O marcador virou dentro do simples despertador, atualizando a hora e também acionando o irritante alarme do aparato, que ecoou pelo apartamento de Kaido. Ainda de olhos fechados o jovem se virou na cama, estendeu seu braço em direção ao pequeno móvel localizado ao lado de sua cama e tateou-o com a mão até encontrar o despertador. Os dedos de Kaido pressionaram o botão no topo do despertador, fazendo com que o alarme sonoro fosse desligado e reestabelecendo enfim a paz e o silencio dentro do imóvel.
Era cedo, até mesmo para o padrão dos shinobis, mas aquele era na opinião do garoto o melhor horário para treinar; as ruas estariam vazias, o tempo estaria húmido e o céu, sobre o efeito do sol que muito em breve nasceria, se assemelharia a uma bela pintura, o que iria propor ao garoto uma experiência agradável, prazerosa e revigorante. Apreciar aqueles pequenos momentos de beleza eram, na opinião de Kaido, o que fazia a vida fazer sentido e valer apena.
O jovem retirou as cobertas de cima de seu corpo e tratou logo de se colocar em pé. Kaido retirou os trapos velhos que usava para dormir e os substituiu por seu típico quimono branco, impecavelmente limpo e passado. Em baixo daquele vestuário o garoto de fato transmitia a imagem de um shinobi da elite, mesmo que sua aparência fosse relativamente diferente da dos demais shinobis de Kumogakure.
Após quebrar o desjejum com alguns pedaços de pão, manteiga e ovos, Kaido apanhou sua bolsa de armas e deixou seu apartamento, indo em direção a periferia da vila, onde poderia encontrar regiões desertas e apropriadas para dar inicio a seu treinamento.
Enquanto caminhava a passos lentos pelas ruas e vielas, Kaido estendeu sua mão em frente ao corpo, na altura de seu rosto, e por meio de graciosos movimentos, cortou o ar, procurando sentir a humidade do ar naquela manha – Perfeito -. Kaido possuía afinidade com o elemento suiton, o que significava que ele poderia controlar e dar forma a agua para criar e desferir poderosos golpes, no entanto, a habilidade do jovem ainda era precária e ele necessitava da presença massiva de água no ambiente para que pudesse treinar e combater. O ar húmido daquela manha possibilitava que Kaido pudesse dar seguimento aos seus treinos, que visavam lhe dar mais independência e poder para conseguir combater mesmo em territórios mais áridos e inóspitos.

Considerações”:

Equipamentos”:

Jutsus Utilizados:

Kaido alcançou a periferia da vila, um local repleto de pequenos picos rochosos instáveis, uma área perigosa, que costumava ser utilizada para o treinamento de shinobis com patentes mais elevadas ou genins imprudentes. O solo escorregadio dificultava a passagem pelo local, mas Kaido, já familiarizado com a região, deixava uma fração de seu chakra circular pela sola de seus pés, de forma que a aderência as rochas se tornavam garantida e as chances de um acidente se tornavam quase nulas.
Kaido contornou alguns picos, até que enfim alcançou uma depressão, um lugar deserto, perigoso e apropriado para o treino que o rapaz desejava realizar naquela madrugada.
No horizonte ainda não havia sinal do sol e a iluminação naquela região era precária, mas Kaido se sentia confortável daquele jeito, confortável por saber que não seria assistido por mais ninguém, de forma que suas habilidades e capacidades permaneceriam no anonimato para todos “O sigilo, a capacidade de se manter no anonimato, tal como um fantasma, é afinal uma das habilidades mais valiosas de um shinobi. Se informação e conhecimento é poder, a última coisa que desejo dar para as pessoas é o poder sobre mim”.
Diante a depressão o rapaz flexionou ligeiramente seus joelhos, contraiu todo o grupamento muscular de seu abdômen e eretores da espinha e então finalmente estendeu suas mãos afrente de seu corpo. Os olhos de Kaido se fecharam por um momento enquanto ele concentrava seu chakra nas palmas de suas mãos, procurando fazer com que esse aglutinasse as pequenas gotículas de água presentes no ar. O processo não foi rápido, as gotículas demoraram um pouco a surgir diante das palmas de Kaido, mas elas pelo menos obedeceram aos comandos do shinobi “A alta humidade facilita um pouco as coisas, mas ainda estou bem longe de me tornar um mestre... Devo ser capaz de aglutinar água e dar origem a técnicas com mais velocidade e naturalidade”.
A manipulação elemental de Kaido deu origem a uma esfera de água que foi logo lançada em direção ao fundo da depressão. A bolha de água explodiu, causando quase nenhum efeito sobre as resistentes rochas que formavam o solo daquela região. Kaido recomeçava o processo quando ouviu o barulho passos, não muito distantes de onde ele treinava. De imediato o shinobi interrompeu seu treino e se virou, afim de encarar de frente aquele que chegava.
A luz de uma lanterna velha iluminou Kaido e permitiu que ele vislumbrasse também os contornos de um colega shinobi – Você é Kaido? Tenho uma coisa para você -.

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Equipamentos”:

Jutsus Utilizados:

O homem retirou de dentro de suas vestes um pergaminho e o lançou em direção a Kaido – O Coronel do departamento de Inteligência mandou entregar para você -. Enquanto o shinobi apanhava o pergaminho, rompia seu selo e iniciava a leitura, o desconhecido deu as costas e foi embora, deixando Kaido novamente sozinho naquele local “O sol não nasceu, todos estão dormindo e eu duvido que alguém tenha me visto caminhar até aqui... Como será que eles me encontraram afinal?”.
O pergaminho nas mãos de Kaido era um convite para que ele comparecesse ao departamento de inteligência da vila naquela manha, a solicitação que o jovem havia feito a alguns dias atrás para adentrar ao departamento havia sido aprovada e agora ele deveria se apresentar para tomar posse de seu cargo e iniciar seu trabalho como agente da inteligência.
O rapaz deu seguimento aos seus treinos enquanto o sol ainda não se revelava no horizonte. A manipulação do elemento Suiton parecia melhorar com o tempo, de forma que no final daquele treino matutino, Kaido conseguia dar origem a formas de água com muito mais velocidade e conseguia também lança-las com muito mais força contra as rochas, que estilhaçavam quando eram atingidas.
Com um sorriso ligeiro em seu rosto Kaido deu as costas aos picos rochosos e voltou a caminhar em direção ao centro da vila. O sol já podia ser visto no horizonte, de forma que agora o céu se encontrava pintado por uma infinidade de cores e nenhuma lanterna ou lamparina era necessário para iluminar o caminho de volta.
Nas ruas de Kumogakure as pessoas pareciam enfim terem acordado e começavam sua jornada diária de trabalho. Kaido as estudava com os olhos enquanto caminhava, indo em direção a um dos maiores edifícios da vila, localizado próximo ao escritório do Raikage, o departamento de inteligência.
Ao alcançar o local que procurava Kaido revelou o pergaminho para os guardas, que sem demoras permitiram que o garoto adentrasse ao local. Não demorou para que o superintendente de Kaido surgisse para lhe receber – Kaido, seja bem vindo! Sou Ging, responsável pelos interrogadores e a partir de hoje, seu chefe. Em seus primeiros dias aqui você recebera treinamentos e instruções para que consiga futuramente dar conta dos trabalhos e missões que lhe serão designados pelo departamento. Já adianto para você que nós lidamos com informações muito relevantes para a segurança da vila e também com assuntos sigilosos, então esteja preparado garoto, esse trabalho não é para os fracos e sem determinação -.

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Ging mostrou o edifício para Kaido, que em determinado ponto sentiu que sua mente poderia explodir a qualquer momento devido a quantidade de departamentos, salas, passagens e senhas que eram necessárias para se acessar os diferentes níveis do local – Quanto mais delicado for o assunto, maior o nível de segurança e mais complexo de se acessar as salas onde o assunto é discutido ou guardado, entende? -. Kaido fez que sim com a cabeça e continuou a seguir o homem – Bom, acredito que eu tenha mostrado um pouco de tudo que existe por aqui. Alguma pergunta? -.
Kaido não possuía nenhuma dúvida a respeito do edifício ou de seu funcionamento, mas dês do momento que fora encontrado por um membro da inteligência naquela manha, uma pergunta lhe consumia por dentro e aquela parecia a oportunidade perfeita para sana-la – Ging, como vocês foram capazes de me encontrar hoje cedo? Como vocês conseguem encontrar as pessoas mesmo que não existam evidências, testemunhas, etc? -. O instrutor abriu um grande sorriso, obviamente se divertindo com a ingenuidade de seu pupilo – Muito dos shinobis que integram nosso departamento possuem a habilidade de sensoriamento, que lhes permite rastrear traços do chakra das pessoas, sentir a presença delas a distancia e até mesmo dentro de esconderijo ou em meio a multidões -. Naquele momento tudo pareceu fazer sentido para Kaido, que ficou fascinado pelo assunto e decidiu que investigaria mais sobre a habilidade de sensoriamento – Bom, agora nos partiremos para uma parte mais pratica de seu treinamento. Como você bem sabe, nós lidamos com informações e essas informações normalmente são obtidas por meio de missões especiais e interrogatórios. Hoje você aprenderá como interrogar os suspeitos e inimigos Kaido e ao longo dos próximos dias irá aperfeiçoar essa habilidade -.

Kaido foi levado até uma sala de interrogatório, uma das muitas localizadas no subsolo do edifício, onde o frio parecia penetrar até o tutano dos presentes, lhes torturando física e psicologicamente. A humidade do local era ainda maior do que a do lado de fora do edifício, o que agradava Kaido.
Na sala de interrogatório um mercenário, já bem judiado, se encontrava sentado e preso por inúmeras correntes e técnicas de selamento – Você conhece um pouco sobre anatomia, certo? Bom, me mostre como você faria para infligir dor a alguém, me mostre como você faria para quebrar o espirito de alguém -.
Kaido permaneceu imóvel e em silencio por alguns segundos. Apesar de ser um shinobi experiente, apesar de já ter executado diversos inimigos de Kumogakure e ter passado por situações muito mais complexas, aquela era uma situação completamente diferente e nova para ele.
Após muito pensar, Kaido então se colocou em movimento, alinhando sua postura, estendendo seus braços a frente de seu corpo e dando início a mais uma manipulação de seu elemento de afinidade.
A água surgiu entre os dedos do garoto e para sua surpresa, a manipulação lhe ocorreu com muito mais facilidade naquele momento “Deve ser a humidade”. As gotículas se aglutinaram depressa e deram origem a uma esfera de tamanho intermediário.
Kaido fez com que a esfera de água engolisse a cabeça do prisioneiro, penetrando pelas cavidades da narina e boca, invadindo a traqueia e alcançando os pequenos alvéolos pulmonares – Nesse momento a sensação que ele tem é a de que esta se afogando. O pulmão não consegue realizar trocas gasosas, o corpo sente a dor e a mente por tabela entra em pane... Uma vez talvez não quebre o espirito de alguém determinado, mas eu poderia fazer isso o dia todo -.

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O superior de Kaido riu – Você vai se dar muito bem com esse trabalho, tenho certeza! Bom, causar dor talvez seja uma coisa que você já saiba fazer devido aos seus conhecimentos e experiência de campo, mas deverá aprender muito sobre as diferentes técnicas existentes nesse mundo e também sobre a mente humana se quiser evoluir dentro da inteligência. Os bons agentes são capazes de ler a mente das pessoas simplesmente observando suas feições e ações, é preciso não só estudar muito, mas ter muito sangue frio também. Bom, por hoje eu acredito que seja só, você pode tirar o resto do dia de folga para estudar, descansar, fazer o que você quiser fazer -. O homem se retirou da sala, deixando Kaido sozinho com o prisioneiro que se afogava com a bolha de água que envolvia sua cabeça.
O jovem fez novamente uso de seu domínio sobre o elemento Suiton para extrair a água dos pulmões do prisioneiro, que logo voltou a respirar. Kaido lançou a água em direção ao chão e então deu as costas ao prisioneiro, indo em direção a porta e rumando para a saída do edifício.
Fora do prédio Kaido deu vida a um clone de si – Vá para a biblioteca ou procure alguém que possa nos ensinar sobre as técnicas de sensoriamento, elas parecem ser muito uteis para os serviços que precisaremos realizar dentro da inteligência -. O clone obedeceu às ordens de seu criador, desaparecendo em meio a multidão que tomava conta das ruas do centro da vila.

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