A morada de Masanobu era uma pequena casa simples de dois cômodos e um florido e humilde quintal lotado de plantas, esta se localiza bem próxima ao Hospital da Vila, onde o rapaz trabalha como assistente em troca de sua moradia e de sua inscrição na academia, tudo isso graças a um bom senhor chamado Ichimoto Tahashi que se interrou no potencial de Masanobu, ao mesmo tempo que queria manter olho vivo nele, temendo pelos interesses um tanto quanto mórbidos estudados pelo jovem cientista. Visando ocupar sua mente - usualmente ocupada somente pelo cultivo de plantas tóxicas e produção de seus venenos - e interá-lo socialmente Ichimoto resolveu designar a ele uma missão de baixo rank (na realidade seria somente uma ajuda que o rapaz executaria, mas sabia que sob título de missão seu interesse cresceria).
O garoto estava lendo um livro em sua casa quando ouviu a porta de sua casa ser solicitada, levantou-se ainda de pijama com cara de sono e a abriu, deparando-se com um senhor baixinho, calvo e com os únicos cabelos que lhe restavam bem brancos crescendo atrás de sua cabeça, combinando com o robusto bigode que ocultava seus lábios, mesmo assim sabia estar emitindo um agradável sorriso, a presença de Ichimoto era uma das poucas que não irritava Masanobu, usualmente ignóbil ante outros humanos, que não lhe produziam muita atenção ou empatia. "Bom dia Masanobu, tudo bem? Desculpe interromper seus importantes estudos..." - aquele coroa era especialista em lidar com o temperamento individual de Masanobu - "Mas de qualquer forma tenho uma missão para você, tenho certeza de que será recompensado e o assunto lhe é de interesse: você deve auxiliar uma garota que está sob posse da floricultura aqui perto do Hospital, que tal? Aposto que aprenderá muitas coisas novas!"
Ichimoto já percebera que os olhos do rapaz indicavam algum nível de interesse, "Hm, maneiro. É pra ir agora?" confirmava sutilmente sua aceitação da missão, de maneira um tanto rude mas que já não mais ofendia Ichimoto, que lhe dizia: "Isso! Tome aqui a carta relativa à missão, após terminá-la se quiser leve o dia de folga, o movimento hoje está bem tranquilo. O nome da menina que trabalha com as flores é Hana, não terá grandes problemas, boa sorte!" Masanobu então pegou a carta e fechou a porta, tendo seus olhos fixos nela, nem ao menos despedindo-se do bom senhor que tanto lhe ajuda. Sem muitas delongas, interessado em que tipo de planta encontraria lá Masanobu vestiu seus trajes comuns, acompanhado no pano que enrolava em sua cabeça e assim partiu em uma breve caminhada que rapidamente levava até a floricultura, ao entrar o rapaz percebeu que ela estava extremamente desorganizada, com plantas para todo lado, grandes vasos no meio dos caminhos e uma garota de sua idade aparentemente perdida tentando organizar-se.
Masanobu como tradicionalmente chegou sorrateiro, sem fazer um só som e quando perto o bastante da menina lhe disse: "Oi, quer uma ajuda aí?" a pobre Hana pulou de susto, mas logo recompôs-se, ao que Masanobu esforçando-se para ser cordial prosseguiu: "Então, meu nome é Masanobu, ouvi falar que você precisa de ajuda aqui, é?" a garota logo lhe confirmou o caso, seus pais eram donos do lugar mas estavam sofrendo de algumas particulares doenças que requisitaram que ela tomasse conta do estabelecimento, mas não estava sendo fácil, e ela não tinha tempo no momento de cuidar daquilo tudo, estava fazendo uma análise de diversos relatórios que possuía. Sem muito mais conversa o garoto olhou todo o espaço do lugar e começou a bolar uma arrumação em silêncio, e como que ignorasse a presença de Hana, que parecia estranhar o comportamento do jovem shinobi, este começou a organizar as plantas seguindo a lógica da filotaxia das folhas: folhas opostas e alternas, e dentro dessa categoria as outras: folhas simples ou compostas. Levou um tempo e muita organização e reorganização até que o lugar estivesse apresentável, por sorte da menina Masanobu era meticuloso em que fazia, e tinha um certo grau de perfeccionismo e ânsia por simetria, que o levou a mudar a posição de diversos vasos várias vezes, após todo o feito auxiliou a garota no varrer do chão enquanto esta organizava fichas e papéis relativos ao inventário da loja. Passou toda a tarde em serviço e pouco conversou com Hana, que passou a ter um certo interesse no aspecto misterioso e meticuloso do rapaz, que não lhe deu muita atenção e no fim do expediente se despediu "Bom, acho que é isso, né? Ficou bonito e arrumado. Se precisar de mais ajuda é só me chamar" disse, não olhando em seus olhos, encarando uma curiosa begônia, e após receber a despedida da menina saiu do lugar e foi em direção do Gabinete de Missões pegar sua recompensa em ryous.

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 Após realizar sua primeira missão rank D, trabalhando basicamente como empregado em uma floricultura (o que não foi lá tão ruim, visto que passou muito tempo com plantas e pouco com pessoas, como era de sua predileção) o jovem foi direto até o Departamento de Missões, abriu a porta após duas batidas rápidas e foi atendido por um homem que estava sozinho sentado à mesa, seu rosto indicava que aquele trabalho não parecia ser dos mais agradáveis e revigorantes, pelo contrário. "Oi, então eu fiz aqui uma missão e queria receber meu pagamento" o homem encarava o rapaz com apatia, simplesmente esticou sua mão e recebeu a carta relativa a missão que Masanobu havia realizado, leu cuidadosamente e deu-lhe, junto ao dinheiro, outra carta com um grande "D" no envelope, explicou: "Se gostou de trabalhar na floricultura que tal dar uma ajudada aqui na biblioteca da vila? Nosso faxineiro morreu faz alguns dias e a poeira está acumulando, te pago o mesmo que recebeu com a floricultura", Masanobu olhava fixamente nos olhos do trabalhador e pensou "Por que não?" não iria trabalhar aquele dia, receberia um dinheiro pra varrer uma biblioteca, suave, aceitou a missão e logo lhe foi indicada a direção da biblioteca.
Recebeu a chave da biblioteca e saiu do Departamento de Missões e, sem sair do prédio principal da Vila subiu uma sacada de escadas à direita, levando-o a um corredor mal iluminado onde duas portas de madeira indicavam a biblioteca, destrancou-a com a chave que recebeu e ficou surpreso com a pressão do silêncio naquele lugar, o lugar estava escuro e com uma aparência realmente abandonada, ninguém teria vindo àquele lugar desde a morte do faxineiro? O tamanho da livraria da vila era impressionante, dois andares com incontáveis livros, se arrependeu brevemente de ter aceitado aquela missão, mas ao menos não teria ninguém ali para lhe perturbar. Pegou a vassoura e começou a varrer, a iniciar pela parte superior, assoviava uma música que não lhe abandonara durante aquele dia enquanto trabalhava, ocasionalmente espiando títulos de livros, mas muitos não lhe chamavam tanto a atenção, haviam enormes prateleiras sobre assuntos burocráticos e filosóficos que não lhe brilhavam os olhos, nas prateleiras menos utilizadas Masanobu teve o cuidado de se desfazer do excesso de poeira com um pequeno espanador que tinha amplo alcance nas partes mais minuciosas entre os livros, assegurou-se de que não haviam ataques de pragas nas folhas dos livros e pergaminhos e seguiu seu trabalho.
No andar de baixo na ala de medicina encontrou vários pergaminhos contendo informações tentadoras sobre herbalismo e farmacopéia, após arrumar e limpar toda essa ala Masanobu deu-se o direito de ler brevemente o conteúdo de alguns desses escritos, alguns eram informações vagas e desimportantes, no entanto um deles lhe chamou mais a atenção, tratava-se de uma cópia antiga de "Farmacopéia da Folha, Quarta Edição", o nome que assinava aquele texto era de um grande cientista e herbalista do País do Fogo, referência em seus estudos. Masanobu percebeu que havia mais uma edição desse texto e, olhando em volta para assegurar-se de estar sozinho enfiou o pergaminho em seu kimono "Depois eu devolvo..." pensou consigo mesmo, louco para devorar toda aquela sabedoria. Após varrer tudo e separar o lixo em sacos o rapaz passou um rápido pano pelo chão e pelas prateleiras mais baixas da biblioteca, era cuidadoso então não se permitiria fazer um mau serviço, quando a noite chegou Masanobu foi surpreendido pelo homem das missões que encontrara antes, este olhou bem em volta e analisou o trabalho que havia sido executado "Ei, rapaz, você fez um bom trabalho. Agora já é tarde, pode ir para casa, você merece essa recompensa" disse o homem para Masanobu, que alegremente largou a vassoura, pegou sua recompensa e partiu de volta para sua casa, ansioso para continuar seus estudos.

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