Ser o líder de um time seria uma tarefa como qualquer outra, que ele cumpriria sem pestanejar. Era um ninja, afinal de contas, e não podia ficar reclamando para sempre. No final, sua liderança passaria a ser testada constantemente, e ser líder do time significava que o seu trabalho na Polícia de Konoha diminuiria um pouco - ou não. Por fim, Indra passou a noite vendo a ficha dos seus alunos, descobrindo algumas particularidades, não sabendo se seria mais fácil ou não treiná-los, pelo fato de serem Jounins de Konoha. Assim que descobriu o endereço deles, Indra escreveu uma mensagem padrão para os três, depois sobrevoou a vila com a sua armadura, deixando uma carta para cada um, com a mesma mensagem.

"Prezado ex-membro do time do Shion,

Aparentemente, você precisa de um sensei, mesmo já sendo um Chuunin. Não era do meu conhecimento que Shion tinha alunos, até porque eu não tinha interesse em saber disso. Mas agora eu serei o seu mestre, por isso decidi marcar uma reunião com vocês na Churrascaria de Konoha, aquela do centro. Estarei lá às 11h da manhã, espero que não se atrase.

Obs: a etiqueta diz que devo pedir desculpas caso eu tenha ofendido você de alguma forma, mesmo que eu não saiba porque.

Kobayashi Indra."

[...] Era 11h da manhã quando Indra estava na Churrascaria. Pediu para o gerente por uma mesa exclusiva, na área mais reservada, longe das famílias e dos grupos falantes. A mesa onde ficava era num pequeno espaço onde os bancos eram de couro, bem confortáveis. Assim que Taiyou, Mikan e Renji chegassem, eles seriam levados até a mesa de Indra, podendo ver que esta estava cheia: tinha uma enorme picanha sendo assada, enquanto havia carne de porco, batata frita, frango, costela, entre outras iguarias. Indra permanecia comendo um pedaço de costela em silêncio, esperando os alunos.

Considerações:

Equipamentos:

Jutsus/Equipamentos Usados:

Indra temperava lentamente a carne, deixando-a no ponto em que ele gostava. Selava ela e passava-a de um ponto para o outro, virando-a na grelha devagar e quando finalmente a picanha ficou bem passada, o mesmo colocou em seu prato e começou a comer lentamente, tirando um pequeno pedaço e colocando na boca, mastigando devagar, sempre com a boca fechada. Volta e meia, pegava o seu copo do sakê e o levou lentamente a boca, virando o copo e sorvendo o líquido, já não sentindo mais tanto os efeitos do álcool, por conta dos anos em que havia se habituado a beber.

Estava quieto, absorto em seus pensamentos, quando uma moça loira apareceu próximo a sua mesa, apresentando-se como “Mikan”. Uma das alunas do falecido Hokage estava ali na sua frente, um pouco mais pontual do que os outros dois. Parecia o tipo de garota que sua mãe escrutinaria para saber se ela seria uma boa esposa, apesar de Indra não considerar qualquer tipo de relacionamento afetivo como uma meta em sua vida. Ele estreitou os olhos e olhou para Mikan de cima a baixo, depois olhou para o seu rosto, analisando os traços dela para confirmar que era mesmo Mikan, lembrando-se da ficha dela e confirmando as suas informações. Não fez muito ou analisou ela demais depois disso, apenas se apresentou.

- Olá, Mikan, eu sou Kobayashi Indra. Você foi a primeira a chegar, mas isso não é uma competição, então… Não tem nenhum prêmio por isso. – disse, voltando a comer, cortando a carne mais uma vez e colocando a boca. Ao lembrar de Mikan, uns dez segundos depois de focar sua atenção na carne e a ignorando sem querer, ele apontou para o assento na frente dela, deixando que a mesma se sentasse com ele. Terminando de mastigar, ele apontou para a mesa e para tudo o que tinha ali. - Sirva-se. Comprei essas coisas para todos nós comermos, já que li em um livro que diz que devemos ser cortês quando vamos desenvolver novos laços. Será que isso é verdade? – perguntou curioso, não sendo muito bom em lidar com esse tipo de situação. Era mais de entender máquinas do que interações humanas.

Esperou pela resposta de Mikan, e até continuaria aquele assunto com ela, mas outra pessoa chegou reclamando do excesso de comida na mesa. Indra estranhou, mas ao olhar para o garoto baixinho e maltrapilho, analisou o seu rosto e o reconheceu da ficha enviada por Angell através do seu assistente: aquele era Taiyou. O ninja inventor arqueou a sobrancelha esquerda e tombou o rosto para o lado canhoto, deixando que o mesmo se apresentasse, mencionando um lugar que não dizia nada a Indra, mas que talvez buscasse saber mais sobre. Foi quando ele perguntou sobre o seu nome, que o ninja inventor balançou levemente a cabeça em negação. - Kobayashi Indra, não Obayashi Intra. Eu não escrevi esse nome na carta. Escrevi? – o inventor olhou para Mikan assustado, pois ela também poderia ter lido a mesma coisa. Ainda perdido, Indra ouviu Taiyou perguntar quem era a garota que o acompanhava, franzindo os cenhos e virando o rosto para o Chuunin. - Não conhece a própria colega de time? Você tem algum tipo de problema mental, ou só é burro? – perguntou com educação, usando uma entonação comum, sem buscar ofender o garoto, mas provavelmente o ofendendo.

- Agora que sabe o meu nome corretamente, sente-se. Pode comer sem problemas, pois sou eu que vou pagar por tudo, mas não coma muito, pois estou com fome. – disse a Taiyou de forma tranquila, voltando a prestar atenção na sua carne, pegando algumas batatas fritas e linguiça, colocando tudo na boca, mastigando tudo aquilo lentamente, olhando para os dois garotos na sua frente com atenção. Cada um parecia ter uma personalidade diferente, e ainda havia mais um. Não sabia muito bem se conseguiria lidar com todos eles, afinal interações sociais não era o seu ponto mais forte. Depois de terminar de mastigar, Indra voltou a pegar o copo de sakê para completá-lo com mais bebida, olhando para o corredor entre as mesas, procurando ver se último aluno estava vindo. - Acho que o tal Renji não vem… O lado bom é que sobrará comida. – o seu lado egoísta acabou falando mais alto, pois realmente não tinha muita vontade de dividir tudo aquilo com os três alunos.

Considerações:

Equipamentos:

Jutsus/Equipamentos Usados:

O corvo fora plenamente enviado, com as mensagens arroladas às suas asas, em direção aos seus respectivos objetivos. O primeiro deles realizava o percurso até a Delegacia de Konoha, solicitando a abertura de uma cela específica para Aegir, ao mesmo tempo em que o segundo ia de encontro aos indivíduos que se responsabilizavam pelos seus dados jurídicos, alertando a respeito de seu retorno temporário à aldeia.

No mais, manteve os passos em direção a mais uma localização genérica, pressupondo que o novo líder de sua equipe ao qual efetivara contato através de uma carta, buscaria outro ambiente afastado como o anterior também fizera. Sequer era capaz de condecorá-lo como um mestre, visto que nenhuma habilidade ou ensinamento havia sido dado a si pela criatura. Contudo, embora os pensamentos dotados de toxicidade, mantinha a terminologia por mera educação.

A silhueta de grande estatura adentrou o estabelecimento, observando cada trejeito do local. Não existiam traços abruptos ou sinais de sua equipe, e por tal razão, pertinente ao seu pessimismo perante os acontecimentos seguintes, acenou para um dos funcionários que por ali se locomovia, questionando a respeito de Indra Kobayashi. Enquanto o homem tentava decifrar a caligrafia horrorosa, Renji aproveitou para inspirar o aroma de sua casa.

Não sentiu nada.

Por mais que residisse naquela mesma aldeia ao longo de toda sua vida, passara a maior parte dos seus dias nos arredores, vivenciando os atípicos métodos dos monges, ou de sua própria família adotiva. Portanto, após dois anos vagando pelo País do Fogo, sequer poderia indicar que existia algum tipo de ânsia ou familiaridade com o lugar.

Quando o homem assentiu, solicitando para que o moreno o seguisse, Renji voltou a percorrer o caminho de encontro à sua equipe, procurando a garota de cabelo cítrico com o canto dos orbes. Um cigarro foi levado aos lábios descontraidamente, com o rapaz tragando o fumo ao aproximar-se da mesa. O semblante não exibia quaisquer traços em sua inexpressividade, principalmente ao fitar os indivíduos. O primeiro deles, mais baixo do que si, provavelmente se tratava do Jōnin responsável por sua equipe.

Preferiu não fazer qualquer pré-julgamento, contudo, não se assemelhava a alguém grandemente importante. Lembrava-se do indivíduo no final do Exame Chūnin, fazendo comentários pertinentes a ódio e motivações similares ao próprio Renji em tenra idade. Em seguida, direcionou os olhos à garota, estranhando. Os fios alaranjados haviam sido alternados para o louro, algo que a tornava mais bela. No entanto, que ainda causava estranhamento a si pela ausência de costume em vê-la daquela forma.  

Manteve os orbes centrados nela por longos segundos, em seguida, desviando para o terceiro indivíduo. Renji ergueu o punho no qual mantinha o cigarro, apontando para o mendigo que possuía o aroma natural de mofo. — Senhor. — chamou o funcionário que o guiara até o local. — Há um vagabundo na mesa. — indicou, solicitando para que o tirassem. Sem mais delongas, retirou dez ryou do bolso e colocou sobre a mesa, ajudando o pobre homem maculado pelas dificuldades da vida. Por fim, voltou a observar aquele que aparentava ser o seu superior.

— Yo. — cumprimentou. — Renji. Shigaraki Renji.

De longe, aquele era o momento mais embaraçador da sua vida. Lidar com pessoas desconhecidas sempre tinha sido um enigma para Indra, mas ter a responsabilidade de guiar shinobis que mal conhecia seria uma missão quase impossível. Talvez devesse ter inventado algum motivo para não aceitar o time, mas em seu íntimo, sabia que aquilo era tarde demais. Mikan não parecia ser tão problemática, apesar de aparentar ser reservada, mas o garoto Taiyou era de longe o mais complicado. Logo que o chamou de cabeça de tigela e sentou-se com eles, Indra fez um “hmmm” como se não entendesse o porque de ter sido chamado daquele jeito, pois ninguém nunca havia dito que a sua cabeça parecia com uma tigela, apesar de terem chamado-o de coisas mais ofensivas. Durante segundos, Indra parecia não estar ali, o que o deixava um pouco nervoso. - Eu podia estar em casa construindo algo novo… Agora estou aqui, responsável por esses dois, e mais um que nem chegou ainda. – pensou. Taiyou estava ao seu lado e, além de comer como se não houvesse comida em casa, ainda pedia sakê na sua conta. O garçom fez um sinal para pegar a comanda de Indra, e o inventor apenas olhou com os olhos semicerrados para o homem, indicando que não dava tal permissão.

- Eu disse que poderiam comer o que estava na mesa, não que poderiam pedir mais coisas. Se quiser as suas coisas, compre com o seu dinheiro. – avisou, cruzando os braços. Não demorou muito, quando viu que um jovem alto se aproximava do local. Lembrou-se dele na ficha, sendo o último que faltava. Esse rapidamente identificou Taiyou como mendigo, o que fez Indra arregalar levemente os olhos. - O que foi que eu fiz? – mentalizou, abaixando a cabeça e lamentando aquilo. A tarefa de tornar aquele grupo uma equipe seria mais complicado do que imaginava. Respirou fundo, olhando para o último componente do time. - Olá, Renji. Sente-se do lado da Mikan. – disse, cortando um pedaço de carne e levando até a boca, limpando-a rapidamente e cruzando os braços. Antes que qualquer discussão começasse, Indra foi rápido em cortar o assunto. - Calem a boca e deixem as baboseiras para depois! – falou um pouco mais alto, esperando que pelo menos eles fossem capazes de obedecer ordens superiores.

- Como devem saber, meu nome é Kobayashi Indra, e vou ser o sensei de vocês. Pelo que estou vendo, não vai ser uma tarefa fácil, já que vocês não são capazes de reconhecer. Taiyou entrou aqui e mal lembrava da Mikan, e ainda deu em cima dela, chamando ela para sair e tudo. O Renji chegou e confundiu o colega de time com um mendigo. Obviamente, isso tudo tem uma explicação: vocês são o time mais desunido de Konoha! Nesses dois anos que se passaram, cada um foi para um lado e nem ao menos mantiveram contato uns com os outros. Achei que, por serem alunos do Hokage, dariam uma maior importância a isso, mas estava enganado. Vocês abandonaram uns aos outros! Existe uma máxima em Konoha, que é passada de geração em geração, que diz “Aqueles que quebram as regras são escória, mas aqueles que abandonam os seus amigos são piores do que a escória”. O problema é que essa máxima não serve pra vocês… Afinal, nem ao menos amigos vocês são. – falou sério, olhando para todos eles. - Não vou cobrar que sejam amigos, afinal eu não tenho amigos também, mas o fato é que nem ao menos se conhecem. Sabe o que acontece quando você não conhece os seus companheiros de missão? Você assiste eles morrendo diante dos seus olhos, sem ter a mínima empatia por ele. – revelou, mudando levemente a sua feição, mostrando que não falava aquelas palavras da boca para fora, sentindo todas aquelas coisas do seu passado.

Considerações:

Equipamentos:

Jutsus/Equipamentos Usados:

Finalizando a sua derradeira apresentação, Renji ampliou o tom de voz discreto e tendenciosamente desmotivado para referir-se à loura, sem apropriar-se ou procurar maiores detalhes entre os indivíduos presentes na cena. — Mikan. — fez questão de chamá-la, como se quisesse dizer-lhe algo, embora nada fosse emitido dos lábios. O fez unicamente perante o pedido de seu novo tutor, visto a necessidade de manter a cordialidade em prol das relações futuras.

Escutou, portanto, cada palavra de Indra Kobayashi, resguardando os dados devidamente obtidos. Supostamente aquele era o jovem Taiyou, onde ponderou se realmente se tratava do rapaz. Além do aroma fétido de mofo, possuía trajes inadequados e sujos, algo inaceitável em distintos parâmetros. Afinal, como um monge, Renji necessitava limpar suas próprias vestimentas diariamente, convivendo com a sujeira unicamente durante o caminho do peregrino.

— Kobayashi. — emitiu o nome do novo tutor, desviando o foco da análise antecedente. — Conheço Mikan desde a nossa passagem pela academia, e ao mesmo tempo, compartilhamos do campo de batalha no Exame Chunin. — iniciou a explicação. — Já o jovem Taiyou está diferente. Agora que observo seus traços faciais, não há mudanças significativas em sua aparência, contudo, ao restante, ele não detém a mesma essência. Peço perdão pelas ações supracitadas. — prosseguiu, semicerrando os olhos. — Não pretendo dificultar o teu trabalho, para assim não dificultar o meu. Logo, estou de acordo com as suas palavras. Apenas solicito que não tente nos inspirar através do histórico de nosso antigo líder, em condição de tudo o que foi citado pela nossa companheira de equipe. — simplificou o dialeto, assentindo para o restante do frasear. Concordava parcialmente com o que era dito.

Apesar de não sentir fome, o moreno procurou sentar-se como solicitado por Indra, contudo, seu movimento fora interrompido pelo rapaz com as vestes vagabundas. Renji deixou que todas as acusações fossem efetivadas sem esboçar quaisquer reações, simplificando sua expressão ao franzir o cenho. Achava tudo muito irônico, dessa forma, não pôde evitar que um sorriso de canto surgisse nos lábios. Principalmente quando o rapaz revirara a mesa, atirando toda a comida no chão e certamente chamando a atenção dos clientes presentes no estabelecimento.

Shigaraki unicamente tocou os punhos que seguravam o seu colarinho, afastando as mãos do rapaz de suas vestimentas. Retornou à postura ereta, fitando-o com súbitas intenções, do alto. — Shion... ? Então ainda pensa nisso? — questionou, quedando a cabeça lateralmente. — Treinar... Evoluir. Sobreviver. Logo, todas as suas vitórias são direcionadas a ele? Seus ganhos? Compreendo. Por isso permanece da mesma forma. — tragou o objeto entre os dedos. — As minhas razões não cabem a você, contudo, devo discordar de suas palavras. Embora eu acreditasse que aquela era a motivação para me tornar um shinobi, os ventos me levaram a outro direcionamento. Através do ostracismo compreendi o meu objetivo. Atracar-se a este cargo não é apenas um método de vida, mas um degrau para alcançar os desejos evidenciados naquele dia. Ao menos, dois de nós trabalhamos para isso. — ergueu o punho, apagando o cigarro.

A conclusão de suas palavras, sem quaisquer emoções ou explicações palpáveis viera da mesma forma que se iniciara, com o rapaz mantendo o mesmo posicionamento. Não iniciaria qualquer alarde, tampouco causaria maiores problemas ao novo líder da equipe. Portanto, unicamente afastou-se do epicentro, em caso de uma reação violenta por conta de todos os alimentos desperdiçados. Não desejava sofrer as consequências do acaso.

Esperava que um longo silêncio se instaurasse depois daquele seu discurso, mas o que aconteceu foi um pouco diferente. Mikan foi a primeira a levantar a mão, e Indra acenou com a cabeça, lembrando-se de que se fazia isso na época da Academia Ninja quando queria falar alguma coisa. Escutando a revelação que ela fazia, Indra acabou franzindo a sobrancelha. - Bom… Isso é uma pena, mas isso não exclui o fato de que não permaneceram unidos, nem mesmo diante da morte do mestre de vocês. Isso em dois anos... – Respondeu, deixando que eles pensassem naquilo.

Toda aquela situação envolvendo os seus alunos começara a ficar um pouco mais dramática. Indra limitava-se a ouvir, não respondendo as palavras de ninguém, deixando que cada um ali expusesse a sua opinião. Renji foi o próximo a responder, explicando algumas coisas para Indra, coisas que não tinham ficado compreensíveis. Não era o tipo de coisa que gostava de ouvir, mas de alguma forma, ele entendia a situação. Indra esperou que ele terminasse de falar para respondê-lo, e assim dar prosseguimento a reunião, até mesmo acenando com a cabeça para Renji, abrindo a boca lentamente para falar. O problema é que Taiyou simplesmente virou a mesa, num acesso de raiva, enquanto partia para cima de Renji, o acusando de diversas coisas. - Que moleque desgraçado… A minha comida! – Olhou para o chão e pensou aquilo, vendo todas as carnes no chão, levando as duas mãos ao rosto.

Com os braços cruzados, Indra fechou os olhos e respirou fundo, soltando o ar pela boca. Não sabia se algum deles estava prestando atenção nele, mas isso não era importante, pois o fariam na hora certa. Renji parecia ser mais calmo que Taiyou, mas não menos ríspido em suas respostas. Ele então moveu lentamente o dedo indicador esquerdo, batendo-o no braço direito, e expandindo o seu chakra ao redor da mesa. Não precisava de selos para fazer aquilo, mas esperava que eles não fossem tão fortes a ponto de conseguirem sair da sua técnica. - Tudo bem, já chega. – De repente, tanto Renji, quanto Taiyou e até mesmo Mikan, não conseguiriam mais mexer os seus corpos, ficando estáticos onde estavam. Talvez conseguissem virar o rosto para fitá-los, mas só. Isso serviria para contê-los, enquanto ele abria a boca para falar. Não que houvesse um alvoroço em geral, mas talvez aquele fosse o melhor jeito de mantê-los focados em si – principalmente Taiyou. Indra adquiriu uma aparência mais sombria, e ficou com aquele olhar… O olhar de quem já tinha visto muita coisa em sua vida, e que também já havia feito coisas... Coisas que pessoas normais nunca fariam. Para aqueles com pouca vivência diante da violência extrema, talvez sentissem medo, ou ficassem intimidados com a sua mudança de feição.

- Essa foi a coisa mais lamentável que eu já vi. Vocês não são um time, nem chegam perto disso, mas ainda assim parecem ligados por algum tipo estranho de laço. Taiyou baseou toda a sua carreira shinobi nas palavras de Renji, e quando ele foi embora, toda a esperança dele se foi. Aparentemente, Renji prometeu algo que não foi capaz de cumprir. Na minha opinião… Ambos estão errados! Você também, Mikan! – olhou diretamente para ela. - Membros de um grupo, agindo como indivíduos, pensando unicamente em si… Eu já vi isso acontecendo. Eu assisti um homem não consegui escapar de uma chuva de concreto que soterrou o corpo dele abaixo dessa vila. Soube de outro que também morreu, longe de mim… Eu não tive nenhum pingo de empatia por aqueles dois! Continuei minha missão, como um shinobi deve fazer. Eu não consegui salvá-los, mas não demonstro nenhum pingo de arrependimento ou tristeza. Sabe por que? Porque eles não me escutaram, porque eles quiseram agir individualmente e, principalmente, porque eles não disseram a porra do nome deles. Por que eu teria empatia por pessoas que nem ao menos me tratam com respeito? E por que eu aceitaria ser mestre de três pessoas que não conseguem agir como um time? Essa reunião foi mais esclarecedora do que eu pensava… Claramente, não há a menor condição de nós quatro sermos um time. Eu NUNCA levaria três pessoas como vocês em uma missão que eu poderia muito bem fazer sozinho,  ainda mais uma com riscos reais, sem ter que me preocupar em ter que apartar as brigas de vocês. Vou mais além: por mim… Vocês não deveriam ser mais ninjas!  Contudo... – ele liberou os três do Kanashibari no Jutsu e logo se levantou da cadeira, chamando um garçom e pagando a conta. - Existem coisas que devemos decidir sozinhos. Como eu disse, não há nada de errado na individualidade, mas a partir do momento em que um time é formado, as coisas mudam de figura. Vocês querem ser independentes? Tomem essa decisão e me avisem depois, para que eu desmantele esse time e possa seguir minha vida tranquilamente. Mas se quiserem ser um time… Limpem a bagunça que o Taiyou fez, como um time, acertem as coisas entre vocês, pois em breve eu partirei em uma missão Rank S. Talvez, só talvez… Eu leve vocês, e então eu ensine como atingirem os seus objetivos individuais como um time de verdade. De qualquer forma, estou partindo. – sussurrou, partindo para longe daquela confusão. Precisava fazer algumas coisas, e separar uma briga que não havia iniciado não era parte dos seus planos.

O problema é que não poderia afirmar com certeza se aquele era o fim do Time Kobayashi… Ou se era só o começo.

Considerações:

Equipamentos:

Jutsus/Equipamentos Usados:

Os movimentos de Renji foram interrompidos, perante a imobilização de Indra. O moreno detinha conhecimento a respeito dos fundamentos da habilidade também presente em seu arsenal, logo, pressupôs que poderia quebrá-la. Entretanto, dada as condições, simplesmente preferiu manter o esforço em prol da tão citada boa convivência, do mesmo modo que era melhor para sua imagem evitar se passar por tolo em uma falha tentativa.

Diante de todos os fatos escutados e principalmente os anos em que passara fora, Shigaraki compreendera que escutar também era um fundamento importante para fortalecer-se. O único momento em que não o fez, quando perante Aegir, a monja, seu pescoço quase se tornara alimento de uma alabarda. Portanto, mantivera-se em silêncio, captando cada nova informação a respeito do novo líder de sua equipe e ponderando a respeito delas.

Quando finalmente fora solto, Renji dedicou alguns longos minutos para, antes de quaisquer ações, novamente ouvir Mikan tomar as rédeas. A essência conciliadora da – agora – loira recaía perfeitamente para manter o equilíbrio entre os três indivíduos, visto as deficiências cognitivas do rapaz que sem razão alguma destruíra todo um banquete.

Renji assentiu para as palavras da garota, embora não pegasse uma das vassouras. Limitou-se a ajeitar a mesa, organizar os utensílios que restaram intactos e procurar uma forma de obter descontos com o dono do estabelecimento que provavelmente não os aceitaria mais ali. Por fim, Shigaraki retornou a ambos os companheiros de sua equipe, com as mãos nos bolsos. Suspirou desmotivadamente, dada a necessidade de alguma palavra de sua parte.

— Não sei qual é o intuito de vocês perante esse grupo, mas se estão aqui, todos possuem um propósito, como eu. — disse, fitando o ambiente. — Caso queiram se desvencilhar dessa equipe, esta será uma escolha de vocês. Não me colocarei como um ente mediador novamente. Durante o Exame, fui a pessoa que se colocou frente aos empecilhos e solicitei por este posto. Contudo, eu não era alguém poderoso. Eu não passava de uma criança revoltada com os pressupostos da vida, sem conter capacidades banais como a de escutar o próximo. Possuía o estúpido e arcaico sonho de destruir os grandes clãs. — sorriu de canto com a lembrança. — Hoje não sou tão melhor do que naquela época. Assim como vocês, enfrento frustrações pendentes das quais não fui capaz de superar, mas ainda acredito que existe um futuro para esse grupo. As palavras do anoitecer não se alteraram: Nós vamos honrar a memória. Independente de nossas opiniões individuais, o faremos em prol do coletivo. Logo, responsabilizem-se por suas vidas, ações, e igualmente as suas decisões. — deu as costas, seguindo em direção à porta em passos vagarosos.

— E... Criança estúpida. — chamou o garoto. — Alguém precisará lavar louças durante um expediente. Visto que eu e Mikan temos o que conversar e não nos envolvemos no ocorrido... Boa sorte. — finalizou, se retirando do estabelecimento.

Esperava que, mediante ao debatido, o rapaz minimamente compreendesse a necessidade de respeitar a hierarquia da equipe.