Rekken, utilizando-se de sua total liberdade para adquirir informações contidas em pergaminhos secretos de Iwagakure, acaba encontrando algo que o chamou a atenção: Os Portões Rashomon. Se decidir entrar em contato com esse poder, deverá seguir as coordenadas do pergaminho e encontrar uma construção de pedra no meio de uma floresta aparentemente virgem. Ao entrar, o shinobi passará por cada um dos portões, porém para passar por eles, Rekken deverá enfrentar um desafio diferente em cada etapa para conseguir realizar o contrato.

Se metade do conto que discorria sobre aquela lenda fosse verdade já me daria por satisfeito. "Mas um Oni?" Meus passos eram calmos em meio ao calor que emanava das rochas abaixo de meus pés, enquanto o sol acima de mim aquecia de forma incessante o sobretudo que cobria todo meu corpo. "As vezes os antigos falam demais." Meu encontro com os anciões das ruas era frequente já que deles pulsava uma sabedoria atípica que me seduzia em diferentes graus, porém, sabia que a respeito das histórias escutadas entre os ecos dos becos o filtro para para assimila-las deveria ser grande. "Raramente ignoro essas coisas, ainda mais de um sujeito tão convicto a respeito do que falava em seu leito de morte." Ighu era um morador quase milenar do vilarejo e que havia resistido a tantos mandatos e crises de Estado que o acaso ter roubado sua visão fora um presente, não um fardo. Nosso encontro foi único embora sua fama por entreter os mais jovens já houvesse batido em minha porta anteriormente; era magro, um bastão longo de madeira o guiava pela periferia e não via seu rosto a tanto tempo que petrificou-o em uma nulidade de expressões que diziam o quão vivido e introspectivo era o sujeito em sua maior parte do tempo. "Talvez tivesse mais coisas para me falar." Deparei-me com o casebre indicado pelo velhote. Não parecia o palácio comentado, tão pouco a morada do grande demônio adormecido naquelas terras. "Esperava algo mais ameaçador." Beirava um riacho discreto e era retirada de qualquer outra morada da região, cravada na dor típica da pedra e com as entradas seladas com tábuas. "Mas alguém realmente parece querer que não entrem ali."

Diferente de todos os outros, minha visita à Ighu foi motivada por simples curiosidade. Chegou até mim a notícia de que ele estava doente e que a morte chegaria dentro de alguns dias, no mais tardar, uma semana otimista; e eu precisava conhecer aquela figura. Precisava realmente averiguar aquela fonte que em meio a tantas outras prioridades acabei deixando em escanteio e quando vislumbrou-me, entre sussurros e informações, clamou por Shi frente ao seu último suspiro. "Interessante!" O interior do local era vazio e silencioso. Conhecia o sol e a potência de seus raios e ali, podia ver seus filetes abrirem as frestas com sua persistência e permearem a residência em uma dança sincrônica com o pó acumulado. Não havia nada se não um pequeno altar segurando em seu seio almofadado um pergaminho ornamentado em ouro trazendo consigo um kanji em vermelho. Estava mais apressado do que realmente curioso; em outra situação tomaria mais precauções, mas aquele cenário era pacífico demais até para que eu me desse ao luxo de exageros. "Então aqui é só onde se encontra o mapa. Velho esperto!" Lia aquela escritura em couro de carneiro com a sensação de que a coisa escalonava de forma curiosa. "Tudo bem, então vamos atrás deste Oni."

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Kusagakure era um espaço geográfico conhecido, um amontoado de terra antes esquecido ao relento e na história moderna de Iwa, conquistado para os cuidados metódicos do Império da Pedra. O pergaminho encontrado dentro do casebre orientou minha caminhada entre as trilhas altivas e penhascos mórbidos das cercanias do vilarejo, orientando-me à fronteira com o território anexado à Nação. As instruções não eram tão específicas quanto gostaria, nada além de coordenadas e cruzamentos longitudinais espaçados que iam me sugerindo de forma enigmática a direção. Percorri um espaço nunca antes vislumbrado, pousando minha vista sobre horizontes que pareciam intocáveis pelo homem embora a trilha que me levasse dissesse exatamente o contrário. Tudo ali tinha uma ancestralidade tão interessante que não notei os corredores de cânions terminarem de maneira súbita em uma porta vegetal que cobria completamente sua saída. As árvores naquele ponto eram praticamente intransponíveis embora as marcações fossem claras de que deveria persistir avançando cada vez mais naquela mesma rota. "Isso está ficando cada vez mais interessante."

O caminho que levava em direção da Grama era antes cercado por aquela densa vegetação, onde árvores e demais plantas erguiam-se em tons obscuros no meu entorno. Após alguns metros de dificuldade no deslocamento no coração daquela mata notei que ela passou a demonstrar um certo espaçamento, algo curioso, já que suas extremidades eram tão densas e seu interior deveria corresponder em igual valor. "Parece haver algo modificando o jeito que as coisas crescem por aqui. Será o Oni?" Naquela altura meus sentidos já estavam em erupção e fixavam até em movimentos imaginários oriundos do breu que me flanqueava. "O que é isso?" Em meio a troncos contorcidos e o verde escuro das folhas observava o amadeirado bordô erguer-se como molde para uma estrutura metálica que refletia os pouquíssimos raios de sol que transpassavam pelas copas; aparentava ser uma passagem.

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A muralha se perdia facilmente metros aos flancos ao final da clareira, onde a vegetação voltava à sua densidade fúnebre e intensa impossibilitando até mesmo a passagem do mais hábil viajante. O que me cercava eram as árvores, o vento, o clima denso e a presença demoníaca daquele imenso portão que se não fosse pela sua presença ilustre e solitária naquele cenário inusitado, poderia estar facilmente guardando a entrada de um templo antigo de alguma seita mística e ortodoxa. A face cravejada naquele metal era claramente do demônio que Ighu havia falado. "Será que o velho chegou até aqui. Será que esse é o Oni que ele disse?" Meus olhos contemplavam o monumento. Estava claramente trancafiado por poderes atemporais e o sorriso que brotava abaixo dos olhos pendurados naquela placa colossal de metal era desafiador. "Tudo bem, se este é o Oni, tenho uma única alternativa nessa altura. Se não for, de qualquer forma só há uma maneira de abrir este portão."

Erguia-se ereto aos céus e imponente perante minha aparente insignificância; convidativo ao ataque daquele que traria o fim de sua história milenar. -Você pertence ao meu reino, Oni. Minha destra vagou pela ar de maneira tranquila até mirar com frieza o portão. -Você é meu subordinado. Venho a mando de Jashin! A clareira fora iluminada por algo além dos raios de sol e teve seu solo virgem violado pela violência das chamas que o rasgaram. A torrente de fogo avançou de maneira tal em direção ao portal que ao atingi-lo o impacto fora suficiente para que o primeiro estrondo fosse ouvido e pássaros fossem vistos levantando sua revoada contra o céu azul. Foi tomado por fogo e antes que o mesmo se alastrasse da forma esperada ocorreu a magia daquele ser inferior que calado e oculto em sua imaterialidade parecia demonstrar sua resistência. O fogo cessou e o desmoronamento da face cravejada no metal ergueu a cortina de fumaça propícia ao silêncio e a espera. "Não deveria ter deixado de queimar. Há algo mais aqui?"

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O tempo levou o turvo. Aquele véu denso que levantou a escuridão naquela tarde firmou-se intenso. Me vi cego em meio à fumaça que cheirava a derrota de meu inimigo; marchei firme na direção de seus destroços. "Parece ser outra barreira. Esta manifestação do Oni é mais poderosa; amedrontadora." O subsequente era, de certa forma, o descontentamento pela queda do anterior. Desta vez a face do anfitrião era de rancor, um ódio que lhe escorria pelos olhos e no sorriso sádico que transbordava em seus lábios. A vegetação afunilou-se ao transpor a muralha e notar que o portão atrás da derrota, havia outra de igual valor.

Metros afrente de mim um pedestal de madeira segurava consigo um pergaminho mais simplório e mal conservado do que aquele que havia me orientado até ali. Apanhei o couro e o desenrolei. "Quem diria. Um mecanismo?" Ao que indicava os tracejados borrados sobre a pele em minhas mãos, em algum local em meio aquela vegetação densa e estreita que anteriormente formava a clareira -e agora demonstrava-se um corredor-, havia algo que facilitaria a queda daquela personificação. "Entendo que aqui, para derrota-lo não se vale força. Mas há de haver um próximo, não é?" Traguei o cigarro recém aceso e deixei que de meu corpo fluísse a infinitude de Shi. Os origamis vagaram para os flancos e infiltrando-se atrás da informação que havia sido dada. Sabia que não tardaria para encontrar e alguns minutos revirando e inspecionando os meandros daquela relva foram o suficiente para encontrar as engrenagens.

Passei como uma locomotiva deixando para trás o fumo do tabaco e os pensamentos tortuosos sobre a situação. Tinha dúvidas sobre aquilo e se de fato daria certo, no entanto, ao deparar-me com as engrenagens ligadas aos pés da muralha não hesitei em agir. Os mesmo papéis que ma abriram caminho giraram a alavanca e subiram  através da conexão interna ao muro para auxilar o restante do mecanismo. O último trago antes que a bituca fosse lançada ao solo. "Tudo bem..." Um som extenso veio da onde habitava a face do Oni cravejada ao portão, o mesmo som que havia escutado antes; da onde estava podia ver, inclusive, a mesma fumaça se alastrar. "Ela ainda tem o mesmo cheiro."

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Ao visualizar aquela que parecia ser a maior de todas as manifestações do Oni deliberei a impossibilidade de transpô-la fisicamente. Atravessamdp a face derrotada daquele que me acolhia, o pergaminho que carregava em minhas mãos alterou-se de maneira súbita assim como o que vinha por trás daquelas muralhas colossais, modificando-se perante os meus olhos intempestivamente. O cenário ali era contraditório, nulo de vegetação e ia em vetor totalmente contrário a tudo aquilo que encarava até então. "Pareço ter retornado à Iwagakure mesmo estando tão próximo de Kusa."

O couro fugiu por entre meus dedos e desdobrou-se brilhante no ar, entre mim e os quatro portões que prologavam-se de maneira subsequente a minha frente. "O que é isso?" Era estranho, as insignias ali gravadas haviam se modificado e o próprio Demônio parecia desafiar-me aos seus domínios. Os limites daquelas barreiras quase fugiam os alcances dos meus olhos e em pura ironia rumavam o céu, ao passo que a face observadora estampada naquela glória inquebrável analisava minha postura ao ler as escrituras cintilantes. "Hm! Conjuração?" O pergaminho trazia consigo, agora, instruções para conjurar as barreiras anteriormente derrubadas; ao que tudo indicava este seria o valor a ser demonstrado ao Oni. "Nunca imaginei ter que demonstrar valor para um demônio." Aquilo me dava asco, no entanto, se fazia necessário para trazer aquele vagante novamente ao exército do qual era errante, assim faria.

Me concentrei na glória de Jashin que havia guiado o comandante de todas suas tropas até ali e canalizei meu chakra além do costumeiro. Parecia um local sagrado, as coisas pareciam fluir de maneira mais limpa naquela terra, perante aquele oponente; era como se aquele desafio final fosse algo a ser vencido. O manuscrito era claro em seus ensinamento e o selo manual foi o passo posterior a ser dado, e então, naquele momento, o estrondo da reconstrução. Podia sentir atrás de mim a linha temporal retroceder e os fragmentos dilacerados do Oni, seu sangue e construtos voltarem para si. "É isso!" Os portões antes derrubados firmaram-se em suas velha posições e antes mesmo de cair um gargalhada insana penetrou meus tímpanos. Aquilo parecia vir das profundezas pútridas do inferno e antecederam a queda das manifestações a minha frente. O pergaminho borrou-se com minha própria rubrica em vermelho conforme a luz que emanava de si tornou-se escarlate. "Bem vindo de volta."

Sair dali com o gosto do poder e a satisfação do Pai era reconfortante. "King também deve ter terminado seus afazeres. É hora de por a próxima parte dos planos em prática."

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