Depois de muito tempo distante, após ter fugido de casa, pela primeira vez o desajeitado Kaginimaru refletia sobre o quão idiota estava sendo por desmembrar-se de sua família sem sequer evidenciar as suas motivações. A verdade é que tudo o que mais queria se resumia na paz; almejava somente distância de todo o mal passivo que o circundava de maneira oculta para muitos, mas que para ele estava mais do que claro — afinal, era esta a causa dos seus transtornos mentais. Mas deveria retornar até quem? Seus pais? Certamente sequer se importavam com a presença do garoto, fora de cogitação; a única pessoa que acreditava restar-lhe, era o seu avô. O marinheiro de bom coração que sempre tinha a resposta para tudo, era extremamente admirável.

A caminhada não tardava, em questão de poucos minutos o rapaz estava próximo da casa onde poucas vezes preocupara-se em visitar. Pensava durante todo o caminho o que deveria dizer, como se desculparia e o que faria logo em seguida; tudo permanecia com uma incógnita, o rapaz somente não desistia da ideia devido a necessidade que estava sentindo de ter alguém por perto em sua vida. Com uma boa visão da casa, Kaginimaru vislumbrava uma das únicas pessoas que sentia algum tipo de simpatia, a responsável por, mesmo sem motivo algum aparente, salvá-lo. Continuaria caminhando em direção a ela, fitava diretamente os seus olhos azuis em busca de alguma reação para caso sua aproximação fosse vista. Tudo o que mais tinha receio era de, primeiramente, não ser perdoado pela figura a qual sempre se comparava e buscava a igualdade.

Quando próximo o suficiente e parcialmente corado, totalmente sem jeito, o garoto mais novo cessava os seus passos. —— Rei-san... —— apreensivo, visava captar a atenção da prima. —— Você cresceu... —— Continuava de maneira extremamente desajeitada, utilizando-se das primeiras palavras que pousavam em sua mente. O rubro em seu rosto intensificava cada vez mais pelo simples fato de ser a primeira vez em que efetuava uma aproximação direta diante da sua familiar. No passado, o menino sequer havia tido coragem para agradecer o ato generoso feito contra as pessoas que o violentavam.

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Considerações:

A maneira com que a prima prodígio reagia era, de certa forma, inesperada pelo garoto. —— O tempo não foi muito generoso comigo... —— Respondia crente de que a sua nova aparência repleta de tatuagens fosse uma surpresa para a garota. Antes mesmo que pudesse continuar, um abraço interrompia sua linha de raciocínio; o afeto era algo que o deixava extremamente sem jeito, mas correspondia o enlace na mesma intensidade.

Depois de tanto tempo, o garoto pela primeira vez se sentia satisfeito com uma escolha própria. O abraço por si só era algo que estava necessitando, a muito tempo não supria a necessidade básica humana de evitar a solidão ao máximo. Por mais que a situação fosse extremamente agradável e acolhera, Kaginimaru interrompia gradativamente até o instante em que ambos retornavam para suas posições, pois não queria causar desconforto na prima.

A pergunta seguinte fazia jus ao treinamento que nunca havia sido apresentado ao garoto, na verdade, sequer as informações básicas sobre o clã haviam sido repassadas, tudo o que sabia era apenas o que havia visto. —— Treinamento? Na verdade... nem sabia. Até tive o meu primeiro contato com a nossa linhagem, mas foi em um momento de adrenalina, ainda não consigo utilizar a qualquer momento. —— Era honesto, não buscaria esconder a sua ignorância da prima.

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Considerações:

A verdade era que nem mesmo o garoto sabia o motivo de ter vindo, sua real intenção era procurar algum sentido na vida com a ajuda do avô, mas o carinho transpassado pela prima Rei era exatamente o que faltava em sua vida — sentia isso claramente. Manteria-se calado até o instante em que sugestões do que se fazer entravam em jogo. —— Eu adoraria... mas... não vou estar te atrapalhando? —— Dizia de maneira breve porém preocupada, mas a animação estava evidente. A aguardaria logo em frente a casa até que a mesma estivesse pronta para partir. Enquanto isso, imaginava apenas o quanto a garota havia evoluído, estava ansioso para ver tudo isso ao vivo e, pela primeira vez, ter a demonstração de alguém pertencente ao seu clã em ação.

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Considerações:

Kaginimaru elevava uma das mãos até a parte dianteira da sua cabeça e sorria de maneira desconcertada, as palavras eram diretas e realistas, era um tremendo baque para o garoto. Não diria nada, apenas assentiria de maneira positiva com a cabeça para demonstrar que havia compreendido — muito embora ainda estivesse crente de que sua presença não era uma das melhores. Após isso, seguiria a prima para onde quer que ela fosse, na mesma velocidade.  —— Para onde iremos? —— Questionava como forma de manter a conversa viva e evitar com que realmente tudo isso fosse apenas um empecilho para a garota.

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