— Byakugan! — disse, irrompendo o silêncio.
As veias que rodeavam os olhos do jovem shinobi se dilataram com fervor. As pupilas outrora castanhas agora se esbranqueciam. Aparentemente, não havia qualquer propósito no uso de sua técnica ocular avançada. Ou pelo menos assim pensaria um observador externo. O jovem, no entanto, tinha um objetivo bem definido e traçado: o aprimoramento de suas capacidades físicas. E, por outro lado, também se aproveitava da visão privilegiada para se distanciar de qualquer outro ser, isolando-se por completo num campo plano verdejante de longa extensão, onde apenas algumas árvores medianas lhe serviriam de companheiras ao seu árduo treinamento.

Por ter nascido uma alma guerreira, era comum a ele praticar em todos os instantes em que não fosse convocado a uma missão. Decidiu melhorar sua resistência, uma vez que seu corpo frágil era incapaz de resistir a longos períodos em disputa e isso poderia, muito possivelmente, se tornar um empecilho durante uma disputa de vida ou morte. Exercitou-se com um breve alongamento e exerceu uma postura de combate. A frente, o oponente arbóreo. Era o genin um hábil artista marcial, dotado de uma proficiência notável com o punho suave. Encarou o ser inerte e respirou com vagareza e, após tomar fôlego, atacou. Executou uma série de movimentos. Os dedos atingiam a casca marrom do vegetal como se ali houvessem tenketsus. Os braços se moviam ligeiramente, alvejando os imaginários pontos com os dedos embebidos na energia comum a todos os ninjas.

Perpetuou os golpes, sem uma única pausa, até que esgotasse completamente as reservas energéticas. Só notou estar fadigado quando, sem a devida intenção, seus membros cessaram completamente, tornando-se pesados. Haviam lascas de madeira por todas as direções, deixando no rígido tronco pequenos buracos causados pelas pontas dos seus dedos. O punho suave era um estilo de luta severo, capaz de causar grandes danos. E, apesar de seu nome sugerir o oposto, ele poderia simplesmente exaurir seu usuário caso utilizado sem qualquer descanso.
— E este é o momento de uma batalha que seria minha ruína. Agora, como poderia descansar se houvessem uma centena de inimigos ao meu redor? E se eles visassem destruir tudo o que me fosse caro, como os protegeria? Foque-se, Nanashi. Deve aprender a superar os seus limites. Tome essa lição para si e vá além do que pode suportar o corpo. — disparou ofegantemente, enquanto dava palmadas no rosto a fim de se ver concentrado.

Sua vontade se revelou o caminho para o sucesso. Não desistiu e perseverou. Persistiu no caminho do guerreiro, aliando-se ao que lhe fora ensinando enquanto ainda um pequenino infante. Por vários dias a fio, repetiu o feito e "lutou" sem nem sequer um dia de repouso completo. Só sossegou, enfim, quando teve ciência de seu melhoramento. Viu-se resistir um tempo maior dando tudo de si. Era óbvio a ele que sua estamina havia aumentado. Gozando de boa forma, imperou a necessidade de seguir ao segundo estágio de sua preparação.

Desta vez, procurou uma forma de se tornar ainda mais ágil. O mundo era vasto, e muitos seriam os adversários com um portfólio de jutsus bem mais variado que o seu. A sua ideia era compensar tal carência com uma velocidade arrebatadora, uma tal que tornasse possível dar combate a qualquer que fosse seu desafio. Regressou, pela manhã, ao campo que lhe servira anteriormente. Carregava consigo uma série de pesos na forma de tornozeleiras e pulseiras. Eles estavam num grande saco que fora arrastado por todo o caminho de sua casa até ali. Não tinha forças para erguer a sacola do chão, restando-lhe somente a opção de rastejá-la de sua residência até ali. Era um material que fora utilizado há décadas por sua família e agora acumulava poeira num depósito escuro. Começou com os mais leves, fixando-as aos tornozelos e pulsos. Não era uma grande massa, ainda sim estava clara a diferença.

Devido a falta de costume, teve uma dificuldade imensa em aplicar golpes simples como socos e pontapés. Tentar o punho suave não era tarefa menos árdua. Mas já era de se esperar que Nanashi não fosse desistir, não interessando o quão complicado pudesse parecer. Insistiu no processo acreditando que, em algum dado momento, lograria sucesso. Golpeava o ar seguidamente, sem descanso. A sua nova constituição foi vital à rotina de exercícios propostos. O suor corria demasiadamente sobre a pele, formando uma corrente fluída que só cessava ao encontrar o chão, molhando-o aos montes. A respiração se tornava cada vez mais frenética, com intervalos diminutos e alta intensidade. Durante um longo período daquele dia, adaptou-se à nova realidade, até que não mais fosse um sacrifício trajar aqueles pares de pesos nos membros. Depois de uma infinidade de movimentos, finalmente se viu inteiramente adaptado aos objetos. Resolveu, por fim, praticar pequenas corridas em velocidade por curtas distâncias. Um treino voltado à explosão.

E, assim, construiu uma maneira com a qual aumentou a sua velocidade lentamente. Ia, progressivamente, incrementando os pesos usados e, ao mesmo tempo, aumentava a quantidade de repetições, corridas e golpes que praticava. Em alguns dias, seus braços pesavam tanto que não acreditava ser capaz de dar seguimento. Contudo, sua devoção por combates haveria de gritar mais alto, provando que sua determinação não se esvaziaria com um mero cansaço. Na maior das provações, a maior e mais pesada, demonstrou que, embora exausto por uma rígida e exaustante prática, tudo conseguiria se não desistisse. Evocou seu espírito de combatente e somente o deixou se esvair no momento em que se movia com perfeição mesmo com uma quantia grande de carga sobre seus ombros e pernas.

Descansou, enfim.

Nanashi; 200/200 200/200 00/02

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