O garoto, mais uma vez, dedicou seu dia a treinar intensamente naquele campo cheio de outros ninjas da sua mesma idade. Nenhum dos rostos era conhecido, mas sentia que alguns deles eram familiares. Por conta de sua amnésia, não se surpreenderia caso já houvesse presenciado ou mesmo dialogado com um deles antes. Não importava muito, de qualquer maneira, pois tinha prazer em treinar sozinho, apesar de isso não ser exatamente uma vantagem. Naquele dia, pretendia praticar seu ninjutsu e elevá-lo de nível. Já podia se considerar um especialista, mas agora desejava se tornar um verdadeiro mestre. Sendo assim, posicionou-se quase no limite da área, estando afastado das demais pessoas, e deu início ao seu treinamento.

Fez rápidos selos de mão e passou a manifestar seu chakra para fora, em uma explosão externa. Sentia a energia correndo por seu corpo em um nível muito mais intenso do que em seu último treinamento. E, ainda por cima, conseguia agora não somente senti-la, mas também enxergá-la. O processo durou por bastante tempo, até que suas reservas se esgotassem e não conseguisse mais repetir aquele processo. Sentou-se no chão, cansado, acreditando que agora poderia aplicar ainda mais força aos seus ninjutsu. Nesse meio tempo, prostrou seu olhar na direção dos outros que também treinavam, notando que, depois de tanto tempo de estudo, tinha passado a compreender mais facilmente o funcionamento das técnicas daquele gênero.

Consideravelmente alegre, mas sem conseguir usar seu chakra mais, chegou à conclusão de que também poderia aproveitar aquele dia para treinar a sua mente e o seu raciocínio lógico. A atividade talvez pudesse auxiliar contra sua amnésia, além de também conceder mais inteligência estratégica para as batalhas que enfrentaria. Ergueu-se, e andou até um dos bancos dedicados ao Go e ao Shogi, onde as pessoas mais velhas, principalmente idosas, costumavam passar o tempo. Sem nenhuma vergonha, perguntou a um dos idosos se poderia jogar com ele. O homem riu, e assentiu positivamente com a cabeça, aparentemente feliz em ver que havia jovens interessados naquele tipo de jogo.

Um pouco confuso, o garoto perguntou ao idoso como aquele jogo funcionava. Sem dar muitas explicações, respondeu dizendo que a brincadeira consistia em cercar mais território do que o oponente, e que isso deveria ser a prioridade dele durante a partida. Também mencionou brevemente sobre as regras básicas, apenas para que o jovem não cometesse bobagens. Em seguida, deu início a disputa. Na primeira tentativa, o idoso venceu com facilidade, depois de muita dificuldade do pequeno ninja em memorizar as regras. Na segunda, o acontecimento anterior se repetiu.

Tal repetição deu-se por várias vezes, com uma ligeira melhora do jovem a cada tentativa. Depois de algumas horas, ele já estava no nível de seu adversário, e conseguia constantemente apresentar perigo. Quando finalmente venceu, o mais velho admitiu a derrota e parabenizou o aprendizado rápido do moreno, que era inteligente, mas demorava um pouco para aprender, devido à suas limitações psicológicas e características de personalidade.

Estando já descansado, dirigiu-se novamente ao limite do campo de treinamento, dessa vez com a intenção de praticar seus aspectos físicos. Em sua última tentativa, havia atingido a marca de 6m/s em sua corrida. Queria, dessa vez, ultrapassar seu recorde em, no mínimo, 4m/s. Para que assim conseguisse, alongou-se por alguns minutos e depois se posicionou com calma, dando a devida atenção aos seus músculos e a suas capacidades. Imitou a posição dos outros ninjas que também corriam por ali, e respirou por alguns segundos.

Quando se sentiu preparado, disparou para a frente em um tiro veloz, mantendo a velocidade de sua tentativa anterior. Com o prosseguir da corrida, passou a se esforçar mais e a colocar mais força em suas pernas, aumentando ligeiramente sua velocidade. Já conseguia ser ágil nas curvas, mas ainda não havia conseguido atingir o suficiente para finalizar seu treinamento. Dando a primeira volta, parou por alguns segundos, respirando com bastante disciplina. Para não perder o calor do momento, deu início à segunda volta, atingindo dessa vez um resultado mais satisfatório do que o anterior.

Na terceira, após repetir o processo, percebeu que havia ultrapassado significativamente a velocidade da primeira volta. Quando a completou, olhou seu equipamento e notou que realmente tivera êxito em perpetrar sua estimativa, e que agora conseguiria ser mais rápido nas situações cotidianas. Bastante exausto, retornou ao lugar onde os idosos jogavam seus tabuleiros de estratégia. Atirou-se em uma das cadeiras e deixou que a cabeça caísse para trás, descansando por alguns segundos.

Um dos idosos, que havia presenciado a evolução do garoto no Go, chamou sua atenção e perguntou se ele estava interessado em praticar Shogi com ele. Sabendo que não teria como treinar mais nada, decidiu aceitar a proposta. Esse jogo era bastante diferente do outro, e aprender novas regras confundiu sua cabeça de início. Como mais cedo, as primeiras tentativas foram bastante falhas, e apresentou considerável dificuldade em aprender a como jogar, mas menos do que no anterior. Dessa vez, não demorou tanto para que pegasse o jeito da coisa, e conseguisse derrotar seu adversário depois de algumas horas.

Impressionado com a veloz evolução do garoto, aquele idoso o parabenizou, e pediu para que voltassem a jogar em outras oportunidades. Exibindo um sorriso no rosto, Taiyou confirmou, e notou que já estava na hora de voltar para casa, dado ao sol estar desaparecendo no horizonte. Sentia que agora seria melhor descansar nos próximos dias, para que não chegasse exausto ao Exame Chūnin. Depois de tanto esforço, tinha certeza que agora só dependia de si para que conseguisse orgulhar seu professor, e não decepcionasse os seus colegas de equipe.