A manhã estava amena, ou melhor, eu diria harmônica. As nuvens escondiam a face do Sol, mas não tornavam aquela ambientação "feia", mas sim propícia para que eu encontrasse algum ânimo para sair de casa para fazer alguma missão sem que, no final do dia, eu voltasse bronzeado ou com queimaduras de oitavo grau. Estiquei meu corpo e peguei uma missão com o shinobi responsável. - Encontrar uma flor no alto de uma montanha? Isso vai cansar e me dar fome, mas será rápido... Vou pegar mais uma. - Pensei, enquanto pegava mais uma missão. - Bom, aqui existe o equilíbrio perfeito! Eu sinto fome na primeira e aproveito a segunda para matá-la. Excelente! - Se houvesse algo tão harmônico como aquilo, eu desconhecia.

Saí da vila e fui em direção à montanha distante da qual o pequeno pergaminho se referia. Eu caminhei por alguns segundos... que foram se tornando longos minutos... e que se tornaram absurdas QUATRO horas de caminhada. - Caralho... eu sou mesmo muito burro... Se eu tivesse correndo, seria bem mais rápido, mas também gastaria mais energia, né?! Cara... eu sou idiota. - Comecei a correr, talvez aquilo agilizasse um pouco mais. Eu não era tão rápido assim, mas aquela tinha sido uma boa ideia, correr (obviamente) me fez atingir o sopé da montanha. Quando alcancei a base da estrutura, olhei-a de cima para baixo, analisando uma forma de escalar, não era íngreme o suficiente para me obrigar a usar as mãos mas, por garantia, peguei uma kunai com a mão esquerda, se eu desequilibrasse, poderia me recuperar cravando-a nas rochas. Tomei alguma distância, coloquei minhas forças nos membros superiores e fui me impulsionando para cima, desviando das rochas maiores e optando pelo caminho mais "reto" naquela subida. Vez ou outra, por algum descuido, eu acabava escorregando e, por isso, precisava escorar e retomar o equilíbrio com a kunai, mas não fora um trabalho muito árduo.

Ao atingir o cume, já bastante suado, notei rapidamente a flor que estava buscando: uma cor viva e atraente, definitivamente era ela. Apanhei-a com um bocado de terra, para que ela não murchasse ou morresse no caminho de volta e tomei bastante cuidado para não danificá-la. Assim que me coloquei em posição para voltar, avistei um pequeno jovem, provavelmente de um vilarejo perto subindo a montanha. Ele a escalava com tremenda facilidade e seu corpo fazia noventa graus com o terreno. - Pera, como isso é possív... - Por alguns instantes, eu tinha esquecido tudo que aprendi na Academia. Se eu tivesse subido tudo aquilo com o Ki Nobori no Shugyō, sequer teria escorrido uma gota de suor da minha testa. - EU SOU MUITO BURRO!!! - Gritei lá do alto. Talvez desse para escutar meu grito de raiva por todos os cantos do mundo shinobi. Ainda decepcionado com minha própria estupidez, desci, dessa vez, utilizando o jutsu em questão.

Quando alcancei o sopé da montanha novamente, agora recuperado de tamanha vergonha, utilizei de toda a minha velocidade para poder voltar para Kumogakure com a plantinha. Agora, correndo, eu tinha gasto um pouco menos de uma hora para me deslocar por todo o trajeto, apesar de estar ligeiramente cansado, tinha sido BEM mais rápido. No momento em que atingi os portões de Kumo, fui em direção ao esquadrão médico, para entregar-lhe a Flor Púrpura. - Aqui está. Peço perdão pela demora. - Deixei a planta sob os cuidados da equipe e saí do local, tendo em vista que ainda existia mais uma tarefa a ser completada.

O Sol já estava a pino e aquilo significava apenas uma coisa: se o ladrão fosse mesmo um exímio comilão, ele estaria planejando qual restaurante atacar, analisando nas ruas, naquele exato momento, qual teria a melhor refeição para ele furtar quando a noite caísse. Fui até o centro de alimentação, ou melhor, a região em que a maior parte dos restaurantes de Kumo ficavam localizados. Escondi minha presença no meio de um pequeno grupo de cidadãos da vila e aguardei alguns momentos naquela rua. Com o passar de algumas dezenas de minutos, notei que um rapaz em específico caminhava por ali há muito tempo, mas não havia entrado em estabelecimento algum, exatamente como eu tinha pensado que seria. Fui até bem perto dele, escondi uma kunai sob a manga do braço esquerdo e toquei a cintura do homem com a ponta da lâmina. - Você é Akimino Chouga, certo?! Seja direto e não fale mais do que o necessário... Creio que não preciso falar das consequências caso não o faça. - Com apenas um balançar de cabeça, o ninja comilão confirmou sua identidade. - É o seguinte, eu queria muito te espancar aqui e fazer com que você nunca mais voltasse a roubar comida, mas eu conheço um comilão, porque também sou um, e sei que todos têm palavra e uma honra a zelar. Por isso eu lhe proponho um desafio: uma disputa de comilança, quem comer mais Ramen em 30 minutos paga a refeição do outro. Se eu perder, nunca mais vou te incomodar, mas se eu ganhar, você nunca mais vai roubar comida. Temos um acordo? - Estendi a mão direita para cumprimentá-lo e recuei a mão esquerda, guardando a kunai. Surpreendentemente, fui correspondido no cumprimento e, ainda por cima, recebi uma resposta. - Prepare-se para pagar, que eu vou me preparar para continuar roubando. - Assim, com o espírito de competitividade se aquecendo, fomos até o restaurante mais próximo e pedimos por todo o Ramen do estabelecimento.

Estalei meu pescoço e minhas mãos, preparando algumas partes do corpo para a intensa atividade física que viria a seguir. Assim que as tigelas de Ramen chegaram aos montes, fizemos a contagem regressiva e começamos a comer intensamente. 1, 2, 3... 10. Foi tudo aquilo que o famoso ninja comilão conseguiu comer antes de colocar toda aquela comida para fora do seu corpo. Enquanto eu olhava tudo aquilo acontecer, rindo bastante por dentro, minhas mãos e bocas não paravam, eu tinha 30 minutos para comer o tanto que eu quisesse DE GRAÇA! 10...15...23. Foi isso, tudo que eu consegui comer em exatos trinta minutos. Talvez eu merecesse o título de shinobi comilão e não ele. - Bom, Akimino, nós temos um trato... A conta é sua e os alimentos, daqui pra frente, continuam nos restaurantes. Se você roubar novamente, aí sim eu te quebro na porrada. - Com um sorriso e um aceno, despedi-me do dono do estabelecimento e do ladrãozinho que, no fim das contas, não era grande coisa e saí com outra missão cumprida.

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STATUS - OLORIL
• HP: 675/675 • CH: 675/675  • ST: 2/4 •