HP: ❲375 / 375❳ CH: ❲475 / 475❳ ST: ❲00 / 06❳
VEL: 6m/s

HP: ❲375 / 375❳ CH: ❲575 / 575❳ ST: ❲00 / 05❳
VEL: 6m/s

Acordou cedo e chutou o cobertor para o lado. Sentou-se na cama e se levantou em seguida, caminhando na direção do banheiro. Escovou os dentes e aliviou a bexiga, lavou as mãos e o rosto, deu uma ajeitada no cabelo o melhor que pode, então voltou para o quarto, chutando a porta de leve para fecha-la atrás de si. Trocou de roupas rapidamente, não pegou seus equipamentos habituais, pois no fim não precisaria deles. Abriu a janela e sentou-se no beiral, caçou as sandálias e saiu para o lado de fora da janela, apoiando-se por um breve momento com chakra nos pés do lado de fora, a fim de fechar a janela antes de se soltar.

No instante em que tocou o solo com os pés, seu corpo se achatou feito uma mola, e em um movimento fluído e em sequência, o menino executou um rápido rolamento e parou de pé. Sem afetação, bateu nas roupas para tirar a poeira e seguiu correndo na direção da saída da vila. Hoje seu treinamento seria em um local muito especial, do lado de fora dos portões protetores de Uzushiogakure no sato. Havia encontrado esse lugar por acidente, um mero capricho do destino, enquanto retornava de uma de suas missões.

Após alguns minutos de caminhada, chegou ao local. O sol apenas começava a despontar no horizonte, o que tornava aquele cenário ainda mais paradisíaco e surreal. Tratava-se de uma clareira no coração da floresta ao Sul da vila, onde havia um lago que dava entrada para uma enorme caverna na encosta de uma montanha. Ren tirou as sandálias e o restante das roupas, ficando apenas com seu calção de baixo. Então entrou lentamente na água. A sensação gélida fez arrepios subirem por sua espinha, mas ele trincou os dentes uns contra os outros e persistiu em seu avanço. Passo após passo, a água o devorava e Fuyuki caminhava determinado à diante.

Até que já não havia mais solo sob seus pés. Estava boiando livre na água escura, à suas costas uma floresta densa e diante de seus olhos castanho-avermelhados, uma enorme caverna escura e sombria. Mergulhou na água e seguiu nadando para o interior da caverna. De olhos fechados, o menino fez alguns selos de chakra, e sentiu sua consciência se expandir. Mesmo sob a água, na mais absoluta escuridão, era como se pudesse ver novamente. Aquele era o jutsu Kekkai: Tengai Hōjin. E conforme o menino nadava, conseguia identificar peixes curiosos ao seu redor, mas medrosos demais para se aproximar.

Com o auxilio desse jutsu, tornou-se uma tarefa simples desviar de pequenos obstáculos e achar o melhor caminho no interior da caverna escura. Seguiu pelo longo túnel, explorando a fim de satisfazer sua curiosidade, apenas subindo para encher seus pulmões quando estava no absoluto limite de suas capacidades, preferindo seguir nas profundezas da fria água do lago subterrâneo. Nadou e nadou por quase uma hora. Quando já se sentia exaurido e com o corpo dolorido, encontrou o final do túnel no que parecia ser o coração daquela caverna. Ali havia não apenas uma pequena ilha de rocha negra, como também uma enorme cachoeira que parecia cair de um ponto muito distante no alto.

“É como se um rio nascesse no topo dessa montanha, e uma pequena parcela caísse pela abertura no topo para formar essa linda cachoeira e dar vida ao lago.” Após repousar por cerca de duas horas, o menino saltou na água e seguiu até aproximar-se da cachoeira. A queda da água era fortíssima, mas Ren conseguiu encontrar uma rocha no meio da cachoeira e sentou-se com as pernas em posição de lótus. Contudo, peço que não tenha a imagem errada. Não foi uma tarefa simples subir na rocha, ou sentar-se ali naquele lugar, arriscando ser atirado para fora a qualquer momento, o menino tinha que concentrar chakra em suas mãos para se agarrar na rocha abaixo de si com todas as forças que possuía.

Permaneceu ali por quase quinze minutos, antes que seu corpo cedesse a pressão e ele fosse atirado no lago com violência. Ofegante, retornou para a ilha de rocha no centro da caverna e descansou. Após cerca de vinte minutos, tentou mais uma vez. Agora, porém, seu corpo já parecia mais acostumado a sensação da água caindo contra seu corpo. A pressão que a água caindo exercia sobre seu corpo pareceu menos opressora. Mas nem por isso conseguiu um resultado muito melhor que o anterior. Em cerca de vinte e cinco minutos, mais uma vez foi atirado com selvageria pela força da água para o interior do lago.

Ren repetiu o processo por várias vezes. Descansava e voltava a tentar. Até que sentiu que conseguiria ficar sob aquela pressão o quanto desejasse, contanto que mantivesse o chakra em suas mãos para segurá-lo, ou em alguma outra parte de seu corpo. Nesse momento, o menino se levantou com dificuldade, um pé após o outro, até ficar perfeitamente em pé sob a água da cachoeira, e uniu as mãos diante de seu rosto, como se fizesse uma oração.

A dificuldade de permanecer imóvel aumentou muitos níveis, pois se já era uma tarefa árdua ficar parado quando estava confortavelmente sentado, agora, em pé, a força da água era como marretas em seus ombros. No entanto, Ren se recusava a desistir. Trincou os dentes e manteve a concentração de chakra nos pés para permanecer firme. De olhos fechados e corpo firme, o menino respirou fundo e acalmou sua mente.

Então, algo aconteceu.

Nesse momento, em uma situação tão rara, Fuyuki sentiu-se esvair dos pensamentos mundanos. Da necessidade de ficar mais forte ou qualquer outro objetivo fútil dessa vida passageira. Enquanto seu corpo era praticamente esmagado sob a fortíssima pressão da água que caía sobre ele, o menino encontrou um breve momento de paz.

Algo bastante raro – devo acrescentar.

Após cerca de uma hora, talvez um pouco mais, naquela posição. Ren saltou para a água e seguiu nadando de volta pelo túnel subterrâneo. Com o corpo ligeiramente dolorido, mas mais forte. E a mente sã, o que era ainda mais valioso que qualquer progresso físico naquela manhã.

Saiu pela abertura da caverna e deixou o lago para deitar-se na margem, onde sentiu os raios de sol aquecer seu corpo gelado e secarem lentamente sua pele. Descansou e dormitou alguns minutos. Então vestiu suas roupas e retornou correndo para sua casa, a fim de comer e seguir com suas atividades diárias.








Status:
HP: 375
CH: 675
Tinta: 495ml

Stamina: 00/05

OFF: --.

Palavras: 1069.

Informações:

Treinamento de Campo
Rank: B.
Descrição: Um dos senseis da academia vai fazer uma viajem com os alunos para demonstrar algumas técnicas, você deve escolta-los na ida e na volta e garantir a segurança deles.

O menino ainda se surpreendia com o fato de ter sido promovido ao cargo de Chunin. Não o entenda mal, ele estava feliz por suas habilidades terem sido reconhecidas por seus superiores. Apenas estava surpreso com como as coisas haviam acontecido de uma maneira tão rápida. Ontem era apenas um genin, inexperiente e recém-saído da academia. Hoje, porém, estava a caminho de realizar sua primeira missão Rank B, como Chunin de Uzushio.

Havia recebido as informações sobre a missão na noite anterior. A tarefa de Ren seria auxiliar na escolta de uma pequena ‘viagem escolar’.

Saiu cedo e foi para a porta da academia.

As crianças começaram a chegar e, por fim, o sensei fez sua aparição. Ele era um chunin, assim como Fuyuki, mas havia escolhido seguir o chamado de sua vocação: ser um professor, ensinar para as gerações mais jovens. Após breves apresentações, Ren descobriu que o nome do sensei era Hashiro e que iriam fazer o percurso pela estrada por dois quilômetros, e então seguir pela floresta ao sul até uma planície não muito distante.

Todas as crianças tinham cerca de sete ou oito anos, mas eram saudáveis e deveriam conseguir aguentar bem durante o percurso. A única tarefa de Ren era garantir que ninguém se perdesse no caminho, fosse deixado para trás, ou ajudar a proteger o grupo em caso de algum imprevisto.

Durante a viagem até o local não houve incidentes. As crianças riam e conversavam entre si, parecendo bastante animadas com a chance de sair da vila, como se fossem verdadeiras exploradoras. No local da demonstração, o sensei usou suas naturezas de chakra doton, raiton e fuuton, uma após a outra. Falando sobre os elementos e suas particularidades em sequência. Em seguida, com a ajuda de alguns pergaminhos previamente preparados, também liberou um jutsu do elemento katon e outro suiton.

A aula foi completa antes do fim do entardecer. A viagem de volta deveria levar mais três horas, então chegariam antes do anoitecer na vila, contanto que tudo corresse bem.

Infelizmente, porém, durante a viagem de volta um grupo de encapuzados cercou os habitantes de Uzushio que retornavam cansados para seu lar. Fuyuki agiu de pronto. Com o auxilio de quatro bunshins, igual ao número de inimigos, o menino conseguiu ganhar uma pequenina janela de tempo, mas suficiente, para invocar suas criaturas de tinta, então com o auxilio dos clones e das bestas feras criadas, o menino usou suas habilidades em Raiton e Doton para assassinar dois dos encapuzados e ferir gravemente um terceiro.

Obviamente os inimigos não esperavam qualquer resistência de um bando de crianças e seu professor. Mas, uma pena para eles, é que uma das crianças era um chunin bastante capaz e que sabia muito bem quando estava sendo ignorado por causa de sua aparência infantil. O último inimigo fugiu, levando o aliado moribundo consigo.

Após esse episódio, Fuyuki acelerou o retorno para a vila, a fim de evitar possíveis retaliações. A missão acabou e Ren retornou para sua casa, aliviado.

Escolta 5: Muitos Ryous
Rank B
Descrição: Alguns banqueiros estão transportando um carregamento de Dinheiro para algumas cidades do nosso País, escolte-os até seu destino!

A segunda missão de Fuyuki, como chunin, era algo que ele já havia feito antes. Uma simples missão de escolta. Em sua missão anterior, porém, apesar de ter sido bem sucedido no objetivo de proteger a carga em questão até o local desejado, infelizmente, no processo, foram atacados e um de seus contratantes foi assassinado. Ren havia obtido sucesso em sua missão, mas sempre considerou aquele fato como uma falha pessoal.

Seus contratantes eram dois homens bastante diferentes. O primeiro era Jemir, um homem gordo e sorridente. O outro era Arten, um velhote magro e ranzinza de poucas palavras e menos amigos ainda. Encontraram-se e trocaram algumas poucas palavras sobre a missão no portão da vila. Ren foi visto com olhos maus por Arten, enquanto Jemir era só sorrisos. Fuyuki ficou muito surpreso em descobrir que ambos tinham a mesma idade e eram amigos de infância.

A missão prosseguiu de forma lenta, como o habitual. Eram duas carroças grandes, reforçadas e cheias de tesouros que deveria ser escoltada até o banco de um vilarejo vizinho. Fuyuki se posicionou no topo da carroça traseira, e deu ordens para que elas nunca se distanciassem demais.

Durante o primeiro dia de viagem não tiveram problemas. A jornada prosseguiu em bom ritmo. Na verdade, se tudo continuasse assim, no dia seguinte chegariam ao destino e aquele provavelmente seria o pagamento mais fácil por uma missão rank B que Fuyuki iria conseguir em sua vida – as palavras amargas de Arten. Mas naquela noite, enquanto acampavam e os dois mercadores dormiam, o ataque aconteceu.

Fuyuki estava de guarda próximo de seus contratantes, mas havia espalhado alguns camundongos de tinta pelas imediações, para não ser pego de surpresa. Um de seus ratos retornou para ele, avisando que um grupo, contendo três inimigos, estava se aproximando. Sem fazer alarde, Ren ativou o jutsu Kekkai: Tengai Hōjin, e com esse novo senso de percepção expandido, foi à caça.

Sem poder contar com reforços, Ren conseguiu usar suas habilidades de Raiton e jutsu Doton de camuflagem para assassinar um dos inimigos. Outro ele lançou em um genjutsu de visões de seus maiores medos, e usou essa oportunidade para acabar com o último integrante, com o apoio de dois lobos de tinta que havia criado em preparação para aquele combate eminente.

Na manhã seguinte o grupo seguiu viagem sem problemas.

Fuyuki enterrou os corpos dos homens, aparentemente nukenins, no solo da floresta. Não sabia seus nomes, ou se estavam realmente agindo sozinhos. Contudo, porém, não houve outras tentativas de atacar o pequeno comboio de carroças até o destino final.

Essa foi apenas a segunda missão de Rank B de Fuyuki, e ele já começava a compreender que, de acordo ao Rank, as chances de combate eram cada vez maiores. Assim como as chances de ter que sujar suas mãos com o sangue de outros, ter sua vida em risco ou mesmo ter pessoas que tivesse que proteger envolvidas. Ainda assim, ele não tinha qualquer intenção de desistir de ser um ninja.

Reforços Especiais I
Rank: B
Descrição: Você ira participar da defesa da festa de posse do novo Senhor Feudal. Há suspeitas de que algum grupo radical de extrema esquerda quer assassinar o novo Senhor Feudal.

Um uniforme feito sob medida. Uma noite especial. O novo senhor feudal da região iria assumir o cargo, e Ren não era um dos convidados, mas sim um dos guardas do lugar. Apenas mais um chunin contratado às pressas para manter a ordem e policiar o importante evento da alta sociedade. O rapaz estava em pé no portão de entrada. Local onde deveria permanecer por duas horas, até que fosse rendido pelo próximo a ocupar aquele posto.

No entanto, as coisas pareciam estranhas, mesmo aos olhos inexperientes de Fuyuki. Ninguém disse nada para o menino, muito provavelmente por não acreditarem em suas habilidades como shinobi, devido à sua aparência jovem. Mas ele podia notar a tensão no ar. E mesmo seus colegas de trabalho, os mais velhos, tinham aquele ar de prontidão, como se já esperassem por algo.

E algo realmente aconteceu.

No momento em que a carruagem do novo senhor feudal chegou, e a porta se abriu para ele sair. O solo se rachou e rochas brotaram dos lados da carruagem, a fim de devorar o transporte do senhor feudal e esmaga-lo assim como a boca de uma fera gigantesca.

Felizmente, porém, os guardas estavam prontos e reagiram de acordo, tirando o alvo do perigo. Nesse momento, vários outros inimigos surgiram no campo de visão de Ren, todos com vestes vermelhas e máscaras brancas. O senhor feudal foi escoltado para o interior do prédio, enquanto os guardas receberam as ordens de proteger a entrada e eliminar as ameaças.

Ren não é do tipo sanguinário ou assassino, mas estava feliz que algo finalmente tivesse acontecido. Sinceramente. Ele preferia mil vezes ter alguma ação, do que ficar parado a noite toda. Loucura. Burrice. Insensatez.

A batalha, porém, foi um caos. Todos atacaram e se defenderam como podiam. Os inimigos até usaram seus próprios aliados como escudos, enquanto os ninjas de Uzushio demonstraram algum simulacro de tentar ajudar uns aos outros, mas apenas depois que viram que não conseguiriam vencer sozinhos. E foi isso que provavelmente decidiu o sucesso da missão.

Enquanto isso, Ren fez o que fazia de melhor: improvisou. Ele ajudava quem precisava de ajuda, dava apoio indireto aos seus aliados, se colocando no caminho dos inimigos, ou atrapalhando com ataques súbitos, usando o jutsu Kekkai: Tengai Hōjin, ele era capaz de ter uma visão mais ampla da batalha em si, não importando se havia poeira ou fumaça no caminho de seus olhos, o que se mostrou um fator decisivo para suas ações.

Após terem vencido a batalha, ainda parecia, aos olhos de seus aliados, que Ren ficou perdido no meio do combate e que na verdade não havia ajudado em nada. Ainda assim, o jovem Hatake jamais buscou a aprovação dos outros, e por mais que fosse desprezado por seus pares, estava feliz por cada um deles que conseguiu salvar ou ajudar durante o combate.

Um jonin, o encarregado pela missão, pareceu notar o desempenho de Fuyuki, mas não interviu. Ren, porém, apenas iria descobrir isso meses mais tarde.

Acordo de Guerra
Rank: B
Descrição: Uma vila shinobi entrou em guerra com a sua, no entanto nosso Kage, para poupar a vida de seus ninjas e civis propôs para o Kage da outra vila uma batalha entre os melhores shinobis de suas respectivas vilas. Você foi o escolhido para representar a sua vila na batalha. Vá e enfrente "Toshiro Nasagawa", em uma batalha de vida ou morte. O destino de sua vila está em suas mãos.

Na manhã seguinte de seu décimo aniversário, Ren foi acordado cedo por um jonin em sua porta. Alguém que ele conhecia de uma missão anterior. Ao que parecia, Uzushio estava em guerra com outra vila, mas ao invés de realizar uma grande batalha, onde muitos recursos e vidas seriam perdidos, o Kage havia se decidido por enviar ninjas para lutar, a fim de representar a vila em uma batalha até a morte.

Fuyuki era o chunin escolhido para representar a vila. Ele enfrentaria um shinobi inimigo, chamado Toshiro Nasagawa. A luta estava marcada para o entardecer daquele mesmo dia. E com essas últimas palavras, o jonin partiu, sem sequer dar tempo para o menino reagir.

O menino fechou a porta, respirou fundo e acenou com a cabeça uma vez. Se o haviam escolhido, faria seu melhor. Era uma luta até a morte, onde a derrota significava não apenas que não voltaria mais para casa e para sua família, mas uma derrota para toda sua vila. Compreendia, no entanto, que o outro shinobi, o qual ele enfrentaria, também tinha o mesmo pensamento resoluto e que apenas habilidades reais iriam decidir o vencedor.

Ao entardecer, Fuyuki encontrou com o Jonin que havia trazido sua convocação no portão da vila. Dali ambos seguiram juntos até um ponto neutro, não muito distante da vila, uma planície rochosa e vazia, onde a batalha seria travada. Representantes de ambas as vilas se reuniram como observadores e juízes da luta, silenciosos e atentos.

O inimigo era um rapaz de aparência comum, pouco mais velho que Fuyuki, o que demonstrava que também era um dos jovens talentos da vila adversária. Uma aposta, assim com o próprio Hatake.

A luta foi iniciada, mas por vários momentos ambos apenas se encararam. Toshiro parecia hesitante, como se não soubesse o que esperar. A verdade é que Ren também não sabia, mas diferente de seu oponente, ele não hesitou. Moveu sua mão para cima, em um movimento lento e deliberado, como se assumisse uma postura de combate, ou preparasse algum ataque, então, quando estava com a mão na frente do rosto, estalou os dedos.

Toshiro começou a gritar.

Ren imediatamente executou um shunshin e cortou a distância entre eles em um instante. Atacou com sua espada em um movimento rápido e sem misericórdia, cortando a cabeça do inimigo antes que ele pudesse quebrar o genjutsu no qual havia caído.

Por vários instantes tudo ficou em silêncio. Mas quando o corpo de Toshiro caiu contra o solo, um homem gritou em desespero pelo nome do garoto morto, e com uma expressão de fúria, os olhos cheios de lágrimas, avançou para atacar Fuyuki com uma velocidade absurda.

O jonin de Uzushio salvou a vida de Ren, então ambos os grupos se encararam a uma distância. Houve um breve diálogo, enquanto o homem que atacou Fuyuki era detido por seus aliados da vila inimiga. Ao que parecia, Toshiro era o aprendiz pessoal dele, uma pena. Após voltar para a vila, Ren foi dispensado pelo jonin.

Resgate I: O ANBU Ferido
Rank: B
Descrição: Você deve estar se perguntando: Resgatar um ANBU? Eles são treinados para destruírem seus corpos caso sejam capturados ou não vençam uma batalha. Porém este ninja foi recentemente selecionado para a ANBU e a missão requisitou urgência de reforços, então ele não recebeu este treinamento. Sua missão é montar um plano de resgate para trazer o ANBU de volta a vila, não podemos o deixar ser morto e seu corpo ser usado para pesquisas de outras vilas.

O garoto saiu pelo portão da vila em alta velocidade. Ele sequer parou para falar com o guarda, como sempre fazia, mas o homem não o bloqueou, pois deve ter notado a expressão séria no rosto do menino. Sua missão era simples: um aliado estava ferido e precisava ser resgatado de um campo neutro, antes que os inimigos o encontrassem. Fuyuki criou um pássaro de tinta rapidamente e ganhou os céus, cortando a distância até a localização do ninja aliado em poucos minutos. Tinha de ser rápido, havia sido chamado às pressas e agiu de imediato.

Contudo, o problema maior é que Ren não sabia exatamente onde ele estava, tinha apenas o conhecimento da região aproximada, além de não ser o único procurando. Aquela era um corrida contra o relógio, mas felizmente Fuyuki tinha as ferramentas certas para o trabalho. Assim que chegou ao local, o menino desenhou com traços rápidos várias dezenas de pequenos camundongos, que se espalharam rapidamente pelo terreno, procurando o ninja aliado.

O menino fez peixes de tinta na água, a fim de procurarem quaisquer pistas próximos das margens, e até mesmo algumas serpentes. Então aguardou. Estava impaciente e preocupado, mas sabia que o melhor era aguardar.

E sua espera foi recompensada. Conseguiu encontrar o ninja que estava procurando, mas infelizmente não foi o único. Dirigiu-se imediatamente até o local, onde viu o shinobi de sua vila, ainda gravemente ferido, encurralado por um ninja da vila inimiga. Ren agiu de imediato.

Usou uma de suas criaturas de tinta para criar uma abertura, um breve momento de distração, e conseguiu incapacitar o shinobi inimigo. Em instantes, outros ninjas surgiram, mas com o apoio de sua invocação das conchas, o menino foi capaz de criar certa vantagem, usando o apoio do ancião Yama para jogar todos em uma névoa ilusória poderosa. Fugiu sem olhar para trás, carregando com a ajuda de seu pássaro de tinta o ninja aliado.

Sabia que o genjutsu de Yama, mesmo poderoso, não os seguraria por muito tempo, por isso decidiu agir rápido e evitar o combate direto, fugindo para a segurança dos céus. Felizmente, ao que parecia, havia tomado a decisão certa, pois em instantes ataques começaram a brotar da névoa em direção aos céus.

Com cuidado o menino manobrou seu pássaro para evitar os ataques. Na viagem de volta, tratou dos ferimentos do membro da Anbu o melhor que conseguiu. Durante os breves minutos de voo, a expectativa os manteve alerta. Ambos não sabiam dizer se os ninjas da vila inimiga também eram capazes de voar, ou se não, e mesmo do solo, shinobis com jutsus de longo alcance poderiam causar problemas.

No entanto, felizmente, chegaram a vila sem problemas.

Fuyuki escoltou o ninja até o hospital de vila, para que ele recebesse os tratamentos necessários, e seguiu até o gabinete do Mizukage para dar seu relatório. Aquele já era seu segundo ano como Chunin, então já entendia bem sobre os procedimentos padrões.

Após receber a recompensa pela missão, retornou para casa.








Status:
HP: 525/525
CH: 675/675
Tinta: 465/465ml

Stamina: 00/05

Resumo das Ações: --.

OFF: 5 missões Rank B.

Palavras: 2500.

Informações:

“Por que essas merdas só acontecem comigo? Ai ai... Vovô, a partir de hoje, chega de aceitar seus convites de ‘rolêzinho’ na madrugada. Só me dou mal.”

O jovem Hatake se viu encurralado. A situação era ruim. O suposto antigo colega de academia revelou-se um traidor da pior espécie, e agora o garoto teria que lutar se quisesse sair daquela situação. Mas o problema era justamente esse. O garoto não sabia lutar. Seu taijutsu era a pior de suas habilidades ninjas. E por mais que soubesse como dar um soco ou um chute sem se envergonhar por completo no processo, não passava disso.

Contudo, não era tão frágil quanto sua aparência infantil e delicada dava a entender, e se conseguisse encaixar um soco bem dado no lugar certo, sabia que podia causar algum estrago. Ainda assim, agora tinha apenas duas formas de deixar aquela jaula octogonal, e era lutando. Por todos os lados, a multidão urrava seu entusiasmo, totalmente alucinados com a participação inédita de alguém de aparência tão jovem naquele clube de lutas clandestinas. Seu adversário, por outro lado, um gigante com quase dois metros de altura e uma verdadeira pilha de músculos, parecia não se importar em tentar esconder sua insatisfação.

Ainda assim, situações inusitadas como essa não eram incomuns de acontecer, então ninguém realmente tentou impedir que a coisa acontecesse. A final, onde há dinheiro envolvido, é sempre mais fácil ignorar o que é certo ou justo.

— Senhoras e Senhores! – Iniciou o apresentador da noite. — Essa noite, na esquerda, temos o implacável urso negro, diretamente dos desertos de Kumo! Um viajante renomado por sua crueldade em batalha! Osuagi Jaken! – Anunciou com entusiasmo para o deleite geral da plateia. Menos de Fuyuki. “Porra.” Exclamou o garoto, sem conseguir conter-se com sua falta de sorte. “Por que não é nunca um cara normal. Apenas um trabalhador comum querendo alguma diversão excêntrica. Essa porcaria de sorte...” Reclamou consigo mesmo.

— Na esquerda, o jovem Canino Branco do clã Hatake! O prodígio da vila do redemoinho! Hatake Fuyuki! – Mais alguns gritos da plateia, mas pelas risadas, deu para notar que eles não esperavam muito do garoto. Ainda assim, Ren não poderia mesmo culpá-los, se fosse para ele apostar em alguém, certamente também apostaria no outro cara.

O gongo soou e a luta teve inicio.

Ren planejava manter sua distância e analisar as habilidades de seu adversário aos poucos, mas o gigante Jaken se movia com uma velocidade e leveza totalmente antinaturais para suas proporções avantajadas. De forma que antes que Fuyuki pudesse reagir, o adversário estava bem diante de seu nariz. “O qu-!!” Levantou a guarda no corpo para receber um soco forte o bastante para tirá-lo do chão e fazê-lo voar facilmente toda a distância que faltava até a grade atrás de si em um instante. O choque com a grade de metal arrancou o restante do ar de seus pulmões, mas não causou muito dano real. Porém, no momento em que seus pés tocaram o solo, lá estava seu inimigo.

Jaken não deu espaço para Ren se afastar. Fosse com jabs, diretos, ganchos laterais ou uppers mirando seu queixo, tudo o que Fuyuki conseguia fazer era bloquear ou desviar por muito pouco, não sobrava sequer um instante para que ele pudesse sequer pensar em revidar, e sua falta de habilidade em taijutsu também não melhorava suas chances.

“Não vou virar seu saco de pancadas particular, porra! Raiton: Ōbādoraibu!” O chakra raiton despertou em seu interior e as sinapses aceleraram significativamente. Os movimentos de Jaken, antes muito rápidos para acompanhar com os olhos, agora eram apenas velozes, mas em um nível que Fuyuki conseguia reagir com maior facilidade. Era como se suas agilidades tivessem sido subitamente igualadas. E, com velocidade igual à de seu adversário, o garoto sabia exatamente como usar suas habilidades para mudar o cenário e obter a vantagem.

Fuyuki abriu as mãos, com os dedos juntos e retos, então deixou o chakra raiton fluir por seus antebraços e dedos, o que tornou seus braços em lâminas mortais. No instante em que executou mais um bloqueio, sangue manchou o chão de pedra da arena e um urro de dor foi ouvido. Jaken segurava seu punho esquerdo, e a mão direita de Fuyuki pingava de sangue vermelho, mas o sangue não era do menino.

— Ei, isso não é justo! É contra as regras! – Gritou o grandalhão, olhando para o juiz.

— Igual é justo colocar um brutamontes contra uma criança? Vê se cresce! – O Hatake gritou em resposta, antes que o juiz pudesse intervir, fazendo com que a plateia gritasse em aprovação. Sem poder sobre luta, agora que o público estava ainda mais interessado na luta, o juiz apenas encolheu os ombros para Jaken, como quem está de mãos atadas. Ao que parecia, o show tinha de continuar.

Gostaria de dizer que o restante da luta foi mais fácil, mas não foi. Por mais que agora Ren tivesse uma pequena vantagem, por ser capaz de cortar e dilacerar a carne de seu adversário com as mãos nuas, o gigante Jaken estava ciente desse fato, e sua concentração elevou-se ainda mais, então se antes ele tentava fazer um trabalho rápido de Ren, e não levava o menino a sério. Agora o garoto era visto por um ângulo diferente, como um animal selvagem que deve ser eliminado com rapidez e força.

A luta se estendeu por vários minutos, mas após várias trocas de socos, defendidos e esquivados, o urso negro caiu com um joelho no solo e admitiu a derrota. Estava pálido e soava frio, bastante ofegante. A perda de sangue em quantidades cada vez maiores, a cada novo corte que ele recebia, não o deixaria continuar. Felizmente para Fuyuki, que desativou o jutsu que usava para igualar suas velocidades no limite de sua resistência física. Se a batalha tivesse se estendido por mais alguns poucos minutos, seria ele derrotado.

Ainda assim, mesmo com a vitória, estava esgotado e cheio de hematomas.

Seu avô veio rindo, com um sorriso largo, para abraça-lo e levar o garoto para casa. Muito provavelmente toda aquela alegria do velhote não provinha de saber que o neto havia ficado mais forte, como alegava, mas sim por ter feito uma aposta muito específica e surpreendentemente sortuda em um menino contra um adulto musculoso. Porém, hoje Ren estava cansado demais para discutir com seu avô, de forma que se deixou levar para a saída, enquanto era ovacionado pela torcida do público.

“Bem, isso até que é legal. Eu poderia me acostumar com esse tipo de tratamento...” Admitiu em seu coração. Lutar e levar uma surra eram uma porcaria, mas receber a torcida da plateia, os elogios e a admiração... Bem, isso já era outra história.








Status:
HP: 525/525
CH: 675/675
Tinta: 465/465ml

Stamina: 00/05

Resumo das Ações:

OFF: +100 HP.

Palavras: 1115.

Informações:

Vício é como chamamos um hábito ruim. É o nome que damos para atividades que não conseguimos simplesmente parar de praticar, ao menos não sem grandes esforços ou sacrifícios pessoais, e apesar de serem muitas vezes prejudiciais e autodestrutivas, também nos concedem o prazer proibido que tanto nos cativa e aprisiona. Somos escravos felizes de nossos vícios. Vamos de bom grado para seu abraço mortal, e mesmo que tentemos resistir, sabemos, no fundo de nossos corações, que é uma batalha quase impossível de vencer.

E tudo começa com aquele primeiro contato inocente. A curiosidade. A culpa. Gostamos e sabemos que isso é a mais pura verdade, mas ainda assim negamos. Pois é errado. Socialmente condenável. Então a segunda vez acontece por impulso, como um mecanismo de fuga ou por pura rebeldia contra o sistema e todas as suas regras. Sentimo-nos ainda mais culpados e, arrependidos, juramos jamais tornar a fazê-lo. Até a próxima vez. Aqui então acontece um divisor de águas. Uma pequena parcela dos viciados admite sua fraqueza e procura ajuda. Conseguindo então se libertar de maneira muito mais satisfatória e duradoura.

A grande e esmagadora maioria, porém, escolhe o caminho mais fácil e prazeroso – independente das consequências. E se atira de cabeça no vício. Essa, por mais que possa ser facilmente julgada como uma atitude deveras reprovável é, ainda assim, um meio distorcido de alcançar uma liberdade jamais antes experimentada. Aqueles que escolhem se entregar ao vício, muitas vezes sob a crença equivocada de não possuir outra escolha, se tornam não mais escravos de seus vícios, mas sim servos fervorosos e devotos. O vício então deixa de ser prática esporádica, e passa a possuir tanta importância na vida do indivíduo quanto o ar que ele respira.

Fuyuki conseguia compreender tudo isso. Aos seus olhos, esses fatos eram tão claros quanto à luz do dia. E, mesmo assim, estava completa e absolutamente aprisionado em seu vício: Lutas clandestinas. Desde a sua primeira luta, ele jamais conseguiu parar de voltar. O garoto do clã Hatake até mesmo havia recebido um apelido: Storm Hound. Cão da Tempestade. Lobo dos Raios. Devido à natureza elétrica de seus ataques, o cabelo arrepiado e a velocidade com que era capaz de se mover, eles o haviam apelidado assim. E Ren amava isso.

Ele gostava de ver o sangue jorrar. O sangue de seus inimigos, ou o seu sangue. Não importava. Com os anos a casa de lutas se tornou seu segundo lar. Durante a noite, ele lutava até não se aguentar de pé. Ou até que não houvesse mais desafiantes. Com o passar do tempo seu apelido se tornou mais famoso. No início, todos queriam um pedaço seu. Até que ficou claro que o filhote de lobo também sabia morder, e que sua mordida era profunda. Com a fama, veio o respeito de seus pares e do público que tanto o amava.

As lutas clandestinas em arenas octogonais eram uma febre no submundo de Uzushio. Fuyuki sabia que não deveria participar desses eventos obscuros, não apenas por ser um garoto de meros onze anos ou por sua família nobre poder expulsá-lo do clã a qualquer momento se descobrissem ou por fazer parte das forças regulares de Uzushio. Nada disso. Ele sabia que não deveria participar, pois se sentia bem de mais naquele lugar. Dilacerando a carne de seus inimigos com as mãos nuas, quebrando ossos e sofrendo ferimentos quase fatais. Todos os dias, quando deixava as imediações da arena subterrânea Ren jurava que não voltaria.

Apenas para voltar na semana seguinte com um largo sorriso no rosto.

Eram os aplausos. Os gritos de incentivo. Quando estava trancado na arena, só ele e seu inimigo, não era como se ficassem totalmente isolados do mundo ao seu redor. As vozes do público ainda os alcançavam com clareza. E Fuyuki adorava ouvir as pessoas gritarem seu apelido. As reações de espanto ou admiração. Tudo isso era como uma droga que Ren tinha que voltar para experimentar um pouco mais. Sempre um pouco mais.

O Raiton Obadoraibu logo se tornou a técnica assinatura de Ren. Quando ele decidia levar seus inimigos a sério, o chakra Raiton corria por seus músculos em um instante, os cabelos se espetavam e a velocidade dava uma guinada. Então o público já sabia que iria ver sangue. No início de sua carreira na casa de lutas o garoto era apenas socos e chutes, sem fintas ou ataques mais complexos. Agora, porém, seu taijutsu havia tido um óbvio desenvolvimento, de forma que além do seu jutsu assinatura, sua habilidade em combate também o tornava em um adversário temível.

Ainda assim, Fuyuki também sofreu diversas derrotas na arena. Em mais de dois anos de lutas, ele enfrentou alguns inimigos que eram claramente superiores em taijutsu. Enfrentou um inimigo com habilidades de luta não tão superiores as suas, mas com domínio do elemento Raiton que anulava totalmente o seu. Mas em todas as lutas em que foi derrotado, ele jamais se rendeu. Nenhuma. Lutou até o fim. Mesmo com ossos quebrados e o sangue jorrando de seus ferimentos, ameaçando ceifar sua vida. Ele permaneceu de pé e avançou com unhas e dentes.

A outra maior vantagem de Fuyuki, porém, era sua invocação. O pacto de sangue com as conchas ilusórias. Algo nada comum para um Hatake, que possuem a exclusividade dos Nikens. Mas com a ajuda de uma de suas invocações, o garoto podia se recuperar de qualquer ferimento, contanto que ainda estivesse vivo. O que sempre o permitia lutar um pouco mais livremente que a maioria de seus adversários. Além de eliminar um pouco dos efeitos negativos autodestrutivos de seu vício. Poderia lutar e se ferir o quanto quisesse, contanto que ainda estivesse respirando no final, sua carne poderia ser curada e emendada até não restar nem mesmo uma pequena cicatriz ou marca.

Em cada luta difícil ele ia até o limite para alcançar a vitória. Arriscava tudo, apostava tudo.

Por muitas vezes foi até os limites de suas reservas de chakra ou stamina. Até o ponto de ficar com tremores incontroláveis no vestiário do clube ou desmaiar imediatamente após a luta. Felizmente seu avô estava sempre por perto para assegurar que fosse tratado ou que o dinheiro das apostas fosse devidamente pago.

E mesmo sabendo de tudo isso, esse é um vício que ele está disposto a manter.








Status:
HP: 775/775
CH: 1350/1350
Tinta: 435/435ml

Stamina: 00/06

Resumo das Ações:

OFF: +100CH.

Palavras: 1054.

Informações:

A vila da névoa sangrenta. Não, não mais. Agora apenas vila do redemoinho. Ren caminhou por algum tempo. Horas. Era seu dia de folga, e ele saiu de casa bem cedo, sem rumo. Caminhou pelas ruas da vila, entre as multidões de moradores e comerciantes. Foi até a praia, pisou descalço na areia e entrou no mar. Então retornou para o centro da vila, ainda não estava tão tarde, mas o céu estava escuro e ameaçador. Iria chover. Ainda assim não foi para casa. Seguiu para o campo de treinamento e ficou ali, por horas, aguardando.

No início da noite, assim que o sol se pôs por completo no horizonte, os primeiros pingos de chuva começaram a cair sobre a vila. Ren tirou as sandálias e caminhou pelo campo gramado, sentindo a chuva.

De olhos fechados e pés descalços, o menino permaneceu ali, em pé, perfeitamente imóvel no centro do campo de treinamento durante vários minutos. Uma chuva torrencial caia sobre a vila, e o jovem Hatake se permitiu ser absorvido pela sensação das gotas atingindo sua pele. A água escorria por seu rosto, grudando o cabelo ondulado à sua pele. As roupas negras já estavam totalmente ensopadas, mas ele não se importava com isso. Dizem que crianças adoram brincar na chuva, mas Fuyuki havia deixado sua inocência e sua infância para trás já há muito tempo.

A grama sob a sola de seus pés começava a ficar ensopada. A terra chegando ao limite do que conseguia sorver em um período de tempo tão curto. Ren abriu os olhos, e viu um relâmpago cortar os céus no horizonte, aguardou durante uma batida de coração, antes de ouvir o rimbombar do trovão. Então seu corpo se moveu, quase sem pensar, as mãos se uniram em selos, todos executados com precisão e maestria a uma velocidade estonteante. O chakra fluiu por seu corpo e no instante seguinte o ambiente ao redor do menino se tornou carregado de energia Raiton. Se ele não estivesse tão terrivelmente ensopado, os pelos de seus braços se arrepiariam, e os cabelos se espetariam todos para cima. Mas não, devido ao efeito da chuva, nada disso aconteceu.

“Obadoraibu.” Um jutsu que agia diretamente no sistema nervoso, a fim de usar a eletricidade do elemento raiton para acelerar a velocidade das sinapses neurais. Desde quando a aprendeu, essa havia se tornado sua técnica assinatura. E isso se devia principalmente ao fato de ela lhe conceder esse aumento significativo em sua velocidade. Em seguida fez mais alguns selos e concentrou mais chakra Raiton em sua mão esquerda, seu braço dominante, criando uma grande massa de raios em sua mão. Os pequenos raios de eletricidade eram dotados de uma coloração lilás. Fuyuki começou a experimentar. Aquele era o Shiden. Outro jutsu Raiton que ele possuía grande orgulho no fato de ter dominado. Não por ser uma tarefa difícil fazê-lo, mas sim por seu poder.

Diferente do que possa pensar, porém, aquela não era a técnica do tipo Raiton mais poderosa que Ren era capaz de realizar. Mas certamente era a mais forte em quesito de versatilidade. O Shiden era uma técnica de curto e longo alcance, sendo possível dividi-la em ambas as mãos, estendê-la feito uma lança ou mesmo usá-la em um ataque omnidirecional, onde o menino envolvia todo o seu corpo com o chakra raiton e o liberava de uma vez. Um jutsu de poder destrutivo razoável e de forma adaptável, sem dúvidas uma das favoritas de Ren.

Após um momento, deixou o Shiden se dissipar, respirou fundo algumas vezes e fez mais selos. Concentrou seu chakra na mão esquerda e, dessa vez, uma massa de relâmpagos azuis claros brotou da mão do Hatake. Raikiri. A técnica mais poderosa que Fuyuki era capaz de executar no momento. Porém, apesar de seu poder absurdo, era um jutsu incompleto e, portanto, falho. O maior problema com essa técnica era a movimentação. Os ataques que Ren era capaz de fazer com um jutsu de contato eram limitados e previsíveis, muito fáceis de contra-atacar. Mas se ele ao menos possuísse uma forma de se mover mais rápido do que seus inimigos pudessem reagir...

Por um brevíssimo momento, Fuyuki lembrou-se dos livros. Das teorias sobre espaço-tempo. Ele pensou nas histórias que lera sobre técnicas de teletransporte. E por um único instante se permitiu sonhar. Pensou sobre as possibilidades de transporte instantâneo de algo, de alguém ou de si próprio, pelo tempo e pelo espaço, através da desmaterialização do corpo e materialização em outro ponto qualquer. Então piscou e os pensamentos se foram. Tão rapidamente quanto havia surgido, foram novamente espantados para longe.

A realidade clamava por atenção.

Ren respirou fundo e correu com o Raikiri em sua mão, bateu as palmas e o dividiu em ambas, com grande maestria em seu controle de chakra, a fim de não reduzir a potência um décimo sequer, ou desperdiçar qualquer gota de chakra que fosse. Em seguida parou, à cerca de dez metros de uma árvore de tronco grosso. Sacou uma kunai e concentrou a energia do Raikiri nela. Então a atirou. A arma cruzou a distância em um instante e atravessou o tronco como se ele sequer estivesse lá, ou fosse feito da mesma substância que o ar.

O menino soltou um suspiro e liberou o jutsu. Também fez cessar o Obadoraibu. Já estava bom de exercícios. Ele ainda lamentava que não pudesse manipular a energia do Raikiri tão livremente quanto fazia com o Shiden. O poder destrutivo combinado com a versatilidade absurda, ela seria literalmente o jutsu mais forte em seu arsenal. Mas de quê adiantava ficar ali desejando o impossível? Teria tanta sorte quanto se desejasse ter um pedaço da lua.

Sentindo a chuva enregelar seus ossos, o Hatake começou a caminhar na direção de sua casa, com passos lentos e sem pressa alguma. Pensativo, mesmo sem querer, contemplava as possibilidades de sonhos impossíveis. No fim, não importava se fosse impossível ou não. Tudo o que ele desejava era tornar-se mais forte. Ganhar mais poder. Pois apenas assim poderia realmente proteger as pessoas que eram preciosas para ele.








Status:
HP: 775/775
CH: 1450/1450
Tinta: 375/375ml

Stamina: 00/06

Resumo das Ações: --.

OFF: +100CH.

Palavras: 1013.

Informações:

Aquele era um daqueles dias perfeitos de verão, tão comuns em livros e tão raros na vida real. O sol brilhava, os pássaros cantavam, as flores desabrochavam. Fuyuki acordou e chutou os cobertores, sentou na beirada da cama e coçou os olhos com a mão esquerda. Levantou com um impulso e caminhou até o banheiro no corredor, enquanto coçava o abdome por baixo da camisa. Fez sua higiene pessoal e voltou para o quarto, chutando a porta para fechá-la atrás de si sem sequer olhar o que fazia. Trocou de roupas, tirando a camiseta folgada e colocando suas típicas roupas pretas. Então arrumou a cama e desceu para o andar inferior de sua casa.

Beijou sua mãe na face esquerda, bagunçou o cabelo de seu irmão, e apanhou um pãozinho antes de sair apressado pela porta, sem nem sequer calçar seus sapados ou pegar algum de seus equipamentos shinobi. Correu descalço pelas ruas de Uzushio, sentindo o calor do sol matutino a beijar sua pele pálida. Seguiu diretamente para o portão da vila, e no caminho terminou de comer o pão. Saiu da vila e seguiu para o leste, indo para uma montanha que costumava treinar nos últimos dias. Após chegar, tirou a camiseta e fez alguns exercícios de aquecimento, brevemente, pois já se sentia aquecido o bastante após a corrida. Em seguida aproximou-se da montanha.

O menino olhou para cima e contemplou a imensa parede de pedra, por um momento cogitou desistir, mas foi por um momento tão breve que poderia muito bem ter sido apenas imaginação. Sua mão esquerda e pé direito se moveram em sincronia, tocando a rocha fria e tateando em busca de um apoio. Com um impulso começou a escalar. Ele praticava ali sempre que conseguia uma folga, gostava de trabalhar suas habilidades físicas na mesma medida que afiava sua mente na biblioteca. A final, se realmente quisesse que suas reservas de chakra crescessem em um ritmo constante, teria que concentrar-se em seu treino cada vez mais.

As pontas de seus dedos, tanto das mãos quanto de seus pés, já estavam confortavelmente calejadas, e após meses escalando todas as montanhas ao redor de Uzushio, sua experiência apenas crescia. Por vezes, perdia um apoio, mas o recuperava em seguida, raras vezes perdia dois, ficando dependurado por uma mão, na ponta dos dedos, e nenhuma vez chegou a cair de uma encosta. Ainda assim, no início teve problemas para chegar até o topo. Muitas vezes se cortou e não conseguiu continuar, mesmo se forçando o máximo que conseguiu aguentar. Outras vezes seus músculos chegaram ao limite da exaustão, e seu corpo se recusou a obedecer.

Ainda assim, jamais desistiu. Sem reclamar ou se dar por vencido, no dia seguinte retornava e tentava mais uma vez, até finalmente conquistar cada monte que se propôs a escalar. Após meses de prática, Ren finalmente compreendeu que aquele exercício não se resumia apenas ao aprimoramento físico, mas também mental e espiritual. Pois sem paciência para escolher a melhor rota de escalada, a humildade para aceitar seus limites, ou a determinação necessária para tentar novamente, por quantas vezes fossem necessárias, é certo que Fuyuki jamais teria conseguido conquistar o topo de tantas montanhas diferentes.

E sempre que chegava ao topo, após uma longa e árdua escalada, ele tinha acesso a uma visão deslumbrante, de tirar o fôlego. Mesmo com os músculos queimando ou tremendo, com dores, escoriações e pequenos cortes, o menino podia apreciar aquele momento de conquista e saborear o momento verdadeiramente. E enquanto contemplava o horizonte por um breve momento, sentia-se verdadeiramente livre, e mais vivo do que nunca.

Mesmo sendo tão jovem, Fuyuki já havia adquirido uma enorme quantidade de poder. Ele tinha apenas onze anos, mas todos o que realmente o conheciam sequer pensavam sobre isso. E todos que o subestimavam muitas vezes sequer tinham a chance de se arrepender de seu erro. O menino se formou na academia, então em menos de três meses foi promovido para o rank de chunin. Dois anos mais tarde, foi mais uma vez elevado por merecimento, chegando ao rank de tokubetsu jonin. Quando foi promovido por mérito da primeira vez, Fuyuki duvidou em seu coração se aquela havia sido a decisão correta por parte de seus superiores. Hoje, porém, ele sabia que estava à altura do desafio.

Suas habilidades cresciam cada vez mais. Mas os desafios que ele era forçado a enfrentar também aumentavam em ritmo e proporção. Ele sabia que caso não trabalhasse duro, cedo ou tarde se veria em uma situação que seria impossível vencer, mesmo com o arsenal que atualmente possuía. Ele precisava de mais. Mas dessa vez o menino sabia que o que ele precisava havia mudado. Ren já possuía o poder que tanto havia almejado alcançar. Agora o que ele precisava era de mais experiência. Necessitava desesperadamente de novas perspectivas. Precisava amadurecer suas habilidades e crescer cada vez mais, para que pudesse usar suas habilidades ao máximo.

Descansou por cerca de duas horas. Dormiu um sono sem sonhos, até despertar de súbito. Então tornou a descer a parede de rocha, assim como havia subido. Apenas com os músculos bem trabalhados de seu corpo jovem, sem usar nem uma gota de chakra sequer. Em muitos aspectos a subida é sempre mais fácil do que a descida, a menos que se esteja caindo, é claro. Ainda assim, Ren era razoavelmente habilidoso em ambos os cenários, o que tornava a coisa toda menos complicada para ele. Não é por ser atlético, mas algo mais relacionado à sua habilidade para encontrar pontos de apoio com maior facilidade. Chame de talento. Chame de dom. A verdade é uma só.

Após termina a descida, pingando de suor e com cada músculo de seu corpo reclamando de dor, o menino apanhou sua camiseta e jogou sobre o ombro, então caminhou pela grama alta e então meio as árvores da floresta, até chegar a uma clareira onde havia um lago. Ali bebeu água e se lavou brevemente, a fim de tirar o suor e o sal de sua pele. Vestiu suas roupas e voltou para casa, satisfeito com seu desempenho e com mais uma montanha conquistada.








Status:
HP: 775/775
CH: 1550/1550
Tinta: 375/375ml

Stamina: 00/06

Resumo das Ações: --.

OFF: +100CH.

Palavras: 1022.

Informações:

A névoa densa tomava a noite de Uzushiogakure. Aquela era uma cena bastante comum, para os habitantes da vila do redemoinho, a névoa era tão natural quanto o ar que respiravam. Um elemento sempre presente. Fuyuki estava sentado no batente de sua janela, a névoa bloqueava sua visão, e abafava os sons, então no alto de sua janela, era como se ele tivesse sido transportado para o meio das nuvens. Ele usava uma camiseta simples e calças folgadas, estava apenas de meias, sem armas ou utensílios de combate. Trazia consigo, porém, o instrumento musical que havia herdado de seu falecido pai. Um alaúde de sete cordas, um instrumento bastante antigo, feito de madeira, mas muito bem conservado durante a passagem dos anos.

De olhos fechados, e o corpo levemente curvado sobre o instrumento, Ren tocava uma corda e a afinava com cuidado, e então a seguinte, e então a próxima depois dessa. Após terminar tocou um acorde experimental. Abriu um sorriso de menino, ao escutar o som limpo feito água cristalina de fonte natural. Respirou fundo, pensando por um momento e em seguida seus dedos começaram a dançar nas cordas. Tocou uma música lenta e bela, enquanto cantava, falando sobre a saudade de um amor há muito perdido. Em seguida tocou outra, dessa vez mais popular e animada, ótima para dançar com um namorico de verão. Continuou a tocar uma após a outra, sem parar. Algumas ele cantava, mas não todas. Seus dedos bailaram e correram pelas cordas do instrumento, sem jamais falhar.

Seu falecido pai havia lhe ensinado bem. Mas existem coisas que vão além de quaisquer ensinamentos. Com o tempo, e seu amor sincero pela música, Ren parou de repetir as músicas que conhecia feito um papagaio, e começou a compor suas próprias letras e melodias. Ele escrevia sobre tudo. As missões que havia enfrentado em sua carreira, suas provas de graduação. Escreveu músicas sobre treinos especialmente bons. Falava sobre suas amizades duramente conquistadas e forjadas a cada nova interação. Mas com o tempo e a experiência, o menino parou de olhar somente para fora, e voltou sua atenção para dentro também.

Daí em diante escreveu músicas sobre suas memórias mais doces, como as tardes que jogava xadrez com seu pai. As manhãs na cozinha ajudando sua mãe. E até às vezes em que brincava com seu irmãozinho o dia todo. Compôs músicas belas e ferozes, sobre suas lutas constantes contra seu avô. As empreitadas para estudar fórmulas de fuinjutsus cada vez mais complicados com sua avó. Escreveu sobre seu sensei, o Corvo de Uzushio. E todas essas músicas ele tocou, uma após a outra, com dedos calejados, olhos marejados e um sorriso sincero no rosto.

Horas mais tarde, parou de tocar e guardou seu alaúde. Desceu da janela e o guardou no estojo, antes de sentar-se à escrivaninha e acender uma vela. Massageou os ombros até aliviar a rigidez, então colocou seus óculos e abriu seu velho diário de bordo. Ali ele fazia anotações importantes, desenhava, escrevia composições, teorias. Hoje, porém, ele não tinha nenhum objetivo em particular. Folheou o caderno desde a primeira página, olhando tudo o que já havia escrito em todos esses anos. A primeira anotação era uma frase antiga: “O desejo de saber enriquece o homem.” Ren sorriu. Em seguida vinham desenhos sobre o sistema circulatório de chakra, os tenketsus e anotações básicas sobre como o chakra era formado, da sua época na academia ninja.

Continuou a folhear, até chegar a primeira anotação de sua época como Genin. Ali o seu eu mais jovem falava sobre a técnica dos clones das sombras, e como eles podiam ser versáteis e cruciais em um combate. Em seguida vieram as palavras de quando era apenas um Chunin, dois anos atrás. Quando finalmente dominou o Raikiri, ainda uma de suas técnicas mais poderosas e mortais. E hoje, como Tokujo, parou na página com o selo do Caos. O seu maior segredo, e também o maior trunfo que possuía. O selo do Hiraishin. A técnica do deus voador do trovão. Um jutsu de espaço-tempo, que o permitia transportar-se instantaneamente para qualquer lugar previamente marcado por um de seus selos. Algo que havia aprendido graças a ajuda do Corvo-sensei há não muito tempo atrás.

Fuyuki fechou o livro e abriu um largo pergaminho. Ali havia um mapa comum do país da água, onde já havia algumas marcações onde planejava deixar alguns de seus selos no futuro para transporte rápido, em caso de necessidade. Fez uma análise profunda de cada ponto, mesmo já o tendo feito diversas vezes, enquanto buscava posições estratégicas melhores para outras marcações e as adicionava ao mapa. Teria que viajar em breve, e garantir que suas marcações ficassem bem ocultas de olhos curiosos. A música e a estratégia eram duas de suas maiores paixões. Mas havia mais uma que Ren apreciava tanto, ou até mais, e era treinar. Pode até parecer loucura, mas o menino realmente apreciava muito a sensação de tornar-se mais forte, mesmo que apenas um pouquinho.

Pensando em retrospecto, Fuyuki podia enxergar com clareza que jamais teria chegado tão longe se não fosse por esse seu amor pelo autodesenvolvimento. Ele não desejava o poder apenas pelo poder, é claro, mas sim com o objetivo de proteger sua família. Mas se não fosse tão viciado pelo crescimento constante de suas habilidades, é certo que ainda seria apenas um genin comum, assim como a maioria das crianças comuns. Nunca teria se graduado tão rápido. Não teria sequer aprendido sobre a teoria que o levou a conquistar o Hiraishin. Sequer teria tido a oportunidade de lutar nos ringues clandestinos do submundo de Uzushio, onde havia conquistado seu espaço.

Se não tivesse se arriscado. Colocado sua vida em perigo tantas vezes. Não teria conquistado nada. Ainda seria o mesmo menino fraco recém-formado da academia. É verdade que suas mãos não estavam mais limpas. Na verdade já havia perdido a conta das vezes que ficou completamente banhado de sangue. Seu sangue, sangue de outros. Mas não se arrependia de coisa alguma.

Na verdade, ainda queria conquistar muito mais.








Status:
HP: 775/775
CH: 1550/1550
Tinta: 375/375ml

Stamina: 00/06

Resumo das Ações: --.

OFF: +100CH.

Palavras: 1010.

Informações:

Ele respirou fundo uma última vez. Encheu os pulmões com o ar frio do amanhecer, deixou sua mente em branco, por um breve momento, então soltou o ar em uma longa baforada quente e continua. Em seguida, abriu a porta, que deslizou sem produzir ruído para a esquerda, e adentrou na sala. Olhou para as crianças, que o encaravam de volta com olhos grandes e assustados. Um instante mais tarde, o silêncio se dispersou, as crianças o descartaram apenas como outra criança, o que ele era, e voltaram a conversar, como se Ren sequer existisse. O menino sorriu discretamente, mas logo conteve o riso e caminhou até a mesa do professor, sobre a qual se sentou.

— Silêncio, por favor. Quietos! – Elevou a voz, cortando o burburinho de conversa. As crianças mais uma vez pararam de falar entre si, e voltaram sua atenção para o menino de cabelos brancos e olhos avermelhados. Ren vestia suas habituais roupas pretas, as mesmas que gostava de usar durante missões e treinos. — Sou o professor substituto. Seu professor habitual, Kamiya, não está bem, então me mandaram, só por hoje. – O menino ouviu algumas reclamações em voz baixa, mas nada além. Aquela era uma turma jovem, haviam lhe informado, recém-ingressados na academia, então não deveria ter problemas. Não para um Tokubetsu Jonin.

— Irei demonstrar alguns jutsus e falar sobre eles. São jutsus básicos, que todos aqui precisarão saber se quiserem se formar da academia um dia. – Afirmou, com as exatas mesmas palavras que seu professor usou durante a primeira aula que teve, anos atrás. E pensar que já havia se graduado Tokujo. O tempo voa. As crianças chegaram mais para frente na cadeira, com os olhos brilhando em antecipação. Como prometido, o jovem sensei temporário executou cada um dos jutsus básicos. O bunshin. No qual falou sobre o jutsu de clonagem, que criava apenas uma ilusão sem massa, que era ótimo para distrair adversários, mas que exigia certo controle de chakra para ser dominado.

Continuou com as demais técnicas, uma a uma. Com a ajuda de um Kage Bunshin, o garoto executou o Nawanuke no jutsu, fez também o Henge no jutsu, fez o Ki Nobori no Shugyo, e falou em seguida sobre o Suimen Hoko no Gyo, que era usado também para andar sobre a água. Por fim, fez uma pequena pantomima de luta contra seu bunshin, onde o clone lhe acertava com uma kunai à distância, apenas para que o garoto explodisse em fumaça, sendo substituído por uma cadeira, e reaparecendo no fundo da sala. Em seguida desativou o Kage Bunshin e retornou para a mesa, sob as palmas de sua animada plateia, usando outra técnica básica da academia, o Shunshin no jutsu.

— Como estão se comportando bem, lhes darei algumas dicas sobre controle de chakra, e falarei sobre as manipulações elementais, apenas o básico, para terem um vislumbre do futuro. – E, dito isto, falou sobre os canais de chakra, usando como exemplo as veias e artérias da corrente sanguínea. Falou sobre o ponto central do fluxo de chakra, no abdômen, que era como um grande coração, que fazia fluir chakra para o corpo todo. Mais uma vez demonstrou os jutsus básicos, mas dessa vez falou sobre o controle de chakra que tinha que exercer para executar cada técnica com perfeição, e como projetava a imagem dos jutsus, junto aos selos de chakra, com a finalidade de executar os jutsus.

Fez desenhos no quadro, enquanto falava sobre os elementos básicos. Doton. Suiton. Katon. Raiton e Futon. Então fez uma pequena demonstração dos jutsus que possuía conhecimento. Primeiro Doton, em seguida Suiton, e por fim, mas não menos importante, executou uma manipulação com o elemento Raiton, que era aquele com o qual possuía maior afinidade entre todos os seus elementos, e havia sido o primeiro que conseguiu dominar, ainda na época da academia, confessou para as crianças. Falou sobre as fraquezas e forças de cada elemento com relação aos outros, formando um equilíbrio natural entre eles.

— Então, alguém tem alguma pergunta? – Uma dezena de mãozinhas gorduchas se ergueu. Ren sorriu. Respondeu todas as dúvidas, uma por uma. Algumas eram simples, como, por exemplo, o método para saber qual elemento se tem maior afinidade. Um papel de chakra. Ele poderia ser comprado, e bastava concentrar um tantinho de chakra para que ele reagisse ao seu tipo de chakra, e assim permitisse saber o elemento com maior afinidade. Outras perguntas, no entanto, eram bem mais complexas, a final, como responder de onde vem o chakra, para crianças? Usou o mesmo exemplo que seu sensei usou, na época da academia. Desenhou um círculo, e dividiu no meio com uma linha sinuosa, assim como no yin e yang.

— Existe a energia mental e a energia física. A energia mental provém de nossas experiências, dos estudos e de tudo que envolva nosso lado mais espiritual. E a energia física, como todos devem ter imaginado, vem de treinar e fortalecer nossos corpos, seja através de missões ou lutas. – Fez uma pequena pausa, olhando para todos da sala, para ver se alguém não estava conseguindo acompanhar. Largou o giz e foi até a frente da mesa, onde todos podiam vê-lo. Então começou a liberar chakra de cada poro de seu corpo. Seu chakra era branco, uma característica única dos membros do clã Hatake, e apenas era possível ver devido a alta concentração que Ren estava liberando naquele momento.

— Em nossos corpos, ocorre a união dessas duas energias, a mental e a física. E da mistura nasce o chakra puro. Com a manipulação certa, e a afinidade para isso, somos capazes de reproduzir efeitos semelhantes aos elementos da natureza, como o relâmpago, o fogo, a água, o vento e a terra. Com o chakra, podemos escalar estruturas verticais, andar sobre a água e criar uma infinidade de efeitos. – Então parou, tão subitamente quanto havia começado, cessou de liberar o chakra e voltou a ser apenas um menino.

— Por hoje é só. Amanhã seu Sensei habitual estará de volta. Espero que estudem bastante, e um dia, em breve, pos-samos fazer uma missão juntos. Acredito que vocês se tornarão ótimos ninjas, se treinarem e estudarem bastante! – O jovem Hatake nunca foi do tipo de dar esses discursos água com açúcar, mas teve que confessar, em seu coração, que as crianças conseguiram amolecer um pouco sua casca. Gostava de ter suas habilidades apreciadas, e ver as carinhas de espanto e deleite dos pequenos atingiu um ponto sensível em seu interior.

Satisfeito, e surpreendentemente exausto, dispensou a turma, fechou a sala e retornou para casa.








Status:
HP: 775/775
CH: 1750/1750
Tinta: 375/375ml

Stamina: 00/06

Resumo das Ações: --.

OFF: +100 em CH.

Palavras: 1088.

Informações:

O avô e o menino viajaram juntos por dias, até chegarem ao país do fogo. Cruzaram a fronteira do país aliado sem nem ao menos pensar duas vezes, e seguiram até o coração de uma densa floresta. Caminharam até encontrar uma clareira grande, que se encaixava o melhor possível as suas necessidades, então descansaram. Ali beberam água, comeram de suas provisões e até dormiram a fim de recuperar totalmente suas energias. A viagem de volta seria mais simples, já que o menino agora podia usar técnicas de espaço-tempo, mas infelizmente não dava para ir para um lugar desconhecido. E aquela floresta, definitivamente, valia o pequeno preço da viagem.

As árvores eram enormes, tão altas como prédios. Os seus troncos eram sólidos feito metal, enquanto algumas raízes eram tão grossas quanto à cintura de Fuyuki. O céu azul ensolarado, e o cheiro de terra revolvida, era um cenário tão belo que faria um homem forte chorar. Mas não estavam ali apenas para apreciar a paisagem. O objetivo de Ren era ser capaz de empunhar suas armas principais com maior habilidade e desenvoltura. Agora, com o Hiraishin, o menino havia adotado um estilo de luta em que usava as kunais com maior frequência, mas esse não era realmente seu forte. Então foi até o melhor usuário de armas que conhecia para pedir ajuda: Seu avô.

Na manhã seguinte, acordaram cedo. Encontraram uma fonte de água e encheram seus cantis. Caçaram coelhos para o desjejum, e em seguida começaram. Midorikawa podia até ser um guerreiro sanguinário, e um brutamonte por natureza, mas também era um professor dedicado. Ao menos quando o aluno era seu querido netinho. E Ren, por sua vez, sempre foi um aluno perfeccionista, o que fazia deles a dupla perfeita. O avô havia preparado diversos alvos de madeira, e logo tratou de dispor cada um deles em um ponto mais difícil que o anterior.

O primeiro era um alvo atrás de uma árvore delgada. A missão de Fuyuki era atingir o centro do alvo, mas com a árvore no meio do caminho, seria necessário curvar a trajetória da arma, o que era muito mais difícil do que Ren jamais poderia ter previsto. Horas mais tarde, porém, finalmente conseguiu dominar o truque com o pulso que tornava tal façanha tão complicada, em algo possível. Depois de todo esse treino com armas, o avô e o menino caçavam o almoço, e depois de um breve repouso, iriam treinar taijutsu, lutando até o primeiro golpe de um deles conectar, então recomeçavam, por cerca de três horas.

Depois disso iam nadar no lago e pescar pelo restante da tarde. À noite eles faziam uma pequena fogueira escavada e o avô contava histórias sobre o passado. Sobre a avó, os pais do menino, os tios que jamais conheceu. Então eles dormiam ali, sob o céu estrelado, sentindo a brisa fresca do país do fogo acariciar a pele de seus corpos. E, no dia seguinte, tudo se repetia, mas um tantinho mais difícil e complicado que na véspera.

O segundo desafio com armas de arremesso foi alterar a trajetória por completo. Tratava-se de um alvo atrás de outro obstáculo, mas dessa vez a arma tinha que fazer uma curva de noventa graus. Fuyuki encarou o avô com olhos céticos a princípio, mas logo o velho demonstrou que sim, era possível. Ele lançou duas shurikens simultaneamente, com apenas a mão direita, e no ponto em que seria necessário fazer uma curva para a direita, as duas se chocaram, e o impacto foi o suficiente para lançar a shuriken da direita no centro do alvo. Uma precisão cirúrgica. Ao fim da demonstração, Ren não pode evitar ficar completamente boquiaberto.

Para realizar essa façanha, o jovem Hatake treinou por duas manhãs inteiras. Mas na segunda manhã, ele finalmente foi capaz de imitar o efeito que seu avô havia demonstrado, e foi capaz de atingir o alvo com perfeição. Mesmo com o treino de armas de arremesso, o menino continuava a caçar animais da floresta para as refeições, treinar taijutsu básico com seu avô todas as tardes, e se refrescar no lago antes do anoitecer. Na manhã do quarto dia, os habitantes de Uzushio já haviam adquirido um bronzeado saudável, bem diferente do tom de pele pálido doentio que possuíam quando chegaram àquela floresta tão bela.

Na manhã do quarto dia, o desafio foi a distância. O avô calculou o quão longe Ren podia lançar um projétil, e desafiou o jovem de cabelos brancos a ir mais longe. Não dependendo apenas da força física, como havia feito até aquele momento, mas depositando parte de sua confiança na técnica. Então mostrou formas de arremessar as armas que faziam ela terem maior poder de perfuração, ao fazê-las girar durante o voo em alta velocidade, ou a maneira de girar o pulso que dava ao arremesso uma curvatura dupla durante a trajetória.

Mas, mais que tudo isso, mostrou como usar a força que possuía da maneira mais eficiente, a fim de extrair o máximo de cada arremesso. A final, se normalmente conseguia lançar uma shuriken ou kunai por vinte metros, sem qualquer técnica para melhorar seu desempenho, com os ensinamentos sábios de seu avô, o menino foi capaz de aumentar em incríveis cinco metros o alcance de suas armas. E melhor: eles eram ainda mais velozes que antes.

Depois de todo esse treino e de desempenhar suas tarefas, o menino terminava o dia completamente exausto. Durante a noite ele dormia um sono profundo, sem sonhos. Os dias passaram com uma velocidade estonteante. E assim, há primeira semana veio e se foi, e a segunda já se aproximava do inevitável fim, marcando assim o tempo de voltar para a vila oculta do redemoinho. O jovem Hatake havia se tornado em uma espécie de perito no uso de armas de arremesso, como shurikens, kunais e senbons. Ele podia manipular essas armas como se cada uma delas fizesse parte de suas mãos. Se antes era difícil fazer algum truque com as armas, agora sua mente havia se expandido ao ponto de ele conseguir criar seus próprios truques com elas.

Além disso, todos esses dias vivendo ao ar livre, caçando e dormindo na floresta, lutando contra seu avô, um adversário mais forte, haviam forjado o menino em um jovem rapaz muito mais duro e forte. Seu corpo, antes sólido, agora havia perdido a pequena camada de gordura que outrora possuíra. Seus músculos se retesavam feito cordas de cânhamo trançadas sob a pele clara, toda vez que ele se movia. Era como o corpo de um leopardo, flexível e poderoso. O foco maior dessa viagem foi desenvolver sua habilidade com os projéteis, mas certamente esse não havia sido o único ganho dessa pequena aventura.

Fuyuki podia sentir seu corpo mais forte, mais resistente. E agora, que a hora de partir estava tão próxima, Ren já sabia que sentiria falta daquele lugar. No entanto, não poderia ser assim tão simples. Certo? Então, uma última vez, o avô e o menino lutaram. Só que dessa vez não seria taijutsu, mas sim uma batalha de projéteis. A área do combate foi delimitada e ambos começaram o ataque. Tinham cada um deles, apenas dez shurikens e cinco kunais. As árvores eram um tipo de obstáculo natural, então nenhum deles podia realmente reclamar. E então, travaram sua última batalha antes de voltar para a vila. Avô e neto arremessaram projéteis, um contra o outro, com a clara intenção de matar.

Qualquer observador desatento acreditaria que eles não se amavam. Que, na verdade, se odiavam muito. Ou como se daria a explicação para tamanha loucura e insensatez? Contudo, alguém com olhos mais astutos e ligados aos detalhes, e dotado de um tipo raro de olhos, daqueles que veem o que lhes é mostrado com clareza, veria que, na verdade, o velho shinobi e seu jovem neto estavam se divertindo muito. Mesmo quando Fuyuki conseguiu enganar o avô e acertá-lo com uma shuriken na perna esquerda, e, ao mesmo tempo, foi acertado por uma kunai de raspão no ombro direito. Mesmo em uma situação tão perigosa, eles sorriam como malucos.

Após cuidar dos ferimentos da pequena brincadeira, os dois finalmente fizeram as malas, agradeceram a floresta por toda a sua hospitalidade, então retornaram para Uzushio. Como mencionei antes, Fuyuki agora era um especialista em jutsus que desafiavam as leias da física, então foi apenas questão de piscar uma vez, e estavam na vila do redemoinho novamente. É claro que o gasto de chakra não foi pequeno, mas a economia de tempo fez tudo valer a pena. Agora apenas precisava repousar, e na manhã seguinte estaria novinho em folha.

Mais habilidoso, e um tantinho mais sábio, Ren retornou para casa.








Status:
HP: 775/775
CH: 1750/1750
Tinta: 375/375ml

Stamina: 00/06

Resumo das Ações: --.

OFF: +100 em HP e Qualidade Perícia em Shurikenjutsu (1).

Palavras: 1444.

Informações:

Era uma noite fria e enevoada, como a maioria das noites na vila oculta do redemoinho. Até aí, nada de novo. O silêncio reinava no vilarejo àquela hora da madrugada, sendo pontuado, esporadicamente, por sons de animais, o barulho do vento cortante, ou o som de passos na escuridão. Fuyuki se encaixava no terceiro grupo. O menino fugiu do conforto de seu lar para o frio ar noturno, e agora seguia pelas ruas até um lugar que, durante os últimos meses, havia aprendido a apreciar. Seus pés logo o levaram até o beco sem saída, sujo e fedorento, onde o menino não hesitou em bater contra a porta de metal remendado com placas enferrujadas.

De súbito uma portinhola deslizante se abriu na parte superior da porta, de onde dois olhos mal encarados perscrutaram a escuridão úmida do beco, até pararem sobre o menino por um breve momento, antes de se arregalarem. A portinhola se fechou e em seguida Ren pode ouvir o som característico de diversas trancas, ferrolhos e cadeados sendo abertos. Um minuto mais tarde a porta de ferro deslizou fazendo ruído contra as dobradiças, e uma figura tão grande quanto um urso tomou o lugar da porta e avançou na direção do Hatake. O menino poderia ter esquivado, mas nem sequer tentou. O porteiro envolveu Fuyuki em um abraço apertado, rindo, antes de recolocar Ren no chão.

— Então, nosso pequeno astro finalmente decidiu voltar! Que bom, que bom. Planeja lutar essa noite? – Indagou Utto, o porteiro falador, enquanto abria caminho para Ren passar. Apenas parando para olhar a rua antes de fechar a porta em seguida.

O interior dava para um corredor escuro e longo de tijolos, que terminava em uma escadaria em caracol feita de pedra lisa e antiga. Tudo muito familiar aos sentidos de Fuyuki.

Ren inspirou o ar do corredor. Cheiro de sangue. — Senti saudades. Diga-me, Utto, teve problemas hoje? – O Tokujo já havia aprendido que não era comum ter cheiro de sangue tão forte logo na entrada. Podia atrair o tipo errado de aten-ção que aquele tipo de lugar, e seus frequentadores, geralmente se esforçavam para evitar.

O gigante abriu um sorriso amarelo de dentes tortos. Um sorriso malvado. — Não o tipo de problema que alguém com suas habilidades precise se preocupar. – O homem garantiu, e terminou com uma piscadela.

Fuyuki acenou em concordância, antes de se despedir e seguir pelo corredor, rumo à escadaria em caracol.

O corredor era largo o bastante para três homens fortes caminharem lado a lado. As tochas de óleo forneciam uma ilu-minação parca, mas suficiente para que olhos atentos pudessem se guiar. Ao fim da escadaria, no ponto mais profundo do subterrâneo, já era possível começar a ouvir ruídos de gritos entusiasmados da plateia. Uma porta de boa madeira de carvalho aguardava no final do trajeto, onde dois seguranças conversavam baixinho entre si, ambos sentados em ban-quinhos de ferro de cada lado da porta. Ao ver o menino, e reconhecer seu rosto, sorriram para ele e o saudaram, então abriram a porta e deixaram o garoto passar.

Os gritos da plateia o atingiram primeiro. Havia um brutamonte no ringue, lutando contra um urso! Ren soltou uma risa-da meio à contra gosto. A casa estava cheia, isso era bom. O clube era dividido em duas partes. Havia o salão inferior, ou o redemoinho de sangue, como era carinhosamente chamado. Que se tratava de um octógono de dez metros de diâmetro e dois metros de altura, cercado por arquibancadas de pedra. A segunda parte era o salão alto, ou o Requinte, onde eram dispostas as mesas para jantar, das quais ainda era possível ver as lutas no fosso, mas sem o privilégio de sair todo melado com o sangue dos combatentes.

A entrada por onde Ren adentrou o local, dava diretamente para um corredor extenso que dividia essas duas partes, à sua esquerda havia uma escadaria que subia para o Requinte, enquanto à esquerda ele poderia descer para as arquibancadas do fosso. Contudo, como frequentador tarimbado, ele sabia que se quisesse participar das lutas, tinha que ir reto até o final do corredor, onde ficava o balcão de apostas, e falar com o gerente, Garrik. Um homem de riso fácil e olhos de cobra, em quem Fuyuki não confiaria nem se sua vida dependesse disso.

Mas foi exatamente para lá que o garoto se dirigiu.

Minutos mais tarde, o jovem Hatake estava na arena, enfrentando o urso que havia matado o brutamonte. Tentou não se ofender com o fato de a plateia parecer estar torcendo mais para o urso, mas não conseguiu. Então liberou um Raikiri diretamente no coração do animal, transpassando a pelagem espessa e a camada de gordura com um único golpe fluído, com a mesma facilidade com que perfuraria pudim.

A plateia se calou por um momento, antes de explodir em aplausos e gritos.

Na luta seguinte foi a vez de enfrentar uma mulher ágil e armada com facas. Ren foi capaz de equiparar-se em velocida-de com ela após ativar o Obadoraibu, mas saiu todo coberto de pequenos cortes em seus braços e pernas. Durante sua terceira e última luta, o menino estava tonto e exausto, mas havia se cadastrado para três lutas, e não queria perder todo o prêmio em dinheiro por desistência na terceira. Seguiu em frente.

Seu último inimigo, para sua surpresa e desespero, era seu avô.

“Merda.” Se ao menos o velhote tivesse vindo primeiro, Ren teria energia o suficiente para tentar ao máximo. Mas agora que os dois primeiros embates o haviam cansado, ele mal pode servir de saco de pancadas para seu querido avô paterno esmurrar apropriadamente. No fim da luta, o menino estava dolorido, com um olho roxo e ao menos duas costelas quebradas. Não era nada que sua Kuchiyose não pudesse curar e deixa-lo novinho em folha, mas certamente a marca em seu orgulho e em sua reputação seria mais difícil de recuperar.

Naquela noite o avô o levou para casa inconsciente, mas em segurança.

Em seus sonhos, o menino viu uma grande porta de pedra. O símbolo gravado na rocha era familiar. Um símbolo de poder amaldiçoado, mas que ele já havia aprendido a dominar por completo. Dúvidas sobre suas decisões o fizeram se perturbar em seu sono. Por que hesitava?








Status:
HP: 100/1200 -1100 (Inconsciente)
CH: 1600/1850 -250 (Jutsus)

Stamina: 06/06

Resumo das Ações: --.

OFF: +100HP.

Palavras: 1043.

Informações:

Aquela era uma noite enevoada, do tipo que pessoas desabituadas não conseguiriam enxergar um palmo a frente do próprio nariz. Mas esse não era o caso para Ren; nem para qualquer habitante de Uzushio. Para eles a neblina havia se tornado em algo tão natural quanto à luz do sol durante o dia, ou a escuridão durante a noite. A água do mar é sempre salgada, e a vila do redemoinho é sempre enevoada. As exceções são tão raras, que não podem alterar minimamente a realidade do cotidiano. Sentado na beira de sua cama, Ren afinava seu alaúde de sete cordas. Dedilhando uma corda, e depois outra, calmamente.

Após terminar de afinar o instrumento, tocou alguns acordes, mas a melodia soou errada aos seus próprios ouvidos. Era seu coração; sentia-se inquieto por alguma razão. Sem querer pensar no assunto, pulou de sua cama, ainda descalço e subiu no guarda-roupa com um pulo, então alcançou a janela de seu quarto, após abri-la e saltou para o ar frio noturno. Ele poderia ter se teleportado com um hiraishin, mas queria aproveitar a noite para esfriar sua cabeça. Então liberou a marca da maldição, a qual lhe envolveu em um instante, criando asas em suas costas. Suas asas bateram e ele voou em meio à névoa, se guiando com facilidade em sua vila natal.

Não voou alto, ficando acerca de vinte metros do solo, mas voou rápido. De forma que chegou rapidamente ao seu destino: O cemitério da vila. Ali não desativou a marca. Pousou em frente à lápide de seu pai e se ajoelhou, com as palmas das mãos unidas à frente do rosto, em uma oração silenciosa. Lágrimas caíram de seus olhos fechados, os quais ao se abrirem focaram nas letras que formavam o nome de seu pai.

— Sinto sua falta, pai. – Admitiu e socou o solo, sem forças. A marca da maldição lhe dava um poder destrutivo enorme, mas ali, perante a pessoa que mais admirava, sentia-se fragil; quebrado. — Sei que já não venho visitá-lo tantas vezes quanto costumava vir. E sinto muito por isso. Conquistei esse poder recentemente. Aprendi como controlá-lo graças a meu mestre, Hiei. Você gostaria dele. Ele me ajudou a decifrar o mistério por detrás do Hiraishin também. – Confidenciou para o pai, com um sorriso.

Então abaixou sua cabeça. — Me perdoe. Estou fazendo de tudo para ficar mais forte. Para adquirir poder, a fim de proteger a mamãe, o Ken, e até o vovô, por mais que eu acredite que ele não precise de proteção alguma. – Deu uma risada, sentindo o chakra amaldiçoado queimar suas veias feito veneno, o enchendo de poder e repulsa; em doses iguais. O sorriso se desfez ligeiramente. — Mas admito que não seja somente isso. Nos últimos tempos, ao menos, isso mudou e é por essa razão que peço seu perdão.

Ele ergueu os olhos para o nome do pai mais uma vez.

— Desde minha primeira luta na arena clandestina. Desde o dia em que conheci Squall e Jiro. Que lutei em uma batalha para proteger a vila, meu coração mudou. – As palavras saíram em uma enxurrada, como se não conseguisse mais parar até ter colocado tudo para fora. — Hoje sei que desejo ficar forte para proteger as pessoas que amo, mas admito que esse não seja o único motivo. Quero ficar mais forte para proteger a todos. Todos os inocentes em perigo que não tem alguém que possa lutar por eles. – O garoto voltou a rir. — Não, não desejo ser Mizukage. Nem Kage algum. Você sabe que eu não suportaria o tédio.

O menino se levantou. Por mais que as alterações físicas fossem drásticas quando estava com o segundo nível de sua maldição ativado, sabia que seu pai o reconheceria em um simples vislumbre, então não se incomodou em desativar o poder para conversar com seu querido professor e mestre. — Mas desejo ardentemente me tornar em alguém que pode suportar a Sombra algum dia. Alguém de confiança, mesmo que eu viva nas sombras. Então peço perdão, por ter que recorrer a esse poder amaldiçoado. Peço perdão, pai, pois usarei não apenas do poder da luz, da justiça e da ordem, que foi o que você me ensinou, mas também o poder das trevas, da guerra e do Caos, para alcançar meus objetivos.

Ele deixou o chakra do Juin no Ten tomar cada centímetro de seu corpo, inundar seus canais de chakra, tornar-se um só com seu próprio chakra, até o ponto que seu corpo parecesse que iria explodir com tanto poder extra.

— Irei aprender a usar o Hiraishin ao máximo. Vou dominar minhas fraquezas e transformá-las em poder. Sei que jamais serei excelente em qualquer uma das três grandes artes ninjas, mas usarei da maior arma de qualquer Hatake a meu favor, assim como você me ensinou. – Ele bateu as asas e alçou voo, ficando a cerca de um metro do solo. Ainda olhando para a lápide de seu pai. Qualquer um que visse essa cena, em um cemitério, provavelmente acreditaria que era um demônio de verdade. — Apostarei no poder da versatilidade.

Sem hesitar, e sentindo seu coração mais leve, o menino bateu suas asas com mais força e começou a voar em alta velocidade mais uma vez. Voltando na direção de sua casa. Seu corpo já estava chegando ao limite do que podia suportar de uma vez com a marca da maldição ativada em nível máximo, por isso acelerou um pouco mais do que havia precisado na ida até o cemitério.

Tão logo chegou a sua casa, desativou a marca da maldição e praticamente desabou sobre o guarda-roupa. Respirou profundamente, sentindo cada fibra que compunha seu corpo gritar de dor. Ainda assim, se forçou a descer com cuidado para não fazer barulho demais. Não queria acordar sua família tão tarde. Caminhou com pés descalços até sua cama e se sentou na beirada, hesitante por um momento. Então, após um breve instante, tomou sua decisão e apanhou o alaúde na caixa onde o havia deixado.

Testou as cordas. “Ainda estão afinadas.” Alongou os dedos por um momento, sorriu, sentindo o coração tranquilo.

E começou a dedilhar uma bela melodia.








Status:
HP: 1200/1200
CH: 1850/1850

Stamina: 00/06

Resumo das Ações: --.

OFF: +100CH.

Palavras: 1019.

Informações: