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Depois do acontecimentos em A fuga dos Corvos

O sermão do jovem Matsuda sobre a liberdade dos animais foi interrompido pelas próprias aves. Olhando para o céu, Senko, Yumi, Harumi e os dois irmãos vendedores que tinham acabado de conhecer puderam ver bandos de todas as espécies de pássaros da vila da areia. Cantavam desesperadamente, voando em formação na direção de um dos portões.

— O que foi, filho? — disse Harumi, preocupada com o estado de espírito de Senko antes da sua chegada e, agora, com a quantidade de animais que começava a se locomover de forma agitada entre as árvores. Não eram só as aves, mas todo animal selvagem que se abrigava naquele bosque artificial se manifestava com grande stress.

O garoto engoliu seco pois sabia muito bem o que aquilo queria dizer.

— Mãe, os animais conseguem, de algum jeito, pressentir catástrofes naturais… — estendeu os braços em posição defensiva e olhou para os lados assustado, mas apesar do medo, queria passar alguma confiança para aqueles que estavam consigo. — Isso me leva a crer que algo MUITO errado está acontecendo. Você já viu algo assim acontecer aqui na vila, mãe?

A matriarca olhou para os outros dois adultos procurando compartilhar opiniões, pois certamente ela nunca tinha visto nada como aquilo acontecer desde que se conhece por gente. Koji e Hiroki também negaram firmemente com a cabeça, arregalando os olhos aflitos. Sem nem perceber, todos começaram a ficar mais agitados, dando passos de um lado para o outro. Senko observou aquilo por breves segundos até tomar a iniciativa de fazer alguma coisa.

— TÁ! GALERA, A GENTE NÃO PODE FICAR PARADO! — Senko se pôs no meio do grupo e começou a pular para chamar atenção. — Alguma merda GIGANTE vai acontecer e se a gente ficar aqui vai ser pior.

— Mas pra onde a gente vai então, Senko? — indagou Yumi, agarrando o braço de Harumi.

O jovem Matsuda pensou e calculou as rotas em sua cabeça com muita atenção. Ir até os bunkers da vila saindo de onde estavam iria demorar muito. Apesar de serem seguros, o Genin temeu que não chegassem a tempo. Pensou também nas inúmeras ruas que estavam fechadas por conta dos estragos que a invasão tinha deixado, então pegariam um caminho ainda mais longo. Além disso, por mais que chegassem a tempo, a vila não tinha soado alarme nenhum, então dificilmente teriam livre acesso ao abrigo.

— Vamos sair pelos portões da vila imediatamente. Quando isso passar, voltaremos pra vila.

— Tá maluco? Aqui é o lugar mais seguro do país do vento. Se for um furacão ou algo assim, com certeza teremos proteção! — protestou Koji.

Senko decidiu confiar nas aves, Senko decidiu confiar nos corvos que haviam lhe salvado. — Ok. Se quiser ficar, pode ficar aí, mas eu prefiro confiar naquilo que eu sei. Mãe, Yumi, venham! — e o garoto começou a correr. Logo atrás veio Hiroki, já convencido de que algo de errado estava acontecendo. Koji hesitou, quase grunhindo por ter que acatar as ordens de uma criança, mas preferiu acompanhar o irmão e não ficar sozinho.

Os cinco sunenses correram o quanto puderam. Senko ia guiando o caminho olhando periodicamente para cima, seguindo a direção para onde o bando de aves voava. Seus batimentos cardíacos aumentavam a cada pensamento negativo que rondava a sua cabeça. Se a sua teoria estivesse certa, estaria salvando quatro vidas além das sua; se a sua teoria estivesse errada e for simplesmente uma coincidência, voltariam para o campo de desabrigados naquela mesma noite e jantariam juntos; mas, se a sua teoria estivesse certa, mas tivesse escolhido o caminho errado, seria o fim.

Contudo, era um peso que estava disposto a carregar. Mesmo sendo o mais novo dali, queria demonstrar que poderia ser o herói do pov…

— E os outros?! PAREM, TEMOS DE AVISAR OS OUTROS! — o grupo estava quase chegando ao portão da vila, mas o garoto deu meia volta e foi em direção ao centro da vila sem nem mesmo hesitar. Como poderia esquecer do resto dos habitantes?! Senko não conseguiria viver sabendo que poderia salvar-lhes de uma catástrofe. Mas foi parado por uma mão que segurava seu pulso.

— Senko, ESCUTA CARALHO, se tudo o que você disse for realmente acontecer, não temos mais tempo de evacuar a vila! Já estamos muito longe do centro, teríamos de fazer o caminho todo de novo! — Hiroki tentou explicar, enquanto segurava o genin que tentava se soltar a todo o custo.

— NÃO! ME SOLTA AGORA! A gente não pode ir assim, me solta! Eu vou lá e volto o mais rápido que eu posso, eu prometo! — berrava e esperneava, enquanto ia sendo carregado por Hiroki até o portão da vila.


Assim que o grupo foi saindo pelos portões, começaram a ouvir o barulho das grandes massas de ar no céu. Boquiabertos, os cinco assistiram à tal catástrofe: um enorme pedaço da lua caía sobre Sunagakure. Eles se afastavam cada vez mais para tentar se abrigar fora área que seria atingida. Com o impacto, um grande vendaval se formou e a onda de impacto fez com que o genin fosse jogado para longe e, consequentemente, desmaiasse.


Horas e horas depois, acordou, desesperado e chorando. Esse era o fim definitivo de todos os familiares de Yumi, das ambições dos irmãos vendedores, da máfia envolvida com Ichiro e, certamente, o fim da anã Ayumu e do menine Shinka.

Dois dias se passaram. Os cinco se abrigaram numa caverna e se alimentavam usando as habilidades que adquiriram durante o Êxodo. Yumi tratava dos ferimentos do grupo. Todos ali permaneceram em silêncio, tentando digerir aquela catástrofe. Quando Senko finalmente se recompôs, resolveu conversar sobre o caminho a ser seguido.

— E agora… pra onde a gente vai?

Harumi levantou-se e olhou determinada para o resto do grupo enquanto enfaixava uma das mãos. — Nós vamos para um lugar que seu pai e eu evitamos a vida toda. Vamos para a casa dos seus avós, Senko. Nós vamos para Konoha. — Ela não parecia feliz, mas era o que podiam fazer. O grupo seguiu para o país do fogo.

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