O frescor etéreo da primavera passou em rasante pela relva esverdeada, balançando o floreio das gramíneas em um encanto magistral. O astro-sol, ocupando zênite celeste, aparecia abraçado por um amontoado de nuvens esbranquiçadas, as quais insistiam em proteger o continente dos seus raios fulgentes. Como se não fosse o bastante, o perfume das flores impregnava o ar em sua plenitude, obrigando as narinas humanas a tragar o odor anódino. Erguia-se, portanto, a estação primaveril, infundindo sua harmonia na carne mundana e revigorando o alento dos filhos do Fogo.

Naquela manhã terna e radiante, uma jovem singular exibia sua face em meio às alamedas da Folha. Seus cabelos brancos como a neve e sua pele rosada mistificavam os ditos sobre sua origem; assim como os dois grandes olhos redondos como amêndoas e sua repulsiva cicatriz que ia da bochecha até a mandíbula. O semblante, apesar de mostrar feições delicadas, manifestava sentimentos taciturnos e antipáticos, indicando que a garota gozava de uma extensa experiência neste mundo tão vil – embora tivesse passado por apenas dezoito verões.

Transitando pelas vielas com passos cadenciados, a menina desviava seu olhar pelo ambiente, projetando sua efígie para os transeuntes que seguiam o curso daquela marcha. Viu uma mãe pegar na mão de sua filha e puxá-la para perto; fitou os olhos de um senhor que, por um segundo, parou para examinar sua bochecha cortada; assistiu um filho da luxúria contemplar o decote de seu gibão; e notou um grupo cantar insultos para seus ouvidos. Não incomodou-se com o infortúnio; bastou aproximar-se dos indivíduos e balançar o braço direito, deixando que os feixes solares fossem refletidos pelo brasão prateado do esquadrão militar da Folha Oculta.

[...]

— Vou levar esse aqui. — disse Ciri quando finalmente alcançou seu destino: uma livraria. Os olhos verdes cravaram-se no semblante do balconista no mesmo instante em que jogou a obra sobre a mesa, afastando a poeira para os lados. Temoroso, o vendedor engoliu seco e pegou as moedas dadas pela menina, agradecendo à jovem em um sussurro desagradável. Então, a Andorinha levaria o livro em seus braços, carregando-o para a praça principal da Folha, onde então sentaria em um banco para estudar os conteúdos abordados no tal Kaibō-gaku, responsável por instruir uma temática de origem anatômica. No fim, Ciri deixaria a bancada, voltando para sua morada em um galgar remansado.

Zireael; HP: 550, CK: 600/600.

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