54 DG - O Nascimento do Demônio
O Garoto foi trazido ao mundo numa escura noite de inverno em um outono no ano de 54 DG, sendo filho de um casal de moradores de Otogakure. Seu pai era um Tokubetsu Jõnin da vila reconhecido pelos seus feitos incríveis e habilidades incomparáveis para a maioria dos shinobi de sua graduação, enquanto sua mãe abandonou a vida de ninja para dedicar-se completamente aos cuidados do garoto recém-nascido. O pequenino teve seu primeiro ano de vida bastante pacífico e feliz para ambos os seus pais, mesmo que tenha sido completamente no interior de seu quarto, isolado da sociedade por sua mãe ter noção dos perigos do mundo ninja. A criança tinha olhares radiantes e ria constantemente, e sua mãe o adorava muito. Seu pai era presente e sempre fazia de tudo para fazer com que seu filho se sentisse o melhor possível, sempre prensando na família - Até mesmo prezando-os mais do que sua própria vida. Apesar da felicidade duradoura do primeiro ano de vida, o pequeno veria que seu pai teria uma drástica mudança de personalidade em seu terceiro ano de vida - Se tornando alguém muito mais fechado e completamente alterado.

57 - Problemas na Família.
Enquanto brincava com seus bonecos que havia ganhado de aniversário há alguns dias atrás, ele ouviu barulhos estranhos vindos do primeiro andar da casa. Ao chegar na escada, viu que ambos seus pais estavam discutindo assuntos que ele ainda era incapaz de compreender. Falando em voz alta, o homem levantava a mão e batia na mulher diversas vezes, que se mantia calada durante as agressões para não piorar sua situação. O garotinho observava tudo através das frestas da escada, sem entender o motivo daquilo estar acontecendo. Sua inocência o fez acreditar que se tratava de uma brincadeira que ele não conhecia, e por isso deu algumas baixas risadas antes de voltar a brincar. Após a sessão traumática de agressões a mulher, sua mãe deixou o local imediatamente e subiu as escadas, pegando Kamuy em seus braços e levando-o para dentro do quarto, onde ela pensava que ele estaria fora daqueles assuntos. Por ser uma criança, seu coração era puro e ele certamente não buscaria a fundo saber o que realmente aconteceu com sua mãe naquele momento. Em um tom de dúvida, perguntou a sua mãe:

- "Por que o papai estava fazendo aquela brincadeira com você, mamãe? Seu braço tá vermelho..."

- "N-não é nada, meu anjinho....A mamãe tá bem, eu volto logo, tá bom?" - A Jovem mulher respondeu.

A mãe forçou uma expressão de felicidade para o pequenino, e pensou que por ser ainda muito novo, ele certamente se esqueceria rapidamente dos acontecimentos - Mas não foi o caso. Kamuy não se esqueceu do que aconteceu naquele dia e conforme foi crescendo, ele finalmente ia entendo do que tudo isso se tratava. As inúmeras discussões continuavam e ele era deixado de lado por conta dos problemas de família. A criancinha, então conheceria a crueldade do mundo ninja em pouco mais de 7 anos. Quando atingiu seus seis anos de idade, o pai decidiu que estava na hora do garoto adentrar na academia ninja. Mesmo a mãe sendo contra o garoto ser inserido nesse mundo numa idade tão baixa, o homem insistiu e o inscreveu na mesma, fazendo com que ele oficialmente se tornasse parte dos acadêmicos.

60 DG - Vida na Academia Ninja
Quando fora inscrito na academia ninja, sua vida havia virado do avesso. O garoto adentrou na mesma pensando que se tratasse de uma escola comum - Mas não era o caso. Ele mal sabia o que era o significado de "Matar uma pessoa" - De tamanha inocência que ele apresentava. Era o mais novo de sua turma, com apenas seis anos e mais alguns meses de vida. Ele possuía uma inteligência acima da média e não tinha dificuldades em resolver a maioria dos problemas propostos - Porém então, os verdadeiros assuntos sobre a vida shinobi e o mundo ninja se iniciavam. O garoto não esperava que fosse aprender coisas daquele tipo. Ele tinha noção de que seu pai era um shinobi, mas nunca entendeu o conceito de um ninja. Aprendeu praticamente sobre sofrimento e como o mundo ninja poderia ser cruel. Conforme avançava nos estudos, os olhos que antes resplandeciam felicidade e esperança haviam se tornado tristes e sua face neutra. Ele não gostava de nada do que ouvia ou lia, sendo completamente contra a violência por amar até demais as pessoas. Sua mãe lhe recebia com um abraço muito forte todas as vezes que ele retornava, chorando sobre os ombros do garotinho por não gostar da ideia de seu filho se tornar um assassino. O pai achava que ele deveria seguir os passos dele e se tornar alguém grandioso e que desse orgulho a família - E por conta do garoto ser seu primogênito, ele tinha mais do que a obrigação de ser tão bom ou até superior ao pai. O garoto aos poucos foi se fechando e apresentando até mesmo sinais de depressão pois odiava toda aquela situação. Comumente se trancava no quarto quando discussões se iniciavam e chorava muito quando ouvia seu pai batendo em sua mãe. Ele não entendia o motivo daquilo e queria muito fazer algo sobre, mas era só uma criança. Em um certo dia, ele ouviu falar que um de seus senseis havia sido morto em missão, e isso o abalou ainda mais. Não conseguia conter as lágrimas por saber que um amigo havia deixado este mundo. Qual era a razão de ser um ninja, afinal? O garoto cresceu traumatizado e completamente afetado por estas coisas que por tanto tempo haviam sido ocultadas para ele. Nunca enxergou shinobis como heróis - Ele nunca entendeu o objetivo de se tornar uma máquina assassina. Os anos então se passaram, e o rapaz atingira os 10 anos de idade. Ele estava próxima de sentir a dor que muitas familias sentiram...E de perto.

64 DG - A Piada Mortal
O garoto era considerado um prodígio na academia ninja e sempre tinha as notas mais altas da classe, mas ele nunca se importou com isso. Tinha pouquíssimos amigos e sua interação social era quase nula. Muitas garotas gostavam de Kamuy e queriam dar em cima dele, mas ele era tão sem jeito e tímido que praticamente paralisava em situações como essa, e isso fez com que as pessoas começassem a prestar atenção na situação mental dele. Eles sabiam que algo estava errado - Mas nada fizeram para ajudá-lo. Então, em uma noite escura e nevada como a que nasceu, o garoto ouvia mais uma discussão em meio a madrugada. Ao abrir a porta de seu quarto visualizar a cena, ele notou que seu pai não havia levantado a mão para sua mãe, e deu um leve sorriso. Será o velho finalmente havia mudado? O jovem havia pensado - E realmente, ele mudou...Pra pior. O Homem dava risadas baixas e então começou a falar com a mulher sobre uma piada:

"Dois homens cruzavam uma ponte a caminho de um assalto. Um deles carregava uma lanterna e o outro não carregava nada. O que estava sem nada pediu para que o da frente desligasse o objeto para que não chamassem a atenção, mas o da lanterna respondeu que se apagasse a lanterna, o de trás iria empurrá-lo da ponte para matá-lo. O de trás então disse que a vida era um jogo e que eram supostos a arriscar tudo. O da frente aparentemente entendeu e desligou a lanterna...E então ambos caíram da ponte e morreram por não conseguirem enxergar nada! Hahhahahaha!!!!" - O homem ria descontroladamente.

Aquela piada não fazia sentido algum. Apesar disso, a mulher começou a chorar enquanto também ria. O homem então levou suas mãos ao pescoço da esposa e começou a estrangulá-la enquanto ambos riam de maneira descontrolada, praticamente fora de si próprios. Kamuy desceu as escadas e gritou para que seu pai parasse com aquilo imediatamente. O homem virou-se para seu filho com um sorriso sádico e aproximou-se lentamente da criança, perfurando seu olho direito com um pedaço de madeira. Cego de um olho, chorando e agonizando, ele viu com o olho que lhe restava a morte de sua mãe, que se foi com um sorriso no rosto. Seu pai então começava a rir enquanto chorava, fugindo a residência para nunca mais ser visto. No enterro de sua mãe, o garoto riu por muito tempo. Aquilo era divertido para ele. As pessoas começaram a se afastar de Kamuy por temerem o que ele havia se tornado. Já sendo genin, sua sanidade se esvaía rapidamente. Aquela piada começou a parecer genial para ele, que a apelidou de "A Piada Mortal". Não se importou com a morte da mãe - Pelo contrário, ele achava graça de tudo aquilo. Foi então que sua verdadeira personalidade sobressaiu sobre sua mente, deixando a inocência de lado para se deixar levar pela loucura e completamente sociopatia, agora se transformando em um assassino sanguinário e brutal que prezava pela felicidade que segundo ele, era apenas alcançada quando a alma de uma pessoa deixava seu corpo, alcançando assim um estado completado de beleza e paz.

67 DG - Quero Ver Todos dando um Sorriso!
Em um de seus assassinatos, o rapaz invadiu uma casa que continha uma família. Amarrando os membros da família enquanto ria, jogou-os no porão e desceu as escadarias do esconderijo com uma pequena mesa em mãos. Colocou uma faca de pé sobre a mesma e se aproximou dos três, que se debatiam pra tentar escapar. Sorrindo, ele levou suas mãos até a filha do casal, alegando que agora iria realizar um grande truque. O pai e a mãe tentavam gritar, mas em vão. A Garota se debatia em desespero enquanto o assassino levou suas mãos até o cabelo, explicando que seu truque seria muito divertido - Porém rápido. O propósito era simples: Fazer a faca desaparecer. Ele então chocou a cabeça da garota contra  a mesa, fazendo com que a faca se cravasse em seu cérebro, desaparecendo em meio ao sangue e carne. Ele havia concluído o truque e riu bastante, se curvando para ambos como se estivesse de acabado de realizar um espetáculo incrível. Os pais paralisaram ao ver o corpo de sua filha amada caído no chão, sangrando. Retirou os trapos que tapavam as bocas de ambos os pais da garota, esperando que eles fossem gritar ou qualquer coisa do tipo. Eles estavam completamente estáticos e as lágrimas desciam sem parar, mesmo sem eles soltarem um único som. A Mulher do homem então também foi eliminada aos seus olhos, e Kamuy parecia estar decepcionado. O Homem estava sério e triste, ele não entendia aquilo.

- "Não tá achando graça?" - Perguntou.

- "Você é um demônio...O que te levou a fazer isso? Por que...?!?"

- "Ah, isso é uma história da infância, dos meus dias mais felizes: Meu pai se drogava e bebia, na minha mãe sempre batia e aos meus olhos ele parecia se divertir. Mas quem se importa? A Minha mente é uma loucura, como um belo passeio no inferno...Não tente me entender, é capaz de também acabar ficando louco! Hahahha!" - Respondeu.

O Homem não podia acreditar no que ouvia. Este garoto matou tantas pessoas apenas por achar divertido? Ele começou a se encher de raiva e o garoto sacou um canivete, colocando-o na boca do senhor, que tremia. Aos olhos do maníaco, ambas as mulheres haviam se transformado em uma arte transdimensional e existencial. Pensando que as cores de suas almas haviam colorido a paisagem, apenas o homem restava para completar a pintura sangrenta. Forçou o canivete contra os lábios do mesmo, achando que estava sério demais. Ele então, ditou enquanto ria:

- "Vamos botar um sorriso nessa cara!"

Tantas vidas inocentes ceifadas por este pseudo-demônio, apenas em nome de uma arte completamente ilógica e ideais deturpados. O rapaz de apenas treze anos sempre bolava planos geniais de assassinato e dava um jeito de sempre sair das suspeitas por se fingir todo o tempo como uma pessoa cabisbaixa e inocente, passando a culpa para uma outra pessoa por evidências falsas encontradas na casa dos assassinados, criando um caos generalizado por onde passava, sempre rindo ao fundo - Apreciando o sofrimento e desgraça. Ele havia se tornado alguém muito mais que estranho ao longo do tempo - Um verdadeiro desprovido de humanidade.

69 DG - A Maior Regra
O Pai de Kamuy então ressurge das sombras. Ele havia se encontrado sem querer com um sobrevivente dos ataques enlouquecidos do adolescente, e explicou para o pai do mesmo tudo o que havia acontecido antes de finalmente ceder aos ferimentos aos pés do homem. O Velho buscava a redenção por todos os seus erros e instaurou uma regra de nunca mais matar alguém em sua vida como forma de punir a si mesmo. Retornando para Otogakure, ele estava determinado a encontrar seu filho e finalmente levá-lo a justiça onde ele seria devidamente punido e acusado de todos estes assassinatos brutais. De um lado um homem que matou sua mulher e que aceitou o peso de ser um vilão para retornar como um herói da sua vila para impedir que seu filho se tornasse alguém a nível de uma ameaça global. Do outro, um garoto que perdeu tudo o que amava e que sucumbiu a loucura. Kamuy ficou sabendo da volta de seu pai e decidiu que iria matar e torturar todo mundo que ele amasse para que ele finalmente decidisse quebrar sua maior regra e finalmente desse um fim ao seu filho em um último espetáculo sangrento. Ele torturou seu pai psicologicamente e ambos nunca se viram novamente, porém a caçada ainda continua. Um poema inscrito em sangue pode ser encontrado em uma parede próxima da Academia Ninja.

O Poema da Insanidade
Um poemo inscrito em sangue que Kamuy escreveu em uma parede, resumindo sua vida e a insanidade. Pessoas poderiam ler aquilo e concordar com as ideologias e significados ocultos que aquele poema sombrio continha. O que Kamuy escreveu aquele dia foi isso: O poema estava gelado, inscrito em uma noite fria e sombria...No outono, no mesmo dia em que ele foi trazido a este mundo.

"
"