Kurime já estava se sentindo um pouco mais forte agora que olhava para suas forças de forma mais lógica. ”Minha inteligência deu um salto enorme depois que abri aquela caixa da tia Yoona, foi realmente um divisor de águas e o que mais meu ficou forte? Ainda não testei, como meu dia está livre talvez eu teste isso hoje”, pensava organizando seu dia. Se despedia de seus pais logo pela manhã:

— Vou passar o dia no campo de treinamento, okay? Vou pegar alguns sanduíches para levar.

Seguia abrindo a geladeira pegando um bentô com dois sanduíches ali e andava já trajada devidamente para fora de casa. Com um shorts e camisa oversize branca ela passava pela vila sentindo o sol fraco e gostoso do dia que estava para começar. Ao chegar no campo de treinamento ela procuraria um lugar mais recluso e perto de algum dos lagos que tinha ali, pois o treino que havia pensado para si precisaria de uma fonte de água.

”Pois bem vamos repassar tudo Kurime?, se questionava enquanto buscava pelo seu pequeno caderno e nele havia uma página escrita ”Coisas para Fazer” e continuava seu pensamento ”treinar e testar minha stamina, ver o quanto de sangue é necessário para mover líquidos em que ele tenha entrado em contato testando meu ninjutsu em conjunto”.

Sem muitas delongas a jovem deixava suas coisas próximas ao lago e partia para seu treinamento. Como era fraca, não havia possibilidade no mundo que ela corresse carregando uma pedra ou algo do tipo como alguns ninjas fazem, ela teria que cansar seu corpo e superar seu limite. Partia em corrida para longe de suas coisas em máxima velocidade.

Seu percurso acabava sendo traçado no mesmo momento em que corria. Via ao longe uma grande e velha árvore que mesmo com as ondas de seca intensa de iwa continuava a viver, ”pois bem, irei correr até a árvore de volta para o lago”. Era por volta de meio quilometro de distancia entre um e outro, só de correr em sua velocidade máxima até a árvore já a cansava. Já era necessário o auxílio da boca para conseguir respirar e manter sua corrida, suas pernas estavam dormentes, mas a jovem se forçava a continuar, movimentava seus braços na tentativa de se impulsionar para frente, seus tornozelos ardiam. Ela focava em arrumar sua postura e movimento que fazia ao correr, ”taijutsu é qualquer movimento do corpo, eu acho, preciso ver sobre isso novamente”.

Tocava na árvore, dava meia volta e seguiu sua corrida triste e cansativa até suas coisas. Passada a passada, respiração a respiração ela se via mais perto de suas coisas ”que patético, eu sequer consigo correr isso… como serei uma kunoichi de respeito assim”, se questionava com sua face suada. Seu coração palpitava com tamanha força e velocidade que seu peito parecia que iria explodir e ali mesmo ela morreria.

— Uma kunoichi deve ser forte — dizia para si enquanto voltava a correr em direção a árvore. Estava na metade do caminho do lago para a árvore quando sua pressão subia ou caia demais deixando sua visão turva. Estava quase para desistir quando se lembro da raiva que sentiu ao passar tanto tempo para abrir uma caixa e ser ter uma mensagem boba lá dentro. Aquele sentimento enchia seu corpo com uma energia que ela sequer se importava com seu corpo só queria acabar a meleca da corrida que havia proposto para si. Seus cabelos começavam a ficar todos feios por conta da poeira e suor.

Ela até mesmo não parecia mais estar cansada, sua respiração aparente normalizar. Kuri sequer se lembra de como foi a corrida da árvore de volta ao lago onde estavam suas coisas. Ao chegar lá ela simplesmente desabava no chão com suas pernas que simplesmente começaram a falhar. Pegava seu bento e partia para se alimentar enquanto pensava sobre sua corrida. ”Espero esquecer sobre essa corrida daqui um tempo, mas por outro lado o sentimento de raiva é algo perigoso, não gostei como me senti… não sei ao certo”, conversava consigo mesmo em sua mente enquanto mastigava com a boca aberta para ofegar de cansaço, não era uma cena bonita. Sua camisa branca gruda na parte das costas por conta do suor, tudo que ela mais queria era pular no lago e descansar eternamente.

— Foco Kuri, foco.

Repetia após ter se alimentado, andava de forma estranha até uma parte do lago onde havia um pequeno buraco onde a água se acumulou também, ali havia volume próximo a de 5 litros. ”Aqui é perfeito para testar aquilo”, concluía sentando na posição de lótus, ”pensando melhor, acho que não é muito vantajoso eu ficar perdendo sangue enquanto estou nesse estado, vou treinar outra coisa… taijutsu, é isso mesmo”.

Se levantaria ficando em posição com o espaçamento dos pés proporcional ao ombro, fechava ambos punhos os aproximando da cintura, em um movimento ela desferiu um soco no próprio ar. Fazia um sinal de negação com a cabeça, ”algo está errado, não consigo lembrar o que é”, repetia o movimento uma vez atrás da outra mas sentia que tinha algo errado. Sua mente começava a doer, até mesmo desistia de praticar aquilo até que alguem que aparentemente estava vendo Kuri treinar dizia:

— Seus pés criaram raízes, por que eles não se movem?

Kuri sem entender o que o homem dizia apenas sorria de forma simpática por se tratar de um ninja da pedra e de provável maior patente que a menina. O homem se aproximava ao lado da jovem e fazia o mesmo movimento que ela, mas o dele fazia todo o lago a sua frente tremular.

— Mova os pés, eles não são estáticos.

Kuri copiava o movimento dele, ao invés de deixar as mãos próximas a cintura ela as erguia como se estivesse protegendo o rosto, deixava seu pé dominante um pouco a frente. Desferiu o soco fazendo todo seu corpo acompanhar o movimento, agora as coisas pareciam se encaixar, feliz que estava repetia o movimento até seu corpo reter alguma memória sobre isso.

Obs: