Uma carta, completamente lacrada e com o símbolo de Konohagakure, foi passada pela fresta da porta da casa de Arya. A garota, até então, permanecia inerte, realizando absolutamente nenhuma, até que seus olhos castanhos foram de encontro ao envelope. — Hm? Será para mim? — perguntou-se, franzindo a sobrancelha. Foi até a carta e, com a mão direita, a pegou do chão. Arya abriu-a suavemente, dando-se até mesmo o trabalho de abrir o lacre ao invés de simplesmente rasgá-lo por completo. Feito isso, a jovem wiccana tornou a ler o conteúdo que continha no papel, atendo-se completamente a todas as palavras da mesma. — Uma missão? Essa hora da noite? — perguntou-se a garota, passando os dedos da mão esquerda sobre as pálpebras, pensativa. " Talvez seja uma boa ideia, no fim das contas. Afinal, faz um tempo que eu não saio.. " pensou, lembrando-se do ritual do "livro da besta", recentemente feito pela garota. Memórias das bruxas percorreram seus pensamentos, fazendo com que a sua cabeça começasse a doer um pouco. — É.. Já vou indo. Vai me ajudar a manter a mente ocupada. — disse, enfim saindo da casa.

A garota se dirigiu para a floresta do vilarejo, caminhando de maneira vagarosa, observando toda a paisagem a sua volta. Ao chegar, cerrou os olhos por alguns instantes, enquanto respirava de maneira mais lenta. " Misutikku. " Ao abrir os olhos, a íris dos mesmos agora se encontravam no mais vivo tom de roxo. Agora, Arya se encontrava no mais alto nível de proximidade com a natureza. Era capaz de "sentir" a vida dos seres da floresta e, sem temer com a possibilidade de ser atacada por um animal no meio da noite. A garota continuou andando, pisando de maneira suave na grama, receosa de machucá-la, seja isso possível ou não.

Após alguns minutos caminhando, a wiccana se viu de frente a dois ursos. — Tudo bem, eu posso conversar com vocês. Falem comigo. — verbalizou, sabendo que a possibilidade de falar com animais era uma característica de seu clã. Mesmo sendo uma humana, a garota permanecia com uma postura de igualdade para com os animais, não se vendo como um ser superior. — Por que não me respondem? — perguntou, após não obter resposta imediata dos animais. Parecia, por alguma razão, que os ursos não compreendiam Arya. " Entendo.. Vocês estão mesmo sendo controlados.. Me desculpem, mas é para o melhor de vocês.. " pensou, começando a canalizar uma aura roxa em volta de seu corpo. Era como se a energia mágica da mesma tivesse tomado forma, estando agora em volta do corpo da garota. — É por amor a natureza que eu vou derrotar vocês. Animais não merecem ser controlados de maneira profana. — disse, cerrando os punhos. Se sentia mais forte e ágil e, com fé em sua própria força, avançou contra um dos ursos utilizando sua velocidade máxima e, feito isso, desferiu um soco na lateral do animal. Arya sabia que não era forte o suficiente para atacar um urso com taijutsu e, por isso, optara por utilizar um hijutsu do clã Wicca. — Setsudan Ora! — proferiu, confiante. Parte da aura de Arya passou a ir em direção ao urso, motivada pelo contato entre os dois seres. Apesar do soco da garota ter sido fraco, o golpe foi espiritualmente forte o bastante para derrubar o primeiro urso. Agilmente, sacou uma kunai da bolsa de armamentos e removeu um pouco de pelo do urso.

Feito isso, a garota dirigiu-se até o segundo urso, que parecia estar mais atento que o primeiro. Arya teve até mesmo que se dar ao trabalho de desviar de algumas patadas e avanços por parte do animal até que a garota fosse enfim capaz de se aproximar efetivamente. Dessa vez, Arya optou por não utilizar a mesma técnica. A jovem simplesmente ficou desviando dos ataques do urso até enfim ser capaz de feri-lo com a kunai. O corte havia deixado alguns pelos do animal na lâmina e, feito isso, a jovem wiccana saiu do local às pressas. Não queria ter que ferir animais por mais tempo. Sem mais delongas, Arya desativaria tanto o Misutikku quanto a Magic Form e entregaria os pelos no laboratório e voltaria para casa.

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A última missão realizada por Arya serviu como motivação para que a garota continuasse contribuindo com a vila para com desta forma. Com isso em mente, a jovem wiccana dirigiu-se até um dos quadros de missões localizado no centro do vilarejo e, de maneira simplória, começou a tateá-lo, passando os dedos da mão esquerda pelos ásperos pergaminhos, em busca de uma missão que fosse de seu agrado. — Essa! — disse, com o dedo indicador pressionando um dos pergaminhos. A missão escolhida pela gennin consistia em uma aula na academia ninja, onde a garota deveria realizar uma palestra e mostrar algumas habilidades para os estudantes. Apesar de não se sentir completamente confortável com o fato de que ela provavelmente teria grande parte da atenção chamada para si, Arya dirigiu-se para a Academia Ninja, após bufar pesada e demoradamente. Enquanto caminhava em direção a Academia Ninja, não parava de estalar os dedos de ambas as mãos, talvez por estar ansiosa ou devido a seu tique.

Ao chegar lá, um dos professores da academia instruiu para que a garota se dirigisse para uma das salas. Com a garganta seca e após respirar profundamente, Arya entrou na sala. Sequer olhara na direção dos estudantes, que agora encaravam Arya. Alguns estavam minimamente curiosos, enquanto outros a olhavam com desdém. Arya se portou ao lado do professor responsável pela turma e, finalmente, tornou a olhar na direção dos estudantes. Deveria haver cerca de 15 cabeças na sala, de acordo com uma rápida passada de olho feita pela garota. — Yo. Eu sou Arya. Eu estarei dando uma palestra para vocês e demonstrando algumas habilidades. — disse, direcionando o olhar para a parede do fundo da sala.  — Então, aproveitem a época da Academia Ninja porque... — começou a falar, seguindo sem pausas.

Após toda a palestra, a wiccana decidiu que era hora de demonstrar um jutsu para encerrar a apresentação. Apesar de ter vontade de demonstrar seu doujutsu, a garota não achava que aquilo era seguro. Afinal, o fato de ser uma wiccana ainda era segredo. — Para encerrar eu vou demonstrar o Bunshin no Jutsu. — disse, realizando os selos de mão necessários. Alguns segundos depois, uma nuvem esbranquiçada de fumaça cobriu o corpo da jovem. Assim que a fumaça se dissipou, três Aryas idênticas podiam ser vistas, uma ao lado da outra. A jovem desfez o jutsu e se curvou em direção a "plateia", que não a aplaudiu. A jovem, indiferente quanto a isso, saiu do local e foi buscar sua recompensa.

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Apenas outra noite costumeira em Konohagakure. Fazia um bocado de frio, e as poucas árvores que cercavam a casa de Arya faziam incessantes barulhos devido à ventania. —— Não consigo dormir. Meu cérebro ainda está a mil. —— Provavelmente haviam se passado horas desde que a garota enfim se deitara na cama e, após ficar rolando de um lado a outro da mesma, enfim percebeu que seria incapaz de cair no sono. Não parecia ser insônia, mas sim vontade aleatória de não manter-se inerte. Sentia como se quisesse fazer algo e, somente após isso, seria capaz de dormir. —— Vou ver se tem uma missão para mim.. —— disse, estalando os dedos da mão direita. Sentou-se na cama e, após um ou dois tapas no rosto para "remover" o inexistente sono, a wiccana se levantaria. Vestiria a roupa costumeira e pegaria a bolsa de armamentos. Sem mais delongas, iria em direção ao Quadro de Missões de Konohagakure.

—— Hm.. "Hikari", né? Certo.. Vou derrotar esse bunshin, pegar o dinheiro e - se as doze bruxas permitirem - voltar a dormir. —— disse, passando a mão sobre o pergaminho amassado e surrado à sua frente, que se localizava em um quadro igualmente pútrido. Juntou as mãos, estalando novamente os dedos de ambas. Cerrou os olhos e, sem aviso prévio, desferiu uma palavra. — Misutikku. — Ao abrir os olhos, as íris castanhas se tornaram do mais vívido tom de roxo. " Eu não sou muito fã de pessoas que gostam de perturbar a paz alheia.. " pensou. Já tinha em mente como pretendia encontrar o bunshin restante e, sem tardar, optou por colocar o plano em prática. —— Todos os pássaros por perto.. Venham até mim! —— ordenou, apesar de não haver um único animal voador em seu campo de visão. Entretanto, Arya entendia como seu doujutsu funcionava e, por isso, sabia que era capaz de " convocar " todos os pássaros em um raio de 40 metros. —— Peço que procurem um indivíduo realizando ações suspeitas. Ele pode estar quebrando barracas, tacando mini-bombas, dentre coisas parecidas. Espalhem a mensagem para seus semelhantes e, assim que os encontrarem, avisem a mim.  —— A maioria dos pássaros seguiu as ordens de Arya, enquanto outros não se importaram. Tediosa, a garota permaneceu em repouso, esperando que algum dos pássaros chegasse com uma informação útil.

Não tardou para que uma pomba se aproximasse de Arya. Sendo capaz de "sentir" os sentimentos do pássaro e entender o modo como a mesma se comunicava, a wiccana entendeu que o pássaro apontava a localização do tal ninja: O mesmo se encontrava observando mulheres que tomavam banho de sauna. —— Ele vai ter o que merece.. ——  disse, tornando a ir na direção da sauna. Ia de fininho, andando na ponta dos dedos dos pés. Ao longe, viu um homem de costas para ela, que parecia hipnotizado com a visão a sua frente.  A gennin se aproximou sorrateiramente, a ponto de ficar próxima o suficiente para atacar. —— Que bonito.. —— disse, antes de dar um soco na nuca do rapaz.

Como que em um passe de mágica, o Bunshin se esvaiu e, tendo completado a missão, Arya desativaria seu doujutsu e iria receber a recompensa.

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