- Hãn?... – Aos poucos acordava, esfregando os punhos em meus olhos que mal se abriam. O falatório muito familiar, de meu pai e minha mãe. Ambos estavam conversando sobre algo na sala, porém, eu não conseguiria escutar do que se tratava. Sabia que era errado bisbilhotar coisas que não são de sua conta. Então, no momento apenas me levantava da cama, caminhava até a porta e a fechava, ainda cambaleando de sono. Apenas ignorei tudo aquilo e voltava a dormir.

Mas ainda assim, mesmo com a porta fechada, era pouco audível o que eles estavam discutindo. Pegava o travesseiro e o forçava contra meus ouvidos, afundando meu rosto no mesmo. Passava-se alguns minutos e vez ou outra, eles falavam mais alto e depois mais baixo. – O que será que eles tanto descutem? – Me perguntava olhando fixamente para a porta, sentado na cama. Me levantava e dava um bocejo, abafando com a palma da mão direita. Nas pontas dos pés eu caminhava, abria a porta lentamente e passava para um dos cantos da parede. Via meus pais na sala e estavam conversando sobre algo... Meu avô! Fazia tempo que não ouvia dele, a primeira vez foi há anos atrás, depois a pouco tempo, porém não tive muita extração de informação. A frequência cardíaca aumentava ainda mais, porém tinha que me manter calmo e escutar o que mais estavam discutindo dele, queria agora, saber tudo sobre ele.

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- Certo, por hora é apenas isto. - Dizia o clone, acabando de organizar as roupas e as guardando em seguida. Feito isto, o mesmo pegaria o saco de lixo deixado por mim, o original, e o levaria para fora de casa, jogando numa lata de lixo situado em frente de casa. - Certo, por hora está tudo ok. - E com estas palavras, o clone era desfeito e uma cortina de fumaça branca aparecia como uma explosão de pequena proporção, que logo se dissipava.

As informações e chakra voltava para a mente e corpo do original, a faxina de seu quarto estava completa. - Arrumei o meu quarto, agora pouco. - Dizia seguindo seu pai para onde ele iria, pegando seus pertences do chão para guardar em seguida, num lugar só. - O que vai me ensinar, papai?! - Perguntava animado, como sempre, aprender mais e perguntar sobre tudo era o que mais fazia de melhor, talvez seja de seu tipo. Mas mesmo que eu perguntasse, o meu mentor mudava rapidamente de assunto, falando de meu avô, na qual não ouvia falar do mesmo há alguns anos. - O v-vovô? Claro que quero, por favor! - Saber de tudo era com ele mesmo. Saber mais e mais, sobre tudo, era mesmo de seu arquétipo.



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Caminhávamos pela casa toda, ele deixando seus pertences e eu recolhendo em meus braços, quando o mesmo parava na sala e de resposta, parava junto a meu pai. – Sim pai, lembro de todas as palavras... e de se sua forma de despedida... – Respondia desviando o seu olhar para os pertences que pendiam em seus braços, evitando que um choro começasse ali, talvez emotivo?

A besta de Katana, era como era conhecido meu avô por muitos daqui, além deste, pelo que me lembre, tem vários mais como o chamavam. – Me ensinar, as artes do Kenjutsu? – Indagava. – Mas não consigo nem ao menos arremessar uma estrela ninja direito, quanto mais segurar uma katana ou uma tantõ. – Completou o menino, mesmo escutando de seu pai “área que você mostra ser tão inútil”. Palavras dura para um garoto de 8 anos, mas demonstrar choro ou algo genérico a essa reação, o deixariam pensar que era fraco.  Continuava a escutar de seu pai, o mesmo tinha habilidade com a katana, porém, não tanto quanto o pai do mesmo. – Sim papai, quero ajuda sobre isto. – Dizia em um tom calmo, mesmo que os olhos mostravam seriedade. Saía do cômodo onde estávamos, dirigi-me até meu quarto e pegaria uma tantõ, uma katana de lâmina curta que pendia sobre um caixa, abaixo da cama, junto a outros equipamentos ninjas como arames, shurikens e kunai. – Aqui está. – Dizia mostrando a espada curta que havia ganhado como um dos equipamentos, após sair da escola ninja. – Isso deve servir.



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Depois de pegar a Tantõ, e meu pai uma Tenko. Saíamos de casa, ainda era tarde já quase para anoitecer. A espada de lâmina curta pendia-me na altura da cintura, voltada para as costas horizontalmente, para melhor desembainhar do equipamento. Andávamos pelas redondezas de Kumo e após um tempo, chegávamos ao local desejado por meu pai, para um treinamento árduo.

Não falava nada, o homem estaria de mal humor no momento, talvez por descontar uma raiva em mim ou cansaço do trabalho, não sei. O homem de olhos castanhos aproximava de uma grande arvore e no momento seguinte, caía com um estrondoso som de quebras de galhos e um choque com o chão. Sua mão levantada com a Token em mãos, o fio de corte da lâmina brilhava dos ombros até a ponta, uma arma extremamente afiada ou um grande usuário de Kenjutsu? Mas pelo que me lembro, meu mentor dizia não chegar no mesmo patamar que seu pai, muito pelo contrário. Isso poderia dizer que meu pai seria bom com o uso de espadas e katanas, e meu avô seria um dos melhores de kumo ou se não, do mundo. Parte do tronco fibroso foi cortado novamente e posto verticalmente como um boneco, a frente do tronco cortado. O homem também sacava um pergaminho e de lá, liberava várias armas ninjas de sua aquisição. Me aproximava dessas armas depois das falas de meu pai. Segurava uma Shuriken, relativamente leve, e a arremessava contra o tronco, ela girava, porém não chegava nem na metade do caminho até o tronco, além de sair do rumo. Tentaria mais e mais vezes, pegava as que estavam espalhadas e jogadas por aí e reunia um monte para serem jogadas novamente. Já estava de noite, meu pai acabava de ir para casa e eu ainda tinha muito do que fazer. Sacava uma kunai do chão, mirava bem para o tronco apontando a kunai para a mesma. Arremessava-a e chegava acertar ao corpo da arvore, porém não chegava a fincar a mesma.

- Pelo visto terei que ficar por aqui a mais tempo. – Provavelmente teria que deixar de jantar, o cansaço já estava tamanho, mas ainda tinha que treinar um bocado. Jogava as arremessáveis com mais precisão e mais força do que a ultima vez. Fazia isto varias e varias vezes, até que caísse de joelho e fechando os olhos. Estaria dormindo, o cansaço venceu por hoje.




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A manhã chegava e nem percebia. – Acorde! – Uma voz grave passava pelos meus sonhos e logo acordava, ainda bem sonolento e baqueado. O olhava sem ao menos ter o foco, esfregava as mãos nos olhos e bocejava em seguida. – Sim, pai, consegui fazer o que pediu. – Respondia me levantando, sonolento. O foco da visão voltava gradativamente, via meu pai, aos poucos, olhando o meu feito e se surpreendendo. Com as ordens de meu pai, voltava para casa, um percurso que seria de 30 minutos, acabou sendo de quase 1 hora, tudo por passos lentos e quase sem firmeza, de puro sono.

Voltava para casa, abria a porta e deixava o calçado antes mesmo de pisar o chão da residência. Minha mãe furiosa por não ter aparecido na janta, tampouco por passar a noite fora sem prévio aviso, mas tudo era por conta de um treinamento, mas por outro ela bem que poderia entender as coisas, agora eu sou um ninja oficial de Kumo. Coisas como essas serão rotineira. Como castigo, eu estaria sujeito a parte mais pesada de uma faxina em casa: a cozinha. – Você cuidará da cozinha por hoje, vou estar limpando o banheiro e o quintal. – Dizia minha mãe, com um tom de bravura, porém ainda gentil, diferente de meu pai. Ela saia da cozinha recolhendo utensílios de limpeza e eu ali na cozinha, a lavar alguns pratos, talheres e panelas. – Kage bushin no jutsu. – Dizia fazendo um selo específico e invocando um clone igual a mim, atribuindo a tarefa de limpar a cozinha no meu lugar. Pisava com cautela para não fazer barulho, da cozinha para o meu quarto e de lá fechava a porta. – Ela nem vai separar o clone do original. – Diria em tom baixo, mesmo que teria um “eu” na cozinha, ela não poderia saber que estaria trapaceando no castigo. Mas de toda maneira, eu tinha que treinar mais antes da chegada do meu pai. Eu não podia, no momento treinar o arremesso ou a usar a espada dentro de meu quarto, apesar de ser pequeno, qualquer barulho iria pôr-me em mais um castigo.

Deitaria na cama, pensava numa maneira de treinar em silencio, até que me sentava em posição de lótus com uma ideia em mente. Selos! Sim, selos, treinaria para poder efetuar mais selos em menor tempo possível. Olhava para minhas mãos e logo começaria a efetuar no total de 12 selos devagar, sem me importar com o tempo. – Cobra, Tigre, Dragão, Cavalo... – Sussurrava, fazendo os selos de mão conforme eu ditava. Após um certo tempo, aceleraria o processo, me calava e fazia todos os 12 no menor tempo possível, isso várias e várias vezes. Um processo que, mesmo acelerado, demoraria um certo tempo para se acostumar a posições de mãos e efetua-lo em menor fração de segundo que o limite anterior (4 selos por segundo). Passava-se mais tempo para me adaptar a realizar mais selos em menos tempo, até que o clone era desfeito e trazendo a informação de que a cozinha estava limpa por final, rápido e cauteloso, fui até a cozinha para tomar lugar do clone.

- Pelo visto ele terminou. – Dizia verificando a pia. -Ah você terminou. Agora prepare o almoço, isso também faz parte de seu castigo! – Ela falava com um sorriso lindo, mas que se tivesse significado seria “Tem sorte de ser meu filho, se não eu te mataria aqui mesmo, seu idiota!” Prepararia o básico da comida tradicional para um almoço, no momento estaria apenas só nós dois na mesa almoçando. Meu pai estaria fora, e talvez apenas sabia o motivo. – Mamãe, papai me pediu que eu levasse comida para ele, no trabalho. – Dizia eu, pegando um pote e colocando parte do almoço para levar para onde estávamos treinando.

Jutsus usados:

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Chegando ao local, meu pai já estaria lá ao meu aguardo. Na minha mão esquerda, trazia junto a mim, um pequeno recipiente com comida, como o meu mentor havia me pedido na manhã de hoje. – Aqui está. – Dizia estendendo a mão entregando o recipiente para ele. Me distanciei para não o incomodar, enquanto que isso sentaria num local qualquer, esperando que ele terminasse de comer. – Ah... -Dizia ele ao abocanhar um pedaço, nitidamente não aprovou a comida e era perceptível que ele já sabia que não foi feito por sua mulher, a quem casou.

Minutos se passaram e o homem terminara de abastecer suas porções de nutrientes. – Sim papai. – Respondia ao homem. O homem de pelos loiros sacava sua espada que estava embainhada em suas costas, preso no colete ninja de Kumo. Assumia uma postura pondo sua lâmina a frente do corpo. Como ele, sacava minha tantõ que estava presa na bainha, pendida horizontalmente na altura da cintura e voltada para as costas. Segurava o cabo firmemente e pondo também, a lâmina a frente do meu corpo. Flexionava as pernas e pondo uma mais a frente que a outra, priorizando a perna de apoio mais a frente. – Desse jeito?- Indagava ao meu pai, ele é quem saberia me dizer se estava no caminho ou não.

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Afastava a lâmina da minha face, pondo-a mais a frente com os braços firmes. Meu pai rapidamente, avisava um ataque e iria para cima, percorrendo o pouco espaço entre nós em pouquíssimo tempo, levantando a espada acima de sua cabeça com ambas as mãos, e, não chegando na sua velocidade máxima, desferia um ataque de cima com a projeção para baixo. Rapidamente, eu colocava a tantõ em horizontal, com a ponta da lâmina voltada para a esquerda, o choque dos ferros tinia pelo local. Para completar, inclinava a tanto para a espada curta para esquerda, levantando o punho e abaixo um pouco mais a ponta da lâmina. A espada de meu pai mudava de trajetória, ela acertava o chão, mas não a mim. – O que achou? – Perguntei ao meu pai, esperando uma resposta positiva depois de demonstrar meu feito, em um pensamento rápido de esquiva usando uma espada. – Esperava que você se esquivaria jogando o seu corpo para um dos lados. – Dizia meu pai, ele apenas não queria dizer que fui bem, mas disse com outras palavras.

Começávamos a treinar a arte das espadas no começo da tarde, logo após o almoço, e agora estava anoitecendo. Estávamos treinando a horas, sem descanso, apenas o tinir do ferro e a respiração ofegante era escutável naquele lugar


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Os dias se passaram desde aquele primeiro dia em que empunhei uma tantõ. A arte da lâmina, uma das coisas que meu avo dominava muito bem, e também meu pai, porém o mesmo falava que não o dominava tão bem. Me lembrava do momento em que meu pai falava sobre meu avô, contando sua história de um grande espadachim e de seu ultimo ato no mundo físico.

As espadas tiniam com o intenso choque entre elas, que ecoavam no local. As nossas tardes estavam sendo as mesmas desde então, um treino que mais seria duelo de pai e filho. Um aprendia com seus erros e acertos, enquanto o outro atacava arduamente, sem tempo para descanso. – Obrigado por me ajudar tanto assim. – Dizia balançando a lamina em um corte horizontal, da direita para a esquerda, num rápido movimento. – Se consegue falar enquanto balança essa arma, consegue fazer melhor que isso. – Respondia o homem loiro, colocando seu peso na perna esquerda e pondo a lamina de sua espada no caminho do corte, interceptando o movimento. -Já está escurecendo, sabe disso não é? – Perguntava o encarando e fazendo força para que ele cedesse com sua defesa. – Sim, vamos para casa. – Ele dizia cedendo sua defesa, se distanciava e fazia um gesto de fim de duelo, curvando-se para frente. -Vamos que hoje se atrasarmos, sua mãe me mata também... literalmente. -


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