Hello darkness, my old friend

Aquela era uma daquelas manhãs brilhantes e ensolaradas, que são tão comuns em livros e tão raras na vida real. Diferente do habitual, porém, Ren estava em casa. Ele estava com seu irmão pequeno brincando de lutinha no tapete da sala. A mãe já havia começado os preparativos do almoço, com um sorriso satisfeito. Era raro Fuyuki não sair cedo para treinar ou para realizar alguma missão. Desde a morte do pai, eram poucas as vezes em que ele não se afundava em tarefas e responsabilidades, apenas para não ser obrigado a pensar na dor que ainda sentia.

No entanto, estava finalmente conseguindo superar a perda. Não o entenda mal, a dor jamais desapareceria. Mas ele estava disposto a enfrentar as lembranças, e determinado a fazer isso junto de sua família. Sabia que era isso o que seu pai iria desejar.

E então, ouviram uma batida na porta.

Ren estava caminhando na direção da porta antes que o som da última batida cessasse. Abriu e se deparou com um ninja de sua vila. Um chunin, provavelmente. Ren pegou o rolo de pergaminho das mãos do aliado e ouviu as instruções com atenção, ao tempo que acenava em concordância e desenrolava o pergaminho para conferir o conteúdo. Após alguns instantes fechou a porta e voltou para dentro.


Durante a tarde Fuyuki se preparou para sua missão. Então, pouco antes do horário previsto, seguiu na direção do ponto de encontro: O portão da vila. Ele vestia suas habituais roupas negras, sem quaisquer detalhes ou ornamentos. Usava a máscara cobrindo a boca e o nariz - estilo kakashi - como se a sua missão já tivesse começado. Pelo que o garoto havia lido no pergaminho, sua missão era proteger a mercadoria dos comerciantes e, caso fosse possível, lidar com a ameaça dos bandidos de estrada.

Essa era sua segunda missão Rank C. Não estava tão ansioso quanto na primeira, mas ainda sentia um ligeiro frio na barriga. Já era Genin a quase dois meses e ainda não possuía um time designado. Estaria mais confortável se tivesse algum apoio. "Idiota, você não está sozinho. Concentre-se!" Isso era verdade. Sentia o peso reconfortante da espada curta em suas costas, que outrora havia pertencido ao seu pai. Sim, certamente ficaria bem.

Durante o trajeto, Fuyuki tentou fazer o caminho mais reto possível. Tanto para levar menos tempo, quanto para se aquecer um pouco. Com uma concentração precisa de chakra em seus pés, o menino subiu paredes e laterais de prédios, saltou longas distâncias e seguiu correndo pelos telhados. Sempre usando uma quantia adequada de chakra em seu corpo para se impulsionar e absorver o impacto no momento exato do contato.

Pouco antes de chegar a seu destino, o garoto parou por um momento e decidiu preparar um Kawarimi no Jutsu, apenas por garantia. Assim, caso lhe atingissem com um ataque inesperado, poderia tentar recuar e trocar de lugar com um pedaço de madeira. Isso deveria lhe dar tempo para reagir ao atacante sem sofrer tantos danos de uma emboscada.

Assim que chegou ao portão, se apresentou aos três mercadores: — Genin Hatake Ren Fuyuki se apresentando para a missão. Irei cuidar da escolta de suas mercadorias e assegurar que cheguem ao destino intactos. - Afirmou com a voz forte de barítono ressoando tão forte quanto o ribombar de um trovão. Felizmente para Ren, sua voz não era fina ou esganiçada como deveria ser para uma criança de sua idade. Era uma voz forte mesmo para um jovem rapaz, apropriada à posições de comando.

No entanto, mesmo com uma voz abençoada, o tamanho do pequeno genin não deixava dúvidas de que ele era nada mais que uma criança. Mesmo com a máscara cobrindo grande parte de seu rosto, Ren ainda era inegavelmente jovem. E geralmente, os adultos sempre o julgavam jovem demais.








OFF: Tentando desenvolver mais o Ninjutsu.

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Após uma breve apresentação, a carroça começou lentamente a se mover e a missão finalmente teve inicio. Ren pode sentir claramente a desconfiança mal disfarçada por parte de seus contratantes, mas a verdade é que mesmo não apreciando esse tipo de energia, o menino já estava habituado com esse tipo de tratamento. Soltou um leve suspiro e seguiu logo atrás da carga de caixas, caminhando atrás carroça com as mãos nos bolsos. Logo no início da jornada, notou que os três comerciantes pareciam bastante relaxados. Na verdade, quase à vontade demais.

"Para donos de uma carga com risco de ser roubada, esses três estão bastante despreocupados..." O menino não queria tirar conclusões precipitadas, mas, será que havia algo cheirando mal? "Não, não pode ser." Sim, devia estar imaginando coisas. Manteve sua guarda alta, apenas por precaução, de qualquer forma. Era melhor ser precavido, do que pagar as consequências por seu erro.

E foi quando notou movimentos suspeitos na floresta. "Esquerda, hum."

Fuyuki não hesitou. De imediato levou ambas as mãos a parte posterior de sua cintura, agarrando o pergaminho de tamanho médio com a mão direita, enquanto a esquerda puxava o embrulho com o pincel e a tinta. Com movimentos fluídos e experientes, o menino abriu o pergaminho no chão e apoiou apenas o joelho direito no solo, ao tempo que já trazia o pincel molhado de tinta até a face do papel. A mão de Ren se moveu, com traços precisos e bem treinados, o menino desenhou dez ratos e os invocou, enviando cinco para cada lado da floresta, então fez mais alguns traços na pagina e invocou dessa vez cinco corvos, pássaros pequenos. Os quais mandou três na direção do barulho e dois para o outro lado.

É verdade que estava sendo cuidadoso em excesso ao enviar seus animais de tinta para o lado que não havia ouvido nada, mas a verdade é que não tinha como ser cuidadoso demais em situações como aquela. Estava lidando com um número desconhecido de inimigos. As habilidades e técnicas desses inimigos eram um mistério. E, por fim, mas não menos importante, Fuyuki se encontrava absolutamente sozinho nessa missão. Não podia contar com apoio algum. Então apenas lhe restava agir com cuidado, ou sentir o amargo gosto da derrota.

Após enviar os animais pequenos, enrolou o pergaminho e guardou seus aparatos. Por hora iria aguardar o resultado de seus rastreadores de tinta.

Ren correu em velocidade média para alcançar a carroça, já que havia parado para fazer seus desenhos. Manteve sua atenção redobrada, com os olhos fitando principalmente o lado que havia sentido a movimentação suspeita momentos atrás, mas tentando observar o outro lado de tempos em tempos, a fim de não cair em alguma armadilha. Seus animais de tinta deveriam retornar em breve, mas caso não, então isso apenas significaria que seus inimigos já estavam cientes de parte de suas habilidades.

Agora era apenas questão de tempo.








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Palavras: 486.

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Arrependimento é uma coisa engraçada. É interessante como geralmente pensamos em algo inteligente para falar apenas quando já é tarde demais. Ou mesmo aquela resposta que apenas vem a mente, no instante em que nos viramos para sair. O gosto que essas palavras não ditas tem em nossas bocas raramente é bom. Mas muitas vezes causam sentimentos um tanto conflitantes em nossos corações. Pensamos algo como: 'ah, foi melhor assim.' ou então 'caramba, se tivesse lembrado...'. Às vezes nos conformamos e outras nos castigamos por nossa lerdeza. Mas, é a vida.

Ninguém possui todas as respostas. Ninguém está sempre totalmente preparado.

Vez ou outra, a vida vai nos pegar de surpresa.

O menino sequer teve tempo de reagir. O ataque aconteceu subitamente, e devido a diversos fatores, como inexperiência e falta de preparo, o jovem Hatake não pode fazer nada além de assistir aos seus contratantes serem alvejados por projéteis. Um dos mercadores saiu ileso, por sorte, enquanto os outros dois tiveram diferentes graus de azar. O pior foi ver um homem morrer bem diantes de seus olhos, sem poder fazer nada para impedir. Não se confunda, Ren não queria bancar o herói. Era apenas difícil ver um dos homens que paga seu salário bater as botas.

"Merda." As mãos de Ren se uniram em selos rápidos. "Espero que ainda me paguem." E ele criou três mizu bunshins com kunais em mãos bem a sua frente. Então os enviou dois para atacar os inimigos e deixou um o protegendo. Nesse momento, o menino se abaixou e novamente abriu o pergaminho, desenhando com traços seguros e precisos dois leões com bocarras abertas, de aparência bastante ameaçadora. Assim que terminou o desenho, fez o selo e os trouxe à vida, diretamente saídos do papel.

Os animais de tinta deveriam avançar contra os bandidos com força total, mirando pontos vitais como garganta e barriga, em que o corpo humano é mais fácil de rasgar. É verdade que alguém com a barriga cortada não morre tão rápido quanto Fuyuki gostaria, mas dificilmente seria um ferimento que daria para ignorar. De qualquer forma, assim que os leões fossem na direção de seus alvos, o menino seguiria logo atrás, indo na direção de um, enquanto enviava seu clone restante na direção do outro.

Com a força de seus jutsus combinados, o menino esperava conseguir derrotar os alvos com relativa facilidade. Tinham a vantagem numérica, e os ladrões não pareciam ser shinobis treinados. Então se os clones de água conseguissem segurá-los por tempo suficiente para que Ren pudesse invocar os leões de tinta, e o ataque seguisse como o planejado, o garoto realmente acreditava ter chances de vencer aqueles dois sem grandes problemas.

Caso esse fosse o desfecho da luta e o menino recebesse a informação da localização do restante dos bandidos, seguiria rapidamente até os dois mercadores sobreviventes com um olhar sério em seu rosto infantil.

— Consegui descobrir o acampamento deles. Irei deixar meus leões aqui, para protegê-los. Continuem avançando pela estrada, irei alcançá-los em breve. - Sem esperar por resposta o menino seguiria escalando árvores e saltando com chakra em seus pés, levando consigo qualquer clones que ainda estivessem inteiros, mas deixando para trás as duas criaturas de tinta para proteger os mercadores e as caixas que deveriam ser entregues.

Se possível, o menino planejava se aproximar do acampamento sem que sua existência fosse descoberta. E após analisar a situação por breves instantes,  atacaria da mesma forma que os bandidos haviam feito: Com kunais e shurikens. Mas, no seu caso, esperava ser mais preciso, e com a ajuda de seu clone, eliminar os bandidos restantes sem a necessidade de um confronto direto. Se possível.

No entanto, isso tudo agora dependia do destino e da sorte.








OFF: Tentando desenvolver mais o Ninjutsu.

Palavras: 620.

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A missão estava chegando ao fim, e a viagem de entrega havia seguido relativamente bem. Infelizmente, é claro, Kyrio estava morto. E por mais que Ren sequer conhecesse o homem antes daquele dia, a verdade é que ele sentia muito pela morte do mercador. Apenas peço que não confunda as coisas aqui: Não estou dizendo que Fuyuki sentia o pesar ou qualquer senso de responsabilidade pela morte do velhote. Nada disso. Ele sentia que havia sofrido uma pequena derrota.

Certo, a descrição de sua missão não era específica sobre garantir a segurança dos três. Na verdade sua única prioridade era assegurar que a carga fosse entregue. Nesse momento porém, Fuyuki ficou pensando como teria agido caso, em outro momento, tivesse que executar um trabalho como esse. Em que deveria garantir não apenas a mercadoria como também a segurança dos seus contratantes. Bem, isso era uma questão para algum outro dia.

Hoje, porém, sentia que mesmo recebendo o pagamento por aquela missão, ainda teria falhado consigo mesmo. No futuro, deveria pensar mais cuidadosamente no cenário maior e não apenas na tarefa em mãos. A final, caso tivesse feito isso hoje, talvez um homem ainda estivesse vivo.

Após assassinar friamente os outros bandidos no acampamento, reuniu os corpos e os deixou próximos da fogueira, onde seriam facilmente encontrados, antes de retornar para a estrada. Fez o mesmo com os dois corpos ali, deixando-os na beira da estrada. Somente então iria correr para se reunir com os mercadores, a fim de concluir a viagem e encerrar a missão.

— Já cuidei de tudo. Podemos seguir sem problemas. A partir daqui não seremos mais incomodados. - Afirmou com mais segurança na voz do que sentia realmente. Em seguida liberou os bunshins de água e os animais de tinta, agora caminhando junto da dupla, e não mais atrás como anteriormente, apenas para que os homens se sentissem mais seguros momentaneamente.

Agora apenas restava receber seu pagamento e fazer seu relatório sobre a missão, onde falaria sobre a localização dos corpos.

No fim, Ren estava satisfeito. Aquela missão de Rank C, aparentemente tão simples, havia lhe ensinado uma importante lição: Jamais subestimar o inesperado. Então tomou uma decisão que estivera bastante relutante em tomar. "Irei aceitar a ajuda de meu avô. Os jutsus que ele puder me ensinar, irei pegar todos." A verdade é que odiava treinar com seu avô, simplesmente pela natureza espartana de seus treinamentos. Mas o resultado dessa missão havia aberto seus olhos para a realidade.

Ainda era muito fraco. Fraco demais. Precisava de mais poder.








Status:
HP: 375
CH: 561
Tinta: 580ml

Stamina: 02/06

OFF: Tentando desenvolver mais o Ninjutsu.

Palavras: 422.

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Após deixar a carga a salvo no destino, o menino recebeu os agradecimentos dos dois mercadores e partiu. No caminho de volta pensou em muitas coisas. Pensou no quanto ainda queria ficar mais forte. Pensou em seu falecido pai e pensou em sua família. Pelos longos quilômetros que o separavam de Uzushiogakure, o menino deixou sua mente vagar a esmo por diversos pensamentos. Entregue feito um barco a deriva.

Queria se dedicar mais. É verdade que treinava sempre que podia, não fazendo corpo mole apenas por estar cansado ou por ainda ser um genin. Nada disso. A verdade é que Fuyuki sentia que poderia alcançar muito mais se apenas tentasse. Poderia conquistar conhecimentos que sequer podia começar a imaginar. E junto de todo esse conhecimento, viria o po-der para proteger que tanto almejava.

Durante a longa corrida, e os incontáveis minutos, o jovem Hatake se permitiu sonhar. Pensou nos atuais limites de suas habilidades, e em como poderia superá-los. A verdade é que era dependente demais de apenas uma arte ninja. Usava de seus ninjutsus para resolver a maioria das situações. E isso não o agradava.

Seu avô, por exemplo, é um ótimo usuário de Taijutsu. Enquanto seu pai era especialista em genjutsu. Sim, talvez fosse tempo de começar a diversificar mais. Se esforçar para tornar-se mais versátil. Um limitador era a falta de um time ativo ou um sensei para lhe ajudar a alcançar seus objetivos mais rapidamente. Mas teria que contornar esse mal, mesmo que para isso fosse necessário tornar-se mais duro durante suas missões.

A vila da névoa aos poucos surgiu em seu campo de visão, mas Ren não acelerou. Apenas manteve seu passo de corrida em trote. Não estava com pressa. Assim que passou pelos portões da vila, parou brevemente apenas para se identificar para os guardas do portão e seguiu rumo ao gabinete do Hokage, onde deveria encontrar o chunin que lhe designou aquela missão.

Fez seu relatório sem esconder nada. Fez uma descrição completa e o mais detalhada possível sobre os acontecimentos da missão. Recebeu sua recompensa e se retirou com uma breve reverência formal.

Seguiu correndo pelas ruas, indo não para sua casa, mas procurar por seu avô.

Queria começar a treinar o quanto antes.

Mais do que nunca, agora Ren estava disposto a derramar lágrimas, suor e sangue para obter o poder que almejava alcançar. Poderia ser que isso levasse algum tempo, é claro, mas não iria mais se limitar ou criar barreiras para impedir seu próprio avanço. Ao menos a barreira da dor e da preguiça, essas ele já havia destruído por completo.







Status:
HP: 375
CH: 561
Tinta: 580ml

Stamina: 02/06

OFF: --.

Palavras: 432.

Informações:

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