Hoshizora ficava em sua cama se girando e remexendo, entediada por não conseguir dormir e idem não ter o que fazer. Ergueu-se e foi até a geladeira, onde pegou um copo de soda e um hambúrguer pronto, aqueceu o mesmo e ligou a televisão, sentando-se no longo sofá sozinha, de calcinha e camiseta começou a assistir a programação pouco acalmada da madrugada, na tela por ventura era um programa a respeito da culinária mundial.

Falava na mesma sobre diversos pratos típicos dos países e algumas regiões em especiais, as diferenças de materiais, ingredientes, preferências e climas, como cada lugar afetava não só o estilo de vida, como escolha de palavras, roupas e principalmente, o paladar. Ficou um tanto fascinada, e com água na boca, enquanto terminava seu lanche sobre o gosto de alguns dos pratos que surgiam na telinha.

Virou o copo, deixando o líquido atravessar sua garganta rapidamente, o sentimento de ardência do gás em excesso a fazia fechar um pouco o olho esquerdo, erguendo o cenho, deixou o copo no chão e foi imediatamente para sua cama, algumas horas já haviam se passado e ela deitou, conseguindo finalmente dormir, nada de espetacular se sucedia, nenhum sonho ou pesadelo, apenas um preto até o horário de acordar.

Considerações:

Um novo dia se iniciava após algumas horas de sono, Nephytis se erguia relutante da cama, não havia nada há fazer, de modo que sem compromissos, podia simplesmente manter-se inerete na cama, esperando algo ou alguém bater em sua porta, não estava cativada em buscar algum serviço, caso ninguém a procurasse, ficaria satisfeita em sua casa, sozinha. Havia dinheiro de sobra para simplesmente não fazer nada por algum tempo, porém forças maiores a obrigavam a se mover, essa sendo a fome.  Após algumas horas de enrolação, sua barriga começava a roncar, clamando por algum alimento, havia durado tanto tempo graças a seu lanche da madrugada, contudo agora já havia até passado do horário de almoço, e uma coisa que a jovem prezava bastante era o mundo culinário. Não o fazer, e sim o provar, adorava se deleitar com pratos e diversos alimentos dos mais variados, fartar-se até não poder mais, e mesmo que não fosse das mais atléticas, conseguia se manter em forma, uma dádiva do caos, que desbalanceava algo em prol de sua súdita.

Pôs-se de pé, indo em direção da sua cozinha após descer um lance de escadas, abriu a geladeira e nada lhe chamava atenção, no fundo sabia bem o que seu estômago roncava tanto por; Os pratos que havia visto na televisão algumas horas atrás. Desejava experimentar algo novo, sofisticado, inusitado. Bem, não era possível, pois não fariam uma entrega de outro País até sua casa, então tomou uma ducha rápida, vestindo algumas trajes apropriadas e rumando pela cidade atrás de um restaurante, havia alguns em mente previamente.

Considerações:

Navegando pelo vilarejo em que se tornou sua casa, a morena acabava optando por um dos seus preferidos e mais exóticos locais para comer, servindo alguns pratos com misturas incomuns e preparamentos inusitados, diversas peculiaridades chegavam a sua boca cada vez que se deleitava em tal estabelecimento. Adentrou no local e olhou pelo cardápio, após escolher a mesa em que costumava sentar-se, no canto do fundo, os olhos desciam e subiam rapidamente em busca de alguma novidade, a maioria dos pratos já haviam sido lidos e experimentados, e nada surgia, ficou um tanto desanimada, recostou-se com a mão na bochecha até que um atendente veio pegar o pedido.

— Vocês não tem nada novo, não? Eu acho que já experimentei quase tudo aqui... — Disse meio desanimada, enquanto deslizava o dedo da mão livre sobre a mesa formando um circulo preguiçoso. O atendente parou por alguns segundos, meio relutante respondeu "Acho que não." Nephytis soltou um relinchado fazendo seus lábios baterem rápido enquanto assoprava, desinteressada. Almejava algo novo, surpreendente, porém antes de se levantar para sair, o jovem lhe pediu para esperar, e correu até a cozinha, a garota curiosa se manteve sentada, esperando a conclusão daquilo, observando onde ele havia entrado até quando saísse.

Considerações:

Quando o garoto finalmente retornava, trazia consigo o chefe do restaurante, ou no mínimo um dos, pelas trajes era fácil identificar que ele trabalhava na cozinha. Hoshizora por sua vez, conhecia aquele em especial, por se tratar de uma cliente regular daquele estabelecimento — Entre alguns outros, dado que a mesma não cozinhava — Já havia feito complementos ao cozinheiro em questão, que era este.

O homem se aproximou da mesa com um sorriso no rosto, cumprimentando a morena que sentava entediada esperando por algo, ela retribuiu com um sorriso curto e falso, voltando a postura entediada que se portava desde então. — Olá mocinha, meu ajudante barra garçom me contou de uma moça interessada em algo novo. Pela descrição percebi que se tratava de você, e bem, talvez eu tenha algo a lhe oferecer que não está no menu.

Hoshizora não se mostrou imensamente interessada, não, ela simplesmente abriu os olhos, encarando com firmeza o garçom, um pingo de esperança não era algo para se agarrar — Então vamos, me diga o que é. — Falou de modo sucinto, esperando mais uma decepção para então seguir a um novo local.

O homem então explicou o prato, era composto de uma carne típica de Kumogakure, javali das montanhas, porém o diferencial era o modo de preparo, não assada e sim frita, além de quê, acompanhava temperos de outras regiões, uma folha leve e suave vinda das ruínas de Kirigakure no Sato, que passava sensação similar a hortelã e ao mesmo tempo, combinava com um prato salgado, uma massa também frita com temperos ardentes de Sunagakure, misturando as sensações na boca, e pelo final, um molho que juntava tudo famoso de Konohagakure.

Considerações:

Hoshizora aceitou a oferta, o prato novo ainda em testes seria ela a juri da qualidade, esperou ansiosa, supresa pelo fato de realmente ter algo inovador, mexia os pés animada, como uma pequena criança esperando o almoço da mamãe, finalmente o parto veio, ao largar na mesa a jovem inalou forte o aroma da comida, era diferente, era possível saber pelo cheiro que aquilo a sua frente era de outro País.

Pegou os hashis e enrolou na massa, prendendo na ponta um pedaço da carne cortada, o formato em si era extremamente familiar, como se fosse um ramén, mesmo que toda aparência dissesse o contrário. Colocando na boca, mordeu e sentiu a crocância da massa, o gosto forte da carne e o molho misto de fogo e gelo, esboçou um imenso sorriso e começou a devorar rapidamente o prato, sem pausa alguma.

Não demoraram mais que alguns minutos para se fartar, terminando a tigela satisfeita, passou a mão sobre os lábios limpando os restos e com a outra fez um sinal positivo para o chefe, que com um sorriso orgulhoso fez um gesto de "Sim" com a cabeça. Por ser um teste, lhe deixaram sair apenas pagando a bebida, ela em troca comprou outra bebida para viagem, e então seguiu de barriga cheia pelas ruas de Kumogakure.

Considerações:

Contudo Hoshizora não se sentia plenamente satisfeita. Não, havia algo que clamava para ser saciado, e era o próximo prato, um tanto difícil explicar ou descrever em palavras, mas aquela massa com carne de javali e temperos excêntricos de cada país lhe mostraram o como o mundo era vasto, e desde que saiu de sua ilha natal, havia percebido como Kumogakure era diferente, vivido naquela bolha, ou melhor, montanha, acreditando ser muito diferente da ilha, tendo finalmente compreendido o mundo.

Estava errada, e pela língua provou isso, existia muito, muito mais para se explorado, e mesmo por um motivo trivial como comida, Nephytis havia traçado um destino, um objetivo, decidira viajar, com intuito de conhecer novas paisagens, horizontes e gostos, novas músicas e culturas, novos mundos a cada País.
Agora, como faria isso? Era uma Kunoichi de Kumogakure, afinal de contas, e devia obedecer a hierarquia, simplesmente sair resultaria em uma caçada contra sua pessoa, e isso sequer era o pior, a incomodação de não poder voltar para sua casa e conforto era o que mais lhe cativava a evitar tamanhas decisões drásticas, deveria pensar de algum jeito, receber uma autorização para simplesmente andar por ai... como ela faria isto, huh?

Considerações:

Tomou um certo tempo perambulando pela cidade, em busca de uma resposta como se a mesma fosse surgir em sua frente enquanto buscava por tal fisicamente, tentava matutar porém, não era tão frutífero, dado que sua visão estava limitada por um objetivo em específico, impedindo-a de perceber a resposta mais óbvia e prática que poderia se ter.

Após alguns minutos andando, percebeu uma pessoa de vilarejo diferente, portava uma bandana de Konohagakure no Sato, e mesmo assim, estava passando por lá sem quaisquer problemas, decidiu a perseguir, a pessoa em questão possuía um ritmo acelerado, mas não corria, e graças a isso Nephytis não teve que se esforçar para manter a trilha, finalmente avistou onde ela entrou, um salão grande bem simplório, sem nada chamativo, decidiu ir lá também, como parecia algo público e não uma casa privada — Não que, se fosse uma casa, não simplesmente invadiria.

Entrando lá ela foi abordada pelo rapaz que seguia, um tanto apreensivo a questionou de maneira forte; — Por que está me seguindo, o que você quer!? — Hoshizora por sua vez deu de ombros, explicando — Fiquei curiosa, como alguém de outra vila simplesmente anda por ai sem ninguém acompanhando cada passo? — Disse calmamente.

Considerações:

O homem de primeiro momento ficou confuso, surpreso pela pergunta e os motivos da garota de estar o seguindo, então soltou uma gargalhada de alívio, por um instante pensou que sua vida estava em risco, saber que era uma razão tão trivial e simples o aliviou da tensão. — Sou um carteiro, moça. Possuo um passe livre por entre os vilarejos para entregar diversas mensagens.

Hoshizora olhou em volta e percebeu que aquilo era a central de cartas, o local era repleto de pessoas que assinalavam os papéis e, pensando bem, já havia passado lá uma vez, na época em que treinava selos, fechando envelopes para aumentar sua velocidade com os dedos. Fazia sentido, e agora se encaixava o sentimento que tinha de saber a resposta, mas não lembrar, por acaso do destino perambular pela cidade realmente funcionou, e foi guiada até sua resposta. Se exercesse a função de carteira, poderia transitar por entre as cidades e, principalmente, provar de todo o mundo com autorização e sem grandes problemas.

Óbvio que deveria se portar enquanto em outras vilas, o que talvez fosse um tanto problemático, mas o ganho pessoal era muito maior no momento, e caso fosse necessário, ela daria um jeito de manter-se sendo ela mesma, enquanto sem entrar em problemas.

Considerações:

Diante disto, ignorou o rapaz que lhe forneceu a informação e de prontidão se agilizou para o balcão, onde pretendia se oferecerpara o cargo de carteira, de forma que em sua mente, seria simplesmente isto. Chegar, pedir e conseguir. Entretanto, a profissão exatamente por fornecer tamanha liberdade, possuía além de um rank mínimo, que por sorte a mesma já cumpria, alguns requisitos básicos e uma prova escrita na qual deveria provar que estava apta para realizar a tarefa.

Com um suspiro, deu de ombros pela burocracia, deveria fazer esse pequeno sacrifício caso desejasse ter a liberdade de ir e vir, começou passando seu nome, endereço e nacionalidade, preencheu o formulário comprovando residência e alguns dados, então checaram e de fato ela possuía todos os mínimos para cumprir a profissão, restava o teste no qual deveria demonstrar aptidão para o trabalho.

Aprontou-se numa sala, onde seria realizado e aplicada a prova em questão, deveria responder num prazo de trinta minutos o máximo de questões possíveis, sendo um total de 60 perguntas, resultando em uma resposta a cada 30s caso desejasse gabaritar. Era óbvio que o teste não tinha índice de 100%, dado os números, mas aceitou o desafio de ver quantas conseguiria.

Considerações:

No momento em que o papel era entregue, o cronômetro iniciava delimitado o tempo para Nephytis cumprir o máximo de respostas corretas possíveis. Assinou rapidamente seu nome enquanto lia a primeira questão, e enquanto escrevia a resposta concentrava-se em ler a próxima, possibilitando responder e ler ao mesmo tempo, dada a concentração necessária. Hoshizora não demonstrava regularmente, mas era extremamente inteligente, ao ponto de conseguir fazer ambas coisas sem mistura-las.

As primeiras vinte questões eram a respeito de geografia, rotas, nome dos países entre outros. Dezoito das vinte Hoshizora já sabia a resposta por uma leitura da biblioteca, uma deduziu e apenas uma teve que chutar.

As próximas vinte, fechando quarenta de sessenta eram a respeito de leis, normas, obrigações, deveres e condutas comuns de cada país, um tanto mais complexo por não depender apenas de uma leitura, contudo a maioria era facilmente deduzida, pelas próprias leis de Kumogakure quanto pelo bom senso, algumas questões éticas que pareciam deixar a pessoa numa enrascada não faziam a morena hesitar, como por exemplo; "Caso encontre alguém de outro vilarejo sobre ataque, o que você faria?" Eticamente não se deveria interferir em questões de outros, porém o bem estar de um ser humano alheio costuma interferir na decisão, mas ela não podia se importar menos, respondendo sem hesitar chegou nas 50 de sessenta perguntas, onde o final era a respeito de como você planejava fazer, como agiria em situação X ou Y, contudo antes de terminar, ainda na questão 52, foi interrompida.

Bateu a mão na mesa, frustrada de faltar apenas oito para terminar, mas o tempo havia se esgotado, o homem que foi avaliando ficou incrivelmente surpreso por ter 48 respostas corretas, sendo o recode 49. Porém Hoshizora havia conseguido outro recorde, o maior número de respostas coesas já feitas, sendo o máximo 50, com 41 acertos, deu de ombros, por muito pouco não havia conseguido ser a melhor das melhores, mas aquilo era satisfatório.

— Eai, 'tô dentro? — Questionou o rapaz, que estendeu a mão com o dedo polegar para cima, afirmando que sim. Então ela seguiu entregando os resultados para a atendente, que oficializou sua inscrição, agora possuía o cargo de carteira, e logo receberia em casa a papelada, possibilitando-a de transitar livremente.

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