Aquele percurso já era de total conhecimento por parte da herdeira do clã Hozuki, que ao receber alta do centro médico onde fora tratada de seus graves ferimentos, tomou como rumo a boa e velha sede da ordem dos assassinos que desde que tornou-se uma shinobi tomou para si como uma família. As ruelas, naquela tarde árida, não estavam repletas de aldeões ocupados com alguma tarefa enfadonha ou sequer determinados à ir de um lugar para outro, como era de possível notar habitualmente. O máximo de vida que conseguiu reparar enquanto caminhava vagarosamente pelo calçamento das ruas de Konoha não passava de felinos brigando entre si para ver com quem ficaria o pedaço de filé de peixe que o dono de algum estabelecimento jogou fora. Os raios solares pareciam estar em demasia tímidos naquela tarde, de modo que apenas alguns míseros e escassos feixes de luz podiam ser vistos transpassar por entre as nuvens acinzentadas que se formavam no céu, quase como se uma grande tempestade estivesse à caminho, o que Hitomi não via de todo ruim.

Pouco a pouco a pequena foi se chegando próxima à entrada da grande e tenebrosa floresta do silêncio, na qual pouquíssimas pessoas se aventuravam a entrar, dentre essas até mesmo shinobis de alto patamar, que se recusavam com todas as suas forças a arriscarem-se em alguma espécie de aventura suicida. Muito desse medo vinha do fato de não ser um grande segredo que no coração daquela mata viviam as sombras de Zed, o assassino infame que conseguia se mover sem ao menos ser notado, de modo que, por certo tempo, muitos aldeões viveram com medo, somente diminuindo a dimensão de seu pavor mediante um acordo feito entre o homicida e a atual Hokage da folha, onde cada um se prontificou a cuidar dos seus, de forma alguma invadindo os territórios um do outro, acertando que em caso de invasão, os ninja da Liga das Sombras se submeteriam à auxiliar na defesa da  Vila da Folha.

O trajeto tinha por si só incontáveis armadilhas, tanto naturais quanto criadas por ambas as partes do acordo, e modo que nem um, nem outro conseguiam passar, com exceção de uma pessoa com permissão especial, aquela que Zed considerava uma arma em desenvolvimento, e que a Hokage poderia vir a julgar como um elo de ligação para a paz ser mantida: Hitomi. A menina detinha o conhecimento sobre as armadilhas espalhadas pelo local, mas de forma alguma poderia notificar tal localização para nenhum dos dois lados, por mais que os assassinos com quem crescera insistissem.

A criança galgou de forma tranquila por entre as arvores, seguindo por caminhos consideravelmente turvos, a fim de driblar as arapucas que a colocariam novamente em perigo, o que nem de longe era do seu interesse.

Hitomi; 475/475; 675/675; 0/5; 0/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

As bandagens prendiam uma certa parte do sangue da pequena, de forma que os dedos de suas mãos já estivessem mais roxos que o mais violeta dos boragos do campo. A sensação de uma pulsação em seus membros a incomodava, por mais que detivesse em sua mente o conhecimento de que não seria uma boa ideia retirar as faixas das ataduras que tinha por cada um dos membros de seu corpo. Para compensar o fato de aquilo a deixar irritada, as dores haviam se esvaído por completo, sem deixar um resquício sequer das queimaduras que outrora afligiam aquela criança ao ponto de seus gritos de pânico serem ouvidos a mais de uma centena de metros do centro médico da aldeia. A chunin movia seus braços como se checasse a sua articulação a fim de ter certeza de que não havia de alguma forma danificado o movimento de sua musculatura pela pressão causada pelos remendos bem feitos que conseguira com os ferimentos que havia sofrido.

O trote era lento, devido o cansaço que nem mesmo compreendia devido o sono relaxante e reparador que tivera após ser devidamente medicada. Eu não devia estar descansada e pronta pra outra? pensou consigo mesma enquanto contemplou silenciou os seus pensamentos mediante a visão que se sucedeu. Uma arvore de tamanho colossal — até mesmo para um ente — se ergueu diante de seus olhos e, como se nunca tivesse a visto antes, a encarou. Admirada com tamanha monstruosidade a pequena se sentou e se colocou a refletir sobre coisas supérfluas, ou talvez nem tanto.

Apesar de se considerar uma pessoa com foco, que apenas se preocupava consigo mesma e acima de tudo via isso como um ponto positivamente forte, Hitomi refletiu sobre as mudanças que vinha passando e que se evidenciaram durante o treinamento em conjunto. Aparentemente havia sofrido danos severos embasados num ataque mal pensado de uma companheira de equipe, o que poderia ser considerado algo banal e completamente perdoável, não fosse pela mente fértil da jovem herdeira dos Hozuki que relembrando-se dos seus fracassos naquele treinamento passou a cogitar que talvez aquele ato não tivesse sido completamente ingenuo e porquanto tinha sido total e completamente focado em causar os danos que causou à criança, de modo que servisse como um castigo por ter colocado, tantas vezes durante aquele treinamento, a vida de suas companheiras em um perigo assumidamente razoável, porém real.

A pequena ergueu sua cabeça para o topo da grande arvore diante de seus olhos, percebendo bem no fundo, ao fim do horizonte, alguns poucos raios solares se espremer por entre as folhas secas e alaranjadas que o outono carregava consigo. A pequena concentrou uma pequena quantidade de chakra nas solas de seus pés e começou a escalar vagarosamente pelo longo caule do ente, tendo como rumo o topo, e apenas isso.

Hitomi; 475/475; 675/675; 0/5; 0/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

Pouco a pouco aquele vinha se tornando um habito, o qual a criança não tinha a menor intenção de abandonar, visto que aquele ato lhe trazia uma paz que não encontrava em nenhum outro momento de seus longos e temerosos dias. Subir em arvores, telhados e postes lhe sedia uma visão extensamente ampla e abundante em venustidade e encanto, visto que de longe a vila da folha com certeza era a mais bela e harmônica de todas as aldeias ninja. Hitomi descobriu quase que por acaso que detinha em seu coração grande apreço por se locar em lugares de altura descomunal, devido alguns turnos que tivera de cumprir como vigia da torre oeste da grande sede da ordem de assassinos que seu mentor e criador Zed liderava. A monstruosa estrutura possuía sua quinzena de metros, que apesar de simplórios proporcionavam uma vista fantasticamente fabulosa e insigne, a qual foi um grande pivô para que outras missões de vigilância fossem empregadas à kunoichi mediante os seus próprios pedidos, estes diretos ao líder e cabeça da liga das sombras que sem pestanejar confiou tal fardo à criança.

Após a sua escalada sem pressa e afobação, o que a tornou consideravelmente demorada, Hitomi se encontrou em fim no alto das copas da grandiosa criatura, considerando que talvez esta tivesse por volta de nada menos que trinta e cinco colossais metros de altura. Não possuía qualquer fobia originária de grandes altitudes, mas naquele instante com os olhos contemplando o solo ao longe, a criança sentiu um leve e discreto, porém notável, frio na barriga —— De jeito nenhum que eu vou querer cair daqui de cima —— Indagou para ninguém mais além de si própria e as longas arvores que a cercavam, vindo a considerar por um milésimo de segundo que talvez estivesse ficando maluca. Espremendo-se entre as folhas secas da grande arvore, Hitomi se colocou, do tronco para cima, sobre os esgalhos de modo que conseguiu respirar o ar mais puro que talvez jamais teria a chance de sentir novamente. De olhos fechados inspirou todo o oxigênio que conseguiu armazenar em seus pulmões, expelindo-os logo na sequência da forma mais lenta que conseguiu, chegando a levar mais de seis segundos para por tudo para fora, quase o mesmo tempo que levou para inalar.

Hitomi abriu os seus olhos lentamente, deixando que primeiramente o alaranjado resplandecesse ao redor de seus olhos, de modo que o tom de ouro tomou todo o ambiente, o que não durou muito. Com a visão completa, tudo que a criança conseguia ver eram os poucos raios solares que venciam a intensa batalha contra densas e acinzentadas nuvens de outono. Hitomi se colocou a procrastinar durante alguns poucos minutos, o que considerou um descanso merecido depois do que passou, por mais que já tivesse tido a oportunidade de se regenerar por completo enquanto dormia um longo e acentuado sono.

Hitomi; 475/475; 675/675; 0/5; 2/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

O tempo em que disponibilizou-se a apenas viver e admirar o brilho da estrela colossal em constante combustão que se mantinha erguida no horizonte passou demasiadamente rápido pelos seus olhos esverdeados. A menina via-se numa situação um tanto quanto delicada onde detinha a ânsia por continuar ali, apenas contemplando a bela cor da junção do céu e da terra ao longe no horizonte e, em um outro extremo, o dever de retornar para a base de operações da liga das sombras a fim de notificar Zed de que estava em segurança, do contrário o homem poderia dar inicio a uma guerra civil sem precedentes contra a vila oculta da folha. A decisão provavelmente mais sábia a se tomar foi a escolhida pela chunin, que inclinou-se na direção do solo em um salto que considerou por um instante chamar de "encontro com o criador" devido se parecer em alguns aspectos com um movimento suicida efetuado por aqueles que não temem por suas vidas ao ponto de optarem por colocar um fim na mesma, o que nem de longe era a intenção de Hitomi.

Em meio ao percurso que a levaria de encontro com o solo, a criança envolveu a bainha de sua espada com o seu punho esquerdo, sacando-a na sequência com pouca maestria, mas muita classe. Pouco mais de dez metros de distância do solo, descendo em uma velocidade perigosamente descomunal, Hitomi fincou a lâmina no tronco, e modo que a queda foi impedida em sua metade, estando agora a uma distância segura o suficiente para simplesmente saltar, tornando o pouso algo simples de ser realizado. Assim a pequena o fez, e quando em terra tornou a embainhar sua espada, guardado-a outra vez entre sua lombar e o laço que circundava a sua cintura, traçando como rumo a sede dos assassinos de Zed, ainda sem a menor pressa de situar-se no lugar.

Entretanto, por mais longe que ficasse tal esconderijo, não custou mais de quarenta minutos para que finalmente fosse recebida por duas das sombras que o assassino havia deixado a postos na entrada principal —— Hitomi-san? O que aconteceu? —— Questionou o mais novo dos dois —— Um treinamento em equipe que saiu um pouco de controle. Alguma novidade? —— Respondeu a menina enquanto passava por entre as figuras sem nem ao menos os encarar nos olhos, além do mais, todos ali usavam máscaras de metal que escondiam as suas identidades —— Zed tem uma missão especial, e parece que você vai liderar o esquadrão dessa vez —— Indagou o sujeito à menina, que apesar de não se indignar a virar-se para agradecer, demonstrou estar satisfeita com a noticia, acenando enquanto caminhava na direção da pequena escadaria de mármore que ligava o grande pátio de entrada.com o saguão da sede. Retirou das dobras de sua longa saia uma pequena garrafinha azul cheia de água, a qual secou por completo gole após gole.

Hitomi; 475/475; 675/675; 0/5; 3/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

O grande e imensurável saguão da ordem de assassinos tinha mais de uma quinzena de metros para todos os lados, algo extremamente exagerado visto que o recinto por si só já comportaria, com um pouco de esforço, todos os membros da organização. Talvez se a criança se empenhasse em pensar um pouco sobre porquê tudo ali tinha de ser tão grande poderia se lembrar de quando Zed mencionou o fato de em tempos passados a organização ter tido seus mais de quinhentos membros, um grande exercito de assassinos criados e treinados com o único intuito de proteger a paz, acabando com guerras entre os grandes países antes mesmo de terem seu inicio, visto que muitas das vezes só o fato de se deparar com tamanho exercito diante de seus portões já era ameaça suficiente para fazer qualquer daimyo repensar. Zed nem sempre foi o grande líder, antes de tudo serviu no grande exercito da ordem, sempre se destacando dos demais por conta de sua frieza e determinação, por mais que a segunda tenha se transformado em ambição depois que assumiu o poder quando todas as nações, com exceção do país do fogo, se uniram em uma investida desleal contra a ordem, armando uma armadilha mascarada como um encontro pacifico onde convidaram a organização para cuidar da segurança, reduzindo a supremacia da liga das sombras à uma organização secreta escondida no coração de uma floresta em Konoha, trabalhando agora como meros mercenários e sem muita perspectiva quanto ao futuro.

Por conta do trabalho que tinham de fazer, todas as pessoas ali eram individualistas e por crescer naquele meio, Hitomi não seria diferente. Apesar disso, vinha se sentindo incomodada com o fato de, durante o treinamento efetuado em conjunto com suas companheiras de equipe, ter se colocado em diversas vezes em uma situação consideravelmente arriscada apenas para preservar a segurança do grupo ainda sem entender porquê o fizera. Apesar de suas ações altruístas a criança ainda via aquelas moças como meros degraus para que fosse possível aumentar o seu poderio exponencialmente, mas talvez isso estivesse pouco a pouco se moldando em um outro tipo de sentimento. Hitomi tinha desenvolvido um grande apreço pela aldeia da folha, que de certa forma era uma das razões pela qual ainda estaria viva, apesar das coisas que deve de suportar durante sua infância conturbada. Recompensar as pessoas que a ajudaram era o seu maior objetivo, e não se importava nem um pouco em quem teria de matar para proteger a folha ou a liga dos assassinos. Talvez essa fosse a sua forma de individualismo, um onde a pessoa apenas se preocupa com o seu objetivo, por mais que este beneficie outros consequentemente. O fato é que por ser esse tipo de pessoa, Hitomi tinha bons resultados nas missões em que fora enviada pela ordem, e devido o seu sucesso era quase sempre escolhida como líder de um esquadrão em missões chamadas de especiais.

Hitomi; 475/475; 675/675; 0/5; 0/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

Um longo corredor, muito bem ornamentado, diga-se de passagem, com várias gravuras e pinturas sobrepostas em suas paredes de madeira deliberadamente polidas por assassinos recebendo algum tipo de punição por conta de alguma falha ou mesmo por estarem iniciando no caminho da criminalidade que Zed oferecia, o que Hitomi considerava um erro gravíssimo, visto que se você entra na ordem por vontade própria e depois acaba se arrependendo, não encontra uma forma de sair, ao menos não com vida. Apesar de ser eternamente grata pela liberdade que foi lhe concedida no dia em que Zed a acolheu, mesmo que antes disso tenha a mantido como prisioneira, sem ter o que comer por três semanas, a criança não considerava aquela uma vida a se desejar, a menos que como ela, a pessoa também não possua outra opção. De acordo com o próprio líder da organização "não se pode abandonar a verdade depois de tê-la conhecido". Hitomi não discordava do homem, mas acreditava acima de tudo que a liberdade pode ser sim comprada com a vida, sendo ela a sua, ou a dos seus inimigos. A criança passou a seguir a morte por conta de esta ter sido a figura que quebrou os grilhões que à prendiam ao passado tormentador pelo qual tinha passado, libertando-a no momento em que ceifou a vida de Boram Darkwill e toda a corja que chamava de família e que também compactuou com os atos hediondos cometidos contra a pequena herdeira do clã Hozuki, que estava mais próxima de descobrir suas origens do que imaginava.

Duas batidas na porta da sala onde Zed se mantinha entocado quase que o tempo todo —— Entre —— A voz ressoou do interior do recinto para fora, demonstrando a permissão para que a criança tivesse o seu encontro —— Perdoe o meu atraso. Aconteceram divergências durante o treinamento e eu tive de ser levada pro hospital —— Explicou a criança enquanto transpassava pela entrada, abrindo a porta lentamente, fechando-a na sequência com a mesma cadência —— Hospital? Você se feriu? —— O homem se levantou demonstrando uma gota de compaixão e preocupação, provavelmente pela primeira vez em muitos anos —— Eu estou bem. Já trataram das minhas feridas —— Respondeu enquanto se sentava com as pernas cruzadas à frente da pequena mesa com saquê que a separava do sujeito, que rapidamente se recompôs, sentando-se do mesmo modo —— Fico feliz em saber. Não se preocupe com o seu atraso, chegou bem a tempo. Tenho uma missão especial que acredito estar diretamente ligada à você —— Indagou o homem enquanto retirava de dentro de suas roupas um pergaminho, rolando-o sobre a mesinha na direção da garota —— Que tipo de ligação? —— Curiosa com as possibilidades, Hitomi questionou, recolhendo o pergaminho e o abrindo consequentemente, se deparando com o conteúdo que tratava acerca das habilidades de se liquefazer, tal como a criança tinha costumeiramente fazia. Suika no Jutsu, um hidden ninjutsu passado entre as gerações do clã Hozuki , segundo as escrituras —— Depois que você chegou e demonstrou suas habilidades envolvendo a capacidade de transformar todo o seu corpo em líquido, eu me dediquei numa pesquisa a procura de uma explicação e então encontrei isso. Acredito que você faça parte desse clã e estou te enviando para uma missão de reconhecimento em um lugar onde anos atrás ficava um complexo da família da matriarca do clã, Shieda. Eles fugiram sem nenhuma explicação, abandonando tudo. Entretanto, deixaram incontáveis armadilhas que nenhum homem conseguiu transpassar. Vá, veja o que encontra e traga para ser estudado e, quem sabe assim você descubra algo muito importante que nem mesmo você sabia acerca do seu passado.

A explicação de Zed era ouvida, mas a confusão na cabeça da chunin era tremenda que boa parte ainda não tinha sido assimilada corretamente. Pasma com tudo que ouvia, Hitomi engoliu seco, imóvel e estática diante do conteúdo e das palavras proferidas naquele instante.

Hitomi; 475/475; 675/675; 0/5; 1/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

A criança se levantou lentamente da posição em que estava sentada, ainda um pouco baqueada devido o choque de saber que poderia acabar encontrando-se em um meio, o que, por melhor que fosse, seria de grande impacto para a pequena que desde muito pequena teve de se virar sozinha. Conhecer suas origens poderia facilmente vir a mudar completamente a forma que veria o mundo dali por diante. A verdade é que toda a ansiedade aglomerada em seu coração a deixava exitante o que Zed pode ter ou não percebido, o fato é que a deixou ir de qualquer forma, pois sabia exatamente o significado daquela descoberta e o peso que traria para a história da criança começar a fazer sentido de verdade. A menina seguiu pelos corredores vazios da sede, tomando como rumo o seu quarto, onde iria se preparar devidamente para se encontrar com o restante do esquadrão que provavelmente já estava lhe esperando no ponto de encontro. Apesar de ter isso em mente, Hitomi dava um passo de cada vez, intervalado por grandes espaçamentos de tempo, o que fez com que chegasse em seu quarto quase cinco minutos depois de sair do salão de Zed, percurso esse que já havia feito milhares de vezes em uma velocidade exponencialmente menor. A menina não conseguia de forma alguma liberar a sua mente dos pensamentos acerca dos motivos que sua família teria tido para lhe abandonar, mas sentia que estava prestes a descobrir.

Depois de um rápido banho quente, Hitomi finalmente se encontrava revigorada e focada nos seus objetivos, tendo como principal concluir a sua missão. Guardou os seus equipamentos, checou a lâmina de sua espada e então seguiu, tendo como rumo o ponto de encontro: a torre do lado leste. Caminhando na velocidade que adotava costumeiramente, a criança não demorou mais de três minutos para chegar ao outro lado da sede, demonstrando dessa forma que estava completamente revigorada, apesar de em seus pensamentos ainda existir um resquício de dúvida. Ao longe pôde ver três assassinos trajando o velho uniforme da ordem, roupas totalmente negras com capuzes cobrindo as suas faces, deixando apenas os seus olhos amostra. Nenhum deles se pronunciava, mas pelo formato de suas silhuetas Hitomi acreditou que todos seriam homens adultos —— A direção —— Indagou a menina, sendo a única com tal permissão visto que era a capitã daquele esquadrão. Um dos sujeitos apontou rapidamente para o leste em resposta à criança que sem dar uma única palavra ou comando saltou na direção de uma das árvores que tinha à sua frente, equilibrando-se sobre o galho enquanto tomava impulso para outro salto, seguindo agora na direção indicada, sendo rapidamente acompanhada pelo restante do grupo, que não custou a entender o desejo da criança.

Hitomi; 475/475; 675/675; 0/5; 1/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

O grupo se movia em uma velocidade extremamente elevada, de modo que quase todos saltavam ofegantes, com exceção da pequena criança que, depois de árduos e extensivos treinamentos, conseguiu desenvolver uma resistência notável —— Vamos parar por um tempo —— Indagou em um tom firme porém calmo após refletir por um tempo e chegar à conclusão de que não seria nada satisfatório chegar no local com os membros de sua equipe exaustos, visto que por menor que fosse ainda existia a possibilidade de ocorrer um embate. Desceram todos ao solo, onde se agacharam formando um circulo. Hitomi recolheu do chão um pedaço de graveto e apontando com ele para os rostos encobertos que encarava disse —— Quem de vocês teve contato com a planta do lugar? —— Um deles estendeu a mão e então a criança entendeu. Entregou-lhe o graveto e esperou até que o sujeito terminou de desenhar no solo uma espécie de mapa quanto à casa e suas redondezas. Tudo parecia normal, não parecendo mais que um grande palacete, consideravelmente maior que o de Boram Darkwill, mas não tão imenso quanto a sede da ordem de assassinos onde passou a maior parte de sua infância. O sujeito parecia saber a localização de algumas armadilhas, visto que acentuou a posição de algumas destas com um xis. A criança cogitou que talvez tivesse havido uma outra excursão, e que o esquadrão anterior tinha falhado miseravelmente.

Percebendo que todos já haviam descansado, a capitã optou por dar continuidade ao avanço, não demorando mais que duas horas para chegar em seu destino. Posicionada no tronco de uma grande árvore de onde tinha uma visão ampla do seu objetivo, Hitomi se colocou a pensar em como passaria pelas armadilhas. Para ela seria um trabalho consideravelmente simples, baseando este pensamento no fato de possuir uma habilidade que fazia possível à criança se transformar em água, tornando dessa forma improvável que fosse acertada ou mesmo capturada. A grande construção parecia ter mais de dois andares, considerando a altura e as divisórias do telhado, assumiu que teriam quatro, com o último sendo apenas um velho sótão —— Cuidem dos andares de cima, eu irei revelar dar um jeito de passar pelas armadilhas do térreo —— Após dar o comando, a menina saltou para o solo, deparando-se rapidamente com uma pedra realmente suspeita que possuía uma coloração mais clara, como se tivesse sido pintada ou mesmo polida. Que diferente você é, pensou consigo mesma enquanto inclinou lentamente o seu tronco, esticando sua destra a fim de recolher a pequena pedra do solo, notando que abaixo da mesma existia uma especie de chave —— O que será que você abre? —— Resmungou enquanto lançava a pedra longe. O que não esperava, com toda certeza, acabou acontecendo. A pedra caiu exatamente sobre uma plataforma em falso que rapidamente mostrou ser o pivô para a ativação de uma armadilha. Uma grande jaula com barras de aço brotou do solo, prendendo Hitomi entre suas grades enquanto uma especie de alarme soava em alto e bom som. A porta da casa rangeu e a atenção da criança se transferiu inteiramente para o lugar, virou-se rapidamente na direção do barulho esperando para ver quem passaria pela entrada, rezando em seu interior para que seus homens estivessem em segurança e conseguindo extrair o máximo de informação possível.

Hitomi; 475/475; 675/675; 0/5; 2/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

Ao passo que a porta lentamente foi se abrindo, Hitomi contemplou a figura de uma idosa se espremer pela fresta pequena que o ângulo cedeu, aparentemente estava emperrada. A senhora que saiu não parecia ter menos de noventa anos de idade, carregando uma expressão de cansaço em sua face enrugada enquanto estralava suas costas, tornando possível ouvir o ruído a metros de distância —— Outro filho da puta? —— A mulher não possuía o menor pudor, e parecia não conseguir diferenciar nem mesmo o gênero da criança —— Ah, ótimo —— Expressou Hitomi em um suspiro, irritada com o fato de que agora teria de lidar com aquela velha. Com toda a sua força procurou uma forma de forçar as barras. Tentou levantar a cela, tentou derrubar a mesma e também entortar as beiradas, mas de nada adiantou. Ao passo que suas tentativas fracassavam a velha começou a se mover na sua direção, parecendo não estar nada feliz com a presença da intrusa, ainda espremendo as pálpebras de seus olhos a fim de conseguir mais foco e assim identificar se era um conhecido ou não —— Eu não te conheço! Você veio aqui me roubar? Eu vou te matar sua desgraçada! —— Esbravejou a senhora. Hitomi ainda estava mais preocupada com sua missão e quando notou um sinal de positivo por parte dos seu esquadrão, agora sobre o telhado do casarão, avisando-a de que já haviam conseguido extrair as informações que Zed solicitara, a capitã os dispensou com um sinal discreto feito com a cabeça. Tinha o interesse de interrogar aquela mulher e quem sabe descobrir algo importante, e por isso optou por deixa-los tomar a dianteira.

A idosa por sua vez, pareceu não perceber o movimento que Hitomi efetuou com sua cabeça e mantendo-se focada na invasora, realizou uma série de selos que de certa forma deixaram a criança espantada. Ela ainda consegue usar ninjutsu? se perguntou, preparando-se para a investida que viria. A mulher expeliu rapidamente a partir de sua boca uma rajada de água que ia de encontro com a chunin, que sabia que as grades à sua frente não seriam nem de longe o suficiente para lhe proteger. A criança prestou um pouco mais de atenção, melhorando o seu foco e dessa forma reconhecendo que aquela era uma das técnicas que também possuía em seu arsenal. Baseado nisso, Hitomi pensou que poderia combater um jutsu com o outro, mas não apenas isso. Se controlasse o seu chakra de forma melhor, poderia aumentar o poderio de seu ataque e dessa forma, além de vencer a técnica inimiga, poderia lançar a mulher longe. E assim a criança fez, realizou os selos necessários e lançou uma rajada de água ainda mais potente e o resultado fora exatamente como o esperado. A idosa foi lançada contra a parede em sua costa, o que Hitomi acreditou ser o suficiente para apaga-la por tempo suficiente para fugir dali e render a senhora, o que não foi uma realidade, visto que a mulher se levantou, apoiando-se com a destra sobre seu joelho e então sorriu —— Vai-te a merda! —— Gritou para a menina, que sorriu de volta enquanto retirava das dobras de sua saia uma garrafinha de água azul a qual levou de encontro com seus lábios finos e macios, saciando sua sede, ansiosa pelo resultado daquele embate, não mais disposta a subestimar a sua oponente.

Hitomi; 475/475; 667/675; 0/5; 3/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados:

Hitomi estava agora decidida a se libertar e a enfrentar a idosa, dando o seu melhor indiferente à idade de sua atual adversária. A menina controlou o fluxo da água por todo o seu corpo de modo que rapidamente começou a liquefazer cada parte de sua matéria enquanto se inclinava para fora das grades que a cercavam, saindo sem qualquer dificuldade do seu cárcere. Tornando à sua forma sólida do lado de fora, encarando a idosa que não mais parecia disposta a lutar, visto a mudança em sua expressão e comportamento. A idosa não fazia a menor ideia do que estava acontecendo, cambaleou enquanto sua destra parecia procurar algo em que poderia vir a se apoiar, sem encontrar nada, fazendo com que a senhora viesse a cair sentada no solo —— Quem é você!? —— Esbravejou a mulher contra Hitomi, que agora sentia os seus batimentos acelerarem, como se sentisse o que viria a seguir —— Meu nome é... Hitomi —— Ao fim de sua apresentação, a criança percebeu a mulher estática com os olhos pouco a pouco se enchendo de lágrimas —— Hitomi? Quantos... Quantos anos você tem? —— Questionou uma outra vez a senhora, reunindo forças sabe-se lá de onde para se levantar e correr na direção da chunin, que não teve outra reação a não ser manter-se parada —— Completei 12 esse mês —— A mulher tomou a criança em meio a sua resposta e a abraçou, de forma tão forte que esta começou a imaginar se tratar de um taijutsu onde seus ossos seriam moídos.

Os nervos se acalmaram, ambas se sentaram na escada que ligava o solo, agora molhado, ao casarão de onde a senhora tinha saído. Precisavam conversar, mas a mulher só conseguia admirar os detalhes no rosto da chunin enquanto esboçava um sorriso —— Você sabe quem você é? Digo, sabe a sua história completa? —— Perguntou a senhora, pegando as mãos de Hitomi, checando a sua atenção —— Eu me chamo Hitomi também, sabia? Deixa eu te contar uma história. Ela começa com um casamento, o de uma das matriarcas do clã Hozuki, ainda muito jovem na época em que encontrou o seu amor verdadeiro. Essa matriarca vivia viajando com seu marido de Kirigakure para Konohagakure. Certo dia correu a noticia de que essa moça tinha engravidado e por isso retornou à Kiri, onde teve o seu bebê. Porém, na noite do nascimento dessa criança, a mãe teve um sonho, um terrível sonho onde via todos os seus familiares sendo assassinado por uma mulher. O problema foi que as características dessa mulher batiam exatamente com as de sua filha recém nascida. Cega pelo menos do que poderia acontecer, essa mãe de primeira viagem cometeu o grande erro de abandonar a criança em um lugar distante naquele mesmo dia. A criança já tinha recebido um nome, o de sua avó —— A senhora fez uma pausa longa e uma lágrima correu por sua bochecha fazendo uma curva envolta do sorriso ainda presente em sua face —— Qual o nome? —— Hitomi já imaginava a resposta, visto que seus olhos lagrimejavam —— Hitomi —— A senhora respondeu, outra vez mais envolvendo a chunin em seu abraço, a qual desta vez correspondeu.

As duas entraram no palacete, onde a senhora continuou —— Eu nunca aprovei a decisão de Shieda, sua mãe. Na verdade reuni o maior número de membros do nosso clã para efetuar uma busca por você, mas nunca a encontramos. Seu pai estava desolado, tirou a própria vida menos de um ano depois. Sua mãe trouxe o clã inteiro para viver aqui, próximo a Konoha, após a queda de Kirigakure. Nós a seguíamos, mas nunca a perdoamos pela atrocidade que cometeu contra você, minha pequena —— Explicou a mulher, mostrando alguns registros sobre o nascimento da criança —— Onde está o restante do clã? —— Questionou —— Sua mãe os levou embora para Kumogakure, mas não sei se continuam por lá. O clã Hozuki pouco a pouco se desfez, agora são apenas nômades. Isso me lembra de algo importante que eu tenho que lhe dar! —— Exclamou a senhora, correndo lentamente para o andar de cima, enquanto Hitomi a ficou esperando, ainda tentando digerir todas as informações que lhe foram passadas em tão pouco tempo. Havia descoberto fazer parte de uma família, mas que também foi abandonada pela própria mãe, seu pai cometeu suicídio e a sua avó não tinha a menor noção. A mulher desceu pelos degraus como se tivesse cinco anos, estendendo o punho cerrado na direção da criança, que colocou a destra estendida sentindo o despejar de algo gélido em sua mão —— Um anel? —— Questionou ao ver do que se tratava.

—— Isso não é só um anel. É uma arma passada de geração em geração dentro de nossa família. Devido as ações de sua mãe eu decidi nunca lhe entregar isso, mas como você retornou, é seu direito receber esta herança e também dever reerguer o nosso clã! —— Explicou a mulher, colocando o anel no dedo do meio da mão esquerda da criança, que o encarou, admirada com o brilho que tinha, se perguntando qual seria a peculiaridade daquele item —— Você vive aqui sozinha? —— Questionou Hitomi à sua avó. A senhora lhe explicou que estava completamente segura ali, ninguém jamais se aproximaria daquele lugar. Foi passado também à menina a localização exata de todas as armadilhas, e além do mais, foi feito um convite para que tornasse àquele lugar para que mais ensinamentos pudessem ser passados. Hitomi assentiu, abraçando mais uma centena de vezes a sua avó, despedindo-se da mesma, alegando que tinha algo a fazer antes de finalmente se unir à sua  progenitora, mas prometeu que o faria.

Hitomi; 475/475; 667/675; 0/5; 0/3;

Considerações:

Bolsa de Armas:

Usados: