[RP] Uma Nova Jornada

O tempo não queria passar para a azulada naquela noite, e desde que ela abandonou as imediações dos portões da Folha, as imagens da batalha entre defensores e atacantes da vila ficavam se repetindo de novo, de novo e de novo na mente dela, como em um filme posto em replay, atormentando-a a ponto de não lhe deixarem dormir. Aquela sensação de vazio dentro de seu peito continuava crescendo, mas, agora, bem aos pouquinhos os questionamentos iam voltando a lhe surgir, e, junto disso tudo, ainda havia a parcela de uma desconfiança impensável que ela nunca tinha sentido em sua vida sequer quanto a seus possíveis inimigos, porém, começava agora a sentir quanto a seus companheiros de vila. Sentia-se ainda mais insegura que o normal quanto a si própria, mesmo tendo sido capaz de sobreviver – e isso sem qualquer mínimo arranhão ou sinal de cansaço. Sentia-se desprotegida e solitária, mesmo tendo visto – e até conversado com – ao menos mais um defensor aparentemente confiável. Sentia-se perdida.

Sim, sentia-se perdida; desde ainda antes do massacre no País das Ondas, sua vida ninja tinha se resumido a se espelhar em alguém mais forte e capaz para nortear seu caminho e ter sempre algum objetivo para cada um de seus treinamentos. Porém, um a um esses “alguéns mais fortes e capazes” foram desaparecendo de sua vista ou mesmo morrendo bem diante de seus olhos, e, dia após dia, seu único medo se aproximava mais e mais de si, ao passo que suas motivações só pareciam se distanciar. Ora, poderosa ela sentia que estava se tornando, sim... mas para quem além de si própria até o momento? Angell não andava sendo capaz de cuidar dos outros – entre ninjas necessitados e civis incapazes de se salvarem sozinhos –, e até então não estava entendendo o porquê. Havia algo que ela andava fazendo de errado, mas como descobriria o que, como ou mesmo por quê? Mais uma vez tudo era apenas e simplesmente um enorme breu.

Angell fechou e pressionou seus olhos perolados com força. Suspirou pesadamente, e só então voltou a encarar o teto de seu quarto, tão escuro pela falta de uma luzinha àquela hora da madrugada. Já começava a se sentir incomodada com o clima pesado que tinha tratado – mesmo que indiretamente – de instaurar dentro de sua própria casa. Ainda era inverno, mas tudo parecia quente demais, abafado. ...e isso, junto com a escuridão tanto dentro de sua mente quanto em torno de seu corpo todo, fazia-lhe sentir enclausurada, curiosamente claustrofóbica em seu quarto amplo, em sua casa mais ampla ainda, como se pudesse perder o ar sem parar de respirar. Só que não era do feitio dela se entregar a sensações ruins assim tão facilmente; por mais que um dia que tinha tudo para ser feliz tivesse terminado da pior e mais impensada forma possível, a azulada ainda não estava – e jamais estaria, se dependesse dela própria – pronta para desistir. Ainda havia tempo para ela reagir e se reerguer, só precisava se mexer.

E então o fez; levantou-se, vestiu-se e equipou-se como de costume e saiu de casa – pela janela de seu quarto, mesmo –, para se enfurnar na floresta que circunda a Folha. Lá, ao menos espairecer ela sabia que conseguiria.

“But it’s the only thing that I have.”

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Angell'

Lenda Ninja | Sannin

Sex 24 Jan 2020 - 21:11

Angell Hyuuga
[ HP: 2050/2050 | CH: 4200/4200 | ST: 00/10 ]
[ Byakugou no In: 500/500 ]
[ Uso do Souzou Saisei: 00/08 ]

O restante da madrugada, a manhã toda e o começo da tarde daquele dia foram longos e tranquilos para a azulada. Há quanto tempo ela não se sentia aconchegada e protegida para poder se esquecer de suas preocupações por ao menos algumas horas e descansar em paz? Seu sono estava tão profundo que nem mesmo quando Shion se assustou com a aproximação do cervo ela se mexeu; não percebeu a movimentação meio brusca dele nem em seu sonho – por mais que não fosse se lembrar do dito cujo quando acordasse. Ela realmente precisava daquele tempinho de reclusão.

Porém, também não poderia ficar daquele jeito para sempre; tinha de acordar e voltar a viver a vida, e, mesmo sentindo alguma dificuldade em abrir seus olhos e se levantar de novo, junto de Shion, acabou por fazê-lo. Mais uma vez ele estava certo; tinham, ambos, de encontrar o hokage. ...nem que, ao menos por ora, só para tomar ciência de quem o dito cujo se tratava. Dizemos, não que Angell conhecesse lá muitos dos ninjas da Folha e tivesse grandes chances de saber quem poderia ser, mas, em algum momento, teria de descobrir quem estava tomando o lugar de Kai.

– Uhum. – ela murmurou para seu pai. – Vamos.

E tomou a liberdade de segurar e apertar de leve a mão canhota dele com sua destra de novo antes de voltarem juntos para dentro da vila.