" Hm.. Acho que já é hora de me levantar.. " A essa altura, raios de Sol já adentravam o quarto da pequena Sarutobi por meio de janelas. Embora soubesse da necessidade de erguer-se, a garota permaneceu deitada por mais alguns minutos, na esperança de que a continuidade do tempo interrompesse e ela pudesse permanecer naquela posição por quanto tempo quisesse. Entretanto, isso não aconteceu, e a garota se viu realmente obrigada a enfim sair da cama. Tentou praguejar, mas a incapacidade de fala apenas fez com que a mesma fosse capaz de soltar alguns murmúrios inidentificáveis. Vestiu-se sem muita pressa, colocando uma espécia de vestido negro e, por cima deste, um pequeno casaco branco. Apesar do material da jaqueta não aparentar ser das mais quentes, não deixava de ser uma medida adotada pela garota a fim de proteger-se do inverno que assolava Konohagakure.

Logo após colocar a Hip-Pouch - onde se encontrava todos os armamentos ninjas da garota - na cintura, ouviu três batidas na porta de madeira de sua casa. " Hm? Deve ser importante.. O que será que aconteceu? " A falta de confiança e visão pessimista do mundo fez com que vários pensamentos negativos assolassem a mente da garota neste pequeno percurso de onde se encontrava até a porta de sua casa. Arrastando os pés descalços pelo chão de madeira, a Sarutobi girou a maçaneta e nesse instante se dera conta de que deixara a porta aberta enquanto dormia. " Dro- Olá.. O que foi? " Nesse instante, Kanisu tornou a gesticular com as mãos em direção a um ninja que se encontrava parado na porta de sua casa. Não entendendo o que a garota tentava dizer, o homem simplesmente lhe entregara a carta e, feito isso, saiu.  

" Será..Minha primeira missão? " indagou-se, fitando com curiosidade o pedaço de papel que tinha em mãos. Abriu o envelope lentamente, temerosa de acabar rasgando-o sem querer. Kanisu estava certa. Fora designada a realizar uma missão de Rank C junto a uma Genin de Konoha. " Não sei se é uma boa ideia.. " Kanisu não gostava de trabalhar em equipe. Sua timidez acabava fazendo com que ela tivesse dificuldade em interagir com outras pessoas, o que fazia com que muitas pessoas a achassem estranha e esquisita. Suspirou profundamente, rezando para que tudo viesse a dar certo. Após colocar um par de botas brancas, a garota se dirigiu ao que deveria ser o ponto de encontro: uma árvore Sakura nos arredores do vilarejo.

Enfim nos arredores de Konohagakure, Kanisu notou uma grandiosa árvore cujas folhas eram rosadas. Era difícil aquela árvore não se destacar quando comparada a outras e, devido a isso, foi relativamente fácil achá-la. " Hm..Será que é ela? " Enquanto se aproximava da árvore, Kanisu notara a figura de uma garota de uma garota bela de cabelos esbranquiçados. De longe, ela aparentava ser mais baixa e um pouco menos leve que Kanisu, e isso foi se confirmando gradativamente, a medida que a Sarutobi avançava. " Oh..Como será que eu devo interagir com ela? Será que ela conhece a linguagem de sinais? " A ansiedade fazia com que Kanisu começasse a esfregar o próprio pescoço de maneira desenfreada. Quando se deu conta, estava a apenas alguns metros de distância da garota. " Er..Oi, meu nome é Kanisu. Que sejamos boas amigas. " Kanisu começou a movimentar as mãos, e o nervosismo a fez cometer alguns erros manuais que, caso a garota não entendesse aquela linguagem, sequer notaria o erro. " Então.. Vamos? " A Sarutobi apontou para a região montanhosa do vilarejo, onde a missão seria realizada.

Considerações:

Kanisu tomou um susto quando a garota estendeu a mão de maneira tão animada e pura. A garota, que fora muitas vezes motivo de piada devido a sua condição característica, não estava acostumada a ser recebida dessa maneira por um desconhecido. Timidamente, a Sarutobi utilizou ambas as mãos para cumprimentar a garota, movendo o braço da grisalha para cima e para baixo, lentamente. " Não..Não diga esse tipo de coisa! " As bochechas de Kanisu coraram quando a companheira lhe elogiara, fazendo com que a Sarutobi largasse as mãos da garota e tentasse cobrir o próprio rosto com as mãos. À medida que a grisalha se aproximava de Kanisu com curiosidade, tudo que a herdeira da Vontade do Fogo fazia era retroceder alguns passos para atrás, sequer mantendo contato visual com a garota que lhe olhava. Era estranho o desconforto de Kanisu perante uma garota que deveria ser, no mínimo, três anos mais jovem que ela. " Takane? Prazer em conhecê-la. " A Sarutobi tornou a soletrar o nome da mulher com as mãos, a fim de indicar que entendera e se lembraria do nome da aliada. Além disso, pode-se dizer que o coração da garota de olhos roxos começou a bater mais rapidamente quando ouviu que, a partir desse momento em diante, faria parte de uma equipe. " Será que eu vou me adaptar? E o outro integrante? Caramba.. " Da mesma maneira que fizera antes, Kanisu esfregava o pescoço com as mãos freneticamente. Após a apresentação animada - em parte - as garotas começaram a andar em direção ao seu destino.

O silêncio foi quebrado pelas palavras de Takane que, carregando os sentimentos dela, foram capazes de fazer Kanisu se sentir um pouco mais confortável em sua presença. " Tudo bem.. Você..não está sozinha.. " Sorriu, elevando o braço para colocá-lo no ombro da garota. Todavia, antes que fizesse isso, pensou que talvez a garota reagiria negativamente quanto a isso. Apesar de não fazer sentido para muitas pessoas, Kanisu pensava muito antes de tomar uma decisão por mais simples que seja. Ao invés disso, simplesmente abaixou o braço e continuou a andar. Surpreendentemente, porém, havia um sorriso de canto de boca esboçado em sua face. " Amiga.. "

Quando Takane parou subitamente e sacou uma kunai, Kanisu achou que tinha feito algo de errado. Entretanto, suspirou de alívio quando notou que tudo que a aliada fazia era anotar perguntas no chão. " Meu nome? Audição comprometida ou apenas a fala? Ah, entendo.. " Primeiramente, Kanisu elevou ambos os braços até a altura da cabeça. Apontou ambos os dedos indicadores para o ouvido e, após tê-lo feito, fez um "joinha" com a mão, indicando que seus ouvidos eram funcionais. Seguidamente, apontou para a garganta, mas dessa vez realizando um sinal de negação com a mão, deixando claro que o problema estava localizado em algum lugar naquela região. Pegou uma kunai, segurando-a na mão dominante, e começou a escrever na neve: Prazer, Takane. Sou Kanisu Sarutobi :) era o que podia ser visto na neve a partir de então. Após isso, a mais velha deu um sorriso tímido para a outra e, após fazer isso, continuou a andar.

Não tardou para que as duas chegassem na região montanhosa de Konohagakure e, lá chegando, se depararam com um pequeno grupo de exploração: deveria haver, mais ou menos, sete ou oito mineradores a espera das garotas. Portavam ferramentas que Kanisu nunca tinha visto na vida, além de carrinhos responsáveis pelo carregamento dos minerais futuramente obtidos. A Sarutobi olhou ao redor, tentando entender para onde as duas deveriam se dirigir. Ao longe, avistou uma barraca semi-aberta onde parecia repousar um homem barbudo e robusto de meia-idade, provavelmente o responsável pela tarefa. " Ei, ei.. Acho que devemos ir ali. Ele parece o encarregado. " Kanisu puxou levemente a manga de Takane com uma das mãos, enquanto os dedos da outra apontavam para a barraca. Permaneceu inerte, curiosa a saber como Takane gostaria de proceder.  

Considerações:

Kanisu sorriu levemente quando Takane acabou ficando em uma situação desconfortável para com o homem da barraca, o mesmo que se denominara nosso contratante. Disse também que se chamava Itake Kumori A Sarutobi permaneceu quieta, mantendo apenas os ouvidos atentos a conversa dos dois. Fitava Itake com certa curiosidade, ouvindo aplicadamente a história do homem e o porquê das garotas terem sido contratadas. " Ladrões? Será que são ninjas? " Droga.. Droga.. " Apesar de ser improvável, Kanisu tinha receio de estar em uma situação real contra shinobis, principalmente devido a sua falta de experiência como uma recente Genin. Felizmente, Kanisu não parecia estar sozinha nisso, visto que as mesmas dúvidas pareciam tomar conta dos pensamentos da grisalha. Kanisu confirmou com a cabeça quando ouviu que Takane iria se '' disfarçar '' a fim de conseguir algumas informações referentes a missão. Mesmo que não tivesse muito que a Sarutobi pudesse fazer por ser muda, ela não queria depositar todo o peso da missão nas costas da garota e, a fim de ajudá-la, também pensou em um modo de se disfarçar.

" Henge no Jutsu! " Uma fumaça cobriu o corpo de Kanisu e, após que a mesma se dispersasse, podia ser visto um homem de trinta e poucos anos, alto e magro, com vestes de minerador no mesmo local em que Kanisu se encontrava anteriormente. Apesar de não ser forte, a Sarutobi possuía um bom vigor físico, que lhe garantiam carregar um carrinho de mão pelas imediações de onde se encontravam. Passeando pelo local fingindo como se estivesse trabalhando, a garota ouviu as conversas de alguns mineradores. - Novamente temos o risco de sermos atacados por aqueles desgraçados. Ultimamente eles tem usado kunais, mas acho que eles não usam jutsus com medo de nos matar e acabar perdendo essa fonte de renda deles. Espero que não venham em grande número como da última vez. Se não me engano, foram oito. - Escutou Kanisu, com os ouvidos atentos. Para a Sarutobi, isso parecia significar outra coisa: eram ladrões '' comuns '' que, apesar do número elevado, eram incapazes de usar jutsus. Afinal, seria muito mais fácil intimidar usando jutsus, não?

Kanisu correu até Takane e, chegando na frente da mesma, desfez o Henge no Jutsu. Começou a se comunicar usando as mãos, de maneira que até uma pessoa que não fosse muda seria capaz de entender. A Sarutobi, por exemplo, fez uma cara má, como se fosse uma ladra. Seguidamente, realizou um selo de mão. Após isso, fez com as mãos sinais negativos. A garota de olhos roxos esperava que Takane entendesse que aquilo significava, basicamente, que os ladrões não usavam jutsus. - Ei, garotinha, você está enganada! - disse um dos mineradores, fumando um cachimbo, que parecia ter entendido o que Kanisu estava tentando dizer. - Nós já nos esbarramos com um ou dois ninjas renegados. Mas acho que eram Genins que fugiram da vila, pelo menos pareciam ser. - completou. A Sarutobi olhou cabisbaixa para o chão. " Desculpa pela informação errada, Takane.. " pensou, juntando as mãos em forma de súplica em direção a garota. Sentia-se desmotivada pelo fato de ter cedido informações que poderiam, no pior dos casos, garantir o insucesso da missão.


Após todos os preparativos, o grupo enfim saiu em busca do local onde seria extraído os minerais. O grupo de nove mineradores (contando o chefe) e as duas Genin chegaram em seu destino sem muitas dificuldades e, após excessivas horas de extração, tinham conseguido adquirir cinco carrinhos de minérios, os quais Kanisu era incapaz de identificar. Os próprios mineradores disseram que aquele tinha sido um dos melhores dias de trabalho deles no ano, e sorrisos podiam ser vistos nos rostos de alguns. Então, começaram a voltar, esperançosos de que nada iria acontecer. Entretanto, dois homens apareceram, estes com bandanas de renegado de Konohagakure na testa. Ele estalou os dedos e mais oito pessoas apareceram, mas esses simplesmente aparentavam ser simples ladrões. - Ora.. Ora..Vocês até que conseguiram bastante coisa, não é? Certo, passem para cá! - disse um deles, confiante. Kanisu tornou a fitar Takane. O que quer que a garota decidisse fazer, a Sarutobi tentaria lhe auxiliar.

Considerações:

A maneira como Takane assumiu a dianteira foi vista de maneira no mínimo louvável por Kanisu. Não sabia como a grisalha tinha coragem e capacidade de agir tão confiante em uma situação complicada como aquela. " Er..Será que isso é uma boa ideia? " Coçando a garganta, Kanisu viu que Takane desafiava sem medo os dois ninjas renegados de Konohagakure. Aparentemente, um deles era idiota o suficiente para aceitar o desafio da Genin. Atenta principalmente às ordens que a Guang lhe dava, Kanisu se escondeu atrás de um carrinho de mineradores assim que a aliada lhe pedira. Por precaução, a Sarutobi até mesmo cobriu os olhos com ambas as mãos, vide o fato de que Takane disse que simplesmente olhar para a técnica dela faria com que a mais velha fosse atingida. - Agora, Kani-chan!

Assim que as palavras de Takane adentraram os ouvidos da muda, a garota saiu de trás do carrinho de mineradores. Por alguma razão, os dois ninjas renegados se encontravam atordoados, cobrindo os próprios olhos com as mãos. Essa era a chance que a mais jovem havia dado para Kanisu. " Certo, não posso desperdiçar! " As mãos leves e ágeis da Sarutobi foram de encontro a Bolsa de Armamentos, localizadas na perna da garota. Rapidamente, sacou duas kunais e dois selos bomba e, amarrando um kibaku fuuda em cada uma das kunais, Kanisu enfim realizou sua ofensiva. Tacou uma kunai aos pés do maior oponente e a outra aos pés do menor. Parecia que Kanisu tinha errado, mas isso não era o que realmente tinha acontecido. Tornou a realizar alguns selos de mão de maneira ágil, de modo que segundos depois a garota já sabia estar preparada. " Katon:  Haisekishō! " Espessas cinzas saíram da boca da garota, sendo levadas pelo vento até onde os inimigos se encontravam. Ambos os renegados estavam completamente cobertos pela névoa que Kanisu havia criado. Logo em seguida, os papéis bomba das kunais explodiram e, com isso, a névoa cinza deu lugar a enormes chamas, que queimavam os malfeitores. " Não morram, não morram.. " A Sarutobi torcia para que seu jutsu não fosse fatal. Afinal, não era o tipo de pessoa que gostava de sujar as mãos com sangue.

Felizmente, assim que as chamas cessaram, podia-se notar que os ninjas renegados estavam apenas inconscientes, apesar de várias queimaduras em ambos os seus corpos. Kanisu olhou para Takane, sorrindo amigavelmente e contente pelo fato do trabalho em equipe ter dado certo. " Ah, sim.. Há os outros ladrõ..Hm? " Os ladrões comuns, para a sorte de Kanisu e dos mineradores, se renderam assim que perceberam ser incapazes de lidar com as Genin. Os chefes terem sido derrotados em questão de segundos fez com que aqueles bandidos se acovardassem, tacando no chão suas armas e simplesmente desistindo de lutar. Afinal, para eles, isso parecia menos pior que a morte. Assim sendo, todos os ladrões - incluindo os renegados desacordados - foram amarrados em carrinhos, onde seriam levados e julgados por Konohagakure. Kanisu suspirou de alívio, pois aparentemente nenhum problema maior se daria pelo resto da missão. " Foi uma boa ideia ter cegado eles. Obrigada pela confiança em mim, também. " gesticulou. De certo modo, a Sarutobi não parecia temer interagir com Takane, diferente do que acontecia quando a garota o fazia com outras pessoas. " Devemos voltar, certo? " perguntou com as mãos.

Considerações:

Kanisu deixou escapar um grunhido quando a garota quebrou os dedos dos ninjas renegados. Apesar da explicação de Takane ser coerente, a exposição a violência fora de combate deixava a garota um pouco desconfortável. Apesar disso, não disse nada, afinal sequer era capaz. Virou-se em direção aos mineradores, vendo que Takane se dirigiu a estes. Kanisu ficou feliz ao ver que Itake sorria, o que fazia com que ele parecesse menos sério que antes. As pessoas que a Sarutobi conhecera naquele dia eram completamente diferentes das com quem ela convivera o resto da vida. Seria este um sinal de que as coisas estariam mudando para melhor? Bem, apenas o futuro poderá ceder resposta para isso.

Quando Takane a acariciou na cabeça, Kanisu ficou levemente corada, pois aquela era a segunda vez que a grisalha agia dessa forma. " Ela faz isso constantemente? " Não é como se a Sarutobi não estivesse gostando, mas ficou surpresa ao ver que Takane constantemente realizava contato físico, enquanto ela própria não conseguia com a mesma facilidade. Entretanto, as garotas não se alongaram muito, pois deveriam concluir a missão.

Se dirigiram a Konoha e, em um trajeto de retorno que acabou sendo mais rápido que o de ida, as garotas enfim chegaram no local designado. Os ninjas renegados e ladrões foram levados à prisão de Konoha, onde seriam interrogados e provavelmente continuariam detidos. Após isso, foram receber a recompensa da missão. Durante esse percurso, Kanisu manteve-se silenciosa, como de costume. Com o pagamento em mãos, a Sarutobi sorriu em direção a Takane. " Espero que possamos realizar outra missão. " gesticulou. Feito isso, acenou com a mão e rumou em direção à própria casa. Takane tomou um caminho diferente da Sarutobi.

Considerações: