Era tarde da noite. Ninguém perambulava pelas ruas de Uzushiogakure, era quase como uma cidade fantasma, exceto por Avalon, que galgava pelo perímetro como se cada tijolo lhe pertencesse. Não que o rapaz imaginasse isso, mas quanto ao que se referia à sua postura diante o ambiente.

Estava um pouco gelado, e por isso ele vestia um casaco branco por cima da camisa preta. Seus adornos dourados balançavam com os ventos frios que percorriam as ruas, assim como seus cabelos flavos.

“Que noite tediosa” afirmou em pensamento o loiro.

Na realidade, sentia-se assim fazia já algum tempo, essa inquietação. Seu corpo ansiava por gastar suas energias estocadas, o que era natural para ele, fazia parte dos seus instintos. Mas Avalon não era um animal, que vivia conforme seus instintos, então tudo deveria ter uma razão lógica para ocorrer ou para ser realizada.

Vasculhou em sua memória algum objetivo não cumprido. “Uma missão? Não, não, está tarde para pedir alguma”, balançou a cabeça de um lado para o outro, pensativo.

“Faz algum tempo que não treino nada. Isso! Vou dar uma corridinha”, apesar de banal, era algo completamente normal e necessário. Então Avalon dirigiu-se para os campos de treinamento, que mesmo a essa hora permitiram sua entrada.

Seus passos vagarosos lhe custaram alguns minutos até alcançar o objetivo, mas Avalon não tinha pressa. Antes de correr resolveu se alongar, então começou a esticar os músculos para aliviar a tensão e dar alguma flexibilidade para a corrida, talvez aumentando sua passada.

Depois do alongamento básico, realizou alguns pulinhos e joelhadas no ar para aquecer o corpo e preparar-se principalmente para a corrida, mas também para encarar o frio ao remover o casaco. Com o corpo aquecido, pendurou o casaco em uma árvore qualquer e começou um trote para acostumar seu corpo.

Alguns minutos de trotes e passou a dar passadas mais largas e espaçadas, o que acelerou naturalmente sua corrida. “Esse ritmo está bom”, pensou.

Aumentou ainda mais o passo, dessa vez passando para uma corrida moderada. Queria testar qual o limite de velocidade sustentável que conseguiria atingir e manter por bastante tempo. Afinal, atingir um pico e perder o combustível em seguida era decretar sua sentença em uma batalha.

Com o passar dos minutos foi conseguindo manter um ritmo agradável, não era grande coisa, no entanto. Serviria contra inimigos mais lerdos, mais fracos, mas ainda seria ineficaz contra oponentes que se focassem principalmente em luta corpo-a-corpo. Fez um treino de agilidade, também, fazendo saltos laterais diagonais, também para frente e para trás.

Depois de todo o treinamento, sentia seu corpo mais leve, ironicamente. Sentou-se em uma rocha e esperou seu suor secar naturalmente, mas o frio logo acometeu-lhe e seria imprudente pegar um resfriado por expor-se demais.

Então pegou seu casaco e o vestiu novamente, partindo para casa.

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