Azin já estava acordado desde o nascer do sol, não por opção, mas por um pesadelo que tirara seu sono e o jogara a seus costumeiros pensamentos acerca de sua mãe desaparecida. O rapaz passou cerca de cinco minutos deitado na rede, acordado, olhando para o nada como uma estátua e pensando na própria mãe, decidiu que escreveria em seu caderno, era uma estratégia que vinha utilizando desde que tivera uma conversa com um parente Hoshigaki. - Já que é difícil para você falar Azin-san, talvez seja bom escrever, talvez você se veja de fora e não de dentro. Comentou a mulher. E era verdade o que ela tinha dito, era mais fácil para o rapaz olhar para si mesmo a partir do fora, quando relia as passagens que escrevia no pequeno caderninho as coisas se acalmavam mais, se organizavam mais. Todavia, não era dificuldade de falar apenas, era de sentir.

Quebrando essa onda contemplativa, levantou-se da rede, arrumou em seu baú alguns pergaminhos que estava aberto e jogado debaixo da rede, pergaminhos que estudava rotineiramente, para aprender mais, e se trocou, colocando um kimono tradicional com as cores dominantes sendo a azul e o branco. Após isso, participou da cerimônia do chá com os demais Hoshigaki, e conversou com eles sobre como estava sendo as missões e os treinamentos. Achou que seria uma boa ideia se retirar depois de alguns minutos, e depois de ter saciado a fome com alguns biscoitos integrais, muito nutritivos para um café da manhã light. Bebeu o chá, que era delicioso, e se retirou de fato após terminar de comer algumas fatias de queijo e algumas azeitonas.

O dia estava mais quente que o normal, para um inverno no País da Água era bem atípico de fato. Depois de banhar e trocar de roupas, foi até seu baú, perto de sua rede, e pegou dois pequenos pergaminhos, um cor marrom e outro azul. Eram duas missões simples que teria de cumprir hoje e fazer os relatórios para o gabinete do kage, como manda o protocolo. Abriu novamente o pergaminho marrom e leu. Deveria ajudar alguns pedreiros e mestres de obras com algumas pinturas de cercas, muros e casas, nada muito complicado.
Azin se apresentou para o mestre de obras denominado Jin, ele estava encarregado de designar os ajudantes gerais e os pedreiros para repararem e até mesmo construírem algumas casas e prédios. Esse empreendimento estava sendo financiado por inúmeras pessoas, se configurando como um agrupamento de civis e também investimentos vindos diretamente do gabinete do Mizukage, em compromisso com o bem estar e força de Uzushio. Ao se apresentar, cumprimento Jin formalmente e disse ser um dos Genin designados para ajudar nas obras. O mestre de obras olhou o rapaz da cabeça aos pés, parecia duvidar da capacidade do rapaz, fato confirmado pela reclamação formal que disse que faria ao gabinete do mizukage.
- Senhor, eu fui o ninja designado, sei que não pareço ser grande coisa mas posso ajudar. Disse o jovem, prometendo que não iria falhar nas tarefas que recebesse. O mestre de obras examinou-o novamente, resmungou algo e voltou para sua prancheta, observando o cronograma do dia e vendo as tarefas disponíveis e por fazer, que por sinal eram muitas, como esperado de um empreendimento de construção e reparos.

- Certo, para começar, temos algumas carroças com tijolos que precisam ser descarregados. Disse, explicando os locais em que estavam e com quem devia falar para proceder o descarregamento. - Depois que o fizer, volte a mim. Terminou, despachando o rapaz. Azin fez uma vénia e se retirou. Acumulando chakra nos pés e nas pernas, deu um belo impulso, saltando para uma escada lateral de um edifício, depois para outro edifício ao lado e novamente para o edifício anterior. Depois, flexionou os joelhos e se impulsionou, realizando um acúmulo de chakra nas pernas e nos pés e disparando para o primeiro local de descarregamento.

Ao chegar no local, Azin se apresentou à Daisuke, um jovem pedreiro de tez morena quase negra, cabelos de ébano e olhos castanhos. Bem preparado, com braços da grossura de pernas e uma cabeça quadrática com maxilar protuberante. Apesar da aparência intimidadora, era bem caloroso e respeitador. - Pode começar ali, preciso que suba os tijolos até o segundo andar, estamos reparando a estrutura do local. Descarregue até as fileiras marcadas, depois pegue Katsuhiro e o cavalo e vá pegar mais tijolos para nós, ele vai saber te guiar. Disse, terminando as instruções com um joinha e um sorriso fosforescente.

Ser construtor não é fácil, exige bastante preparo e cabeça para não derrubar um prédio por maus cálculos. Pensou Azin. O rapaz respeitava os trabalhadores que não eram ninjas, ao contrário de alguns colegas que conheceu na Academia Ninja. Pôde observar, assim que falou com Jin, o mestre de obras, uma mesa de trabalho com algumas blueprints e alguns instrumentos de cálculo como ábaco, régua, compasso, giz etc. Afastando a contemplação, procurou por esse Katsuhiro, para depois guiar a carroça até os limites da Vila Oculta, onde se encontrava um belo estoque de tijolos que estava para depois ser redirecionado aos diversos pontos de reconstrução da vila. Ajudou Katsuhiro a carregar a carroça, e depois descarregar no ponto indicado que Daisuke estava trabalhando. Após ajudar nesse ponto, se dirigiu ao próximo.

Chegando no outro subordinado de Jin, o mestre de obras que estava comandando a reforma e construção nos diversos pontos de Uzushio, o Genin se apresentou com uma vénia. O subordinado de Jin que estava no comando daquele ponto de reforma se chamava Hiroshi, era um senhor já, na casa dos sessenta anos, mas corpulento e com uma longa barba grisalha. Instruíra Azin a pintar algumas cercas de madeira e algumas fachadas de prédios para ele, pois estava com escassez de pintores naquele dia. Ficaria pintando paredes e cercas até aproximadamente a hora do almoço, que foi quando fez uma breve pausa para comer junto de Hiroshi e alguns outros pintores que conseguiram ser contratados e comparecer ao “batente”. - Não, senhor, não sei utilizar Clones de Sombra. Respondeu a pergunta de Hiroshi, parecia impaciente, talvez tenha pensado que Azin, por ser um ninja, pudesse realizar inúmeros clones e pintar a região em um piscar de olhos mas não eram bem assim, um Genin como ele não tinha essa capacidade.

- Que estranho, fui bem claro com o jovem Mizukage sobre a necessidade de mandarem ninjas que saibam utilizar clones, sabe, para agilizar o trabalho. Dizia, enquanto comia um marmitex com alguns bolinhos de arroz e pedaços de carne bem suculentos. O Hoshigaki se limitava a uma mistura de ovos, cenouras, abóbora e pepino, era bem agradável, e agradava seu paladar vegetariano. Hiroshi perguntou se não queria carne mas o rapaz disse que não.

- Talvez tenha havido algum engano na hora de passar a missão então, senhor, pois não sei utilizar Clones de Sombra ou qualquer outro clone físico, apenas os ilusórios mesmo. Explicou-se, mesmo não sendo da conta ou culpa do Genin, sua formalidade nas relações o impelia a isso, traço característico de sua personalidade.

Após o almoço, retornaram para o trabalho, pintando mais alguns muros com a cor branca e azul. Estava com bastante calor, fato que o levou a tirar a camisa e enfiar o rosto em um balde cheio d’água, depois se vestiu novamente. Passou-se uma hora nessa atividade de pintar muros e cercas, até ser chamado de forma emergencial para controlar um cano d’água que havia estourado graças a um pedreiro inexperiente que estava quebrando uma parede, assim, o Genin utilizou sua perícia elemental em Suiton para impedir um tsunami doméstico enquanto um pedreiro cerrava o caro e colocava um tampão de três quartos de polegada. Após o ocorrido, voltou para a área de Hiroshi, se empenhando novamente nas pinturas de muros e cercas por mais uma hora, até ser dispensado para outra atividade.

Conforme o tempo progredia e junto disso o cansaço físico de Azin, chegaria a última tarefa escalada para ele, por Jin, o mestre de obras. A sua última tarefa seria carregar uma boa quantidade de entulho e lixo de construção para uma caçamba onde seria recolhida para descartar definitivamente em algum ponto afastado da vila oculta. Com auxílio de um carrinho de mão de pedreiro e uma pá, sua missão final era esta até reportar novamente à Jin e preparar o relatório da missão. O Hoshigaki estava apreciando esse trabalho manual, julgava ser uma missão mais adequada para ele do que se meter à instruir jovens da Academia Ninja, ou escoltar velhinhas à floricultura, à feira etc.

Quando terminou de recolher o entulho, tarefa que foi passada em detalhes por um pedreiro chamado Noboru, sujeito mal encarado e resmungão, se apresentou à Jin, relatando as tarefas que fizera, dando nomes e finalizando o dia de trabalho nos canteiros de obras. Estaria pronto para redigir seu relatório e entregar ao gabinete do kage.






Narração
Falas de Azin Hoshigaki
Falas de outrem
Pensamentos de Azin Hoshigaki

Bolsa de armas:

Status: