pergaminho oculto. Após isso, posicionei-me de pernas cruzadas ao lado do templo, colocando os braços sobre as pernas e juntando as mãos, fechando os olhos e suspirando. Seria um tipo de treinamento extremamente exaustivo e longo, mas necessário par a minha própria evolução. Não tinha do que reclamar, afinal de contas. No estágio inicial, buscava verdadeiramente compreender como identificar o chakra natural em meu próprio corpo, para que de fato começasse o processo de junta de ambas as energias. Provavelmente levariam diversos minutos ou horas, mas estava preparada para isso. Era agora ou nunca, o momento da verdade. Nunca havia tentado realizar uma atividade deste tipo antes, muito menos aprimorar o controle de chakra. Talvez tivessem sido úteis para este momento, mas já era tarde demais para voltar atrás, afinal de contas.

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— Permaneci  quieta durante bastante tempo, compreendendo as origens do Chakra Natural em meu corpo e percebendo que, de fato, poderia concentrá-lo de maneira  bastante eficiente. Mas como um movimento involuntário para saciar um antigo tique, acabei por estalar os dedos da mão direita, o que me tirou a concentração total durante um único instante. Esta perda mínima de concentração fora o suficiente para colocar-me contra a parede, obrigando-me a reiniciar todo o processo. Não me irritava, pois sabia que já seria difícil desde quando meu pai avisou-me da complexidade de atingir o nível suficiente para dominar este tipo de energia. Porém, eu já havia entendido tudo - Bastava prática. Talvez pelo meu intelecto aguçado, tudo realmente parecesse fácil demais, mas não haviam muitos mistérios que cercavam o treinamento. Fiquei como uma verdadeira estátua nas laterais do templo enquanto aguardava pelo retorno de Toji, sem mover um único músculo. Mesmo com ventos, sujeira, eu deveria manter a concentração, não importasse o que acontecesse. Se eu perdesse a concentração, teria que reiniciar de novo e de novo até que enfim meu corpo pudesse conciliar as duas espécies de chakra uma com a outra. Mantive o fluxo de chakra uniforme e calmo, ignorando as alterações menores em outros pontos e focando todos os meus esforços em pontos estratégicos, onde a presença e influência do chakra natural fosse muito maior e mais ativa, para que estas áreas fossem mais facilmente fundidas ao chakra comum que viajava por todos os locais de meu corpo. Gotas de suor escorriam de meu corpo, devido ao grande esforço físico exterior. Os braços, pernas e corpo doíam por estar nesta posição por tanto tempo - Talvez uma hora, ou um pouco mais. Mesmo assim, matinha a compostura e tentava ignorar a dor, sabendo que era algo temporário. Apesar disso, os conhecimentos e resultados acerca deste treino e viagem junto a Toji seriam eternos e mais do que úteis para minha jornada.

— "Não é tão difícil não, estou conseguindo seguir até que bem. Só preciso segurar a vontade de estalar os dedos um pouco, estou conseguindo conciliar o chakra com até relativa facilidade. Meu pai está demorando um tempo relativamente grande para retornar, então vou me manter aqui até que ele enfim retorne. Creio que seja o suficiente para meu corpo acostumar-se com este novo chakra, talvez uma meia hora adicional seja muito mais do que o suficiente. Me pergunto por todo o tempo qual será o tipo de habilidade que ele irá repassar a mim, tomara que seja algo legal. Como serei uma usuária de marionetes, talvez ele até me passe algo relacionado a isso...Ah, vamos ver! Enfim, melhor não pensar muito, posso acabar perdendo minha concentração no exercício novamente, e eu certamente não quer voltar tudo isso do começo, mó chatão..." — Pensei, enquanto continuava o treino.

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— Inspirava e suspirava de maneira leve e bastante controlada, para que a concentração fosse mantida. O desejo do tique se passava com relativa facilidade, e as dores já não mais me incomodavam tanto quanto antes. O chakra natural mesclava-se ao original de meu corpo de maneira quase automática - Eles já estavam conciliados, e enfim o domínio da energia ponderava em minhas mãos. Mesmo após abrir os olhos ou me levantar, desde que eu mantivesse a concentração, poderia canalizar a energia natural. Pretendia continuar e prolongar o exercício por ainda mais tempo, mas a mão de meu pai caiu sobre o ombro esquerdo, entregando-me um pergaminho selado. Até cheguei a me assustar com sua repentina aparição, desconcentrando-me totalmente do objetivo principal, apesar de já ser capaz de fazê-lo sem maiores problemas. Não disse nada, apenas estendeu-me a mão e assim peguei o pergaminho, desfazendo seu selo com bastante facilidade. Após aberto, o pergaminho aumentou drasticamente de tamanho e revelou diversos quadrados, uns com nomes, outros em branco.

— "Espere, isso é um...Pacto? Já ouvi falar sobre esse tipo de contrato na academia ninja, mas nunca pensei que fosse conhecer alguém que tivesse tal tipo de conhecimento. Uau...É tão grande. Mas, você está mesmo me entregando isso? - Acha mesmo que eu sou merecedora dessa habilidade?" — Questionei-o.

— "Acho sim, mas esse tipo de pacto é diferente. Ele é o das Cobras e exige mais coisas do que o normal ao seu usuário. No caso desse, você precisará canalizar chakra natural acima de um quadrado, posicionando-se sobre o mesmo e concentrando-se o máximo que puder. Vai por mim, essa vai ser uma viagem exaustiva, mas que valerá a pena. As cobras são minhas companheiras há muito tempo, posso dizer com propriedade que são um tipo de invocação extremamente poderosa. E como você provavelmente focará todos os seus esforços em técnicas de marionetes, acho justo que você possua um método avançado de se defender. Agora vá, sente-se em um dos quadrados e ponha em prática o que aprendeu aqui do lado de fora." — Ele disse, recostando na parede.

Talvez tudo realmente estivesse conectado. Sentia que aquele seria um dos mais importantes exercícios de minha vida, não só como shinobi mas também como pessoa. Ultrapassar meus próprios limites a fim de proteger a salvar aqueles que amo, mesmo que o custo para isso fosse alto. Andei até o quadrado apontado pelo meu pai e posicionei-me de pernas cruzadas sobre o mesmo, a fim de replicar o mesmo exercício que antes me levara ao domínio do chakra natural. Talvez fosse uma tarefa enfadonha e difícil, mas no fim, valia a pena. Suspirei e inspirei, concentrando-me para mais uma vez realizar aquilo que evoluiu não só meu controle, mas também o próprio espírito.

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— Era exatamente como o exercício anterior, baseado totalmente na mais pura forma da concentração de chakra. Apesar disso, antes de tudo, estalei os dedos da mão esquerda, e então comecei o verdadeiro exercício. O que não havia percebido, no entanto, era o pequeno ferimento em meu dedão esquerdo, que sangrou um pouco devido a um leve corte causado por uma unha no momento do estalo. Durante alguns minutos, continuei o exercício, estendendo-o o máximo que podia a fim de gerar uma quantidade de chakra natural satisfatória o suficiente para despertar o pergaminho ou interesse de meu pai. Observava de maneira fria e analista as correntes de chakra de meu próprio corpo, analisando cada detalhe com precisão e também me mantendo por todo o tempo concentrada, enquanto o tempo ao meu redor passava. As ventanias pareciam estar cada vez mais leves e suaves, indicando a verdadeira calmaria do momento gerada pelo meu próprio sacrifício interno, agora já despertado pelas minhas habilidades. Não havia nenhuma dificuldade e manter-me concentrada àquela altura, a energia natural que descobri dentro de mim mesma já era tão fácil de absorver quanto respirar, e utilize das minhas qualidades e dotes intelectuais para melhorar ainda mais a forma de absorção e torná-la mais eficiente e veloz, para que não precisasse ficar completamente estática durante longos períodos de tempo. Suspirando e inspirando, abri os olhos e fixei o horizonte, ainda sim mantendo a concentração. Foi quando meu pai finalmente pronunciou-se.

— "Já esta bom. Levante-se daí, já é hora de lhe ensinar como realizar a sequência de selos para por em prática a técnica de invocação. Antes de tudo, vi que você tem um pequeno ferimento no dedão, ele será crucial para este exercício em questão. Está vendo o retângulo abaixo de você? Assine seu nome com o próprio sangue e então realize esta sequência de selos que aqui irei demonstrar."  — Ele os fez, um por um, para que eu pudesse gravá-los na mente. — "Agora que você sabe o que fazer, ponha em prática." — Ele ditou, se afastando.

Após isso, Toji afastou-se por alguns metros e cruzou seus braços, observando meu progresso com um sorriso em seu rosto. Sorria de volta para o mesmo, assinando meu próprio nome com o sangue que escorria do dedão. Após isso, o pergaminho fechou-se sozinho e antes que desaparecesse, realizei a sequência indicada, fazendo com que uma enorme nuvem de fumaça aparecesse naquele instante, levantando muita poeira. Todas as árvores ao redor pareciam entortar, enquanto uma colossal silhueta se moldava em minha frente. Era algo surreal, muito além do que a mente humana poderia compreender. Um ser colossal escondia-se dentre a fumaça, há tempo tempo aguardando pela sua chamada.

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— Mesmo antes da fumaça baixar, já era possível contemplar a grandiosidade da criatura que se punha em minha frente, a partir da invocação. Definitivamente não esperava por algo deste nível, é algo que ultrapassa as noções humanas, muito além da imaginação. Após a fumaça baixar, revelou-se a gigantesca serpente de escamas amarronzadas, com olhos esverdeados que fixava seus olhares em mim. Baixando sua cabeça até mim, parecia avaliar-me — Mas por ser um animal, mesmo que lendário, não poderia falar. Encostou a ponta de seu nariz em mim, e respondi a colocar a mão direita sobre o mesmo, fazendo um pouco de carinho, mesmo que estivesse com certo medo. Era a primeira vez que via algo do tipo, e certamente não esperava que fosse desta magnitude. Meu pai batia palmas, aproximando-se de mim e também colocando sua mão sobre o nariz da enorme serpente, sorrindo. Ele parecia bastante animado, como se realmente considerasse que eu houvesse atendido suas exigências - Mas realmente será que tive a capacidade de fazê-lo, ou seria nada mais do que uma ilusão? Pensei bastante, mas no fundo, também estava tão feliz quanto ele.

— "Ah, você conseguiu com muita facilidade. Bom, esta é Kyodaijya..Ela é uma das serpentes da Caverna Ryuchi, que você conhecerá depois. Existem diversas cobras: Kyodaijya, Garaga, Aoda, Sanjuu Kyodaijya e o Rei das Serpentes, Manda. Este último é um grande babaca e pé no saco, mas você se acostuma com o jeito dele. Enfim, acho que é isso...Você agora terá livre acesso a todas as serpentes, bem como seu reino lendário. Elas são muito poderosas, algumas com habilidades únicas. Faça bom uso delas, tenho um histórico muito grande ao lado das mesmas." — Ele disse, batendo a palma da mão de leve em meu ombro.

— "Ah, entendi...Mas Pai, pra que serve essa energia natural? Por acaso foi só para cumprir o Pacto de Sangue - Ou ainda tem algo a mais que eu não possuo conhecimento?" — Questionei-o.

Toji não respondeu, apenas sorriu. Afastando-se, realizou um único selo manual, invocando um clone da natureza da Terra. Já entendia o que ele queria dizer com aquilo: Me testar, junto das serpentes. Suspirei e então subi na cabeça de Kyodaijya, me segurando firmemente em suas escamas para que não caísse de lá quando a mesma realizasse movimentos bruscos. O clone elemental de meu pai carregava consigo uma espada simples e as roupas convencionais do mesmo, mas era o que mais me assustava. Ele não tinha nada exposto, o que significava que meu pai havia regulado seu clone e diminuído drasticamente seu poder para que a luta contra mim fosse justa. Nunca soube de sua verdadeira força, mas apenas a julgar por este clone, posso deduzir facilmente que ele era um verdadeiro monstro.

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— Erguendo-se acima da grande maioria das árvores locais, Kyodaijya revelava suas presas banhadas em veneno, como uma verdadeira serpente. O clone de meu pai permanecia quieto, e aquilo me fazia repensar no que deveria fazer para confrontá-lo. Estalei os dedos por algumas vezes, analisando a situação ao redor. Porém, sem muitas opções a vista, decidi por apenas manter acima da cabeça da grande cobra, ordenando para que ela atacasse por meio de comandos vocais. Suspirei, e passei a concentrar a energia natural mesmo durante um combate, a fim de aprimorar o controle sobre a mesma, para que fosse capaz de fazê-lo em qualquer situação, absorvendo-a do ambiente ao meu redor.  A colossal serpente avançou com sua mandíbula completamente aberta, com intenção de perfurar o corpo do clone elemental com seus enormes e afiados dentes envenenados. Mas apesar de sua velocidade e poder, o clone fora capaz de desviar-se do ataque com relativa facilidade, ao mesmo tempo em que desferia uma técnica do estilo vento que pôde até mesmo atravessar as escamas da grande cobra, que imediata girou em seu próprio ângulo, reposicionando-se. Mesmo sabendo que o clone era bastante fraco em comparação ao seu original, ainda sim era detentor de grandes habilidades físicas e poderia utilizar técnicas elementais. Uma gota de suor escorreu das laterais de meu rosto enquanto tentava pensar em algo que pudesse ser efetivo contra a duplicata. Comandei para que Kyodaijya avançasse, mas que parasse logo antes de alcançar a posição do clone, julgando que o mesmo fosse desviar por mais uma vez. Assim fazendo, a cobra lendária seguiu para mais uma investida violenta, porém antes que pudesse atacar o clone de Terra, cessou sua movimentação e fechou sua boca, enquanto o clone desviava-se do possível golpe. Ao perceber que havia sido pego por uma armadilha, já era tarde demais para tentar esquivar-se. Realizando selos manuais, concentrei o chakra natural e o comum de meu próprio corpo, e mesmo perdendo a concentração, havia conseguido manter a energia natural em meu corpo por muito mais tempo que o normal. Após isso, amassei o chakra no estômago e o expeli na forma de um enorme e poderoso vórtice de ventos - O Futon: Kami Oroshi. A técnica fora potente o suficiente não só para arremessar o clone para longe, como também causar danos ao ambiente e até mesmo deformar a duplicata elemental, que após colidir com a parede do templo, caiu no chão, sem parte do corpo. Mesmo assim, recuperou-se dos danos com facilidade, e agora parecia querer iniciar a investida. Sentei-me mais uma vez e voltei a concentrar-me de olhos abertos, aguardando pela resposta do clone. Enquanto isto não viesse a ocorrer, permaneceria com o exercício da concentração na intenção de obter maior controle e refinamento do mesmo sobre o chakra natural.

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— Meus olhos permaneciam calmos enquanto observavam a reconstrução corpórea por parte do clone elemental da terra, que já parecia estar se aproximando de seu próprio limite. Após se reconstruir por completo, ergueu o braço com a lâmina e utilizou-se do chakra Nagashi da terra, adiciona uma camada extra para fortalecer a lâmina. Continuei a absorver a energia natural enquanto Kyodaijya mais uma vez abria sua boca, pronta para avançar contra o clone que se preparava para lançar sua investida final. Após julgar que o tempo de exercício sobre o chakra natural havia sido o suficiente para satisfazer-me, estalei os dedos e então levantei-, levantando os braços para esticá-los como forma de aquecer os músculos, me preparando para o que viria a seguir. Após anunciadas ambas as posturas, o clone avançou realizando selos com uma única mão, erguendo pilares de terra extremamente afiado que tinha como objetivo perfurar o corpo da enorme serpente ao mesmo tempo em que tentava aproximar-me de mim. Com facilidade, a cobra da Caverna Ryuchi fora capaz de esquivar-se dos golpes, baixando seu corpo de maneira repentina e colocando sua boca aberta logo abaixo dos pés do clone, na intenção de devorá-lo. Apesar disso, o mesmo fora capaz de perfurar parte das escamas da ponta do nariz da cobra, impulsionando-se com a espada para cima de sua cabeça, onde avançara contra a minha pessoa. Utilizando toda a minha velocidade e sabendo que aquela investida era extremamente perigosa e qualquer erro poderia tornar seus golpes fatais, foquei-me totalmente nos desvios, realizando selos manuais no intervalo que acontecia entre cada golpe. Percebendo a situação em que me encontrava, a serpente balançou seu corpo com força, que não só fez que nós dois perdêssemos o equilíbrio, mas também ocasionou na queda do clone, que parecia se preparar para segurar o impacto. Mas antes que o fizesse, aproximei-me da borda do corpo da cobra e finalizei os selos manuais, lançando o Kami Oroshi por mais uma vez. O vórtice de vento foi tão poderoso que a queda do clone ocasionou na perfuração do solo abaixo do mesmo, seguido pela finalização de Kyodaijya, que esmagou-o com sua cauda, finalmente dando fim àquele combate. Abri um sorriso no rosto - Minha primeira vitória em uma luta "a sério" ...Agora que havia se terminado, aguardava pelo retorno de meu pai e sua opinião sobre os acontecidos.

— "Finalmente, já estava mais do que na hora de terminar aquela  luta. Haha, espero que meu pai me aprove depois dessa demonstração. O que ele disse de fato era verdade, as serpentes são muito poderosas - Creio do que bem mais do que eu mesmo imaginava. Incrível, não vou deixar que isso passe batido!" — Exclamei a mim mesma.

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— Após o fim do combate, joguei os olhares ao que restara do clone. Seu corpo desfez-se em lama e lentamente dissipou-se, desaparecendo para todo o sempre. A ventania forte batia sobre mim, jogando os cabelos para trás. Então, após um único comando, Kyodajiya baixou sua cabeça e permitiu que eu pudesse alcançar o solo por mais uma vez, uma vez que a luta tenha enfim cessado. Suspirei e inspirei aliviada, enquanto realizava um único selo para que a colossal serpente desaparecesse em uma enorme nuvem de fumaça, autorizando sua volta a Caverna Ryuchi, mas não antes de acenar a mão em sinal de despedida. Coloquei a mão direita na testa, esfregando o suor que ali escorria. Então, dentro de mais alguns segundos, meu pai surgira das árvores, batendo palmas. Ele parecia estar com um grande sorriso no rosto, enquanto se aproximava de minha pessoa. Observei-o se aproximar, também respondendo com um alegre sorriso. Quando nós dois estivéssemos próximos um do outro, ele pousaria sua mão esquerda sobre minha cabeça, fixando seus olhares em meu rosto.

— "Estou muito orgulhoso do que você se tornou, Kugisaki. Você sabe a razão de não utilizar um sobrenome, eu até pensei eu lhe passar o meu próprio para ti, mas ainda não é o momento. No entanto, minha felicidade é imensurável. Você evoluiu muito e se tornou uma garota de valor. É muito inteligente, independente e linda. De fato, minha maior conquista foi ter tido você. Imagino como sua mãe estaria se sentindo se a visse treinando dessa forma, creio que estaria banhada em lágrimas. Enfim...Vamos voltar. Hoje é um dia muito especial, vou preparar as coisas que você mais gosta." — Ele disse, dando as costas para que eu seguisse-o.

— "É, você tem razão...A mãe sempre foi muito sensível e prezou pelo meu bem até o último instante. Mas isso não é problema! Eu vou curá-la dessa doença, não importa o que aconteça! Pode ter certeza, eu vou me tornar uma ninja que irá salvar a todos e punir o mal com todas as forças que eu tiver. Mas se eu morrer um dia, espero estar cercada de amigos e pessoas. Se isso ocorrer, terei certeza de que cumpri meu papel." — Ditei, enquanto lágrimas escorriam dos olhos.

Toji não respondeu diretamente, apenas virou seu rosto para mim, acenando com a cabeça em sinal de afirmação. Meu pai parecia ser uma pessoa pouco emotiva e muito fria durante boa parte do tempo, mas no fundo, sabia que ele continha suas emoções. Ele era um ser humano como todos nós, e sentimentos são algo que você não pode esconder perfeitamente, a menos que não seja humano. Então, no cair da tarde daquele dia, enfim retornávamos para casa, com ainda mais determinação e esperança.

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