Estava voltando do mercado com algumas compras que minha mãe havia pedido quando um corvo apareceu, ele parecia estar carregando algo consigo, segurei todas sacolas em um braço só e peguei o pergaminho com outra, ele então foi embora e eu segui meu rumo até a casa com um passo acelerado, chegando lá li o conteúdo.

—Pelo jeito eu vou ter que sair antes da janta, mãe! Falei enquanto percebia que minha missão já havia começado, as coordenadas e pontos de referência me serviriam de guia até o local onde eu deveria resgatar os cidadãos restantes do desconhecido.

Subi e me vesti, trajando minhas roupas ninjas e preparei um pequeno lanche para aproveitar no caminho — Ou de modo mais preciso, simplesmente peguei uma barra de chocolate que fui comendo durante o trajeto.

A noite era bem ventosa, o outono em Kumogakure era meu clima favorito, o ar forte batendo no corpo e arremessando meu cabelo, aquela sensação gelada cortando a pele, mas não fria o suficiente para gerar tremedeiras, oh! Que deleite de clima. Com um sorriso no rosto — E um pouco de chocolate — Segui meu rumo até o destino, apreciando o clima e calmaria da noite.

Havia saído com tranquilidade da vila, a segurança não estava tão rigorosa, porém tempos de paz costumam ocasionar isso.

Em pouco tempo avistei de fundo a vila, acelerei o passo ao perceber que o caos ainda estava acontecendo, chegando lá fiquei... perdida.


Pensei em conseguir mais informação com a mãe, mas seria imprudente impedir a fuga dela com a criança, balançando a cabeça tomei rumo em direção de onde todos fugiam, lá seria o foco do problema.

— Algum ninja invocou um sapo? Murmurei tentando entender o que podia estar ocasionando isso, mas o próprio lugar era propenso aos animais anfíbios... Seria apenas uma infestação de sapos? De qualquer modo, me preparei para um possível combate, usando minha manipulação de ossos, expeli da palma da mão uma lâmina que poderia me auxiliar caso o perigo fosse real.

Meu... deus... a quantidade absurda de sapos naquele lugar, parecia uma infestação divina.
Avaliando a situação, a primeira coisa que me passou na cabeça foi: "Seria bom saber Kage Bushin agora..." e a segunda "... Ou estar com meu arco, ao menos."

Precisava agir rápido, passei pela multidão e consegui analisar melhor o que estava acontecendo, sapos gigantes destruindo as coisas enquanto sapos pequenos faziam rabbit rabbit incansavelmente. Aquela cena era no mínimo, bizarra.


Os gritos em demasia não ajudavam a raciocinar, qual seria o melhor jeito de acabar com aquilo? Será que eu estava sonhando? Ou em um Genjutsu? Mordi o canto do meu lábio em indecisão, forte o suficiente que até causasse um pouco de danos, se fosse um genjutsu, era pra acabar ali. E idem para um pesadelo.

Uma moça corria de um sapo que iria a atingir iminentemente, outras pessoas precisavam de ajuda para sair também, UGH!

Com alguns selos, usei meu jutsu de restrição no sapo enquanto avançava, mesmo sendo de grande porte, não devia ser inteligente o suficiente para se soltar rápido, corria em velocidade de 14 m/s em direção aos caos.

Caso o jutsu de restrição falhasse, ou ele se soltasse rapidamente, iria em direção dele, saltando e usando a lâmina que criei para o impedir de continuar a destruição.

Se ele fosse imobilizado de vez, focaria meus esforços em parar os sapos que fossem atacar outras pessoas, enquanto orientava a todos para que saíssem na direção mais segura de forma ordenada, o que não ajudaria muito sendo sincera, mas era o melhor que podia fazer.
Em meio a isso, continuaria golpeando os sapos maiores, não tentando os matar, mas no mínimo debilitar de modo que não pudessem continuar atacando, portanto, ficando suas línguas e patas.

A quantidade de sapos não diminuía, ao menos a de cidadãos sim, grande maioria havia saído da zona de perigo, porém continuar naquilo me cansaria demais, e muita gente estava precisando de ajuda, várias pessoas haviam sido presas nos escombros, além de ter uma quantidade relativamente grande dentro de suas casas, paralisadas pelo medo.


Eram apenas simples criaturas desprovidas de intelecto alto, meu jutsu para paralisar um dos grandes provou que não devia ser uma invocação, contudo se eu continuasse pegando leve pessoas poderiam se ferir. Talvez para outros isso não fosse um dilema, sua missão é proteger o povo, simples, mas eu não desvalidava os sapos pelo simples fato de serem animais, todos vivem em um ciclo para coexistência, eles eram tão membros do país do relâmpago quanto quaisquer outros, infelizmente eles estavam causando destruição, e como qualquer membro do trovão que fizesse um ato desses, deveriam pagar o preço.

—... — Mantive os olhos fechados por um instante, podia ouvir os gritos de ajuda de uma criança e um pulo do sapo, suspirei enquanto sentia o meu fluxo de chakra passando por dentro do corpo, outro pulo — Yanagi no Mai. — E numa súbita reação, meus ossos expeliram pelo corpo criando diversas "lanças", uma em cada joelho, cotovelo e palmas da mão, além de duas na cintura, uma para cada lado e uma nas costas.


Minha imagem piscou por um segundo, deixando o meu semblante para trás Shunshin, imediatamente apareci acima do sapo, avancei em direção a ele que iria golpear as crianças, girando meu corpo e o usando como uma arma, cortaria-lhe diversas vezes enquanto mantinha a rotação em sua direção para então depois, lhe dar um forte chute, usaria o golpe para me impulsionar e continuar em uma sequência de ataques aos sapos maiores, visando acabar com o medo dos cidadãos de sair de suas casas.


Caso o maior sapo estivesse lá, focaria meus golpes nele, girando e o circulando enquanto o golpeava constantemente com os ossos de meu corpo e a espada de osso criada, infelizmente não podia mais me conter.

Se minha sequência desse certo, estaria começando a sentir a fadiga de golpear tantos inimigos, e também uma leve tontura, pois o quão indiscriminada eu atacava eles não me deixava muito tempo para recompor o equilíbrio, por sorte minha visão era boa o suficiente para em lapsos distinguir onde ir e não, além de que sapos daquele tamanho deixavam um rastro de gosma que eu podia seguir. Era realmente útil que meu corpo todo se tornava uma arma, e desde que mantivesse a velocidade enquanto acertava eles com força bruta, deveria ser o suficiente para acabar com a infestação — Ao menos dos maiores — e terminando de afasta-los, poderia me unir aos outros membros do vilarejo para auxiliar no resgate de pessoas presas em escombros.

O som incansável de sapos diminuía, ainda existia muito, todavia aquele barulho ensurdecedor diminuiu, o ritmo acelerado em que eliminei diversos deles causou uma carnificina, uma cena horrível.

Percebi que a maioria havia evacuado, e um grupo chegou ao mesmo momento parabenizado meus atos, enquanto prendiam os sapos restantes, e me indicando para retornar a vila.

"Parabéns pelo o quê? Se eu não fosse tão fraca, não precisaria ter tantas baixas..."

Suspirei enquanto meus ossos retraíam ou caíam, dependendo do tamanho era mais fácil simplesmente os soltar do que reassimilar no corpo, meu corpo estava quente, enxugado de sangue e um pouco de gosma, mordia o canto inferior do meu lábio com força, insatisfeita com o que havia acontecido ali.


Estava com pouco fôlego, talvez acabasse só atrapalhando, porém não queria sair no meio da missão, soava como se não tivesse feito meu trabalho, minhas roupas também estavam num mal estado, e eu sequer havia jantado, minha barriga roncava um pouco, porém tudo que eu desejava momento era mais um pedaço de chocolate, apalpei os bolsos e não encontrei nada, por sorte dentro de minha bolsa ninja havia uma bala perdida. Derretida e grudada no plástico, mas era o suficiente para enganar meu estômago — E vício.

— Certo então... Respondi mais para mim do que o homem que me instruiu a sair, tentei tirar parte do sangue com as mãos, só que não era um trabalho fácil, levantei minhas roupas para ficarem presas nos ombros e não ficar exposta.

A frente, uma multidão me agradecia, abri um sorriso, ao menos havia um lado positivo naquilo tudo, realmente, poderia estar com um rosto a menos naquele grupo se eu não tivesse decidido matar os sapos, foi uma perda para um lado e um ganho para outro.

Segui silenciosamente até minha casa, ao chegar joguei minhas roupas no lixo e tomei uma ducha demorada, sangue quase seco e gosma de sapo saíam até que fácil comparado ao cheiro impregnado.


As vezes poder não dava a sensação de liberdade, foi a dura verdade que aprendi naquela fatídica noite.