Dante estava perto de encontrar o sono quando um ruído apareceu.

A primeira noite na residência de jovens ninjas lhe trouxera emoções estranhas, desconhecidas, que remetiam a um passado não tão distante. O frio, a solidão, o medo. Dante conhecia muito bem aqueles sentimentos. Mas por que parece tão diferente? Com os infortúnios da vida lhe roubando diversas possibilidades, inclusive a de enxergar, o garoto de olhos turvos e cabelos negros hesitou quando ouviu você ainda pode ser um ninja. Naquele momento, diversas dúvidas lhe bombardearam com inseguranças e incertezas, no entanto, elas foram desaparecendo a medida em que o mundo ninja se revelava ao jovem.

Imerso em lembranças, Dante retornou a uma das suas primeiras aulas. Controle de Chakra. Ele sentou-se em sua cama, tentando não acordar as outras crianças que estavam dormindo no mesmo cômodo. Você pode voltar a enxergar um dia, Dante. O Genin quase ouviu as palavras daquela ninja médica ressoando em sua mente mais uma vez. Encontrar um doador é um pouco difícil mas, apesar de tudo, você é um ninja agora. Sei que vai conseguir. O garoto se apegou aquelas palavras e confiou a si mesmo a responsabilidade de descortinar a escuridão e compreender o real significado daquele estranho ruído.

Ele cruzou as pernas, uniu os punhos na frente do umbigo e manteve a costa o mais ereta possível. Sua respiração foi ajustada para fornecer um fluxo de oxigênio constante. Após inspirar e expirar profundamente duas vezes, o jovem guiou toda a sua energia aos seus ouvidos até que eles começaram a ganhar uma coloração azulada. Em alguns instantes, Dante conseguiu notar que os sons dos arredores tornaram-se mais claros. A respiração carregada do rechonchudo Chougi agora assemelhava-se a um trovão. Você precisa ir num médico, cara.

Cerca de doze crianças dormiam naquele cômodo e Dante era capaz de ouvir claramente a respiração de todas, porém, ele precisaria ir mais longe se quisesse desvendar o ruído. Após respirar de forma profunda mais uma vez, o semblante do garoto mudou um pouco, como se ele estivesse forçando a si mesmo ao limite. No entanto, o ruído ainda parecia muito distante. Tomado pelo cansaço, a criança limpou o suor do rosto e deitou de lado, esquecendo até de cobrir a si mesmo.

Nos dias seguintes, o jovem continuou praticando e aprimorando o alcance de sua audição. Vez ou outra ele era surpreendido por alguém falando enquanto dormia ou acordando subitamente após um sonho terrível, até que um dia ele conseguiu descobrir o real significado daquele estranho ruído.

Era o som de um grilo alimentando-se.

Dante: HP [1750|1750]; CK [3050|3050]; [22m/s]; [00|07];
Samehada: CK [500‬];

Adendos: