Joji passou horas procurando uma boa clareira para realizar seu treinamento. Carregava consigo uma mochila recheada com comida feita por sua mãe, Yaru. O dia esbanjava vida. A manhã estava ensolarada e as brisas sob as árvores de Konoha faziam tremer de frio. Muitas aves cantando e diversos roedores correndo pelos galhos em busca de alimento. Sem muita pressa, Joji pretendia acampar na clareira, economizou cada faísca de energia em prol de sua técnica baseada em calorias. Ao chegar, logo preparou sua barraca e apontou um terço da comida que tinha para ser ingerida naquela hora. Estava morto de fome e precisava daquilo pra iniciar o treinamento cem por cento. No fim da refeição, Joji sentiu uma presença. Sabia que não estava sozinho, afinal era o habitat de muitos animais. Porém, é muito clara a diferença vital entre um animal e um ninja. Joji temeu que fosse um inimigo. Pôs-se de pé rapidamente e permaneceu em guarda, quieto para não perder nenhum sinal.

— Como você está, balofão? — questiona um garoto, sentado em um grande galho de árvore — Aqui em cima, ó!

Joji procurou por alguns segundos até fitar uma silhueta. O Sol estava atrapalhando a visão. Em um instante, o indivíduo saltou para perto de Joji e o abraçou. Joji esfregou os olhos e enfim reconheceu. Era seu melhor amigo, Zain Uchiha. Ao separar o abraço, Zain revela seus poderosos e brilhantes olhos sharingan. Uma arrepiante onda intimidadora afeta Joji, que resmunga:

— Desative estes olhos quando estiver comigo, Zain. — Joji agarra o garoto pelo pescoço e esfrega sua cabeça.

— Desculpa aí, realmente deve ser irritante lembrar da sua inferioridade diante de um Uchiha! — diz Zain em tom de deboche, desativando o sharingan.

— Você já insultou meu corpo e agora minha moral. Se fosse qualquer outra pessoa eu teria te matado agora, e ninguém saberia porque eu ia te fritar e comer depois. Não duvide das habilidades degustativas de um Akimichi Quer que eu te lembre da quantidade de vezes em que te venci numa batalha? — Joji posiciona-se na traseira de Zain e com cautela aplica uma rasteira em um dos pés do Uchiha, que cai desajeitado. — Todas.

— Também não é assim, depois que recebemos essa belezinha prateada nunca mais nos enfrentamos. — Zain aponta para a placa de sua bandana. Estava estampado o símbolo da vila da folha. — Eu sempre venho nesta parte da floresta treinar alguns jutsus perigosos. Você veio treinar também?

— Sim, vou passar a noite aqui e treinar durante esses dois dias. — responde Joji, enquanto guarda o restante da comida na barraca.

— Talvez eu possa lhe ajudar com o seu treinamento. Provavelmente vai treinar sua resistência, sua força e seu tamanho, mas só eu sei o que você realmente precisa treinar. — disse Zain.

— E o que exatamente acha... — uma kunai atravessa a garganta de Joji, interrompendo-o. Pôde assistir a ponta da arma banhada de sangue ser rodopiada. O desconforto e a sensação de dor eram enormes.

Ao olhar para trás, Zain revela-se como o dono da kunai. Retirando-a com ferocidade, ele sorri enquanto o sangue continuava a jorrar. Joji se ajoelha e coloca as mãos no pescoço como um reflexo.

— É claro que força bruta e ninjutus poderosos podem decidir uma batalha. Entretanto, não é realmente assim que funciona o mundo ninja lá fora. É preciso espionar, manipular, trapacear, enganar e confundir, se quiser uma vitória definitiva e sem muito derramamento de sangue. — explica Zain.

Joji passa a enxergar tudo vermelho e a paisagem começa a se desfazer. O sangue desaparece e em seu pescoço não havia nenhum ferimento. Era um genjutsu. Zain ajuda o amigo a levantar e juntos trocaram cumprimentos. Envergonhado com o fato de que realmente não saberia o que fazer numa situação como esta, pediu:

— Realmente nunca pensei nos genjutsus como uma fraqueza minha... teria alguma sugestão?

— Uma das soluções mais eficazes você é incapaz de utilizar. — colocou a mão do bolso e jogou rapidamente uma shuriken em Joji, estava mirando o braço para que acertasse de raspão.

Joji não se mexeu pois confiava plenamente em seu amigo e tinha a certeza de que não era pra valer. A shuriken acertou o braço de Joji de raspão, rasgando parte de sua roupa e causando sangramento bem leve e lento. Ao observar a situação, Joji pergunta sobre o significado daquilo.

— Você não percebe? Acabou de se cortar e por mais que tenha sido algo banal, deveria ter sentido alguma dor mas não sentiu. Você tem um corpo muito resistente e uma das maneiras de sair de um genjutsu é sentindo dor. Outra forma é descobrindo sobre a ilusão e aplicando o “Liberar” mas devido a sua pouca experiência com isso, é bem provável que não funcione. Ou seja, basicamente, contra um usuário de genjutsu você não é nem mesmo um desafio. Não posso dizer como você deveria se cuidar quanto a um usuário de genjutsu em geral. Eles podem utilizar o cheiro ou até mesmo o som. Só que posso te ajudar se estiver enfrentando um Uchiha. Nós utilizamos o contato visual então basta você não olhar diretamente para nossos olhos. Talvez você devesse aprender a lutar de olhos fechados.

— Interessante... — Joji rasga parte das faixas que tem em seu corpo e venda seus olhos. — Só vou retirar estas faixas quando voltar para casa. — disse decidido.

— Pense bem, no que você e um inimigo tem em comum num lugar como esse, algo com que você já conhece e tem afinidade. — indaga Zain.

Joji se senta e retira os sapatos ninja, esfrega seus pés na terra, espalhando a grama dali e se põe em posição de ataque. Respirou fundo e pensou: “Em um lugar como esse, sei que meu inimigo estará respirando o mesmo ar que eu, sentindo o mesmo calor ou frio... pisando no mesmo chão. Minha afinidade com Doton e a existência de vida nessa terra pode me ajudar a identificar onde as coisas estão. Talvez se houver a presença de chakra.” Adicionou chakra em seus pés e com o grande controle que possui, foi capaz de expelir de uma forma que adentrasse na terra. Zain observava toda aquela concentração e meditação e decidiu se mover. — Eu vou me mexer e quero que atire uma kunai em mim onde achar que eu estou. Eu não vou tentar esquivar. — moveu-se para a lateral de Joji. Enquanto isso, Joji testava formas de utilizar o chakra para encontrar Zain. Sentia o chakra dele, sentia a presença, mas nunca teve facilidade com técnicas sensoriais, então não conseguiria encontrar a posição exata de nenhum inimigo. Depois de aproximadamente duas horas se passarem, Joji encontrou uma forma eficaz. Consequentemente adquiriu um pouco mais de habilidade em seu ninjutsu e inteligência. Explodiu uma onda de chakra elemental no solo através de seus pés e como numa conversa, os seres de vida naquela região retornavam um sinal para o corpo de Joji. A visão era toda escura mas ao receber a mensagem da terra podia ver borrões verdes simbolizando as árvores e plantações e borrões vermelhos simbolizando animais e pessoas. Lançou uma kunai na direção do borrão e Zain a barrou com outra kunai.

— Isso! — gritou Zain.

— Caramba, deu certo mesmo, talvez eu treine isso durante a noite inteira e cace alguns animais enquanto isso... Muito obrigado Zain, eu só sinto pena de você ter me ensinado como continuar derrotando você. — diz Joji.

— Se soubesse o tamanho das chamas que sou capaz de produzir, balofão, não cogitaria me enfrentar. Preciso ir agora, boa sorte com o restante do seu treino. — apertou a mão de Joji e saiu dali em alguns saltos velozes.

Joji continuou a treinar durante seus dias de acampamento e parecia satisfeito com seu resultado, se conseguisse tornar aquilo um jutsu de verdade, o chamaria de: Sensor Gaia.