Yoroy: O entregador

Estava em casa fazendo nada de importante quando ouvi alguém bater na porta de minha casa. Estranhei aquilo porque não era muito comum receber visitas. Quem poderia ser? 

Desci as escadas já imaginando que não seria uma visita social, mas provavelmente profissional. Me perguntava que tipo de missão eu teria para fazer hoje, esperando que não envolvesse apanhar para um monte de pivetes outra vez.

Chegando no andar debaixo, me desloquei até a porta enquanto quem estava do outro lado não parava de bater, seja lá quem fosse, devia estar com bastante pressa para se comportar desse jeito. Abrindo a porta, me deparei com um ninja que me entregava prontamente o dever de ir até os correios da vila.

- Tudo bem, só me dê um tempo para me preparar que já vou. - Disse.

Em seguida, fechei a porta novamente e subi as escadas até meu quarto. Lá eu peguei meu casaco, minha bolsa de equipamentos e tranquei a casa antes de sair em direção aos correios. O caminho foi tranquilo. O fato de o ninja estar com tanta pressa na hora de me achar me fez pensar que talvez estivesse atrasado ou algo assim, o que me fez andar um pouco mais apressadamente. Mesmo assim, chegando lá deparei-me com um homem que me guiou até o armazém. No armazém, fui guiado até uma mesa onde encontrei vários envelopes e também recebi as instruções do homem.

Não me parecia ser um trabalho muito difícil, só precisava ir até os endereços especificados e lhes entregar os carnês. Mesmo que fosse alertado pelo homem, não imaginei que fosse ter problemas com ladrões.

- Muito obrigado. Tô indo lá. - Disse energicamente com um aceno de mão.

Após isso, comecei minha caminhada em direção ao primeiro endereço especificado.

Yoroy ;

Plano de entrega

Olhei para a quantidade de envelopes e só consegui pensar no número de voltas que teria que dar na vila para entregar tudo. Claro que os carteiros tinham que fazer aquilo naturalmente e não reclamavam, mas eu não era um carteiro, era um ninja. Tentei pensar em algum jeito de resolver esse problema e acabei pensando em algumas alternativas. Poderia criar clones das sombras ou invocar Taka para me ajudar, mas pensando melhor, manter o jutsu ativo poderia ser, se não mais, igualmente cansativo. Até que tive uma ideia.

Não querendo desperdiçar mais tempo do que seria preciso. Olhei um por um os envelopes e comecei a separá-los em dois grupos: Os que tinham endereços situados na parte sul da vila, e os que tinham endereços situados na parte norte. Coloquei cada grupo de cartas em uma parte diferente da mochila para impedir que eles se misturassem e decidi que começaria seguindo para o lado norte. 

Andaria calmamente até os lugares designados nos envelopes e entregaria as encomendas, tendo cuidado para não trocar nada, mas tentando ser agil ao mesmo tempo. Se tudo desse certo, seguiria até o lado sul da vila e realizaria o mesmo processo por lá, voltando para os correios a fim de apresentar meu relatório da missão para o homem que havia visto mais cedo.

Yoroy ;

Um Trabalho Árduo

Não era uma tarefa fácil partir de um lado para o outro fazendo as entregas, mesmo tendo me organizado para diminuir o esforço necessário, o trabalho continuava sendo consideravelmente árduo.

Mesmo assim entreguei uma por uma, cruzei todo o lado norte da vila, parando ponto por ponto para entregar os envelopes aos senhores e senhoras mais velhas. Alguns pareciam não saber que tinham direito à esse carnê. Quando isso acontecia, fazia questão de lhes explicar bem como o sistema funcionava até ter certeza de que eles não mais deixariam de receber seus carnês por uma falta de informação. Quando tinha certeza de que eles entenderam, passava para a próxima, onde poderia ou não ter que explicar tudo de novo. Esse processo de ter que explicar para os receptores que eles poderiam ganhar o carnê tornou o trabalho ainda mais massante.

Depois de ter terminado com o lado norte da vila, rumei ao lado sul e, com esforço, recomecei o mesmo processo por lá. O trabalho se desenrolava mais ou menos da mesma forma, quando cheguei na última entrega me deparei com um senhor que tinha um problema um pouco grave: Seu carnê constava que ele recebeu os 3 últimos, o que, segundo ele, era uma mentira.

- Eu estou voltando para a central agora, vou levar sua reclamação para lá, pode ficar tranquilo. - 

E então começaria minha caminhada de volta aos correios. Chegando lá, procuraria pelo homem com quem havia me encontrado no começo da missão e lhe alertaria:

- Eu encontrei um senhor. O último deles... - E lhe diria o endereço. - Ele disse que no seu carnê constava que ele recebeu os 3 últimos meses. Mas segundo ele, isso não aconteceu. -

Yoroy ;

Após minha fala o supervisor mostrava estar bastante chocado com aquilo. Eu não era um carteiro, mas dava para dizer que aquele era um homem que dava valor e importância para seu trabalho, o fato de uma situação como aquela estar ocorrendo o deixou em choque, quase como se fosse uma questão pessoal.

- Bom, eu tenho certeza que dá pra a gente resolver seja lá qual for a causa dessa situação. Não é o fim da linha nem nada do tipo, senhor. - Disse tentando apazigua-lo. 

Em seguida. Assisti o homem sair rapidamente do local onde estava e se locomover até um computador. Quando chegou lá, começou a teclar várias coisas e realizar vários processos dos quais eu tinha certeza que seria incapaz de entender, mesmo assim, continuei analisando, esperando que em algum momento ele me explicasse o que estava acontecendo.

Depois que analisou o que tinha para ser analisado, me chamou e me explicou que havia alguma pessoa recebendo o dinheiro no lugar daquele senhor alegando ser seu filho. Aquilo era um absurdo, e antes mesmo de ele terminar de falar eu já imaginava que seria meu dever seguir para lá e dar um fim nessa história. 

No fim, eu estava certo, dava-se início à uma segunda missão para mim, realmente não achava mais que bandidos ou ladrões fossem ser um grande problema para mim, afinal, havia dado conta de derrotar vários de uma vez em minha última missão. Sendo assim, pegaria o endereço que o supervisor me daria e seguiria até o endereço com atenção.

- Logo mais estarei voltando com boas notícias! - Disse antes de sair mais uma vez da central.

 Havia sido alertado que aquela era uma área perigosa, logo, teria cautela para conseguir identificar qualquer perigo antes que chegasse até mim.

Yoroy ;

Minha caminhada parecia correr bem enquanto eu passava pelas ruas da vila da pedra. Aquele trabalho estava me levando mais longe do que eu imaginei que levaria, e eu sinceramente esperava que não demorasse muito para encontrar o fraudulento e lhe levar à justiça. Afinal, já tinha tido surpresas demais para o que deveria ser somente um dia de entregar cartas pela vila.

Conforme eu andava, ficava cada vez mais claro que estava saindo da parte "amigável" da vila da pedra. O clima parecia mudar sutilmente a cada passo que eu dava. Sentia uma energia ruim, as ruas ficavam mais "feias", as pessoas me encaravam com olhares tortos, sentia o julgamento de várias pessoas nas sombras recair sobre mim. Era tão óbvio assim que eu era um shinobi? Talvez viver e crescer nesse ambiente faça as pessoas desenvolverem um olho para esse tipo de coisa.

Quando cheguei perto do beco marcado, deparei-me com um homem saindo de lá bem na minha frente. Geralmente isso não seria um sinal decisivo para incrimina-lo, e provavelmente eu o teria deixado passar se não fosse pelos eventos que se sucederam após isso: Uma voz cujo dono não identifiquei no momento gritava que havia um shinobi por perto, obviamente se referindo à mim. Surpreendi-me quando percebi que as pessoas em minha volta se escondiam ao receber essa notícia, será que todos lá eram sujos de alguma forma?

De todo modo, a reação mais desesperada fora a do homem que saiu do beco. Seus pés deixaram o chão enquanto ele dava um salto e subia em um terraço, numa tentativa de me deixar para trás.

Pensei que essa seria a oportunidade perfeita para testar uma coisa que vinha imaginando tinha alguns dias. E se eu aumentasse a quantidade de chakra utilizada em meu jutsu de invocação? O que será que aconteceria?

Mordi então meu dedo polegar e realizei uma série de selos de mão, por fim colocando a palma da mão direita no chão.

- Kuchyiose no jutsu! - Berrei, colocando mais chakra do que o de costume.

Uma nuvem branca apareceria no local, rapidamente sumindo e dando lugar para uma gigantesca ave, muitas vezes maior do que eu. Ela me fitava com um olhar curioso mas calmo, parecia esperar minhas ordens. Eu não tinha muito tempo para ficar surpreso, afinal, já tinha visto uma ave gigante no dia em que realizei meu pacto de sangue, agora eu precisava ser ágil e lhe comandar que trouxesse de volta o ladrão. Eu descreveria o bandido para a ave e então continuaria com as instruções:

- No mais, vai ser um maluco correndo... Não deve ser muito difícil encontrá-lo. Quando identificar o homem, traga ele até mim. Preciso que faça isso sem macucá-lo, de preferência. -

Esperaria então que Garuda partisse e retornasse com o bandido. Quando o encontrasse, o falcão bicaria sua camisa e voaria com ele até mim, sacudindo-o para fazer o carnê cair de suas vestes.

Yoroy ;

A abordagem de Garuda não havia sido exatamente tão limpa quanto eu imaginei que seria, mas não que eu sentisse pena ou qualquer sentimento do tipo por aquele homem, ele não só estava roubando, mas roubando de um senhor de idade. Isso era outro nível de safadeza, um nível tão baixo que chega a ser raro de encontrar.

Pegaria o carnê no chão e liberaria o jutsu de invocação, despedindo-me de Garuda com um aceno de mão. Então, com o carnê já em mãos, viraria-me para o homem e o diria, olhando-o por cima:

- Eu não vim aqui especificamente para te prender nem nada do tipo, o que me interessa é isso aqui. - Balancei o carnê na mão. - Mas não se engane, não gosto de pessoas que causam problemas para velhinhos. Mude de vida, se nos trombarmos de novo, é capaz de você virar comida de pássaro de uma vez. - Disse, sabendo que isso provavelmente seria um grande alerta para ele, considerando a situação pela qual ele acabara de passar.

Começaria então minha caminhada de volta para os correios e chegando lá, anunciaria para o supervisor:

- Viu? Eu lhe disse que traria boas notícias! - Disse exibindo o carnê recuperado.

Lhe devolveria então o objeto e me despediria, indo em seguida preencher meu relatório, feliz por aquilo ter enfim acabado

Yoroy ;