— Acho que será interessante — respondeu Karyn, a anciã do clã Hyuga. Sua voz estava calma e encorajadora, sendo acompanhada de um sorriso simples. Seus dedos batucaram no próprio tórax, como fazia antes de mergulhar em pensamentos profundos. Após um tempo que pareceu uma eternidade, sua boca se abriu novamente, dessa vez adotando um timbre mais grave e uma expressão séria. — Isso lhe será útil, apesar de trazer sofrimento.

Naquela manhã, a velha tinha vindo até minha casa para tomar café. Era comum vê-la perambulando por ali, mas somente quando eu também estava. Dificilmente trazia comentários à tona, mas gostava de saber sobre as coisas. Aprendi a respeitar suas falas e a confiar em seus métodos desde que me ensinara a arte de dar vida às pinturas. Entretanto, vez ou outra soltava informações que pareciam predizer o futuro. Eu não acreditava totalmente, mas não me dava o luxo de esquecer. Com um suspiro, deslizei a xícara sobre a mesa em direção à Karyn, tentando não encarar seus olhos, que sempre me analisavam.

— Vou trocar de roupa, um momento. — E assim o fiz. Em alguns minutos, estava de volta à cozinha, dessa vez com vestimentas adequadas ao futuro treinamento: sem pijama. Recolhi a xícara, que já se encontrava vazia, e deixei-a sobre a pia. Observei a idosa se levantar calmamente e arrastar os pés através dos cômodos, em direção à porta. Trazer sofrimento…, a voz rouca da mulher ressoou em minha mente. Com um piscar de olhos, afastei os pensamentos e segui Karyn.

Após acompanhar a anciã Hyuga até sua residência, cheguei ao hospital da vila, meu verdadeiro destino daquela manhã. O lugar era grande e bonito, com um pequeno jardim circundando o prédio. No alto, inúmeras janelas se espalhavam com um espaço pequeno entre elas, provavelmente onde seriam os quartos. Sem hesitar, passei pela porta principal e me apresentei na recepção. Esperava que fosse me informado o caminho que deveria trilhar até chegar aos meus superiores, na intenção de ser guiado pelos conhecimentos medicinais.

Lokesh: 600/600 [HP]; 750/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

A recepcionista foi direta, porém gentil. Agradeci a informação e segui o caminho dito, apressando meus passos. Após passar por um lance comprido de escada, virei à esquerda e adentrei a sala com o número dezenove gravado em uma placa pendurada na parede. Esperava não estar atrasado. Assim que girei a maçaneta e empurrei a porta, o som de risadas escapou do cômodo.

Minha atenção foi atraída por um grupo de garotos que conversavam e gargalhavam entre si. Não tinha certeza se haviam notado minha presença, mas resolvi ignorá-los no momento. Percorri meus olhos por todo o cômodo. Nenhum superior. Ainda assim, tinha outra pessoa na sala: uma menina. Enquanto pensava no que deveria fazer, fechei a porta, deixando-a como estava antes. Esperando não chamar muita atenção, me desloquei até o fundo. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela me surpreendeu com o surgimento de sua voz.

— Prazer, Lokesh. — Minha resposta soou confiante e natural, o que trazia à tona um contraste muito grande com o posicionamento de Kyna. Apontei para a cadeira ao seu lado, imaginando ser o suficiente para que ela entendesse o recado. Sem aguardar uma resposta, contornei a mesa e me sentei. Naquele momento, resolvi ignorar a pessoa ao lado. Minha visão se prendeu à porta, ainda que minha atenção estivesse focada no grupo de garotos. Espero não ter que aguardar por muito tempo...

Lokesh: 600/600 [HP]; 750/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

O silêncio repentino anunciava uma anormalidade, que logo se revelou através de um ser eufórico caindo ao chão. Novas gargalhadas ecoaram pela sala, vindo do grupo de garotos que já se encontrava ali. Aquele acontecimento certamente tinha sido hilário, uma quebra de expectativas. Entretanto, a vontade de rir não veio, nem mesmo um sorriso. Observei a cena se desenrolar e voltei meu foco à porta. Estou parecendo minha mãe. Isso é ruim!, pensei.

A chegada do instrutor me trouxe um alívio, afinal, era a única pessoa naquela sala que eu realmente estava interessado. Ao ouvir a menção de fazer duplas, olhei para a garota ao meu lado e esbocei um sorriso suave, imaginando que nos manteríamos daquela forma. E assim se seguiu. O surgimento de uma mulher e a sequência dos fatos me trouxe ânimo, finalmente o conhecimento ia ser transmitido. Confesso que a energia esverdeada que contornou as mãos de Hazeshi me chamou a atenção, nunca tinha visto algo parecido. Seria aquela a habilidade de um ninja médico?

Desde de muito pequeno, eu sempre tive uma grande facilidade com o controle de meu próprio chakra, inclusive tinha dominado as técnicas da academia em pouquíssimo tempo. Se me recordo bem, havia recebido um prêmio simbólico por esse feito. De qualquer maneira, aquele momento trazia um desafio novo. Somente os deuses sabiam de como eu gostava de ser desafiado, principalmente por mim mesmo. De acordo com Karyn, essa era uma das maneiras mais efetivas para evoluir.

Buscando seguir os passos do orientador, levei minhas duas mãos e pousei sobre o líquido no recipiente que havia sido designado a mim. Inspirei profundamente, buscando manter a calma e concentração. Pude sentir minha energia circundando meu corpo e se acumulando nas palmas das mãos. O objetivo era fazer com que o chakra passasse para o líquido e começasse a separar as moléculas de água das de leite, de forma ordenada. Não era uma tarefa tão fácil quanto parecia, mas valia o esforço. Se tudo ocorresse como planejado, a mistura teria a mesma aparência do líquido de Hazeshi: a água na parte inferior e o leite na superior.

Lokesh: 600/600 [HP]; 750/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

— Eu tive outros treinamentos que me ajudaram no controle do chakra — respondi à Kyna, esperando que isso pudesse diminuir a cobrança de si mesma. Além de tudo, era verdade. Claro, minha linhagem provavelmente tinha impacto sobre isso também, mas os ensinamentos de Hyuga Karyn, para mim, eram os principais responsáveis por meus feitos. Inclusive ali. — Eu tentarei te ajudar, não se preocupe.

Houve uma movimentação na sala, uma troca entre os objetos das mesas. Onde antes estavam posicionados os cilindros, agora se encontravam bacias com areia e raízes. Por um momento fiquei refletindo sobre o significado daquilo, mas logo as palavras do superior trouxeram lucidez. Não era bem o que eu esperava, mas aquele treinamento tinha algo de valioso por trás. Pelo menos, era o que aparentava. Recuperar a vida, hm?, pensei. Eu fazia algo semelhante às pinturas, dava vida à elas. Entretanto, fazer aquilo com a planta, um ser vivo, parecia mais complexo. Analisei as pontas marrom saindo da areia, como se quisessem alcançar algo.

Determinado, canalizei minha energia nas palmas das mãos, essas posicionadas a pouquíssimos centímetros das raízes. Inicialmente, busquei praticar o mesmo processo de antes, fazendo com que o chakra se esgueirasse do meu corpo de forma concentrada. Porém, dessa vez tinha um objetivo mais específico: adentrar as células daquela raiz e regenerar a vida que antes ali estava. Ou pelo menos eu imaginava que estava. Era uma tarefa mais complicada e que demandava mais esforço, mas eu estava comprometido em continuar tentando. Caso eu conseguisse, iria tentar ajudar minha companheira de mesa.

— Primeiro, tente dominar seu chakra na palma da mão, depois o libere calmamente, focando no objetivo que você quer: levar a vida — falaria, mantendo um tom calmo e amistoso. Apesar de bobas, minhas dicas tinham um problema para a maioria do ninjas. Por serem de uma classe militar, os jutsus eram majoritariamente de caráter destrutivo. Fazer o caminho contrário, trazendo cura, era um ponto fora da curva.

Lokesh: 600/600 [HP]; 750/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

Após uma nova movimentação no ambiente, os objetos foram retirados das mesas espalhadas pela sala. Porém, dessa vez não iríamos continuar no mesmo lugar e treinar com algo pessoal. Pelo contrário, o treinamento seria compartilhado e assistido por todos ao mesmo tempo. Uma fila se formou rapidamente e, pela falta de pressa, acabei me posicionando no final dela. Era difícil saber se o peixe sobre a mesa principal estava morto ou não, apesar de aparentar estar fresco. De qualquer forma, aquele parecia ser o desafio mais complexo até então.

Enquanto os outro genins tentavam cumprir a tarefa, e falhavam desastrosamente, comecei a relembrar os conhecimentos anatômicos que estavam armazenados no fundo de minha memória. A ansiedade não era um problema, minhas emoções estavam sob controle, graças à experiências passadas que me permitiram chegar em um nível avançado de calma. Ainda assim, podia sentir a adrenalina se disseminando pelo meu organismo, fazendo os pensamentos se tornarem mais velozes e buscarem uma solução.

A fila estava diminuindo, eu estava cada vez mais próximo da mesa do instrutor. Até então, ninguém tinha conseguido. Na minha vida inteira havia existido grandes cobranças de mim, tanto por parte familiar quanto pessoal. Tudo aquilo surgiu repentinamente, deixando claro que eu precisava conseguir. Não me decepcione!, a voz de Akemi, minha mãe, fez-se ouvir. Puxei o ar, tentando recobrar a postura. Nesse momento, uma chama de esperança se acendeu. Aparentemente, tinha sido no tempo certo, pois era minha vez.

Eu mal tinha tocado no peixe quando minha energia começou a se acumular nas palmas da mão, com o objetivo de se infiltrar pela pele do ser vivo. Meu chakra tinha dois destinos iniciais, que agiriam um em seguida do outro. Para mim, seria como um teste, mas tentaria fazer da forma mais rápida possível, para evitar que fosse reprovado. O primeiro destino, seria percorrer toda a estrutura cardíaca, garantindo que houvesse um bom funcionamento e distribuição de sangue. Caso houvesse alguma falha ali, tentaria produzir a regeneração através do iryoninjutsu, como tinha feito com as raízes.

O segundo destino era mais generalista: o cérebro. Não tinha certeza se conseguiria acessar aquela estrutura em toda sua especificidade, pelo menos naquele momento, por isso optei por tentar garantir ao menos seu funcionamento geral. Se tudo ocorresse como planejado, meu chakra iria acelerar o processo de produção de células novas e, se houvesse falhas por ali, talvez pudesse resolver o caso do peixe morto -ou quase morto- dessa forma. Eu não tinha certeza do grau de proximidade da estrutura do peixe com a do ser humano, mas imaginava ter feito boas escolhas dentro do tempo permitido. Se não, tinha certeza que aquilo iria me abalar tanto quanto os comentários mentais de minha mãe.

Lokesh: 600/600 [HP]; 750/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

O peixe se moveu! Um grande alívio surgiu em mim, se materializando através de um suspiro rápido. O comentário do instrutor não devia ter surgido com uma má intenção, mas somente reforçou o estereótipo que fazia aquela pressão imensa em meus ombros. Tentei disfarçar o desconforto com um sorriso forçado e segui suas instruções, me dirigindo à saída. Antes que meu corpo passasse pela porta, dei uma última olhada para Kyna, tentando encorajá-la a continuar tentando. Por fim, subi as escadas.

Com duas leves batidas na porta, anunciei que iria entrar. Movi a porta lentamente, revelando uma moça de cabelos alaranjados. Seu desconforto estava visível, aparentemente não tinha sido avisada de minha chegada. Era de se imaginar, já que o último teste tinha uma taxa alta de reprovação -ao menos é o que tinha dado a entender, pelas falas do jounin. De qualquer forma, eu precisava contextualizar aquela mulher sobre meu surgimento ali.

— Hm, olá! Meu nome é Lokesh, estou buscando aprender sobre iryoninjutsu. O instrutor Hazeshi pediu que eu viesse até essa sala — esclareci, observando as possíveis reações da moça. Ela tinha parecido genuinamente surpresa por minha chegada, então imaginei que deveria seguir sendo sincera. Apesar disso, o clima pairando no ar era um tanto quanto pesado, por isso decidi tentar me flexibilizar um pouco mais. Se eu fosse simpático, talvez conseguisse mais informações. — Pelo jeito, estou aqui por ter feito um peixe se mover.

Após a última frase, esbocei um sorriso carismático. Não tinha certeza se ela entenderia a referência, mas não custava tentar. Fiquei imaginando a função daquele lugar e daquela mulher. Eu não gostaria de estar interrompendo algo importante, mas naquele momento o que mais queria era desbravar os caminhos da cura. Para isso, aparentemente precisaria ser tutelado por alguém que carregava o mesmo nome de minha mãe. O destino tinha uma forma engraçada de lidar com minha vida.

Lokesh: 600/600 [HP]; 750/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

Esbocei um sorriso tímido e espontâneo ao ver as expressões da mulher. Ela tinha uma aura agradável. Após suas falas, me dirigi ao armário indicado, atravessando o cômodo. A sala era bem completa, tinha materiais estéreis e equipamentos sofisticados, além de um leito. Aparentemente, um local próprio para cirurgias ou procedimentos nesse estilo. Analisei tudo rapidamente pouco antes de chegar ao armário. Ao abrir, me deparei com diversos equipamentos de proteção individual. Eu não tinha certeza de quais deveria utilizar, mas me garanti com os mais básicos: touca, máscara, avental e luvas.

Enquanto terminava de me vestir, pude ouvir novas vozes e sons incomuns de movimentação. Ao voltar para a sala cirúrgica, me surpreendi com a cena. Obedeci as ordens de Akemi e me aproximei. O homem deitado sobre o leito tinha seu tórax demasiadamente expandido, como se um melão estivesse por baixo da pele. Fiquei admirado com a postura calma e rápida da ruiva, que utilizou do bisturi para desferir um corte no paciente sem sequer hesitar. O líquido vermelho jorrou para fora do corpo, mas logo começou a ter seu fluxo cessado pelo chakra da mulher. Quando ela começou a falar novamente, decidi que não desejava perder nenhum detalhe sequer. O azul de meus olhos se dissipou, dando lugar ao branco opaco. Byakugan!

Busquei acompanhar a linha de raciocínio de Akemi. Ao ser questionado, fiz um movimento positivo com a cabeça, mesmo sem ter certeza se tinha entendido. Mais uma vez atravessei a sala sob suas ordens, dessa vez buscando a bacia e os panos requisitados. Graças à minha última observação do cômodo consegui achar mais rapidamente do que esperava, por lembrar vagamente onde poderia estar. Posicionei o material sobre uma pequena mesa de apoio ao lado da maca e respirei fundo, garantindo que a calma reinasse em meu corpo. As coisas estavam ficando mais interessantes por ali.

— Posso limpar em volta? — perguntei, para garantir que estava entendendo o que deveria ser feito. Caso me fosse permitido, seguiria com a tarefa. Enquanto isso, eu prestava atenção nos movimentos que as mãos da mulher realizavam e as reações que o indivíduo sobre a cama expressava. Apesar de não ter dado muito foco para os outros dois presentes, era claro a importância deles ali. Apesar da moça ruiva se destacar nos comandos e procedimentos, era óbvio a sintonia e agilidade que existia entre eles. Um trabalho em equipe, sem dúvidas.

Lokesh: 600/600 [HP]; 746/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

Após eu fazer a limpeza em volta da incisão, uma série de comandos e atitudes foram feitas. Prestei muita atenção, buscando não perder nenhum detalhe. Em pouco tempo a cirurgia havia sido finalizada e todos abandonado a sala, deixando novamente apenas Akemi e eu. Através das expressões e tom de voz da mulher, notei que o que se seguiria era algo preocupante. Ou ao menos parecia ser. Quando ela mencionou um teste final, fiquei orgulhoso pelo caminho percorrido até ali. Lutei para esconder as emoções quando a moça se virou novamente em minha direção, revelando um coelho.

Ouvi suas palavras com criticidade, analisando a situação. Imaginei que tipo de vilão ou ser maligno machucaria um coelho, ainda mais com veneno. Aquela informação não tinha sido revelada, por isso imaginei que talvez fosse confidencial. Não iria me meter em assuntos delicados apenas por curiosidade. Assenti rapidamente, demonstrando que estava prestando atenção. Vi o animal ser amarrado e deduzi que o procedimento não seria ser nada agradável. Afinal, ter alguém vasculhando seu interior deveria, no mínimo, trazer uma dor intensa, se não danos ainda mais consideráveis. Determinei que eu tentaria ser delicado e preciso.

Minhas mãos estavam posicionadas sobre o peito do bicho, emanando chakra para seu interior. Meus olhos, que tinham a coloração azul natural de volta, se fecharam. Eu precisava me concentrar totalmente naquele momento, não podia deixar que a visão me atrapalhasse. Quando eu estivesse mais acostumado à habilidade, poderia desfrutar disso, mas não naquele momento. O objetivo, com a concentração e infusão de chakra, era percorrer a corrente sanguínea do coelho, em busca de possíveis toxinas.

Eu imaginei que minhas experiências com o sistema sanguíneo do peixe poderia me ajudar na distinção que era próprio ou não do sangue, mas parecia ser mais complexo que isso. O controle com minha própria energia era grande, mas não tinha certeza se àquele nível. Eu estava tentando identificar as moléculas tóxicas e isolá-las, de forma que saíssem pelos poros do pobre animal. Dessa forma, prossegui com as tentativas.

— Se tiver instruções ou dicas, estou aberto à elas — comentei à Akemi, com um sorriso fraco no rosto. Pelo jeito, aquele era o desafio mais complexo até então, pois unia todas as lições anteriores. Em minha testa, gotas de suor começaram a surgir por baixo da bandana.

Lokesh: 600/600 [HP]; 746/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

Apesar dos esforços, não tive sucesso com a retirada do veneno. Pelo jeito, precisava mais do que meus dons naturais e intuição podiam oferecer. Analisei novamente o coelho antes de mudar minha atenção à Akemi. Ela começou a dar boas dicas, instruindo a respeito do que deveria ser o foco. Mais denso…, refleti suas palavras por alguns segundos. Decidi guardar essa informação, me parecia importante. Acompanhei a mulher deslizar pela sala e trazer um objeto para perto de mim. Aparentemente, eu teria que tentar algo ainda mais novo.

Fiquei olhando para a bacia por um tempo, enquanto Akemi fazia suas orientações e comentários adicionais. Por um momento, não tive certeza se havia compreendido corretamente. Retirar o veneno pelos poros fazia sentido, mas qual o motivo da bolha de água? Foi aí que a associação brotou em minha mente. Mais denso! Esbocei um sorriso simples assim que a orientadora encerrou seu pronunciamento.

— Certo! Vou tentar mais uma vez.

Posicionei ambas mãos sobre o líquido transparente. Por um momento, me imaginei na sala do andar de baixo, separando o leite daquela mesma substância. Dessa vez, teria que unir as moléculas de água ao redor de minha mão. Me concentrei, obrigando meu chakra a se organizar e tentar atingir meu objetivo. Em seguida, tentei garantir que a bolha não se desfizesse, até que eu conseguisse retirar o veneno do pequeno coelho.

O líquido seria utilizado como uma espécie de imã para as substâncias tóxicas, atraindo-as e prendendo-as nele. Fechei meus olhos, garantindo que o foco estivesse quase que totalmente na circulação sanguínea do animal. Eu tentaria mapear e compreender todo seu sangue e, assim que notasse alguma anormalidade substancial no mesmo, tentaria sugar o veneno através da bolha de água em minhas mãos. A densidade me ajudaria, de forma que o esforço fosse menor, apesar de continuar sendo intenso.

Lokesh: 600/600 [HP]; 746/750 [CK]; 00/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações:

As substâncias tóxicas começaram a se alocar na bolha d'água em minhas mãos. Senti gotas de suor escaparem sob a bandana e deslizarem pelas bochechas. O esforço fazia meu cenho franzir e os lábios comprimir. Ao comando de Akemi, derramei as toxinas em um balde qualquer. O cansaço começou a fazer efeito em mim. Senti o corpo pesado e os músculos tensos, pela preocupação. Enquanto a mulher comentava os próximos passos e assistentes agiam, inspirei profundamente e limpei o rosto na manga da camisa, que à essa altura já se encontrava dobrada.

Órgão por órgão, repeti mentalmente. Se um deles já tinha sido exaustivo, imaginei como eu estaria no final daquele procedimento. Esperava não estar com uma aparência tão ruim, ainda mais de baixo de todo aquele aparato de proteção individual. Inspirei mais forte do que antes, tentando organizar os pensamentos. Então, coloquei a mão na bacia com água e foquei no meu próprio chakra. Agora, parecia ser mais fácil fazer com que o líquido tomasse uma forma arredondada, sem cair. Levei-o até o coelho e comecei o procedimento mais uma vez.

Eu me perdi no tempo dentre tantas repetições. Eu não tinha outros compromissos, por isso, passei quase o dia todo ali, na sala cirúrgica, aprendendo as artes medicinais. Ao terminar o procedimento de retirada das toxinas, senti um alívio muito grande percorrer meu corpo. Mais do que isso, um cansaço e fome me assolava com intensidade. Eu estava fraco, não tinha comido ou feito intervalos. Por um momento, pensei que fosse desmaiar, mas me apoiei na maca e esbocei o melhor sorriso que consegui.

— Pode deixar! — respondi Akemi, ao ser orientado a ter responsabilidade. Eu tinha vivido momentos em que habilidades medicinais teriam facilitado resgates e melhor qualidade de vida a outros ninjas. Esse novo potencial certamente me traria maior sucesso em missões e combates, se eu soubesse utilizá-lo bem. — Obrigado pelo tempo e paciência!

Então, abandonei o hospital. Meu estômago gritava para ser atendido. Provavelmente ele teria se contraído fortemente se soubesse que a médica havia mentido sobre as substâncias tóxicas do coelho. Não que eu me importasse com o animal em si, mas não me agradava a ideia de ter sido enganado por alguém da própria vila.

Lokesh: 600/600 [HP]; 746/750 [CK]; 01/04 [ST] // Aparência e vestimentas.

Informações: