Um sentimento inquietante palpitava sobre o peito da jovem Yamanaka. Suas orbes azuladas perambulavam sem rumo pelo cenário em que se encontrava, que não seria outro lugar se não o seu próprio quarto, dentro do orfanato, enquanto sua expressão demonstrava uma genuína tensão exacerbada. "Por que me sinto tão aflita? O dia foi bastante normal para variar, e nada parece estar fora do lugar, sinto como se meu sexto sentido estivesse apitando para me avisar sobre algo." A garota debruçava sobre a cama enquanto refletia sua condição, mantendo-se confusa e expressiva durante mais alguns minutos, antes de finalmente soltar um logo suspiro.

Inohara entreabriu os olhos de forma cansada. "Preciso acalmar meus nervos, uma caminhada para observar as estrelas pode ser a solução." Permitiu-se deixar uma linha sorridente aparecer em seus lábios, enquanto se dirigia para a saída de seu quarto, deixando um bilhete para trás alertando sua saída caso qualquer funcionário resolvesse verificar o seu estado e não a encontrasse por lá. "Normalmente não sou tão ousada para caminhar esse horário, mas sinto que realmente devo fazê-lo." Continuava a refletir suas ações até chegar as portas que lhe separavam do outro lado, mas que rapidamente foram abertas com pouco esforço da loira, fazendo com que seus pensamentos de antes fossem deixados de lado e sua mente começasse a priorizar tudo que sentia naquele momento.

Enquanto caminhava sem rumo pelas redondezas do Campo de Treinamento, ainda perdida sobre seus sentimentos, um cheiro muito familiar invadiu as narinas da Yamanka com intensidade, fazendo essa tossir inicialmente ao ser pega desprevenida e franzir o cenho pelo odor desagradável. "Não consigo raciocinar bem com todo esse fedor, o que será que poderia ser? Estaria próxima de um dos pontos de pescaria? Uma carga generosa da mercadoria de alguma peixaria estaria exposta assim?" Ponderando com um dedo indicador pressionado ao queixo, continuou. "Esse cheiro é bastante anormal por si só, um enorme aglomerado de peixes deveria estar próximo para que ao menos pudesse sentir o cheiro... interessante." Inohara sorria de forma minuciosa, era um dos poucos momentos que a garota deixava sua timidez social de lado para focar no mistério a sua frente, parecia estar realmente intrigada com tal evento.

"Espiar as coisas deve ser o hábito de todo ninja, então não devo me preocupar ou me segurar quanto a isso." Decidida novamente, a garota curiosa partia em busca da origem daquele cheirinho terrível. Mantendo-se em seu habitual silêncio enquanto caminhava serenamente pelo nevoeiro da Vila Oculta, sentia um imaginário frio percorrer pela sua espinha - provavelmente efeito de seu entusiasmo misturado a ansiedade em ter que resolver esse pequeno mistério - com sua mente fértil imaginando-se nos livros de ficção que tanto gostava em suas leituras.

Considerações:

Conforme caminhava rumo ao desconhecido, Inohara sentia-se cada vez mais emocionada - de forma sútil - por estar numa situação como aquela; os mesmos ventos que sopravam seus cabelos loiros traziam mais resquícios do aroma fétido de peixe, espalhando-o em larga escala para todo vilarejo do Redemoinho, trazendo o sentimento de dúvida e curiosidade em torno desse fenômeno para alguns indivíduos particularmente atraídos por essas circunstâncias.

"Eu tenho quase certeza de que nossas razões se diferem, embora tenhamos o mesmo objetivo em comum." Pensava a garota enquanto observava um gato, provavelmente de rua, acompanhando-a na mesma direção em que o fedor parecia estar mais forte a medida que se aproximavam. "Quem não tem cão, caça com gato; esse ditado nunca fez tanto sentido como agora." Uma leve risada era solta pela Yamanaka, ainda mantendo seu ritmo com o mascote temporário ao seu lado. Sua imaginação fazia o trabalho de coloca-los num cenário hipotético, onde ambos seriam parceiros detetives tentando solucionar o mistério por detrás das sardinhas.

Contudo, esse mundo fictício não duraria muito, ao finalmente chegarem no local que proporcionava o nítido fedor, Inohara poderia contemplar uma cena um tanto estranha. Como suspeitava desde o início, e se comprovava, uma pilha de peixes era a principal causa para aquele motim; no entanto, embora a presença deles não fosse um mistério, a visão de ver tantos gatos circundando aquela enorme fonte de alimento e nenhum tirando uma lasca sequer fazia a loira arquear uma sobrancelha. "Seria a presença oculta de um predador ou algo próximo disso?" Ela levava sua mão ao queixe com o pensamento, refletindo as possibilidades que poderiam estar concretizando tal evento.

Iniciando seu pequeno trabalho de investigação, a loira dos olhos azuis usaria de seu Kanchi na tentativa de rastrear alguma assinatura de chakra estranha naquela região, principalmente envolta e dentro da montanha de peixe cru, enquanto seguiria o exemplo dos gatos em dar voltas pela pilha, buscando algum elemento incomum que lhe pudesse chamar a atenção, dependendo de sua concentração e intelectos aguçados para determinar uma possível lógica e encontrar a solução para esse mistério.

Na possibilidade de encontrar algum intruso, ou no mínimo um ser vivo diferente dos gatos, através de sua observação minuciosa ou pelo rastreio de seu sensor, Inohara buscaria manter uma distância inicial segura - cerca de 20 metros do indivíduo - antes de realizar os selos de mão necessários, com uma única mão, para sua técnica de telepatia do Clã Yamanaka. "Olá? Quem seria você?" Indagaria à princípio, continuando logo em seguida. "Você é o responsável por essa pilha? Qual seu objetivo com isso?" - Terminaria, sem retirar os olhos do ser que poderia estar a sua frente, ou não, prestando total atenção suas palavras casso viessem.

Considerações: