No meu quarto ficava olhando para muitas coisas, principalmente para duas coisas em especial: a katana que Yamiko-sama havia me dado de presente, e o leque que ganhei quando entrava na ANBU. Os itens ali, do lado de minha cama, faziam parte da minha história (uma curta história, devo dizer). Apesar de gostar de ambos, tinha que escolher entre um dos dois, não dava para carregar os dois ao mesmo tempo. Observei os dois com calma, da katana para o leque e do leque para a katana. As marcas do leque eram-me familiar, aquelas "vírgulas" lembravam as tomoes do Sharingan, por alguns minutos raciocinando, percebia que poderia ter algo haver com meu clã, e fui criando um certo "carinho" para com o item. — Você parece ter algo relacionado com o clã Uchiha, será que somos parentes? - brinquei com a arma. — Vou te chamar de... Leque Uchiha! - nomeei a arma ali mesmo em meu quarto. Aquele fã seria minha assinatura, meu companheiro. Infelizmente o presente da Tsuchikage teria que ser devolvido. — Desculpa kataninha, terei que te devolver para a Tsuchi-sama. - falei com a espada. A escolha tinha sido feita, e o momento então se transformava num novo objetivo: treinar com o leque. Deixei minha bolsa ninja ali, pesava muito para mim, fui somente com o leque e minhas vestimentas comuns para o campo de treinamento.

Adentrei à área de treinamento da vila, bem... não sabia muito bem como treinar com o leque. Tirei-o de minhas costas e comecei a fazer movimentos horizontais e verticais para me adequar ao peso. O leque era leve, no fim das contas mas, como lutaria com ele? Ali fazendo movimentos aleatórios percebia a chegada de um outro ninja, de aparência esbelta, seus cabelos loiros balançavam nos ventos da manhã de Iwagakure, com um sorriso convidativo aproximou-se. — Você é uma usuária do tessenjutsu? - perguntou-me. A surpresa de sua chegada me fez hesitar em responder rápida, por isso o observei por alguns segundos, sua bandana de Iwa estava exposta. — Não, estou tentando aprender a lutar com isso. - respondi, com receio em minha voz. — Seu leque é um tanto quanto diferente, mas mesmo assim vejo utilidade nele. - falou com simpatia. — Ele é perfeito para uma coisa, já foi falar na técnica de invocação? - perguntou para mim novamente. — Você é cheio das perguntas, não é mesmo? - respondi brincando. — Não é todo dia que vejo uma ANBU andando por aí treinando, normalmente estão escondidos. - falava em tom engraçado. — Já ouvi falar sobre invocações, mas somente na Academia Ninja. - respondi, um pouco séria. — Hum, entendi... - nisso ele tirava de seu bolso um pergaminho e o abria. — ... sabe, fui brevemente um professor da Academia, eu gosto de ensinar os ninjas de Iwa, meio que sou um nacionalista, quero fazer minha vila ser a mais forte. - do pergaminho surgia uma fumaça branca e dele saíam dois pequenos leques azuis de ferro, mas bem afiados. — Quer aprender a lutar com seu leque? - ofereceu dessa vez com uma voz mais desafiadora. — Se fosse se sair bem, te ensino outra coisa bem mais interessante que isso. - já revelava sua recompensa. O rapaz conseguiu me deixar animada, aprender e ainda sendo um desafio? Tudo que mais queria. — Você estará ensinando a futura Tsuchikage, lembrarei de você quando assumir o cargo. - nisso segurava o Leque Uchiha de forma a começar o aprendizado.

Uma batalha ia começar? Eu, com meu Leque Uchiha, contra o ninja professor de Iwa, com seus leques azuis, que eram lindos por sinal. — Qual é o primeiro ensinamento? - perguntei a ele, sorriu para mim, parecia ter gostado da iniciativa. — Se animou? Primeiro: seu leque já é um pouco diferente do comum. Ele deve possuir alguma propriedade especial. - nisso partiu em minha direção com suas duas armas, tentou me atacar mas consegui me defender colocando o leque em minha frente, os azulados pedaços de ferro afiado eram rebatidos por meu leque. O homem recuou um pouco. — A propriedade defensiva dele é impressionante, mesmo para um leque de madeira. - disse. — Aonde conseguiu ele? - perguntou curioso. — Segredos da ANBU. - respondi com uma “risadinha”, ele retribuiu. — Tudo bem, tudo bem. Todo mundo tem seus segredos. Só queria testar seu leque. - brincou. — Ataca-me com o que sabe. - pediu. — Pode ir sem medo. - avisou. Obedeci a ele, corri em sua direção com o leque na mão. Ao se aproximar dele, fiz um movimento horizontal para atingir a parte lateral de sua barriga. A resposta dele foi dar um pulo ágil por cima do leque. — Bom movimento, mas bem previsível. - informou a mim. — A arte do tessenjutsu requer… imprevisibilidade. - escutei aquelas palavras atentamente. — Como eu faço isso com um leque desse tamanho? - perguntei um tanto encucada, ele abriu um outro sorriso para mim. — Talvez seu leque não seja para luta de curto alcance. - teorizou. — Se for para longo alcance, talvez o que irei te ensinar depois será tão perfeito quanto imaginei. - disse para mim. Fiquei na dúvida. — Quantos elementos você domina? - questionou. — Dois. - respondi “na lata”. — Quais? - perguntou tão rápido quanto minha resposta. — Fogo e vento. - revelei. — Muito bom… Vamos mudar um pouco como irei te ensinar. - falou. Fiquei a espera do que iria me ensinar.

Talvez meu Leque Uchiha não seja tão igual quanto aos leques de ferro do professor. — Então… O que faremos? - perguntei para ele. Olhou para o leque e depois olhou para mim. — Seu leque deve ser uma ótima arma para usuários do elemento vento. Vamos lá… - se distanciou um pouco de mim, ficando a uns dez metros. — Faça um movimento com o leque, em minha direção, imbuindo chakra elemental de vento. - pediu. Olhei para ele com estranheza. — Tem certeza? - perguntei. — Absoluta! - exclamou ele. Preparei meu braço que segurava o leque, comecei o movimento horizontal com leque imbuindo Futon nele. O resultado? Uma enorme rajada de vento surgiu em direção ao homem, mas sua habilidade com suas armas o fizera cortar a rajada com maestria. — Nossa! Isso foi bem forte, ANBUzinha. - brincou comigo. — Você se defendendo foi mais impressionante. - o elogiei. Aproximou-se de mim novamente. — Me desculpe, nem falei meu nome, me chamo Natsui. - apresentou-se. — E você? - perguntou meu nome. Não podia revelá-lo, era uma ANBU e o sigilo tem que ser absoluto. — Me chamo… Namida. - falei o mesmo nome que disse na missão de guerra. — Prazer Namida. - Natsui falou com um sorriso no rosto, parecia ter acreditado. — O seu leque tem coisas diferentes dos meus. - falou. — Quer tentar lutar com minha “duplinha” azuladas? - ofereceu suas armas. — Acredito que não precisa, prefiro masterizar o uso com o meu leque mesmo. - recusei a oferta. — Entendi… Bem o que seu leque pode fazer é controlar rajadas de vento. - contou para mim. — O que podemos fazer é eu te ensinar novos movimentos vinculados com rajadas de vento, o que acha? - dessa vez dava uma ideia que me agradava. — Pode ser, vamos tentar! - animei-me.

A aula tinha mudado um pouco de rumo, o estilo de tessenjutsu para meu leque seria um tanto quanto diferente do tessenjutsu dos leques de Natsui, enquanto o dele se tratava mais de Taijutsu, o meu se trataria mais de Ninjutsu e manipulação elemental. — Muito bem Namida, a aula será te ensinar a usar o seu leque da melhor maneira possível manipulando rajadas de vento, certo? - começou a falar. — Certo. - respondi ligeiramente. — Você tem que usar os movimentos do leque para criar ventanias fortes e conseguir direcioná-las corretamente. - explicou. — Meus leques também conseguem manipular o vento mas em menor escala. - nisso ele começou a movimentar seus dois leques, deles pequenas rajadas de ar saiam em direções diferentes. — Viu só? Mas os leques são pequenos demais para eu mudar a direção do vento no meio do percurso, mas o seu leque consegue. - continuou a explicação. — Agora é com você, tente criar uma rajada de vento em uma direção e depois mude. - pediu. — Tá bom. - respondi. Concentrei-me no que eu faria ali, pensei em cada passo para aquilo acontecer. Empunhei o Leque Uchiha mais forte e comecei com um movimento horizontal para a direita lançando uma rajada de vento, depois fiz um movimento de baixo para cima para mudar a direção, não consegui controlar a ventania inteiramente, mas um pouco eu consegui. — Você foi bem para uma primeira vez, só continuar. - elogiou e depois incentivou.

A primeira tentativa foi um pouco… falha, posso dizer. O objetivo ali era parcialmente alcançado mas de forma efetiva. Mesmo com o incentivo de Natsui, fiquei um pouco abatida, estava acostumada a sempre conseguir a coisas “de primeira”. — Vou… tentar mais uma vez. - falei para ele. — Vamos lá, você consegue, Namida! - exclamou para mim. Fiquei alguns segundos me concentrando para tentar mais uma vez a controlar o vento. Repeti o primeiro movimento horizontal e logo liguei com o movimento vertical, dessa vez a rajada de vento conseguia subir perfeitamente. — Boa, foi muito bem. - elogiou o professor. — Você conseguiu um dos objetivos. Com isso, eu já posso te ensinar outra coisa. - aquilo me deixou curiosa. O shinobi mordia seu polegar e tecia alguns selos, em seguida batia com a mão no chão. — Kuchiyose no Jutsu! - proferiu enquanto uma fumaça branca explodia. Em alguns segundos a fumaça se dissipava, e dela surgia uma fuinha, uma bem diferente, com uma faixa acima de um dos olhos e roupas parecidas com a de um ninja. — Namida, esse é o Kamatari. - Natsui apresentou o animal. — Sua máscara ANBU é uma fuinha, assim como ele, vocês combinam! - brincou comigo. — Err… Oi, Kamatari. - cumprimentei o animal. Em resposta ele fazia um som estranho mas amigável. — Esse é um jutsu de invocação, mas sua forma de invocar é diferente das demais, usei o método comum porém o método efetivo de invocar ele é por meio dos leques. - explicou. — Que tal aprender a invocá-lo? - ofereceu. — Isso vai ser incrível! - falei para ele.

Outro tipo de treino, agora tinha que invocar a fuinha. — Como farei isso? - perguntei para ele. A pergunta era óbvia para ele. — Antes de invocá-lo, você deve assinar um contrato. - revelou. Sua mão foi para sua bolsa ninja e de lá tirava outro pergaminho. Em uma cor diferente, o pergaminho era aberto. O conteúdo dele só havia um único nome, o de Natsui. — Acredito que somente há eu atualmente que assinou o contrato com Kamatari. - contou a mim. — Se quiser invocá-lo realmente, tem que escrever seu nome em sangue em um dos espaços. - explicou. — Tudo bem. - falei a ele. Mordi a ponta do dedo indicador da mão dominante e então escrevi meu nome nele. — Perfeito. - dizia enquanto fechava o pergaminho. — Para realizar a invocação, tem que fazer os selos que eu fiz, e depois bater a mão no chão. - falava os procedimentos. Prestei atenção ao que dizia e logo comecei a fazer os selos com minha única mão. — Kuchiyose no Jutsu! - proferi ao bater minha mão no chão. Igualmente ao movimento do meu professor, a fumaça branca surgiu abaixo de minha palma. Esperei dissipar para ver o que aconteceu, e bem… não foi como o esperado. Surgia da fumaça uma pequena fuinha, talvez até recém-nascida, Natsui olhou o resultado e começou a dar risada. — EI! Por que está rindo?! - gritei para ele. — Ele é lindinho, pô. - brincou comigo. — Tenta de novo, você vai conseguir. Emburrei minha cara, mas ele não podia ver logicamente. A pequena fuinha desaparecia dali, refazia novamente o processo e a fumaça surgiu. O resultado era um pouco melhor do que antes, era uma fuinha… comum. Olhou para mim com seu rostinho fofo, não era o Kamatari. — Existem outras fuinhas além do Kamatari? - perguntei para ele. — Parece que existem, legal saber que de ninja só existe o Kama-san. - falou. A fuinha que acabara de aparecer sumia em fumaça rápida. — Bem, vamos continuar né? - disse para ele antes de iniciar outra tentativa, por fim começava a me concentrar para voltar o procedimento.

As duas primeiras tentativas de invocar o Kamatari não foram muito bem-sucedidas, mas consegui um progresso que já dizia ser muito bom para alguém que havia invocado pela primeira vez. Novamente tentava realizar a invocação da fuinha, o sangue usado da primeira vez ainda era “usável”. — Agora vai! - exclamei em meio aos selos. — Venha Kamatari! - assim bati a palma da minha mão dominante no chão. A típica fumaça branca surgiu na marca formada do chão, sentia que tinha sido diferente, sentia que agora obteria êxito em invocar o animal. A neblina branca cessou e dela apareceu quem eu queria, Kamatari! — Isso aí! - exclamei em alegria. — Muito bom, Namida. - elogiou-me Natsui. — Conseguiu invocar o Kamatari por métodos normais, agora vem a parte difícil, invocá-lo em meio a um movimento do leque, será que consegue? - desafiou-me, sorri para ele querendo dizer que aceitava o desafio. — Eu já te disse, você tá falando com a futura Tsuchikage! Não vou desistir! - falei confiante. — Então vamos lá, você tem que passar o seu sangue no próprio leque e então invocar a fuinha para surgir e atacar junto a sua rajada de vento, está preparada? - perguntou para mim com uma voz séria. — Sim! Estou pronta. - respondi na hora. Afastei-me um pouco enquanto Kamatari sumia dali. Preparava para o próximo passo.

Estávamos perto do final do treinamento, no momento tinha que juntar o que aprendia com o leque com a invocação que o homem me ensinara, a fuinha ninja Kamatari. — Entendeu o que disse Namida? - pergunto Natsui só para confirmar. — Sim, entendi tudo. - respondi. — Muito bem agora tente invocar o Kamatari. - ordenou de forma amigável. Posicionei-me de forma confortável para a primeira tentativa do combo entre leque e invocação, segurei o leque firmemente. Mesmo com meus doze anos de idade, aprendi diversas coisas nessa vida, e naquele momento era mais um aprendizado, mais uma lição para evoluir, as coisas acontecem por acaso. Aprender a usar um leque e invocar um animal eram as coisas mais legais que podiam acontecer comigo. Levei a sério todos os ensinamentos de Natsui e a última das lições não poderia ser diferente. Olhei para meu Leque Uchiha, o mais novo companheiro nas missões e aventuras que vinham a ocorrer. Passei o sangue em uma linha horizontal pelo leque, ligando os dois desenhos das tomoes que simbolizavam o Sharingan. — Vamos lá! - exclamei. Infundi meu chakra no leque e o balancei horizontalmente, a rajada de vento saiu enquanto uma nuvem de fumaça branca surgia, seria o Kamatari? Como nunca dava certo de primeira, quem apareceu na verdade foi ninguém, a invocação tinha falhado. — Hum, isso é normal, Namida-chan, não desanime. - Natsui falou para mim. Tinha que tentar mais uma vez.

Erros e acertos são o que definem a experiência de um aprendizado, e era exatamente assim que estava vivenciando com Natsui e seus ensinamentos. — Vamos lá, vamos lá! - incentivava a mim mesma para tentar novamente, aquilo era importante para mim. — Isso, garota, você consegue. - o professor retribuía. Manejar o leque e usá-lo para invocar o Kamatari era meu objetivo principal do dia. A primeira vez foi falha, a fuinha ninja nem aparecia. Concentrei-me e pensava em tudo que já havia passado. — Leque, é só eu e você. - sussurrei. Passei o dedo novamente na arma, o marcando com sangue. — Agora vai! - exclamei. Balancei o fã como fiz o dia inteiro. Observei quase como se estivesse em câmera lenta a arma gerando o vendaval cortante, aquilo poderia matar qualquer um que estivesse no caminho. No começo do vendaval a explosão branca surgia, seria finalmente o Kamatari, a fuinha ninja? Se dissipou em um piscar de olhos e lá estava ele, o animalzinho dessa vez com uma foice do seu tamanho abaixo de si, a portando. Possui mais alguns adereços junto a si, todos banhados em chakra. — Vá, Kamatari! - proferi ao animal. Ele respondia com um grunhido e então sua movimentação era tão veloz quanto o vento, quase não poderia vê-lo, cortava tudo que havia em seu caminho, um verdadeiro ceifador. — Isso, Namida! Você conseguiu! - exclamou Natsui para mim. O vendaval cessava e a fuinha desaparecia em fumaça. — Tem algo mais a me ensinar? - perguntei a ele.

A pergunta feita a Natsui de certa forma o surpreendeu, tinha mais coisas a aprender? — Você ainda quer aprender mais? - perguntou com estranheza. A reação minha para a questão dele foi dar risada, havia feito ele achar que sou uma louca por treinos. — É que quero evoluir o mais rápido possível! Posso ter falado aqui umas três ou quatro vezes, mas eu quero ser a próxima Tsuchikage! - exclamei para ele. Ele sorriu. — Você é uma sonhadora, garotinha. - começou. — Mas creio que tenha potencial para isso, a forma com que se dedicou com essas coisas tão simples me deu a certeza que não desistiria por nada do seu sonho. - comentou. — Infelizmente não tenho mais nada a ensinar, desculpe-me. - ficou um pouco triste. — Kamatari e os leques… são tudo que tenho a te oferecer, menininha. - falou. Percebia que havia passado um pouco dos limites, pedia demais para alguém que havia conhecido no mesmo dia, e que de bom grado me ensinou o que sabia. — Não precisa se desculpar, Natsui. Ganhei até demais por algo tão legal que me ensinou. - falei com felicidade. Coloquei o Leque Uchiha nas costas. — Tenho que ir, o treino de hoje me deixou cansada, preciso recuperar minhas energias. - comentei. — Tudo bem, Namida. Até um outro dia, espero te ver como uma Tsuchikage realmente. - falou, suas palavras me deram esperança e ânimo para meus objetivos. — Você verá! - exclamei para ele enquanto saía do campo de treinamento e partia para minha casa.