“Bem, no fim das contas alguém teria que ajudar a vila com isso”, pensou consigo mesmo enquanto dirigia-se até o norte de Uzushio. O tempo frio do inverno fazia com que Haru se questionasse se seria realmente o melhor momento para trocar o calçamento das ruas do norte da vila, mas já que estavam o fazendo, precisavam de ajuda e essa missão foi atribuída a ele, não havia muita saída. Não demorou muito para que o genin chegasse ao local indicado, onde ele podia ver um grupo de operários ajeitando as ferramentas para continuar o trabalho que tinham iniciado no dia anterior. Haru se aproximou deles calmamente, esboçando um sorriso ao mesmo tempo que acenava para eles. Os homens o encararam, prontos para expulsá-lo dali, demorando-se um pouco até repararem na bandana amarrada ao redor de seu pescoço, e foi quando notaram que ele deveria ser o shinobi enviado para ajudá-los, alguns deixando de o encarar. A maioria dos homens simplesmente o ignorou, até que um deles falou para ele ir se encontrar com o supervisor de obras dali para receber as orientações, fazendo isso de uma forma não muito amigável. “Nossa, que antipáticos”, pensou consigo mesmo enquanto dirigia-se até a tenda apontada pelo trabalhador, o garoto já queria terminar logo aquela missão para não ter que lidar com essas pessoas por muito tempo.

Já na tenda do chefe de obras, o genin encontrou um homem de aparência não muito mais velha que a dele, aparentemente o supervisor já sabia que aquele era o genin enviado para ajudar a colocar o calçamento nas ruas, então apenas instruiu alguns pequenos detalhes e disse-lhe que ele ficaria com uma rua lateral daquela na qual os outros homens estavam trabalhando. Haru agradeceu em seus pensamentos enquanto assentia com a cabeça, pegando um par de luvas que havia ali para os trabalhadores e saindo da tenda, já dirigindo-se para a rua indicada pelo supervisor. Chegando lá, ele se deparou com várias poças de lama, resultado do derretimento da neve que tinha caído na vila no dia anterior, felizmente a rua estava deserta e fechada, o que facilitaria seu trabalho. Ele deixou um suspiro escapar, estralando seus dedos logo em seguida e indo pegar um dos sacos de terra que havia ali, antes de colocar o calçamento, ele precisava nivelar o local.

Usando-se de uma pá, Haru distribui praticamente toda a terra que havia no saco pela rua, usando-a para tapar alguns dos buracos e as poças. Feito isso, ele pegou uma tábua de madeira que havia ali, e não era por acaso, para ter certeza de que o chão estava no mesmo nível nas partes que ele adicionou a terra, ficando satisfeito em perceber que não precisaria de muitos ajustes ali. Depois de nivelar tudo, o genin finalmente poderia começar a colocar o calçamento, indo até a grande pilha de blocos de pedra modelados que havia na esquina da rua. Fitando a pilha, que chegava a ser maior que ele, o garoto deixou uma expressão de desconforto tomar conta de sua face “Eu vou ter que por tudo isso sozinho?. Agora ele entendia o porquê de terem lhe dado só aquele trecho para fazer... Definitivamente era muito trabalho. Ele coçou sua nuca brevemente, sentindo um vento frio bater nela logo em seguida, era melhor ele fazer aquilo logo caso ele quisesse se esquentar e aproveitar o resto do dia. Assim, ele começou a carregar os pequenos blocos até a rua de terra, os encaixando um a um, tendo que deixar as laterais livres já que o tamanho dos blocos não encaixaria ali.

Depois de algumas horas, ele estava quase terminando o trabalho, faltava menos de dois metros de rua sem calçamento. E tudo o que Haru queria naquele momento era sua cama com várias cobertas... Fazer aquilo no frio do inverno o tinha deixado com esse desejo ardente. Ele já conseguia sonhar com um café bem quente na cama... E talvez ele tenha sonhado demais, e acabou se distraindo, já que acabou prendendo um dos dedos entre dois blocos enquanto colocava um deles. “Ai droga”. Com um pouco de força ele conseguiu soltar seu dedo, sentindo-o ficar um pouco dormente devido à dor. O garoto respirou fundo, tentando esquecer-se do incômodo para terminar logo com aquilo ali. E assim, ele continuou seu trabalho com os blocos, carregando o que restava tudo de uma vez até onde eles seriam colocados e finalmente terminando de colocar o calçamento na rua.

Ficando de pé, ele bateu suas mãos, retirando um pouco de poeira que havia nelas, as retirou e dirigiu-se de novo até a tenda do supervisor da obra. Ao chegar lá, ele logo percebeu como lá dentro era ‘quentinho’, encontrando o supervisor tomando café enquanto lia um jornal. O genin não conseguiu conter uma rápida revirada de olhos enquanto balançava negativamente a cabeça “É sério que ele não faz nada além de ficar nessa tenda o dia todo?”, pensou enquanto ia até a mesa onde o homem estava. Para chamar a atenção dele, Haru bateu brevemente na mesa, fazendo um sinal com as mãos para indicar que havia terminado de colocar o calçamento na rua. O homem fechou o jornal e olhou para um relógio, fazendo uma expressão desconfiada logo em seguida... Talvez Haru tivesse terminado muito rápido? O supervisor parecia não estar com muito ânimo para ir checar o trabalho, apenas afirmando para o genin que ele poderia ir embora, receberia a recompensa depois. O garoto achou aquilo estranho, geralmente as recompensas eram pagas na hora da conclusão, mas decidiu não questionar, afinal, todos ali estavam a serviço da vila, ele receberia de qualquer jeito. Haru acenou com a cabeça, saindo da tenda logo em seguida e correndo até sua casa, decidido a deitar-se debaixo das cobertas e deparando-se com alguns poucos flocos de neve começando a cair.

Missão:

Informações Gerais:

E pensar que justo quando ele estava quase chegando em casa para deitar-se debaixo das cobertas naquele dia nevado, Haru foi convocado ao gabinete do Mizukage novamente. Haru saiu de lá com uma outra missão, ele tinha que encontrar um aluno da academia que havia sumido, e havia muitas poucas pistas sobre aquilo. O genin fitou o céu, a neve caía brandamente, mas ainda assim a tendência era ter uma nevasca mais tarde, era bom encontrar o garoto logo. Ele respirou fundo, começando a seguir rapidamente até a academia, onde a criança havia sido vista pela última vez.

No caminho, ele acabou por esbarrar com alguns outros alunos da academia, eles estavam saindo da aula, e resolveu parar para fazer algumas perguntas sobre o desaparecido. Obviamente, as crianças não conseguiam se comunicar por linguagem de sinais, fazendo com que Haru pegasse um bloco de notas e escrevesse o que queria falar para eles “Eu estou procurando o Yui Aikawa, viram ele por aí?” - mostrou o bloco para o grupo de três crianças, que afirmaram o terem visto na academia naquela manhã, mas não o viram depois do horário de almoço. O estômago de Haru roncou um pouco ao ouvir a palavra “almoço”, ele se tocou que sequer havia comido, estava trabalhando no calçamento das ruas mais cedo e nem fez uma pausa para aquilo. De qualquer modo, teria que deixar para depois, tinha que achar o garoto logo. Ele agradeceu a ajuda dos alunos, seguindo seu caminho para a academia ainda mais rápido que antes, a neve começava a engrossar, os ventos estavam ficando mais rápidos... Ele tinha que achar Yui logo.

Já na academia, Haru encontrou-se com o chunin responsável pela turma do aluno desaparecido, ele na verdade parecia pouco preocupado com a situação toda. O sensei sabia usar a linguagem de sinais, facilitando sua comunicação com ele “Teve algum acontecimento na classe de manhã que pudesse ter deixado ele... Chateado? Ou alguma coisa suspeita na hora do almoço? - a resposta do homem confirmou a teoria do genin. A suspeita era de que Yui havia fugido voluntariamente, afinal, ninguém o havia visto com desconhecidos para ter sido sequestrado, e na manhã daquele dia eles tiveram uma prova na turma, a qual o aluno desaparecido tinha tido o pior desempenho de toda a classe, fazendo com que os outros alunos zombassem das suas habilidades. Haru anotou as novas informações no seu bloquinho de notas, deixando-o de lado para voltar a fazer os sinais com as mãos “Você sabe de algum lugar que ele poderia ter ido?” - o chunin indicou três lugares bem específicos, o teto da academia, a biblioteca da vila e o portão da vila (já o haviam encontrado nesses lugares em outras ocasiões). A primeira opção já tinha sido alvo de buscas, o que a descartava, e facilitava o trabalho do genin. Ele agradeceu a ajuda do sensei e despediu-se, seguindo com sua missão.

O garoto decidiu por procurar Yui primeiramente no portão da vila, a nevasca já estava ficando bem forte, e se ele estivesse lá, seria até mesmo perigoso, tinha que ter garantia de que pelo menos o menino estava em um local seguro. Assim, Haru foi rapidamente até o portão, encontrando o menino sentado em uma árvore a alguns metros depois do portão, abraçando suas pernas. O genin deixou um suspiro aliviado escapar, tinha o encontrado até rapidamente, e a tempo de tira-lo da nevasca. Ele dirigiu-se até o aluno, agachando-se próximo a ele e vendo que várias lágrimas corriam por seu rosto. O garoto tirou um lenço do bolso de seu casaco e entregou a ele, pegando também seu bloco de notas e escrevendo rapidamente nele “Olá Yui, me chamo Haru, sou mudo e sou um genin da vila, vim aqui para te levar até em casa... É perigoso ficar aqui com essa nevasca” - ele mostrou o bloco para o menino que limpava seu rosto com o lenço e tentava conter seus soluços. Yui se negou a ir com o genin, falando que queria ficar ali mesmo, que era muito fraco para virar um ninja e que tinha vergonha disso. Haru respirou fundo, virando a página de seu bloquinho e escrevendo outras palavras “Sua família tá muito preocupada Yui, você é muito importante para eles... Sabe disso não é?” - mostrou as palavras para ele de novo, vendo-o não ter nenhuma reação relevante, e voltando a escrever logo em seguida “Ei, lembre-se que um shinobi tem que treinar muito, muito mesmo, e faz parte disso você falhar às vezes, mas o que importa mesmo é você persistir” - Haru sorriu enquanto mostrava o bloco para o aluno de novo, vendo sua expressão ficar mais amigável.

O genin levantou-se, estendendo a mão para Yui, que a segurou e levantou-se, tremendo de frio. Haru se ofereceu para carregá-lo de volta à vila, e o menino aceitou, suas pernas doíam devido ao frio. Assim, o genin levou Yui de volta aos seus pais, que pareceram bem aliviados com o retorno da criança. Depois de reportar a missão para o Mizukage, ele finalmente pôde voltar para sua casa e tomar um bom café debaixo de suas cobertas enquanto a neve continuava a cair lá fora.

Missão:

Informações Gerais:

Haru já estava chegando nas fazendas que haviam feito o pedido de ajuda à vila, elas não eram muito longe de Uzushio, o Sol iria se por em algumas horas e pela primeira vez naquela semana, não havia tido uma nevasca. Seria um trabalho fácil, a única coisa que precisava fazer era cuidar dos animais que estavam destruindo as plantações, deviam ser herbívoros por terem um alvo como aquele. Assim que ele chegou à fazenda, ele se encontrou com o dono da propriedade, um senhor de idade que transmitia um ar gentil e calmo. Ele cumprimentou Haru, logo notando que o garoto era mudo e pedindo para que ele se comunicasse por outra forma que não fosse a linguagem de sinais. O genin assentiu e pegou o bloco de notas que havia em sua bolsa, escrevendo rapidamente algumas palavras “Me chamo Haru, fui enviado para lidar com os animais que estão atacando as plantações de trigo”. O senhorzinho sorriu e agradeceu que finalmente haviam enviado alguém, logo ele conduziu o garoto até as plantações, explicando que os animais sempre estiveram ali, mas nos últimos meses a população deles havia crescido muito “Hm, se tem mais comida, eles vão se reproduzir mais não é?”, pensou consigo mesmo enquanto via as plantações de várias verduras arrasadas, próximo da plantação havia uma floresta, provavelmente era dali que os animais vinham.

O dono da fazenda prosseguiu falando, informando que era costumeiro os animais aparecerem no final da tarde e à noite, eles nem tinham mais medo de humanos, de tão acostumados que já estavam, e tinham começado até mesmo a investir contra eles. Haru pegou seu caderno no mesmo instante, escrevendo rapidamente e mostrando para o homem “Aliás, de que animais estamos falando?”. Eram porcos selvagens... Haru arrepiou-se brevemente ao ouvir aquilo, na sua infância havia ocorrido um episódio com bichos como aqueles enquanto sua família viajava pelo País da Água... Pode-se dizer que ser arrastado por um animal desses não é uma experiência muito agradável para uma criança. Ele engoliu seco, assentindo com a cabeça e escrevendo mais uma vez em uma página em branco “Certo, eu vou cuidar das coisas aqui a partir de agora, mas vou pedir para que o senhor e o resto do pessoal da fazenda fique dentro de casa para ninguém se machucar”. O homem concordou, chamando sua família e funcionários para se abrigarem e deixarem o shinobi trabalhar.

Assim que todos entraram, o genin foi até as cercas da plantação, elas estavam todas arrebentadas, os porcos provavelmente haviam feito aquilo. Ele fitou o horizonte, o Sol estava começando a se por, não demoraria muito até que os animais começassem a chegar, e era hora dele montar as armadilhas. Usando alguns metros dos fios de aço que tinha consigo ali, ele montou armadilhas com kunais escondidas nas árvores mais próximas à plantação, assim que os porcos passassem correndo ali, eles seriam acertados com uma chuva de várias kunais. Ele decidiu também fazer uma outra armadilha, mais para dentro da floresta, para prevenir que as plantações fossem prejudicadas. A segunda armadilha montada usava mais um pouco dos fios de aço e cinco papeis explosivos que ele havia trago para aquela missão, assim que os porcos a acionasse, um grande buraco no chão seria feito com eles, impossibilitando os animais de chegarem próximos da plantação, assim a armadilha de kunais funcionaria para os que conseguissem escapar do buraco.

Quando terminou suas duas armadilhas, Haru retornou até à plantação, ficando em cima de uma parte da cerca que não estava tão prejudicada e esperando os porcos surgirem. O pôr do Sol estava quase terminando, e enquanto ele fitava a floresta, foi possível encontrar alguns dos arbustos de mexendo, os porcos estavam chegando. O primeiro deles a sair dos arbustos logo acionou a armadilha explosiva, o grande barulho já deveria ter sido o suficiente para que os animais se dispersassem, mas não foi o que aconteceu. O garoto arregalou seus olhos ao ver que os animais continuavam avançando à toda velocidade na direção da plantação, e não eram poucos. O grupo de porcos selvagem deveria ter por volta de quase vinte membros, felizmente quase metade deles ficaram presos no grande buraco que fora aberto no chão da floresta, mas o resto conseguiu escapar, avançando rapidamente na direção da outra armadilha.

As kunais logo foram acionadas, voando rapidamente na direção do restante do grupo de porcos selvagens. O sucesso não foi tão bom quanto com a armadilha anterior, cerca de sete dos onze porcos restantes foram acertados, e os que sobreviveram às duas armadilhas agora corriam na direção de Haru. Um dos porcos que avançavam contra ele deu um salto inacreditável, o acertando em cima da certa e derrubando dele “Droga! O que tem nessas plantações que tem deixado esses bichos tão fortes?”, pensou ele quando levou o golpe direto do animal. Ele se levantou, percebendo que agora os quatro porcos o encaravam, e estavam furiosos. O genin engoliu seco, pegando quatro shurikens da sua bolsa antes de dar um salto para cima e tentar acertá-las nos animais. Ele tentou mirá-las diretamente nas pernas deles, não iria matá-los logo ali, só precisava dar um jeito de tirá-los de sua cola. Infelizmente, ele ainda tinha que treinar sua pontaria, apenas duas shurikens acertaram os alvos, deixando os porcos caídos no chão grunhindo e guinchando de dor. Ele caiu alguns metros mais distante dos animais restantes, pegando sua última kunai na mão para defender-se enquanto encarava os encarava e esperava algum movimento.

Os dois animais investiram simultaneamente contra o garoto, que em um movimento desesperado lançou sua kunai contra um deles, acertando-o entre os olhos e vendo seu corpo cair imediatamente no chão após rolar poucos metros. O último dos porcos selvagens era o maior do grupo, e agora avançava furiosamente contra o garoto. Sem mais nenhuma ideia, Haru pegou seu último metro de fio de aço e o lançou contra o porco, tentando fazer com que desse uma volta sobre os calcanhares dele para prendê-lo. Ele conseguiu prender uma das pernas do animal, mas o porco nem ligou para isso, continuou a correr e derrubou o menino no chão com sua investida. E como se não fosse o suficiente, o animal continuou a correr, e o genin se recusou a simplesmente soltar o fio. Como resultado, a cena da infância de Haru se repetia, ele era arrastado pela plantação pelo animal, e se ele conseguisse gritar, com certeza seus gritos seriam ouvidos pelo pessoal que estava na casa. Mas quando se está com a boca cheia de terra, é meio difícil emitir qualquer som, ainda mais quando se é mudo. Ele tentou se reerguer, colocando seus pés na terra fofa e forçando o porco a “freiar”.

Sem dúvida alguma, a plantação acabaria ainda mais destruída depois daquilo, mas era um preço a se pagar. Depois de alguns metros tentando parar o porco, Haru o fez capotar com um forte puxão na pata dianteira. Depois disso ele foi rapidamente até o animal, usando o metro de fio de aço para amarrar suas quatro patas para que ele não fugisse. Ele ouvia os guinchados e grunhidos do animal, deixando um suspiro de cansaço escapar ao perceber que tinha finalmente acabado com os animais que estavam dando trabalho para as plantações. Haru olhou para a plantação, que agora parecia mais um campo de batalha, sentindo que levaria uma bronca por ter feito tanto estrago. Ele pegou seu caderno novamente, começando a escrever nele enquanto ia na direção da casa onde os outros haviam se abrigado, ele mancava um pouco, mas não era nada muito grave.

Haru bateu na porta, sendo atendido pelo mesmo senhor de antes e mostrando o caderno para ele “Cuidei de todos os porcos já, sugiro reforçarem as cercas ainda hoje e talvez prendê-los em algum outro lugar, assim podem os domesticar e vender a carne para a vila também”, ele observou o homem esboçar um semblante satisfeito, e fez um sinal com a mão para que ele esperasse, voltando a anotar no caderno “A plantação ficou bem danificada também, peço desculpas por isso, mas esses animais não vão causar mais danos... Aliás, posso me lavar antes de ir embora?”, o homem afirmou que era tudo bem, já estavam esperando danos à plantação, dizendo para que ele entrasse e se limpasse na cozinha. Haru definitivamente precisava daquela breve limpeza, seu rosto estava bem marrom, o cabelo espetado para cima devido à terra e nem se deve mencionar seus cotovelos e joelhos. Finalmente, depois de se limpar, o genin despediu-se de todos ali, vendo que eles já estavam reforçando as cercas e construindo um outro cercado usando o buraco aberto no chão como base para ele. O dono da fazenda o agradeceu de novo, em resposta Haru esboçou um sorriso para ele, acenando com a mão direita antes de voltar para a vila e fazer o relatório da missão para o Mizukage.

Missão:

Informações Gerais:

Haru deu uma mordida em sua maçã, mastigando-a e engolindo-a rapidamente, em seguida, ele deixou um bocejo escapar observando o portão da vila a alguns metros de distância, o Sol tinha nascido a poucos minutos e ele já estava saindo para uma missão de coleta. Ele havia recebido aquela missão na noite do dia anterior, quando fora reportar a missão que tinha completado nas fazendas da vila, recebendo a instrução de partir para ela assim que o Sol nascesse. Seu joelho ainda estava um pouco dolorido devido aos acontecimentos do dia anterior, mas isso não seria um problema, já que era uma simples missão de coleta. Ele levava uma bolsa ao lado de seu corpo, a usaria para levar as flores requisitadas de volta, e também carregava algumas coisas suas dentro dela. Terminou de comer sua maçã pouco depois que havia atravessado o portão, virando-se para trás e jogando o miolo da fruta no lixo que havia perto do portão com um arremesso, comemorando brevemente antes de voltar-se para seu caminho e começar a segui-lo o mais rápido que podia. Apesar de muito longo, o caminho até a montanha onde deveria coletar a flor que o esquadrão médico da vila precisava era bem seguro, volta e meia o genin encontrava-se com vilas da sua aldeia, a maioria deles sendo muito amigáveis.

Era quase hora do almoço quando ele chegou à montanha, o céu estava coberto por nuvens, denunciando que logo mais talvez começasse a nevar. O vento frio fazia com que as bochechas do garoto doessem e ficassem bem avermelhadas, ao respirar, ele podia ver o ar quente condensando-se devido ao frio. Era bom ele encontrar logo a flor antes que a neve começasse a cair, caso não conseguisse fazer aquilo a tempo as chances de ele congelar na montanha não eram baixas. Haru respirou fundo o ar gelado, sentindo-o se aquecer enquanto entrava em seu corpo, ele estava pronto para começar. Segundo o informado, as flores só cresciam a partir de uma determinada altura na montanha, não era lá muito alto, algo entre quinze e vinte metros acima da base da montanha, mas com o vento ficando cada vez mais forte, ele teria que tomar cuidado. Ele começou a subir a montanha por uma trilha que tinha início logo na base dela, era um caminho bem sinuoso e estava um pouco escorregadio devido à umidade, fazendo com que Haru tomasse cuidado a cada passo.

Ele estava quase alcançando a altura em que poderia encontrar as flores requisitadas pelo corpo médico quando o caminho ficou extremamente mais esguio, ficando mais difícil se manter nele “Droga, olha pra isso”, pensou consigo mesmo enquanto atravessava um trecho que tinha que ficar com as costas coladas na montanha, se segurando nas pedras para não cair, o forte sopro frio do vento quase o fez se desequilibrar. O coração do genin bateu ainda mais rápido enquanto ele segurava nas firmes saliências da imponente pedra que se estendia em suas costas. Respirando por sua boca, ele tentou se acalmar para parar de tremer, caso o contrário iria cair a qualquer momento. Quando conseguiu controlar seu corpo, Haru seguiu o esguio caminho, até chegar a um ponto onde poderia andar normalmente de novo. Ali, ele se sentou no chão, deixando um suspiro aliviado escapar ao perceber que agora estava seguro. O vento soprou forte, forçando o garoto a fechar seus olhos e virar o rosto, o genin podia sentir que estava ficando cada vez mais frio. O estômago do garoto começou a roncar, e alto, ele ainda não tinha almoçado e a fome estava começando a atrapalhá-lo.

Ele decidiu fazer a pausa para comer ali mesmo, retirando mais uma maçã e um sanduíche de dentro da sua bolsa, os devorando o mais rápido que conseguiu. Antes de se levantar, ele bebeu um pouco de água da garrafa que havia trazido consigo, deixando um suspiro escapar para então seguir o caminho, não devia estar muito longe das flores. E não estava mesmo, Haru logo enxergou na beira do caminho que estava fazendo, algumas das flores que ele foi requisitado para coletar. Elas eram exatamente como o Mizukage havia descrito, tinham pétalas bem grandes de um roxo bem chamativo, com algumas poucas manchas azuladas no centro e algumas folhas retorcidas no caule, eram bem bonitas até. “Acho que vou levar uma dessas pra minha mãe também”, retirou todas as flores que havia ali usando-se de uma navalha para cortar seus caules. Colocou as plantas dentro da bolsa, no grande compartimento que havia separado especialmente para elas. Quando limpou as beiras do caminho em que se encontrava, ele tinha coletado um total de dez flores, em dúvida era muito pouco para os objetivos do esquadrão médico, ele precisaria tentar coletar pelo menos trinta daquelas.

Haru seguiu mais uma vez a trilha, subindo ainda mais a montanha e encontrando mais algumas das flores púrpuras, colocando todas que encontrava em sua bolsa. Até que ele chegou a uma parte do caminho que se encontrava interditada, aparentemente uma ponte tinha sido destruída logo à frente, não seria possível continuar o caminho. Ali, ele conseguiu coletar mais cinco flores, e ao contar o número total que tinha conseguido ali, ele percebeu que agora tinha trinta e três flores já. Acenou com sua cabeça, comemorando que tinha conseguido o número total e não teria que fazer uma travessia atrás de mais flores. Vendo que poderia voltar para a vila, o genin deu meia volta, tomando mais cuidado com o caminho de volta do que quando tinha ido e, com sorte, conseguindo evitar outra situação como a que tinha passado quando passou por ali pela primeira vez.

Quando chegou ao pé da montanha, Haru conseguia ver o Sol já dirigindo-se para o horizonte, ele conseguia deduzir que demoraria pouco mais de uma hora para o anoitecer. Assim, ele tentou voltar o mais rápido o possível para a vila, começando a nevar no meio do seu caminho, a última coisa que ele queria. “Droga, vou ter que ir mais rápido ainda, fora da terra essas flores podem congelar a qualquer momento no meio de uma nevasca”, pensou consigo mesmo enquanto checava as flores dentro de sua mochila mais uma vez. Acelerou seu passo, indo na direção da vila à velocidade máxima, com sua visibilidade bem prejudicada devido á nevasca que agora tinha tomado de conta da região. Suas bochechas ardiam muito com o frio, se ele não chegasse logo teria problemas ficando exposto ao frio daquele jeito. Felizmente, ele conseguira chegar à vila bem a tempo, os portões estavam para ser fechados e o Sol havia acabado de se por. O genin seguiu o mais rápido que pôde até o hospital, encontrando-se com o líder do esquadrão que estava produzindo o novo medicamento e entregando as flores, que milagrosamente estavam em bom estado ainda. O kage seria informado do sucesso da missão pelo próprio líder, então Haru foi dispensado, seguindo para sua casa onde conseguira ficar bem aquecido durante aquela forte e fria nevasca. Só então ele percebeu que havia se esquecido de separar uma das flores para sua mãe, mas não se preocupou tanto, qualquer dia ele teria que voltar lá a pedido do esquadrão médico e aproveitaria a oportunidade para pegar uma para sua genitora.

Missão:

Informações Gerais:

Haru estava começando a se questionar se suas habilidades como genin da aldeia estavam realmente sendo aproveitadas da melhor forma possível, afinal, a missão do dia era ajudar com uma faxina na biblioteca da vila. Ele já estava na porta do prédio situado no centro de Uzushio, encarando-a brevemente antes de adentrar. Por sorte, ou azar, era o turno da sua mãe no balcão de atendimento da biblioteca “Oi mãe, fui enviado para ajudar com a faxina da biblioteca”, assim que ele terminou de fazer os sinais para transmitir suas palavras à mulher, um sorriso se abriu no rosto dela. A mãe de Haru saiu de trás do balcão, toda sorridente, dizendo que finalmente ele iria limpar alguma coisa e teria que fazer direitinho se não ela mesma iria escrever no relatório ao kage sobre o trabalho porco que ele havia feito. Tudo isso enquanto o conduzia até um armário onde guardavam as coisas de limpeza, que não parecia ser muito usado ali. O genin fez uma expressão nenhum pouco satisfeita, olhando para a mulher de relance enquanto ouvia suas palavras infindáveis sobre como ele precisaria primeiro varrer e depois jogar uma água para terminar de limpar o local. No fim ele apenas revirou os olhos e pegou a vassoura e o espanador que ela entregava a ele.

O garoto seguiu sua mãe até os corredores entre as prateleiras da biblioteca, onde vários pergaminhos encontravam-se dispostos. Ouvindo-a pedir para que começasse por ali e varresse toda poeira até a porta da biblioteca, que estava bem longe por sinal, além de passar o espanador nas prateleiras. Assim que a mulher terminou de falar, ela retornou ao seu balcão, dizendo que poderia chamá-la caso algo acontecesse. E na primeira vez que ele sequer encostou o espanador na prateleira logo ele viu uma cortina de poeira se levantar. Haru tentou dispersá-la com a mão livre, mas não adiantou nada, logo ele estava tossindo e segurando-se para não espirrar e atrapalhar as pessoas que estavam ali estudando. Quando a vontade de espirrar finalmente passou, ele deixou um suspiro escapar, pelo visto não seria nada fácil trabalhar ali.

Ele demorou quase duas horas até conseguir varrer e espanar toda a biblioteca, suas costas começavam a doer e ele estava começando a ficar impaciente. A principal culpa da impaciência do garoto era devido à um outro genin que estava ali estudando, que já havia jogado lixo no chão diversas vezes. A real vontade de Haru era bater com a vassoura na cabeça dele, mas sua mãe ainda estava o observando, de olho em cada movimento dele. O genin respirou fundo quando viu o menino jogar um saco de batatas no chão, o coletando e amassando, fazendo questão de fazer bastante barulho próximo do estudante, o cutucando e expressando um sorriso cínico para ele enquanto apontava para uma lixeira que estava bem próxima dali. O menino pareceu entender o recado e pediu desculpas, voltando aos estudos logo em seguida.

Depois daquilo, ele pegou o esfregão e o balde, começando a última parte da limpeza requisitada. Com o balde cheio de água e algumas essências para dar um cheiro melhor ao ambiente, Haru começou a passar o esfregão pelo local, mergulhando na água e torcendo ele em breves intervalos para mantê-lo úmido e limpar bem o chão da biblioteca. Em uma cena até mesmo engraçada, uma garota estava a procura um pergaminho nas prateleiras mais velhas quase caiu no chão após escorregar, felizmente o genin/faxineiro estava próximo e conseguiu segurá-la antes de cair. Ela o agradeceu incansavelmente, em retribuição o garoto apenas acenou com a cabeça, deixando um sorriso de canto transparecer.

Depois de mais uma hora e meia, ele conseguiu terminar de limpar toda a biblioteca, deixando um suspiro de alívio escapar quando terminou de guardar as coisas no armário onde elas estavam antes. Haru seguiu até o balcão de atendimento da biblioteca, encontrando sua mãe ali mexendo em alguns papeis. Ele chamou a atenção dela dando uma leve batida no balcão de madeira, sorrindo ao ver a mulher virar seu olhar na sua direção “Eu já terminei aqui tá bem?”, ela o encarou por alguns segundos, levantando-se para checar o trabalho dele. A mulher viu o chão finalmente limpo depois de tanto tempo e a satisfação era perceptível “Como assim nem parece que foi a primeira vez que limpei as coisas? Eu te ajudo o tempo todo em casa mulher”, falou com ela por meio dos sinais depois dela afirmar que o trabalho estava muito bom para uma primeira vez limpando algo. O garoto por sua vez tinha uma expressão nada satisfeita em seu rosto, era obviamente uma expressão forçada e ele sabia o quanto sua mãe odiava quando ele fazia aquela cara.

A mãe do genin deu uma risadinha ao ver a expressão dele, afirmando que estava tudo bem e que o trabalho estava ótimo, o relatório para o gabinete do Mizukage seria entregue no dia seguinte. A expressão de Haru se amenizou, “Certo, obrigado pela ajuda! Te vejo em casa à noite? Vou sair para treinar agora..., se comunicou com a mulher pela linguagem de sinais, dando-lhe um abraço logo em seguida. A mulher pediu para que ele passasse no mercado antes de voltar para casa, entregando para ele uma lista de compras, o menino assentiu com a cabeça, saindo da biblioteca logo em seguida, partindo para o campo de treinamento.

Missão:

Informações Gerais:

Apesar de ser um dia ensolarado, o vento frio estava soprando forte, lembrando a todos os habitantes do vilarejo que ainda estavam em pleno inverno. Haru havia acabado de chegar ao local onde desempenharia sua próxima missão como genin de Uzushio, e ele estava até mesmo animado para fazê-la. Apesar de um trabalho simples, ele demoraria bastante para conseguir completá-lo, já que as demandas eram bem grandes. Ao receber as instruções do homem que estava conduzindo os trabalhos dos outros genins que estavam ali para ajudar, o garoto abaixou-se brevemente, pegando a lata de tinta branca, um rolo de pintura e um pincel, seguindo até a cerca que havia sido designada para que ele pintasse.

As novas construções que estavam sendo erguidas na vila eram até que bem charmosas, Haru queria conseguir ajudar mais com todo o trabalho que os outros estavam tendo, mas como o que lhe havia sido designado era mais simples, ele tentaria fazer da melhor forma possível. Usando-se do rolo de pintura mergulhado em tinta, ele fazia leves movimentos na cerca de madeira, tomando cuidado para não respingar muita tinta e cobrindo sua superfície rapidamente com a cor branca. O genin não se demorou muito ali, finalizando com o pincel alguns cantos que o rolo não foi capaz de pintar, terminando assim logo a primeira mão de tinta naquela cerca e partindo para a outra que estava oposta a ela e precisava de uma pintura também.

Enquanto começava a passar a primeira mão de tinta na outra parede, Haru teve o infortuno de um grupo de estudantes da academia toparem com ele. Os pestinhas passaram correndo e parece que fizeram questão de chutar o balde de tinta... Caso ele conseguisse gritar, ele com certeza falaria algumas coisas não muito bonitas para as crianças, mas como os quatro garotinhos já estavam longe, ele decidiu não se estressar tanto com aquilo, respirando fundo e começando a limpar toda a tinta que havia se esparramado na rua. Quando terminou de limpar a rua e consertar os respingos que haviam se espalhado na cerca, ele foi pegar outro balde de tinta, explicando para o supervisor o que havia acontecido por meio da escrita em um caderno de anotações. O homem disse que procuraria os alunos da academia e faria eles ajudarem pintando outros muros também, eles não sairiam impunes daquela travessura. Haru deixou uma expressão satisfeita transparecer em seu rosto, assentindo com a cabeça e voltando ao seu trabalho logo em seguida.

Quando ele terminou a segunda cerca, voltou sua atenção novamente à primeira que ele tinha pintado, a tinta já havia secado e ele poderia passar a segunda mão. Iniciou a pintura mais uma vez, vendo a tinta fixar-se mais ainda e a cor ficar mais forte conforme passava o rolo de pintura. Depois de alguns minutos pintando ali, ele viu o mesmo grupo de garotos passando por suas costas de novo, em um rápido movimento, ele pegou a lata de tinta, impedindo um dos garotos de “tropeçar” nela. A expressão nada satisfeita de Haru amedrontou os garotos, que saíram correndo só para dar de cara com o supervisor da tarefa. O homem, que por sua vez era um chunin, segurou os alunos da academia pela gola de suas blusas, levando-os até outro local e afirmando que devido ao mau comportamento eles teriam que pintar alguns muros caso quisessem ter alguma chance de sequer fazer o teste final da academia. O genin que continuava pintando a cerca fingindo que não estava ouvindo o que o homem falava para os garotinhos não conseguiu conter uma leve risada diante a situação que eles haviam se metido.

Depois daquilo, não demorou muito mais até que a segunda mão de tinta fosse concluída naquela cerca. Haru deixou o rolo e o pincel de lado um pouco, estralando seus dedos e fazendo breves movimentos giratórios com os pulsos que estavam um pouco doloridos depois de algumas horas de trabalho ininterrupto. Ele decidiu fazer uma breve pausa antes de finalizar a outra cerca, rapidamente comendo uma maçã que havia trazido consigo como um lanchinho. O vento frio continuava a soprar pelas ruas da vila, e agora algumas nuvens podiam ser observadas no céu, fazendo sombra no Sol que tinha acabado de atingir seu ponto mais alto naquele dia. Depois daquela breve pausa, o genin retomou seu trabalho, terminando de passar a segunda mão de tinta na cerca em menos de uma hora, ele finalmente havia pegado o jeito de fazer aquilo.

Quando terminou, ele viu que havia sobrado apenas um pouco de tinta, de qualquer modo, poderiam utilizá-la para completar a pintura de outro local. Assim, ele fechou a lata com sua tampa, levando-a de volta ao supervisor junto dos outros equipamentos que tinha usado. Ao se encontrar com o homem, Haru comunicou-se com ele através da escrita, afirmando já ter finalizado as duas cercas que tinham sido designadas para ele naquele dia. O chunin anotou algo em sua planilha, afirmando que iria verificar o trabalho dele em alguns minutos, mas que o genin já estava dispensado, caso precisassem novamente dele, iriam chamá-lo. Haru assentiu, despedindo-se do homem e seguindo seu caminho para casa, já sentindo seu estômago roncar, ele definitivamente precisava de um bom almoço.

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