O som do silencio. Era a única coisa que me acompanhava enquanto andava pelas ruas próximo a meia-noite. Já era tarde mas não havia muito oque fazer naquela noite. Tudo parecia frigido e distante, e meus olhos observavam as ruas como quem havia se perdido na própria mente. Há anos lidava com vozes que ecoavam em minha cabeça como cornetas. Elas gritavam sons indistinguíveis que me tiravam a concentração daquilo que fazia. Naquele instante, ouvi um suspiro de alguma voz me chamar. Era um sussurro que parecia vir de longe. Olhei para o céu vendo a nevoa passar diante minha cabeça e refletir diversos pensamentos. Algo de ruim parecia vir. Mas não era algo que eu poderia prever naquele momento. As ruas estavam vazias e apenas o eco dos ventos era possível ser ouvido. Ao fundo uma voz sussurrava meu nome. Era uma voz feminina que parecia suplicar minha ajuda. Minha cabeça só pensava em parar de ouvir aqueles sons. De alguma maneira a voz parou por um segundo e pude ouvir o som do vento ressoar. Era uma melodia incrivelmente tranquilizadora. Foi quando olhei novamente para as ruas. A alma das ruas estava gélida naquele momento e tudo parecia ressoar mais alto, até meus passos em direção a lugar nenhum. Podia ouvir os sons de algumas casas próximas e as luzes falharem nos postes. Era uma noite sombria, onde os fantasmas pareciam sussurrar em meu ouvido. Andei até a praça onde me sentei em um dos bancos, parando por um instante. Nada parecia tirar minha concentração das vozes que falavam em meu ouvido. Foi quando peguei a minha flauta e toquei uma melodia que acalmava meus ouvidos. Musica. Era a única coisa que me dava a paz necessária. A melodia ressoava nas ruas vazias e no silencio da noite, ecoando pelos quatro cantos. Sozinho, via a musica como uma companheira para toda hora. A melodia lenta fazia os sons sumirem e a noite ganhar vida.

Foi dali que um velho homem se aproximou de mim enquanto tocava a Mateki. Ele parecia deslumbrado com o som que saia de minha flauta. - Olá - Disse ele ao se aproximar. Parei de tocar a flauta para responde-lo. - Opa! Tudo bem com o Senhor? - Disse de maneira educada. O mesmo se aproximou e se sentou ao meu lado puxando assunto. - Aonde aprendeu a tocar flauta desse jeito, meu jovem? -
- Aprendi com meu avô, a muito tempo atrás - Respondi.
- Muito boa essa melodia - Disse ele se levantando. - Esse som me lembra minha falecida esposa. Você é um ninja também? - Falou apontando para minha bandana.
- Sou sim - Respondi guardando a mateki na hip-pouch. - Infelizmente tenho que seguir. -
- Espere, que tal a gente fazer uma breve luta? - Disse o senhor, ele parecia animado com aquela premissa.
- Éhh... não sei se devo aceitar... - Respondi sem graça, afinal lutar com um senhor de idade seria covardia.
- Fique tranquilo, eu sei oque eu falo - Disse ele.
- Ok... se o senhor insiste. - Disse me levantando do banco onde estava sentado.
Não havia ninguém na rua naquele momento, logo não seria problema um pequeno sparing por ali, ainda mais contra um velho senhor. Nada demais poderia acontecer. O homem se moveu em minha direção com uma velocidade incrível e rapidamente me atingiu com um soco no estomago. Não pude nem ver ele se mover. Com dificuldade me afastei enquanto tossia devido ao soco e fiquei a alguns metros do mesmo. O homem tinha uma posição diferente das que eu já havia visto.
- Eu disse que sei oque falo - Disse ele debochando de mim. Apenas sorri para o mesmo e peguei uma kunai em minha hip-pouch, quando peguei a kunai o homem rapidamente apareceu ao meu lado e executou um golpe tirando-a da minha mão.  Ele não me deixaria me mover tão facilmente. Com dificuldade empurrei o mesmo e entrei em modo de batalha. O homem parecia animado com aquilo tudo. Desta vez pude ver ele se mover em minha direção e rapidamente me abaixei para esquivar de seu ataque, entretanto suas pernas levantaram-se no ar, executando uma voadora na altura do meu peito enquanto estava abaixado. Só pude ser capaz de colocar as mãos na frente, evitando um impacto maior, enquanto era jogado para trás. O homem parecia ter habilidades em taijutsu e rapidamente se recompôs. Eu me levantei do chão com a Mateki em mãos preparado para o combate. Desta vez ele não chegaria tão fácil em mim. Estavamos a cerca de 10 metros um do outro e quando o mesmo se moveu novamente, saltei para o lado evitando um contato direto e toquei algumas notas da Mateki. Rapidamente o homem caiu em minha ilusão, ficando preso em cordas que o seguravam. - Oque é isso? - Disse ele assustado.
- Essa é minha kekkei genkai! - Disse me aproximando do mesmo. Coloquei uma kunai em seu pescoço e disse. - Você se rende? -
- Pelo jeito não tenho muita opção. - Disse ele sorrindo. Logo o soltei da ilusão que o prendia e guardei as armas em meu bolso.
- É uma kekkei genkai bem peculiar. Você lançou um genjutsu através do som da sua flauta. - Disse ele se aproximando novamente. Parecia curioso quanto ao que eu tinha feito.
- Sim, a minha habilidade é de manipular o som. - Respondi sem muita cerimonia, afinal não era problema saberem de minhas habilidades.
- Ora, ora. Um ninja musico. Quem diria. - Disse ele sorrindo, parecia estar feliz de ter me encontrado. - Meu nome é Jin, e o seu? -
- Me chamo Zeitgeist. - Respondi cumprimentando o mesmo com um aperto de mãos.
- Bom Zeitgeist, parece que não foi hoje que meu taijutsu funcionou com você. - Disse ele ainda sorrindo.
Eu estava com uma expressão neutra observando o mesmo sorrir.
- Éh... mas se eu não tivesse usado minhas habilidades provavelmente eu perderia. - Respondi de maneira sincera. - Afinal, não tenho muita habilidade em taijutsu -
- Cada ninja tem sua especialidade. - Respondeu o homem com um olhar orgulhoso. Ele era velho, mas suas habilidades pareciam estar intactas. - Foi bom lhe conhecer, espero um dia lhe ver novamente. - Disse o homem sumindo na nevoa. Ele parecia ter uma velocidade diferente das que eu já havia visto. Era realmente rápido e havia me deixado sozinho naquele local.
Peguei a Mateki em mãos novamente e toquei uma melodia para acalmar o silencio que tomava a noite. Fui andando em direção a minha casa após aquilo. Foi algo bem diferente de se ver no fim de uma noite. Um velho lutando com um jovem, que provavelmente perderia se não fosse minhas habilidades. Quando cheguei em casa, me deitei na cama refletindo sobre oque tinha acontecido e um sorriso veio a tona. - Engraçado - Sussurrei para mim mesmo, olhando pela janela. - Muito engraçado... -