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O pequeno sunense observava o céu de Konoha deitado na grama do imenso quintal do seu avô. Todos os dias até então tinham sido iguais, vivia num loop infinito tentando encontrar um rumo em sua vida nessa nova vila. Mas, se formos avaliar, qualquer coisa é melhor do que ficar na casa dos seus avós durante o dia tendo de ouvir todos os abusos que Hidenori cometia contra a esposa.

Será?

De repente, pairou sobre aquele vasto campo um falcão que foi de encontro ao rapaz. Senko estendeu o braço direito e ele pousou, exibindo um pequeno papel em sua perna. Era um falcão vindo do gabinete da Hokage. Sua presença era solicitada com o máximo de urgência.

Levantou-se assustado e foi para o quarto que sua avó tinha lhe reservado. Vestiu-se com sua roupa de serviço, prendeu a bandana na testa e pegou suas bolsas de armas. Despediu-se de sua mãe com rapidez, apenas acenando para Harumi que cozinhava o jantar ao lado de Yumi.

Ao sair de casa, correu sem direção. No meio do caminho fez um belo dum facepalm e lembrou que não sabia exatamente aonde era o gabinete. Era sua segunda semana na vila e o garoto ainda tinha dificuldade para se encontrar naquela vila tão grande e confusa. Contudo, ao perguntar para alguns civis, apertou o passo e finalmente localizou o gabinete.

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Desde a sua última passada pelo gabinete, as coisas já estavam bem melhor por ali. Já estavam com uma estrutura mais do que suficiente para atender os pedidos dos civis e também realizar o trânsito dos ninjas. O genin de Suna foi arrastado por uma das assistentes que reclamou da demora. — Desculpa… me perdi no caminho.  — Disse, incomodado com a abordagem da moça.

Senko ouviu as instruções da assistente. De cara, ficou desanimado por saber que iria ver os animaizinhos na floresta à noite, pensando ser mais uma das missões básicas que havia recebido nas últimas semanas. Porém, ao processar a informação, viu que a situação tinha sido uma reação de uma missão realizada por um Chunin. “Estranho...” pensou, mas preferiu deixar as conclusões para quando chegasse no destino.

Ao chegar na densa floresta, era recepcionado com os sons dos animais selvagens que se escondiam entre as árvores. E, infelizmente, não eram apenas ruídos animalescos. Senko ouviu barulhos de galhos se quebrando e, de repente, uma grande árvore começou a cair na direção do garoto. Instintivamente, ativou o seu Sharingan. Obviamente, seria muito mais fácil esquivar pelos lados, então foi isso que o garoto fez. Observando o movimento com auxílio do seu doujutsu, movimentar-se-ia 10 metros para a direita em um segundo a fim de se esquivar do tronco, projetando-se no final das contas à 7 metros de distância do gigante cepo de madeira para prevenir um possível deslocamento anormal da árvore.

Por fim, daria uma bela olhada no local. “Hm... será um animal que derrubou essa árvore?”

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“Entendi” de trás do tronco recém caído, surgiu uma figura com características semelhantes à de um urso. O genin, supondo que tenha sido aquele animal o responsável pela queda da árvore, assustou-se um pouco, mas com o medo vem também a adrenalina. Sentir aquilo faz bem, às vezes.

Vendo com seu Sharingan investida do suposto urso, notou que ele era rápido, até um pouco mais rápido do que a velocidade que naturalmente o genin podia alcançar. Teria que ter uma ação rápida e precisa. Decidiu não brincar na frente do animal e usar o que fosse preciso para contra-atacar. Usando o Shunshin no Jutsu, Senko elevaria sua velocidade para tentar fazer uma investida por detrás do Peludo, pulando por cima do comedor de colmeias e projetando o corpo a 20 metros de distância.

— Toma isso! — Terminado o seu deslocamento, sacaria uma kunai e um papel bomba, prendendo a kibaku fuuda na arma e jogando contra o animal, tentando acertá-lo onde fosse possível, mirando mais para o meio, já que via uma massa de chakra e a luminosidade não era tão boa.

Caso a kunai conseguisse acertar o bicho, Senko explodiria o papel bomba na mesma hora, a fim de atordoar o urso e pensar no próximo passo.

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O ataque tinha pegado a misteriosa fera em cheio, que urrou de dor no momento da explosão do seu papel explosivo. Mas, enquanto Senko sorria por ter acertado o bicho, quase se engasgou ao ver que aquilo não foi suficiente para parar aquele ser.

Olhando atentamente com seu Sharingan, notou que a fera não iria parar tão cedo. O urso se preparou para correr e, como se visse num breve segundo, percebeu que a fera iria correr, mas bem mais rápido do que da última vez, movimentando-se de maneira turva. “Droga, se for isso mesmo, não conseguirei acompanhá-la” foi o que passou na cabeça do genin naquele milésimo de segundo que teve para reagir.

Vendo-se sem saída, o genin preferiu utilizar o tamanho da fera a seu favor: já que se correr o bicho pega e se ficar o bicho come, Senko arremessaria uma bomba de luz para o alto e se jogaria, ainda utilizando o Shunshin no Jutsu, no vão entre as pernas do animal para tentar desviar do ataque e ganhar uns segundinhos na mudança de direção que a figura dócil supostamente faria.

Caso a esquiva tenha dado certo, Senko se esconderia atrás de alguma árvore a 30 metros de distância, realizaria os cinco selos necessários e prepararia o Kawarimi no Jutsu. O objeto usado para a substituição seria o recurso mais disponível naquele ambiente: um tronco de madeira, um clássico. Observaria o ambiente a procura de um lugar para a substituição, também.

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— Ufa, acho que despistei aquele... urso? Sei lá, aquele animal era gigantesco. — disse, suspirando aliviado, mas pensativo. — Talvez eu tenha sido um pouco duro com ele, ele atacou por instinto. Enfim… mesmo com o ataque, ele parecia estar bem forte. — Prosseguiu o caminho entre a floresta.

Contudo, algo inesperado aconteceu. Do cantinho do ouvido, o jovem Matsuda ouviu uma respiração e um ruído um tanto quanto agudo. — Onbu… — ele parou de andar começou a gritar. — AAAAHHH, QUE ISSO, QUE MERDA É ESSAAAAAA, AHHH — não sabia o que fazer, ficou dando pulinhos com agonia de tirar o bicho dali. Entre seus grunhidos, viu que parecia ser um filhote de alguma coisa. E, além disso, ele estava sangrando no ombro, a criatura não ia causar mal nenhum.

— Oh… desculpa. Quem é você? — disse, confuso. Nem sabia como aquele pedacinho de pelo tinha chegado a suas costas. E além disso, nem viu o momento que o machucou. Por um momento, pensou em jogar o bicho longe e seguir sua missão – esses impulsos de maldade estavam se tornando mais frequentes -, mas decidiu ajudá-lo, não era certo cometer nada contra uma pobre criatura inofensiva que não tinha lhe feito nenhum mal.

— Você se machucou, né? Eu não vi que você tava aqui, peço desculpas — ele alcançou em sua bolsa um pedaço de tronco de bambu que continha água e, lentamente, ofereceu para o bichinho. — Posso te ajudar? Quer um pouco de água, pequeno?

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Senko ouviu os barulhos de galhos quebrando e os gritos que ecoavam naquela densa floresta. Muito provavelmente era aquele bicho voltando pra se encontrar com ele de novo. Senko não queria entrar em confusão com aquela fera gigante, não queria desafiar os instintos daquele animal mais uma vez. Do jeito que ele era furioso, qualquer erro poderia custar a vida do pequeno genin.

— Peludo, eu sei que tá doendo, eu já vou te ajudar ok? É que a gente tem de sair daqui! Aquele bicho que tava tentando machucar a gente tá voltando e ele não tá feliz. Sebo nas canelas! — doía no coração do garoto ver o pedaço de pelo agonizando em dor, mas ele não poderia parar no meio da floresta com uma fera daquele tamanho a solta. Primeiro, cuidaria do filhote e resolver aquele ferimento, deixando-o em um lugar seguro nas árvores mais próximas da vila e, depois, voltaria para a floresta para confrontar a fera.

Então o genin correu o mais rápido que pode em direção da parte inicial da vila. Se conseguisse ter uma luz melhor e, quem sabe, alguns curativos, talvez pudesse ajudar aquele bichinho. — Segura! — disse, partindo em sua velocidade máxima para o mais longe daquela fera.

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Afastando-se da fera, o pequeno Matsuda e seu novo amigo, O Bola de Pelo, corriam pela floresta para evitar seus perigos. Senko estava extremamente preocupado com a situação daquele frágil bichinho, faria de tudo para protegê-lo e deixá-lo em segurança. — Bola de Pelo — hesitou por um instante — posso te chamar assim, né? Segura aí que nós já estamos chegando, fique tran…

Nesse momento, os dois foram interrompidos por uma voz que brandava imperativos para Senko. A ordem de parada tinha sido clara aos ouvidos do genin. “Soltar?”. Alguém que gritava assim do nada provavelmente não tinha boas intenções, então Senko já ficou na defensiva, vendo as rajadas de vento que vinham em sua direção — Droga!

Rapidamente, bateu com as mãos no chão. — Doton! Rock Shelter! — berrou, tentando formar um domo com uma abertura por trás para se defender do ataque surpresa do ninja que os tinha abordado.

“Merda! Quem é esse cara?! O chakra dele é diferente, é assustador. E o seu corpo… parece um híbrido de morcego com um homem.” Pensou, colocando Onbu no seu colo.
Caso a defesa não desse certo ou fosse capaz apenas de cobrir parte do dano, Senko se colocaria como um escudo humano para proteger o Onbu.

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O domo de terra não o suficiente para parar as lâminas de chakra Fuuton. O domo se quebrou e o garoto recebeu um pequeno corte no peito, mas, pelo menos, protegeu o pequeno Bola de Pelo.  — Ei amiguinho, agarra aí nas costas, é hora do pau! — disse, mantendo um semblante sério e determinado olhando para aquele homem morcego.

O jovem Matsuda já estava um pouco cansado, respirando meio ofegante, mas ainda tinha um pouco de energia pra dar um golpe com tudo de si. Foi então que aquele ser assustador fez a sua investida, envolvendo-se num tornado de vento. Isso trouxe uma velha e muito oportuna lembrança ao genin.

Num breve instante, Senko se lembrou das aulas da academia. Quando tinham aulas sobre ninjutsu e sobre as naturezas elementais de chakra. “É isso!” pensou rapidamente e executou os selos cobra, carneiro, macaco, javali, cavalo, tigre e encheu o peito de chakra. “Katon tem vantagem contra Fuuton! O ar alimenta as chamas deixando o jutsu ainda mais forte!” e então assoprou, tentando comprimir o chakra numa gigantesca bola de fogo de cerca de 25 metros de diâmetro que iria na direção do ninja para tentar consumi-lo pelas chamas. — Katon! Gōkakyū no Jutsu!

Era tudo o que podia dar. Caso a técnica fosse realizada e mesmo assim não fosse capaz de combater aquele ser, Senko teria que pensar em algo rápido. Estava ficando cansado.

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A gigantesca bola de fogo não foi capaz de parar os movimentos daquela criatura. O cheiro de queimado era horrível, tão horrível quanto a cara daquele monstro. Ele investiu contra o garoto que agonizou no chão de dor ao receber um chute tão forte que lhe quebrou a perna esquerda. A força daquele ser era impressionante, assim como sua resistência.

Agora, viu-se contra a parede. Não tinha como correr, por estar com perna completamente fodida e não tinha como realizar nenhuma técnica porque possivelmente atingiria o Bola de Pelo. Então, ouvindo as palavras do homem-morcego, finalmente o genin ouviu o que era preciso se ouvir. “Devolver?” pensou, e logo disse. — Como assim devolver, o Bola de Pelo é seu filho?! — ele notou que, provavelmente, aquela fera era o pai daquele filhote. Ele não tinha a certeza, mas… o que podia fazer? Correr não dava, nem atacar a fera que tinha aquela força descomunal. Restava aceitar sua condição e deixar o Bola de Pelo ir com ele, infelizmente.

— Bom… se esse for o caso, leve o filhote. — Ele disse com uma voz de dor imensa para o homem-morcego e depois virou-se para o Bola de Pelo. — Esse é o seu papai? Vai com ele, se não ele vai me machucar ainda mais. — Sugeriu, na esperança de que Onbu se desagarrasse do seu corpo.

Por fim, manter-se-ia atento a qualquer movimento brusco da fera, tentando esquivar caso fosse necessário. Mas, aparentemente, ele só queria Onbu. Com a perna quebrada, se ficasse vivo depois daquilo já ia pensando em como sairia dali, ou se alguém iria procurar pela criança desabilitada na floresta.

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O garoto da Areia suava frio com aquela figura assustadora. Nem sabia se o Senhor Homem-Morcego iria deixá-lo vivo depois que entregasse o Onbu. E se ele não fosse o pai do filhote? Senko viveria culpado a vida toda por ter sido derrotado por aquele bicho voador e ter entregado o Bola de Pelo para um predador que iria fazer um churrasquinho baby beef para o jantar.

Contudo, o homem-morcego mostrou suas reais intenções. Senko se impressionou ao ver a chegada da fera que ele tinha enfrentado antes, momentos atrás naquela noite caótica. Ao receber o filhote, o animal se alegrou e o genin de Suna finalmente entendeu. “Então o ursão é o pai do Bola de Pelo? Ou a mãe? Sei lá”. O homem-morcego virou para o garoto, curou a sua perna que remexeu de um jeito esquisito (mas gostoso, até, sentiu-se mais forte) e mandou ele picar a mula dali. — Peço desculpas, Senhor Morcego! Isso não vai acontecer de novo! — disse numa voz trêmula, andando para trás com medo e correndo de volta para o gabinete para reportar o que tinha acontecido.

Durante a longa caminhada, o jovem Matsuda teve a oportunidade de descarregar a adrenalina e se sentir um pouco mais feliz por ter saído vivo daquela floresta. Subiu as escadas do gabinete, entrando na ala onde a missão tinha sido atribuída a ele. A mesma assistente foi ao seu encontro.

— Então, moleque, como está a situação na floresta? — perguntou.

— Olha… acho que toda aquela confusão foi causada por um filhote perdido. A mãe ou o pai de um bichinho fofinho de pelo castanho estava procurando o bebê e… Ele tava grudado nas minhas costas! Eu fui atacado pela fera, mas consegui despistá-la depois de algum esforço. Mas, quando fui tentar cuidado do bichinho, um homem-morcego que exalava um chakra roxo me atacou mais uma vez, mas ele era bem mais forte que a fera. — a assistente assumiu que ele estava inventando e o encarou um olhar de desconfiança — Ele avisou pra nunca mais voltarmos para aquela parte da floresta e para avisar os outros ninjas. Talvez ele seja um guardião, sei lá.

— Eu ia dizer que isso tudo é invenção… gosta de contar histórias, é? — ela disse observando as roupas do garoto. O corte que Senko recebeu no peito abriu o seu colete e rasgou sua roupa. A roupa que era cinza clara estava marrom escura e toda surrada. — Mas acho que é verdade.

Ela decidiu confiar na história do garoto. Se ela fosse averiguar a situação com os ninjas que monitoram a vila nas torres de observação, veria que era tudo verdade. Então, deu uns passos para trás e alcançou um armário de ferro que ficava no fundo da sala. De lá, tirou um colete verde-musgo característico dos ninjas que tinham a patente um pouco mais alta do que Senko.

— Bom… onde eu estava com a cabeça. Mandei um genin de nove anos pro meio da floresta, a mesma floresta para onde mandei meus chunins que causaram isso tudo. Você voltou vivo de lá, então… — ela estendeu o flak jacket para Senko — acredito que esteja pronto, Senko. Eu, com a autoridade que tenho, te declaro Chunin de Konohagakure no Sato.

O garoto ficou boquiaberto com a notícia. Ele tirou seu velho colete rasgado e atirou no lixo, alcançando o que cheirava a novo. Ele vestiu com grande orgulho. — Obrigado pela confiança! Não vou decepcionar! — com a nova patente, ele seguiria sua motivação de ajudar os outros.

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