Durante alguns dias auxiliando na ala médica, Yami obteve experiências muito singulares ao participar de diversas cirurgias, em específico, transplantes, onde acabou dominando todos os procedimentos e protocolos. Tornar-se apto a realizar transferência de células, tecidos ou, até mesmo, orgãos vivos, concedeu ao garoto uma percepção totalmente diferente do mundo.

As semanas passaram-se arrastadas. O Jōnin consumia boa parte do seu tempo durante sua participação ativa no setor hospitalar e na melhoria das suas capacidades médicas, sobrando apenas algumas horas para pesquisar sobre aquela área que lhe chamara a atenção desde o primeiro contato e descansar adequadamente.

Após tomar ciência da possibilidade de transplantar habilidades singulares de uma pessoa para a outra, o seu conhecimento prévio sobre os outros clãs lhe proporcionou uma tempestade de ideias sobre como tornar-se alguém mais forte através desse procedimento. De todas as habilidades, a que mais chamava-lhe a atenção era a de um clã aparentemente exterminado pelos samurais, o clã dos devoradores de homens. Por mais que as memórias associadas a essa raça fossem macabras, os poderes concedidos eram extremamente uteis.

—— Você precisa ter plena ciência dos seus atos se quiser continuar com isso... —— proferiu a si mesmo, apanhando o receptáculo circular, contendo um liquido negro e amargo, e avançando para a página seguinte do exemplar que narrava os feitos de um homem conhecido como o "Rei de um Olho Só".

Passaram-se alguns dias e o rapaz assumira os riscos de realizar esse procedimento em si mesmo. Por conveniência do destino, um dos residentes do hospital era um colecionador compulsivo que observara atentamente os livros que Yami tivera lendo durante as semanas retrasadas. Ao explicar suas intenções, o homem resolveu lhe confiar um órgão recém adquirido contendo o material genético presente no extinto Clã Washū.

Era ilógico encontrar por acaso alguém que detinha a posse de algo tão raro e valioso. Mais ilógico ainda era receber esse órgão de bom grado apenas pela curiosidade de ver como o corpo do Jōnin iria comportar-se ao ser enxertado por uma mutação genética daquela espécie.


Foi necessário a realização de alguns clones de sombra e a solicitação de apoio de alguns shinobis que também possuíam o conhecimento a cerca das técnicas médicas. Inicialmente, o garoto passou por uma desinfecção de todo o seu corpo a fim de exterminar micro-organismos estranhos e bactérias que poderiam gerar complicações durante a operação.

Deitado de bruços, fitando o solo, foi possível sentir uma dor aguda seguida de um formigamento. Uma quantidade razoável de um líquido responsável por adormecer e bloquear os sinais responsáveis pela dor, fora aplicado na região lombar do rapaz.  Aquele seria o local onde o material singular seria enxertado. Um clone realizou a incisão com um bisturi pequeno enquanto o outro utilizava as habilidades médicas para impedir que o sangramento se ampliasse. O órgão único fora enxertado e então, a incisão fora devidamente restaurada. A cirurgia havia sido bem sucedida.