Estava no fim dos movimentos esquisitos, lentamente esculpidos através dos dias e treinos em uma técnica de preparação corporal. Ainda não sabia qual nome dar a minha arte, essa parte era mais difícil que sua própria elaboração, a bem da verdade. Cada centímetro de músculo pulsava suavemente, flexíveis como folhas. Quando terminei o que julgava ser a série de passos perfeita, continuei com alguns movimentos fluídos, ora acompanhando a velocidade e ferocidade do vento, ora das folhas, às vezes dos pássaros. Quando o pouco tecido pendurado no corpo começou a encharcar, desloquei o ombro esquerdo de forma zumbizesca até a pele rasgada expelir um cabo de osso seguido por uma extensa lâmina. Ao mesmo tempo em que a estrutura óssea deixava o corpo, outra substituta regenerava-se quase instantaneamente, dando-me a liberdade de um saque rápido e livre de qualquer restrição.  

Enquanto meus braços dançavam em companhia das pernas e tronco na condução da lâmina pelo ar, perguntava-me como minha linhagem havia se adaptado de forma tão feroz, versátil e bela a algo tão primitivo e animalesco como a batalha por algo. Não que eu deprecie o animalesco e primitivo, veja bem, agradam-me de uma forma quase parental. Fazem parte de mim, afinal. O que combustava meus pensamentos era o fato de não conhecer qualquer origem sobre a minha pessoa ou ter conhecido qualquer ninja com as minhas habilidades. Seria um encontro interessante esse. Pergunto-me se prezaria a curiosidade que certamente cairia sobre os limites de outra habilidade semelhante, como o gavião que cai sobre a serpente, ou se o brilho da possibilidade de saber minhas origens cegaria mais.  

Só comecei a sentir a eficiência dos músculos ir embora depois de severos minutos preenchendo o vazio do campo de treinamento isolado com o som ritmado dos cortes ósseos. Resistência era o que eu julgava precisar depois de algumas missões e outras circunstâncias específicas, apesar de não conseguir manter-me exclusivamente no cuidado da stamina. Outra situação em que a manipulação dos meus ossos serviria tanto quanto uma boa capa; alterava a densidade da espada e de outras formações de acordo com as necessidades: aumentava a densidade quando precisava forçar músculos específicos e diminuía para aliviar a tensão e não lesionar. Não era pouca a complexidade do treinamento, entender um pouco das capacidades do corpo humano fará perceber que praticar a velocidade de manipulação de uma habilidade única e específica, a resistência dos músculos e do corpo como um todo, velocidade, atenção, força e todas as características possíveis de serem exploradas em uma árdua batalha imaginária, é algo exaustivo. Senti o corpo vibrar de dor e cansaço assim que atingiu propositalmente o chão, era bom cair voluntariamente e da forma certa enquanto ainda era possível.

Considerações:

Equipamentos: