— Mas uma vez... Preciso fazer mais uma vez... — Eu digo arfante, enquanto deitava sem fôlego e via minha respiração nítida. Meus lábios estavam pálidos e secos com a frieza do inverno. O dia começou habitual. Eu fiz minhas higienes básicas, fui as compras com minha mãe e até mesmo joguei uma partidade de shogi com alguns anciões vizinhos, partida essa que perdi com um checkmate tsume. Durante todo o dia eu estava sentindo uma pulsação estranha em meu peito e um amargor em minhas papilas. Essa noite foi como as outras, eu mal conseguia sentir-me confortável deitado sobre a cama. Essa insônia me causou perturbação durante todas as noites desde minha vinda a Iwa. Eu esbaforei e virei-me em direção a uma pequena fresta da veneziana da janela. Eu conseguia ver alguns flocos de neve caírem do céu e da fachada da casa. Não havia muitas pessoas circulando pelos arredores, principalmente com uma sensação climática tão baixa. Era comum em Ame chover muito durante essa estação, um período também com brisas gélidas. Eu toco sobre o vidro da janela e observo a vista por alguns instantes antes de levantar e em seguida, parto em direção a saída de minha casa. Eu já estava vestido para me sentir confortável durante o frio com um grande casaco, tampões de ouvido e uma máscara. Ao abrir a porta, vejo uma brisa serena tocar meu rosto e balançar minhas mechas grisalhas. A neve cai sobre meus cabelos e torna-se quase uma parte dele. O céu estava acinzentado, com apenas uma reluzente lua prateada que pairava por entre as nuvens. Eu corri pela circunvizinhança a procura do campo de treinamento de Iwagakure, eu buscava por alguma coisa que talvez aquele lugar pudesse me revelar. Perdia-me com facilidade nas várias ruas da aldeia, mas pude chegar ao local um tanto arquejante, não estou acostumado a correr. O campo é um lugar aberto com diversos rochedos cercando o local, semelhante ao que se via na construções das casas.

Eu sentei no chão e pus alguns equipamentos em uma toalha que havia deixado em minha bolsa. Sobre ela, coloco meu caderninho de anotações e em seguida, começo a folheá-lo. Vou puxando várias páginas até que encontro as páginas corretas, lendo-as rapidamente com meu dedo indicador. Estava a procura de algumas anotações que fiz durante o tempo que estive em Ame, páginas estas que ensinam o básico sobre o uso dos selos manuais básicos. Eu estava acostumado a fazer diversos esboços e observações durante meus estudos, e o meu caderninho está repleto de alguns ensinos simples, tais como os selos. Eu dou uma lida esguelha nas descrições dos selos e em seguida, passo para a parte prática. Já estava familiarizado com seu uso, então não tive dificuldade em replica-los. Meu objetivo era tentar aumentar a velocidade com que reproduzia tais símbolos e também, aumentar sua eficiência no controle de chakra. Eu passo alguns minutos me aquecendo, vendo as páginas, pensando em uma sequência aleatória de selos e fazendo-os, buscando atingir uma velocidade maior a cada tentativa. A neve começou a amontoar-se em meus ombros e meu cabelo, então sabia que já estava a algum tempo nesse mesmo exercício: — Acredito... Que já estou pronto... Eu posso tentar... — Digo com uma respiração pesada e esfregando meus braços para me aquecer. Dou alguns passos a frente, posicionando-me no centro daquele campo a céu aberto. Suspiro profundamente e faço vários selos de mão em sequência para no fim, transformar a neve que há em todo o arredor em água e utilizando-a para acertar um golpe sobre uma rocha em formato de um chicote d'água: — Liberação de Água... Convergência da Água dos Céus… — Pronuncio em voz alta. Os ataques são desferidos repetidas vezes, buscando uma precisão maior e também, efetividade. Após alguns segundos, cesso os ataques e finalizo a técnica. Eu me curvo levemente, recompondo a postura e indo em direção a rocha que havia atingido. Eu comparo o local que atingi com os outros: — Posso melhor... Eu sei que posso... — Digo, me afastando novamente.

Passo longas horas repetindo o exercício. Eu tento utilizar de forma adequada minha resistência para não me fatigar completamente com esse exaustivo treinamento, logo, faço o uso da técnica valer a pena para cada vez que a uso para acertar aquele rochedo. Primeiramente, eu faço cada um dos selos manuais com os desenhos nas páginas do caderno. Em seguida, eu os refaço para melhor a forma como controlo meu chackra através deles e por fim, uso do Ninjutsu de Suiton para acertar golpes na superfície da rocha. Eu não tenho fôlego suficiente para conseguir me manter nessa repetição de técnicas, então me deito sobre a neve com a pulsação de meu coração na garganta. Eu vejo os flocos de neve caírem lentamente, pareciam somente pontos brancos, acreditava até mesmo que minha visão estava desfocada: — Só... Mais uma vez... — Digo me levantando, mas percebo que minhas forças já haviam se esvaído para continuar o treino, então retorno aos passos vagarosos para minha casa. Vendo o horizonte aonde minha vista pode alcançar, o sol começou a nascer: — Bom... Vou aproveitar para comprar alguma coisa... — Digo enquanto parto em direção a alguma loja de comeviencia. Retorno para minha casa com uma sacola plástica pequena de compras e um suco de maçã de caixinha em minha mão. Mesmo acreditando fielmente que um treinamento como esse poderia me fazer deixar de lado esse incessante sentimento que me debilita desde minha vinda a Iwa, sinto que estou me adaptando com um passo de cada vez. Ainda há uma chance de que não preciso abandonar esse sentimento, convivendo com ele, mas até esse momento chegar, vou ter que me acostumar mais rapidamente com essa aldeia ou então esse sentimento tornará-se um problema.

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HP: (400 • 400) | CH: (1211 • 1250) | ST: (03 • 04)