Meu caminho de volta para Iwa se iniciou lento enquanto meu corpo se acostumava com seu novo peso e maneira de se mover. Eu teria chegado somente após o amanhecer se não fossem minhas novas habilidades. Enquanto eu caminhava manipulava a areia que carregava comigo no frasco retirado do laboratório. Em um certo ponto concentrando meu Chakra consegui envolver meus pés em areia e com o auxílio dela decolar do ar. Agora sentado em uma nuvem flutuante de areia eu seguia meu caminho com bem mais velocidade e ainda na mesma noite consegui avistar Iwagakure no horizonte. Eu não sabia quanto tempo eu havia passado fora, mas sabia que queria desesperadamente estar em casa e na companhia daqueles que amo após todo o sofrimento no laboratório.

Sem diminuir minha velocidade sobrevoei sobre os muros de Iwa. Poucas luzes estavam acesas na cidade e eu podia ver a movimentação regular da noite. Progressivamente reduzia minha altitude até que estivesse apenas a alguns centímetros do solo e de frente a porta de minha própria casa. Algo me parecia diferente, não havia nenhuma luz acesa apesar do costume de manter a luz da sala acesa. Fui em direção a porta e ao movimentar meus braços a areia se envolveu na maçaneta e a girou. A porta se abriu e a cena que me recebeu me doeu mais do que todos os experimentos que Kibuki havia realizado em mim. Uma casa vazia, sem pessoas, sem móveis e sem calor. Apenas uma pequena luz quase imperceptível vinha da cozinha e eu fui verificá-la

Considerações:

Jutsus Usados:

Chegando no cômodo o único objeto que havia ficado era uma foto, com pequenas velas que já quase se apagavam. Estavam ao lado de flores. Um memorial aos mortos. Meu coração congelou ao ver que a foto dentro da moldura era minha. Kibuki havia dito a todos que eu morri e meus pais já não moravam naquela casa. Meu coração se encheu de fúria e ódio e meus pulmões se esvaziaram em um grande grito. Enquanto eu sentia meu corpo arder. Não sei se pela raiva ou pelos experimentos de Kibuki, mas naquele momento minha consciência se apagou.

Sonhei com minha família, com meus trovões que já não mais existiam. Sonhei com o deserto e com o sorriso sádico de Kibuki. Sonhei como quem lia um livro, e ao passar a última página e fechar o livro meus olhos se abriram. O azul amarelado do céu cumprimentaram minha visão enquanto eu acordava e percebia que flutuava no ar. Não em Iwa mas em algum lugar nos arredores. Meu corpo estava completamente leve a ao olhar para mim mesmo vi que parte dos meus dedos e pernas não estavam lá e lentamente retomavam sua forma enquanto pedaços de papel no ar se colavam a mim criando meu corpo. Meu corpo se formou novamente e lentamente eu fui ao chão. Observando minhas mãos agora normais eu me perguntava o que havia acontecido.

Considerações:

Jutsus Usados:

Eu pensava que as horrendas experiências que Kibuki havia conduzido em meu corpo já haviam produzido todos seus resultados, porém era claro que eu estava errado. Olhei na direção de Iwa enquanto comprimia e relaxava meu punho tentando sentir algo relacionado ao que havia acontecido anteriormente. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido e também não sabia quais outros resultados meu corpo produziria nos próximos dias. -Talvez seja melhor tirar um tempo pra entender tudo isso. Disse mudando meu ohar agora rumo a montanha onde Hirume havia me treinado em Kenjutsu. Estava decidido, fechei meus olhos e expandi meu chakra para que pudesse senti-lo. Busquei em  minha mente reencontrar a sensação daquele momento em minha casa quando meu corpo apagou. Ainda com os olhos fechados pude sentir um leve formigamento em minha mão e ao abrir meus olhos pude perceber pequenas camadas de papel se descascando da minha pele e desfazendo o que antes era minha mão.

Um sentimento de calma pairou em meu coração quando  com um certo esforço eu consegui controlar essas folhas de papel e formar novamente minhas mãos. Eu fechei meus olhos novamente tentando sentir a energia natural e percebi que isso havia também sido tomado de mim por Kibuki. -Eu não faço nem ideia de quem eu sou mais. Disse a mim mesmo fechando meus punhos com um sorriso composto por metade dor e metade esperança por um futuro diferente. Me lembrei de minha época como Genin e minhas missões com Mu. Ele nunca me deixaria desistir. meus pais também se orgulhavam de tudo que eu conquistei e eu não iria decepcionar nenhum deles. -É Iwagakure, parece que não é hoje que volto pra casa. Disse enquanto uma brisa tocava meu rosto. As folhas se moviam e o vento seguia seu curso , enquanto de carona com ele meu corpo se desfazia em milhares de folhas de papel que voaram rumo a montanha onde eu novamente me isolaria para treinar.

Considerações:

Jutsus Usados:

O vento na montanha não era frio como na última vez. O inverno já havia corrido seu curso e agora os ventos aquecidos do verão sopravam aquele cume rochoso que outrora jazia coberto de neve. Um de meus pés surgiu e tocou o chão antes mesmo que o resto do meu corpo acabasse de se materializar através da junção das diversas folhas. Eu jamais conseguiria colocar em palavras a sensação de flutuar pelo ar com seu corpo dividido em milhares de pedaços. Apesar de indescritível o sentimento era induvidavelmente agradável. movi uma das minhas mãos com um gesto suave colocando os dedos para cima e das fendas rochosas das pedras uma fina areia surgia e se condensava na forma de um pequeno abrigo. Coloquei minha bolsa de equipamentos e meu frasco de areia dentro do abrigo. Eu já havia aprendido com Hirume que a melhor forma de se aprender algo é através da prática. Meu estômago roncou, fazendo o som ecoar entre as pedras e consequentemente dando início ao meu treinamento.

Mais uma vez tentando sentir meu chakra me concentrei em um ponto específico do meu antebraço esquerdo e consegui com sucesso fazer com que apenas duas folhas de papel saíssem do meu corpo e pairassem em minha frente. passei meus dedos em suas laterais e senti o papel cortar suas pontas. Aquilo confirmava minhas suspeitas de que quando sob meu comando aquelas folhas poderiam se tornar armas. O segundo ronco do meu estômago deu o sinal de que o tempo de testes havia terminado e que já era hora de caçar meu almoço. Corri rumo a lateral da montanha e me joguei de lá dessa vez sem desfazer meu corpo completamente eu planei novamente rumo ao solo, onde a caça aconteceria.

Considerações:

Jutsus Usados:

Agora na floresta, em meio as árvores e pedras eu buscava por algum animal que pudesse servir de proteína para meus próximos dias de treinamento. Um animal grande seria o ideal para me manter alimentado por algum tempo e focado no meu treinamento. Não foi difícil encontrar rastros de animais em meio aquela floresta intocada. Era a terceira vez que me encontrava nessa mesma região e começara a perceber que parte dos arredores já se encontrava incrustado em minha memória. -Parece que foi em outra vida Disse pra mim mesmo enquanto me lembrava de tudo que tinha acontecido até aquele momento e não pude me impedir de sorrir.  Eu me sentia mais forte que nunca e apesar de tudo que eu passei e da perda dos jutsus anteriores, eu me sentia leve como papel e resistente como a areia.

Meus pensamentos foram trazidos de volta a floresta quando um som de galhos quebrando surgiu e a silhueta de um animal cruzou as folhas. Me abaixei para disparar  e ao mover meus músculos senti novamente meu corpo se desfazendo. Eu pairava no ar com uma velocidade muito maior do que o pequeno cervo conseguia se mover. Meu corpo se refez em
sua frente fazendo-o parar  e tentar mudar de direção. Nesse momento me lembrando da afiação da composição do meu papel eu fiz um gesto com a mão e uma das folhas se dobrou em forma de seta e atravessou o corpo do animal em um ponto vital. Eu segurei seu corpo antes que atingisse o chão e abracei o animal enquanto ele dava seus últimos suspiros indolores. Obrigado pelo alimento amigão. Que seu chakra continue fluindo eternamente na terra. Disse enquanto sentia seu corpo parar de se mover indicando o fim da minha caçada.

Considerações:

Jutsus Usados:

O sol nascia no horizonte e com ele uma nova confiança nascia junto dentro de mim. Eu estava aqui a pouco mais de 20 dias e pela primeira vez em um longo tempo eu recuperava meu senso de identidade. Sentado em uma nuvem de areia eu dobrava os papéis  em diversas formas diferentes, empurrando a uma distância cada vez maior o controle que eu exercia sobre os dois poderes. Kibuki havia tentado acabar com a minha vida, mas apenas havia me deixado mais forte.

Eu me sentia confortável e confiante com minhas novas habilidades e pela primeira vez desde o início do meu treinamento decidi quebrar meu isolamento e me aproximar do vilarejo mais próximo para tomar um banho e comer algo decente. Recolhi todo meu equipamento ninja e novamente em cima da minha nuvem de areia comecei a minha descida pela montanha. De acordo com minha memória o vilarejo mais próximo era um lugar agradável. Hirume havia me trazido em um festival naquele mesmo local durante nosso último treinamento e eu conhecia o caminho o suficiente. Não demorou muito até que chegasse até a clareira na floresta onde as casas se aglomeravam. Pousei no chão e continuei meu movimento a pé. A vila estava movimentada e um cheiro de comida pairava no ar vindo de um restaurante próximo. Decidi que precisava experimentar a fonte daquele cheiro e decidi entrar ali.

Considerações:

Jutsus Usados:

Assim que eu pisei no restaurante percebi que algo não estava certo. Em todas as minhas outras visitas o lugar exalava simpatia e alegria, o que não acontecia nesse momento. Um grupo de homens gritava com uma das funcionárias do restaurante, exigindo dinheiro pela proteção deles. -Senhor por favor, aguarde até o fim do dia e teremos o dinheiro As palavras da moça foram silenciadas pela face da mão de um dos homens. O estalo do tapa foi o gatilho necessário para que meus músculos se movessem automaticamente. Em um piscar de olhos meu corpo havia se desfeito em papel e reaparecido em frente a um dos agressores. Da minha mão uma esfera de energia azul surgiu enquanto eu a direcionava para o peito de um dos agressores. -Rasengan! Disse enquanto meu golpe lançava o inimigo para trás. Seu corpo grande atingiu seus amigos fazendo com que os três fossem disparados para fora do restaurante, sendo atirados na rua e em seguida se chocando contra um muro. Eu havia controlado a potência do meu ataque para não matar aqueles homens afinal não eram shinobis. Seus corpos se desgrudaram da parede e assim que tocaram o chão os três debandaram em retirada.

Sai da posição de combate olhando para a garota que estava sendo intimidada e para minha surpresa o que me esperava era um olhar de raiva. -Por que você fez isso? Eles vão voltar e vão matar todos nós. Você não pode se meter em assuntos alheios. Seus olhos transmitiam uma mistura de medo e raiva. -Eles estão ameaçando vocês? Desde de quando? perguntei. Ela me disse que eles cobravam pela taxa de proteção e que agora que eles haviam voltado sem o dinheiro ela sofreria as consequências.

Eu tentei me explicar, mas ela me expulsou antes mesmo que eu pudesse o fazer. Saindo de lá olhei ao redor e vi que as pessoas da vila me olhavam assustadas. Aquilo não parecia acontecer somente ali no restaurante. Me lembrei da ultima vez que tentei bancar o herói e de como Kibuki me fez me arrepender. Mas se eu não ajudasse aquelas pessoas quem o faria? Decidi que ficaria de olho e na próxima vez que os bandidos viessem eu daria um jeito.

Considerações:

Jutsus Usados:

A noite caiu e todos na cidade se recolheram para suas casas em busca de uma boa noite de sono. Todos menos eu, assumindo a responsabilidade pelos meus atos de mais cedo, eu me posicionei em um prédio alto para que tivesse uma melhor visão dos arredores e para que eu pudesse ver caso um ataque viesse a acontecer. Eu pensava que talvez se eu tivesse simplesmente matado aqueles bandidos e desaparecido com seus corpos as pessoas não estivessem em perigo.

Não demorou muito para que alguns bandidos começassem a sair da floresta. Aquela cena me lembrava uma das minhas primeiras missões com Mu, era nostálgico pensar em meu falecido amigo em uma situação como essa. Decidi que seria rápido derrubando meus adversários, evitando danos a qualquer prédio. Saltei no ar girando e disparando diversas lâminas de papel nos inimigos. Para minha surpresa ao serem cortados todos explodiram em fumaça e nesse momento eu sabia que a luta havia mudado. -Bushin no Jutsu? Então vocês são shinobis? Perguntei olhando em volta buscando o meu adversário. [b] -Você é o intrometido que atacou meus homens mais cedo? Talvez você devesse aprender a ficar na sua antes que pessoas ao redor se machuquem.  Disse a voz feminina antes de disparar em minha direção em alta velocidade usando seu shushin no jutsu e sacando uma espada. O golpe atingiu meu braço que girou no ar por um segundo antes de se dissolver em papel junto com meu corpo. Eu reaparecia novamente entre minha adversária e seu alvo enquanto nos olhávamos em busca do melhor momento de atacar.

Considerações:

Jutsus Usados:

Sacando de sua espada ela correu em minha direção. A lâmina foi parada por um fio de areia que surgia do frasco na minha cintura sem que eu me movesse. Com um gesta da minha mão essa mesma areia desceu pelo cabo da espada até que chegasse na mão da shinobi.presa pela mão em um fio de areia ela foi arremessada com um movimento único da minha areia. Ainda no céu, buscando não se manter vulnerável ela executou os selos e cuspiu diversas bolas de fogo. Usando a areia como uma rampa eu corri em sua direção. Da minha ponte surgiam paredes que paravam os ataques de um a um. Quando estava próximo a ela saltei da minha areia fazendo com que ela envolvesse as pernas da minha adversária impedindo que ela caísse. Usando um jutsu de futton, ela envolveu sua perna em um forte tornado que a liberou da minha prisão. Enquanto caiamos ela me olhava fixamente buscando uma maneira de escapar.

Por um minuto enquanto caiamos meu corpo se desfez em papel e se movimentou rapidamente para o chão, onde um rasengas surgiu em minhas mãos enquanto eu esperava sua queda. Vendo aquela cena a mulher tentava se proteger disparando diversas kunais e shurikens, que simplesmente atravessavam meu corpo intangível de papel. o Resultado foi inevitável. Quando a shinobi se aproximou o suficiente meu rasengan fez contato com seu corpo a lançando como uma bala para cima. Diferente do meu último golpe contra seus capangas, esse não carregava moderação. O corpo da shinobi subiu no ar a uma distância incrível, parou no ar e iniciou a trajetória de queda. Um grande estrondo pode ser ouvido enquanto seu corpo já sem vida se espatifava no chão. Nenhum outro bandido ousara aparecer e sua líder jazia morta no chão. Ninguém mais precisaria temer esses bandidos.

Considerações:

Jutsus Usados:

A manhã surgiu no horizonte e com ela as pessoas começavam a sair de suas casas. Eu havia me certificado que nenhum outro bandido estava nos arredores, e o corpo da líder deles jazia na praça da cidade. Todos ali comemoraram e me agradeceram e depois de uma comemoração e de um cochilo eu seguia pela estrada novamente rumo a montanha onde eu estava treinando. Mais uma semana se passou até que eu me sentisse pronto para voltar a Iwa, agora tendo dominado minha nova habilidade. Desfiz o acampamento e deixei com que a areia envolvesse meus pés e me erguesse novamente no ar.

Não demoraria muito até que chegasse em Iwa montado em minha nuvem de areia, então decidi dar uma última passada no vilarejo para comer algo antes de ir. Chegando lá a cena que me recebeu não foi nada agradável. O restaurante que eu havia resgatado jazia em queimado no chão. O cheiro dos corpos queimados dentro dos escombros era extremamente forte. Eu sentia olhos sobre mim, vindo das pessoas de dentro das casas. Eu sabia o que eles estavam pensando e não podia culpá-los. Meu instinto de defender os outros e pular direto pra ação é extremamente efetivo de momento, mas por mais que eu vença as batalhas o mal simplesmente volta.

Eu olhava pros escombros enquanto a areia suspendia novamente meu corpo e eu desaparecia voando no horizonte. Eu havia sido o herói, mas minha atitude havia gerado mais mal do que bem. Aquilo dizia muito a mim sobre minha visão do que era lutar contra o mal. Kibuki foi o primeiro indício e agora as vidas perdidas graças ao meu heroísmo.

Eu era um Jounin Especial e mortes não me afetavam ou me deixavam para baixo como antigamente, porém elas serviam como lição. Apesar dos problemas eu havia utilizado meus novos poderes com maestria e agora me sentia preparado a retornar as missões. A imagem do Tsuki anti social e tímido era algo que vivia distante nas minhas memórias e eu havia aprendido a fazer melhor com o que eu podia. Eu me tornaria um ninja muito mais forte do que o antigo Tsuki jamais sonhou.

Considerações:

Jutsus Usados: