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A LUZ DAS TREVAS
Arco 02
Ano 27 DG
Inverno
Meses se passaram desde a missão de investigação ao Castelo da Lua, no País do Vento, que culminou na Batalha da Lua Minguante. Soramaru, o cientista responsável pelos experimentos, morreu em combate, assim como outros ninjas do lado da aliança. Após a missão ser bem-sucedida, mas carregando tantas mortes, Karma, o líder da missão, ficou responsável por relatar às nações o máximo de informações sobre a organização por trás dos crimes agora que estava com o selo enfraquecido e com isso ele revelou o verdadeiro nome dela: Bōryokudan. Ainda não tendo como fornecer mais detalhes, pois o selo se manteve, e precisando de mais pistas antes de investir novamente em uma missão, Karma saiu em missão em nome das Quatro Nações para encontrar o paradeiro dos demais membros da organização — e sua primeira desconfiança recaiu sobre Kumo.

O mundo, no entanto, mudou nestes últimos meses. Os Filhos das Nuvens concluíram a missão de extermínio aos antigos ninjas da vila e implementaram um novo sistema político em Kumo ao se proclamarem o Shōgun sobre as ordens não de um pai, mas do Tennō; e assim ela se manteve mais fechada do que nunca. Em Konoha a situação ficou complicada após a morte de Chokorabu ao que parece estar levando a vila ao estado de uma guerra civil envolvendo dois clãs como pivôs. Suna tem visto uma movimentação popular contra a atual liderança da vila após o fracasso em trazer a glória prometida ao país. Já em Kiri a troca de Mizukage e a morte de ninjas importantes desestabilizaram a política interna e externa da vila. E em Iwa cada dia mais a Resistência vai se tornando popular entre os civis que estão cansados demais da fraqueza do poderio militar ninja. Quem está se aproveitando destes pequenos caos parece ser as famílias do submundo, cada vez mais presentes e usando o exílio de inúmeros criminosos para Kayabuki como forma de recrutar um exército cada vez maior.

E distante dos olhares mundanos o líder da Bōryokudan, Gyangu-sama, se incomoda com os passos de Karma.
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SHION
SHION#7417
Shion é o fundador do RPG Akatsuki, tendo ingressado no projeto em 2010. Em 2015, ele se afastou da administração para focar em marketing e finanças, mas retornou em 2019 para reassumir a liderança da equipe, com foco na gestão de staff, criação de eventos e marketing. Em 2023, Shion encerrou sua participação nos arcos, mas continua trabalhando no desenvolvimento de sistemas e no marketing do RPG. Sua frase inspiradora é "Meu objetivo não é agradar os outros, mas fazer o meu trabalho bem feito", refletindo sua abordagem profissional e comprometimento em manter a qualidade do projeto.
Angell
ANGELL#3815
Angell é jogadora de RPG narrativo desde 2011. Conheceu e se juntou à comunidade do Akatsuki em fevereiro de 2019, e se tornou parte da administração em outubro do mesmo ano. Hoje, é responsável por desenvolver, balancear, adequar e revisar as regras do sistema, equilibrando-as entre a série e o fórum, além de auxiliar na manutenção das demais áreas deste. Fora do Akatsuki, apaixonada por leitura e escrita, apesar de amante da música, é bacharela e licenciada em Letras.
Indra
INDRA#6662
Oblivion é jogador do NRPGA desde 2019, mas é jogador de RPG a mais de dez anos. Começou como narrador em 2019, passando um período fora e voltando em 2020, onde subiu para Moderador, cargo que permaneceu por mais de um ano, ficando responsável principalmente pela Modificação de Inventários, até se tornar Administrador. Fora do RPG, gosta de futebol, escrever histórias e atualmente busca terminar sua faculdade de Contabilidade.
Wolf
Wolf#9564
Wolf é jogador do NRPGA desde fevereiro de 2020, tendo encontrado o fórum por meio de amigos, afastando-se em dezembro do mesmo ano, mas retornando em janeiro de 2022. É jogador de RPG desde 2012, embora seu primeiro fórum tenha sido o Akatsuki. Atua como moderador desde a passagem anterior, se dedicando as funções até se tornar administrador em outubro de 2022. Fora do RPG cursa a faculdade de Direito, quase em sua conclusão, bem como tem grande interesse por futebol, sendo um flamenguista doente.
Mako
gogunnn#6051
Mako é membro do Naruto RPG Akatsuki desde meados de 2012. Seu interesse por um ambiente de diversão e melhorias ao sistema o levou a ser membro da Staff pouco tempo depois. É o responsável pela criação do sistema em vigor desde 2016, tendo trabalhado na manutenção dele até 2021, quando precisou de uma breve pausa por questões pessoais. Dois anos depois, Mako volta ao Naruto RPG Akatsuki como Game Master, retornando a posição de Desenvolvedor de Sistema. E ainda mantém uma carreira como escritor de ficção e editor de livros fora do RPG, além de ser bacharel em psicologia. Seu maior objetivo como GM é criar um ambiente saudável e um jogo cada vez mais divertido para o público.
Akeido
Akeido#1291
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Havilliard
Havilliard#3423
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Introdução.

Na depressão contínua que aquela garoa causava, o visual do mundo ninja mudará de pacífico para aterrorizante. Naquele vasto campo, antes florido, diversos corpos entulhados um em cima do outro como se fossem lixos, corpos estes de homens, mulheres e até crianças e todas as vilas pertencentes a este mundo.

A calamidade atingia todas as pessoas. A economia e a estrutura de todas as aldeias estavam abaladas e facilmente poderiam ser abatida, no entanto, nenhuma das potências daquela época, na altura do campeonato, já não possuíam mais a força necessária para abater de vez seu inimigo.

De fato foram tempos horríveis e como tudo tem um fim, com a catástrofe não foi diferente. Em época pós-guerra os aldeões juntamente com seus líderes lutavam para levantar-se em meio a algazarra desferida pela luta dos antepassados. São poucos os sobreviventes, e estes já não respondem mais por si.

Em um canto qualquer da vila oculta da folha um forte choro ecoava em um beco qualquer. Pendurado num ferro de uma lata de lixo um pequeno pano segurava uma pequena criança que mal falava. E de longe quase já no final do beco, podia ser vistos os geradores da criança correndo deixando apenas como lembrança o barulho de seus passos enquanto corriam de seu filho.

Naquela tarde não muito ensolarada o bebê que devia ter por volta dos dois anos ou menos ficava aos berros irritando toda a vizinhança e outros mendigos da área. Como a vida não estava fácil devido a recente guerra ninguém se dispôs a cuidar daquela criança chorona. Já escurecendo muitos lobos passavam por ali e o local ficava perigoso para uma criança inofensiva e já que não calava a boca tornava-se então um alvo bem mais fácil.

Um dos lobos, provavelmente o líder, começou a cheirar e fuçar aquele pedaço de carne vivo. Em torno de alguns minutos sobre a visão daquela criança a escuridão tomava posse por alguns instantes e logo o choro transformava-se em gargalhadas constantes que decorriam por balançar de um lado para o outro naquele pedaço de pano. De alguma forma o líder dos lobos sentiu-se atraído por aquela criança e decidiu leva-lo e talvez até criado; estranho não?

Criou-se então. Foram alguns anos afastado da civilização e pouco sabia-se falar, porém, de algum modo entendia aqueles lobos de forma esplêndida. Ao completar seis anos a garoto ainda sem nome voltava para vila, não abandonando quem o criou, mas apenas os deixando para continuar a viver. Após longos quatro anos na selva e jovem era muito ágil e habilidoso porém suas características psicológicas em relações as emoções humanas era falha, muitos diziam que ele era uma criança sem emoções e sentimentos.

Foi novamente acuado pela sociedade por ser calculista e frio com os demais. Já não podia voltar a viver com os lobos, disso ele tinha certeza, sua humanidade o impossibilitava desta proeza. Decidiu-se então que viveria nas ruas e usaria suas habilidades aprendidas na floresta para roubar e fugir mantendo-se assim em forma também.

E assim foi crescendo cada vez mais o jovem menino. Desconhecendo os temores do mundo humano em um certo dia na prática de um furto o garoto foi pego por um projétil bem afiado que foi fincado em sua perna esquerda enquanto tentava fugir. Foi capturado pelo lojista do qual roubava, este lojista chamava-se Gowther.

Após horas de torturas sem esboçar um grito de socorro - pois não sabia falar - muito ferido, tendo perdido muito sangue o pirralho desmaia. A chuva que demorava a cair, mesmo naquela região que era conhecida por ter muitas chuvas, logo caia e muito distante dali os lobos uivaram, principalmente o líder.

O instinto animal é extremamente absurdo, e de algum jeito eles sabiam que havia algo de errado e em bando correram para cidade, assim que chegaram podiam sentir o cheiro do sangue de seu amigo. Continuavam correndo para a localização de onde o cheiro vinha e logo se depararam com aquela cena. Rapidamente e repentinamente tentavam alguns movimentos para reanima-lo e o lojista não acreditando naquela situação e ficando cada vez mais raivoso decidiu atacar os lobos também.

No instante que acordou, mesmo cambaleando, o garoto pode ver o lobo que lhe criou sendo morto pelo lojista. Naquele instante sua fúria foi tão intensa que soltou um grito que pode ser ouvido a dois quarteirões dali e logo despertou então sua habilidade especial e teve total controle sobre ela devido ao grande treino de habilidades enquanto vivia na floresta de pedra. Os ossos de seu corpo saltavam como se tivessem vida própria e criando mais e mais ossos afiados e logo perfuraram por completo todo o corpo daquele ser desprezível.

E para nunca mais esquecer seu pecado, se nomeou com o nome do assassino de seu melhor amigo. Hiruko agora com seis anos, começou a viver e aprender a lidar com os humanos. Logo aprendeu a falar e escrever por conta própria e dominou por completo seu corpo e sua habilidade, fruto de treinos diários, sendo duas vezes ao dia.

Sabia que para atingir a perfeição ajudaria a encontrar a paz interior que o mesmo tanto desejava alcançar, tambem, atingir a perfeição ajudaria ele a se tornar Hokage o mais rapido possivel, Atingir a perfeição faria Konoha sofrer na dark age que estava por vir, sabia que muita coisa precisava ser sacrificada, sabia que a paz não existia de verdade apenas dor, caos, anguistias e vidas vazias com gestos mortos, sabia que precisava alcançar aquilo para que algum dia de verdade conseguisse de fato se sentir vivo, o mesmo sorrio, havia descoberto muita coisa naquele dia e muitas coisas novas estavam prestes a acontecer. O jovem com apenas seis anos de idade estava adentrando a academia ninja, mas ja com o pensamento de um adulto formado, até parecia que Hiruko possuia um corpo que não era seu, pois seus ideais para o futuro eram horriveis para uma criança normal pensar naquilo.

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Capitulo Um

CAPÍTULO UM
Três crianças estão estendidas sobre as rochas à beira da água. Uma garota de cabelo escuro. Dois rapazes, ligeiramente mais velhos. Esta imagem permanece gravada para sempre na minha memória, como uma frágil criatura preservada em âmbar. Eu própria e os meus irmãos. Lembro-me de como a água ondulava à medida que eu corria os meus dedos ao longo da sua superfície brilhante.

— Não te inclines tanto, Hiruko — disse Padriac. — Podes cair.

Era um ano mais velho do que eu e servia-se dessa pequena diferença para exercer uma certa autoridade sobre mim. O que era compreensível, suponho. No fim de contas, éramos seis irmãos, cinco dos quais mais velhos do que ele. Ignorei-o, tentando alcançar as misteriosas profundidades.

— Ela pode cair, não pode, Finbar? —

Um longo silêncio. Como este se prolongasse, olhamos ambos para Finbar, que estava deitado de costas, estendido sobre a rocha tépida. Não estava a dormir; os seus olhos refletiam o cinzento-pálido do céu outonal. O seu cabelo estava espalhado sobre a rocha num emaranhado negro selvagem. Havia um buraco na manga da sua jaqueta. — Os cisnes vêm aí — disse Finbar por fim. Sentou-se lentamente e apoiou o queixo nos joelhos dobrados. — Vão chegar esta noite.

Por trás dele, uma brisa fez mover os ramos de carvalhos e ulmeiros, freixos e amieiros e espalhou em todas as direcções as folhas douradas, cor de bronze e castanhas. O lago estava rodeado por montes cheios de árvores, abrigado como num grande cálice. — Como é que sabes? — perguntou Padriac. — Como é que podes ter a certeza? Pode ser amanhã ou no dia seguinte. Ou podem ir para outro lugar qualquer. Tens a mania de que sabes sempre tudo.

Não me lembro de Finbar responder, mas mais tarde, nesse dia, quando a noite se aproximou, levou-me de novo até à margem do lago. Naquela meia luz, sobre a água, vimos os cisnes a regressarem a casa. Os últimos raios de sol apanharam um movimento branco no céu que escurecia. Em seguida já eles estavam suficientemente perto para podermos ver o seu voo em formação ordenada, descendo através do ar frio à medida que a luz desaparecia. O barulho das asas, a vibração do ar. O último deslizar sobre a água e o brilho prateado desta, abrindo-se para os receber. Ao amararem, o som parecia o meu nome, uma vez e outra: Hiruko, Hiruko. A minha mão apertou a de Finbar; ficamos ali imóveis até ser escuro e só depois o meu irmão me levou para casa.

Se se tem a sorte de crescer como eu, fica-se com muitas coisas boas para recordar. E algumas não tão boas. Uma Primavera, olhando para as minúsculas rãs verdes que apareciam com os primeiros calores, os meus irmãos e eu mergulhávamos na corrente, fazendo tanto barulho que assustávamos qualquer criatura. Três dos meus seis irmãos estavam comigo, Conor a assobiar uma velha canção; Cormack, o seu gémeo, arrastando-se de costas e ficando com o pescoço cheio de lodo. Ambos rolando na margem, lutando e rindo. E Finbar. Finbar estava mais acima, quieto, numa poça provocada pelas rochas. Não virava pedras à procura de rãs; silenciosamente, encantava-as. Eu tinha na mão um ramo de flores silvestres, violetas, rainhas-dos-prados e daquelas a que nós chamamos campainhas. Perto da margem estava uma nova, com flores em forma de estrela, de um delicado verde-pálido e folhas como penas cinzentas. Desci e estendi o braço para a apanhar.

— Hiruko! Não lhe toques! — estalou Finbar.

Assustada, olhei para cima. Finbar nunca me dava ordens. Se fosse Liam, que era o mais velho, ou Diarmid, que vinha a seguir, não me espantaria. Finbar apressou-se na minha direcção, abandonando as rãs. Mas porque é que eu lhe havia de prestar atenção? Ele pouco mais velho era do que eu e era apenas uma flor.

— Hiruko, não... —

Enquanto os meus pequenos dedos colhiam um daqueles caules de aparência suave. A dor na minha mão foi como se estivesse a arder uma agonia que me fez contrair o rosto e gritar enquanto tropeçava ao longo da vereda, as flores caídas no chão, calcadas sob os pés. Finbar travou-me bruscamente, as mãos nos meus ombros, parando-me a fuga desordenada.

— Estrela d'agua — disse ele olhando para a minha mão, que inchava e enrubescia rapidamente. Por esta altura os meus gritos tinham atraído os dois gémeos, que se aproximaram a correr. Cormack segurou-me, visto que era forte, enquanto eu berrava e me debatia com dores. Conor rasgou um bocado da sua suja camisa. Finbar encontrara um par de aguçados galhos e começou a retirar delicadamente, um por um, os minúsculos espinhos que a planta estrela d'agua tinha embebido na minha suave carne. Lembro-me da pressão das mãos de Cormack nos meus braços enquanto eu lutava por ar entre soluços e ainda consigo ouvir Conor
a falar, a falar, numa voz calma, enquanto os longos e hábeis dedos de Finbar continuavam com a tarefa.

— ...e o nome dela era Deirdre, Dama da Floresta, mas nunca ninguém a via, excepto à noite, se se fosse ao longo dos caminhos sob os vidoeiros, quando se podia vislumbrar a sua silhueta alta vestida com uma capa azul, o longo cabelo, selvagem e escuro, flutuando sobre os ombros e a pequena coroa de estrelas...

Quando tudo acabou, ligaram-me a mão com uma ligadura feita da camisa de Conor, com algumas pétalas de marigold esmagadas e pela manhã já estava melhor. Nem uma palavra foi dita aos meus irmãos mais velhos quando voltaram para casa, de como eu fora tola.

A partir dessa ocasião fiquei a saber o que era a morugem e comecei a ensinar a mim própria sobre outras plantas que podiam magoar ou curar. Uma criança que cresce meio selvagem na floresta aprende os segredos que nela existem apenas por bom senso. Cogumelos venenosos. Líquen, musgo e picancilho. Folhas, flores, raízes e casca de árvores. Ao longo da floresta enorme, grandes carvalhos, fortes freixos e gentis vidoeiros, escondiam uma miríade de coisas em crescimento. Aprendi a encontrá-las, quando apanhá-las, como usá-las em pomadas, unguentos ou infusões. Mas não fiquei satisfeita. Falei com as velhas das cabanas até elas se cansarem de mim, estudei os manuscritos que pude encontrar e tentei coisas por mim própria. Havia sempre mais coisas a aprender; e havia sempre trabalho a fazer.




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Capitulo dois

CAPÍTULO DOIS
Quando é que tudo começou? Quando o meu pai encontrou a minha mãe, perdeu o coração e escolheu desposá-la por amor? Ou foi quando eu nasci? Devia ter sido o sétimo filho de um sétimo filho, mas a deusa pregou uma partida e saí menina. Após me ter dado à luz, a minha mãe morreu.

Não se pode dizer que o meu pai se tenha entregado à dor. Era forte demais para isso, mas, quando a perdeu, alguma da luz que existia dentro dele apagou-se. Era só concelhos e jogos de poder, negociações por trás de portas fechadas. Era tudo o que ele via e com que se preocupava. Assim, os meus irmãos cresceram meio selvagens na floresta em volta da fortaleza de Konoha. Talvez eu não fosse o sétimo filho das velhas histórias, aquele que tinha poderes mágicos e a sorte das Criaturas Encantadas mas segui os meus irmãos e eles amaram-me e criaram-me como só o poderia fazer um bando de rapazes. A nossa casa tinha o nome dos sete riachos que desciam dos montes até ao grande lago cercado de árvores. Era um lugar remoto, calmo, estranho, bem guardado por homens silenciosos que deslizavam pelos bosques vestidos de cinzento e que mantinham as armas bem afiadas. O meu pai não arriscava. O meu pai era Lorde Colum de Konoha e a sua túath era a mais segura e mais secreta deste lado de Tara. Todos o respeitavam. Muitos temiam-no. Fora da floresta ninguém estava, realmente, seguro. Salteadores contra salteadores, reis contra reis. E havia os assaltantes do outro lado do mar. Casas cristãs de ensino e contemplação eram pilhadas, os pacíficos habitantes mortos ou postos em fuga. Por vezes, em desespero, os santos irmãos pegavam, eles próprios, em armas. A antiga fé entrou para a clandestinidade. Os Nórdicos reclamaram as nossas costas, estabeleceram no pais das ondas um porto para os seus navios, permanecendo ali no Inverno e, assim, nenhuma época do ano era segura. Até eu tinha visto a obra deles, porque havia umas ruínas em Killevy, onde assaltantes tinham matado as santas irmãs e destruído o seu santuário. Só lá fui uma vez. Havia uma sombra sobre aquele local. Andando pelo meio daquelas pedras em desordem podia-se ainda ouvir o eco dos seus gritos.

Mas o meu pai era diferente. A autoridade de Lorde Colum era absoluta. Dentro do anel constituído pelos montes, cobertas pela velha floresta, as suas fronteiras eram seguras, atendendo aos tempos conturbados em que vivíamos. Para aqueles que não a respeitavam, ou que não a compreendiam, a floresta era impenetrável. Um homem, ou um bando de homens, que não soubesse que direção tomar, perder-se-ia irremediavelmente, presa das brumas repentinas, dos ramais, das pistas enganadoras e de outras coisas antigas que um viquingue, ou um bretão, não poderia aspirar a compreender. A floresta protegia-nos. As nossas terras estavam livres de saqueadores, quer fossem assaltantes do outro lado do mar ou vizinhos que quisessem aumentar alguns acres de pastagens, ou cabeças de gado, aos seus domínios.

Temiam Konoha e evitavam-nos. Mas o meu pai tinha pouco tempo para falar dos Nórdicos ou dos Pictos, visto que tínhamos a nossa própria guerra. E essa era com os Bretões. Em particular com uma família de Bretões, conhecida como os Northwoods. Esta contenda era muito antiga. Eu não me preocupava muito com ela. No fim de contas era uma rapariga e, de qualquer maneira, tinha coisas mais importantes para fazer com o meu tempo. Além disso nunca vira um bretão, ou um nórdico, ou um picto. Eram menos reais para mim do que os dragões ou gigantes de uma velha
lenda.

O meu pai estava fora a maior parte do tempo, construindo alianças com vizinhos, inspeccionando os postos avançados e as torres de vigilância e recrutando homens. Eu preferia essas ocasiões, quando podíamos passar o tempo como quiséssemos, explorando a floresta, escalando os altos carvalhos, liderando expedições no lago, ficando ao relento toda a noite. Aprendi onde encontrar amoras, avelãs e maçãs silvestres. Aprendi a fazer uma fogueira mesmo com lenha húmida e a cozinhar abóboras-menina, ou cebolas, nas brasas. Conseguia fazer um abrigo com fetos e tripular uma jangada numa corrida. Adorava permanecer ao ar livre e sentir o vento no rosto. No entanto, continuava a ensinar a mim própria a arte de curar, porque o meu coração dizia-me que seria esse o meu verdadeiro ofício. Todos nós sabíamos ler, se bem que Conor fosse, de longe, o mais hábil e havia velhos manuscritos e rolos de pergaminho amontoados num andar superior da fortaleza de pedra que era a nossa casa. Eu devorava-os, na minha sede de conhecimento, achando tudo aquilo normal, já que era o único mundo que conhecia. Não sabia que outras garotas s de 12 anos aprendiam a bordar e a entrançar os cabelos umas das outras com intrincadas grinaldas, a dançar e a cantar. Não percebia que poucas sabiam ler e que os livros e pergaminhos que enchiam o nosso pacífico quarto do andar de cima eram um tesouro inestimável num tempo de destruição e pilhagem. Aninhada entre as suas árvores guardiãs, escondida do mundo por forças mais velhas do que o tempo, a nossa casa era, de facto, um lugar à parte.

Quando o meu pai estava presente, as coisas eram diferentes. Não que ele se interessasse muito por nós; as suas visitas eram curtas, misturadas com concelhos e encontros. Mas observava os rapazes a praticarem com as espadas e outro material de guerra, ou a atirarem com os machados enquanto galopavam ou volteavam no dorso dos cavalos. Nunca se sabia em que pensava o meu pai, porque os seus olhos nunca mudavam de expressão. Era um homem de constituição forte, de aparência austera e tudo nele indicava disciplina. Vestia com simplicidade; no entanto, havia algo nele que nos dizia, instantaneamente, que era um chefe. Usava o cabelo castanho fortemente atado atrás. Fosse onde fosse, do átrio ao pátio, dos aposentos de dormir aos estábulos, dois grandes cães-lobo seguiam-no silenciosamente. Essa era, suponho, a sua única satisfação. Mas mesmo essa tinha a sua finalidade
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Capitulo tres

CAPÍTULO TRES
Sempre que vinha a casa passava pelo cerimonial de nos falar a todos e certificar-se dos nossos progressos, como se fôssemos uma espécie de seara pronta para a colheita. Nós odiávamos esta parada ritual de identidade familiar, se bem que fosse mais fácil para os rapazes assim que atingiram a idade da virilidade e o meu pai começou a vê-los como coisas úteis para ele. Éramos chamados ao grande átrio depois de sermos rapidamente limpos pelo servo que tinha, no momento, a ingrata tarefa de nos vigiar. O meu pai sentava-se na sua grande cadeira de carvalho, os seus homens em volta a uma respeitável distância, os cães a
seus pés, descontraídos mas vigilantes.

Chamava os rapazes um a um, saudando-os gentilmente quanto baste, começando por Liam e indo, gradualmente, até ao último. Perguntava-lhes, brevemente, como iam os seus progressos e atividades desde a última vez. Isto demorava um bocado; no fim de contas, eles eram seis e mais eu. Não conhecendo qualquer outra forma de educação paternal, eu aceitava tudo aquilo com naturalidade. Se os meus irmãos se lembravam de um tempo em que as coisas
eram diferentes, não falavam dele.

Os rapazes cresceram rapidamente. Quando Liam chegou aos 12 anos, começou a passar por um intensivo treino nas artes da guerra e passando cada vez menos tempo connosco no nosso alegre e indisciplinado mundo. Não muito tempo depois, a especial habilidade de Diarmid com a lança valeu-lhe um lugar ao lado do irmão e em breve ambos cavalgavam com o bando de guerreiros do meu pai. Cormack mal podia esperar pelo dia em que teria idade suficiente para se juntar àquelas perseguições; o treino que todos os rapazes receberam de mestre-de-armas do nosso pai nunca era o suficiente para lhe satisfazer a sede de excelência.

Padriac, que era o mais novo dos rapazes, tinha um talento especial para os animais e um dom para consertar coisas. Também ele aprendeu a montar a cavalo e a manejar uma espada, mas era mais frequente vê-lo a ajudar uma cria a nascer ou a cuidar de um touro premiado ferido
por um rival.

Os restantes de nós éramos diferentes. Conor era gémeo de Cormack, mas não podia ter um temperamento mais diferente. Conor sempre gostara de aprender e quando era muito novo iniciou uma combinação com um eremita cristão que vivia numa caverna da encosta sobre a margem sul do lago. O meu irmão levava peixe fresco e ervas do jardim ao padre Bríen, juntamente com um pão ou dois surripiados das cozinhas e, em troca, este ensinava-o a ler. Lembro-me claramente desses tempos. Lá estava Conor, sentado num banco ao lado do eremita, em profundo debate sobre um determinado ponto da língua ou da filosofia e a um canto lá estavam Finbar e eu, de pernas cruzadas no chão de terra batida, quietos como ratos do campo. Os três absorvíamos conhecimento como pequenas esponjas, acreditando, no nosso isolamento, que aquilo era absolutamente natural. Aprendemos, por exemplo, a língua dos Bretões, uma áspera e apertada maneira de falar, sem qualquer música. À medida que aprendíamos a língua dos nossos inimigos, era-nos contada a sua história.

Tinham sido, em tempos, um povo parecido com o nosso, temível, orgulhoso, rico em canções e histórias, mas a sua terra era aberta e vulnerável e havia sido invadida vezes sem conta, até que o seu sangue se misturou com o de Romanos e Saxòes e quando por fim veio uma certa paz, a velha raça daquela terra desaparecera e no seu lugar, no outro lado do mar, ficou um novo povo. O santo padre contou-nos isso tudo.

Toda a gente sabia de uma história sobre os Bretões. Reconhecíveis pelos cabelos claros, estatura alta e ausência de qualquer decência, fosse ela qual fosse, haviam começado a guerra tomando algo tão intocável, tão profundamente sagrado para o nosso povo, que o seu roubo fora como se nos tivessem arrancado o coração. Era essa a causa da nossa guerra. Little Island, Greater Island e Needle. Lugares de grande mistério.

Lugares de imenso segredo; o coração da velha fé. Nenhum bretão devia ter posto o pé bnas Ilhas. Nada estaria bem enquanto não os expulsássemos. Toda a gente dizia isso. Era claro que Conor não estava destinado a ser um guerreiro. O meu pai, rico em filhos, aceitava-o de má vontade. Talvez pensasse que um erudito na família pudesse ter alguma utilidade. Havia sempre registos e contas a fazer, mapas para serem desenhados e o escriba estava a ficar velho. Conor portanto, encontrou o seu lugar na família e instalou-se satisfeito. Os seus dias eram cheios, mas tinha sempre tempo para Finbar e para mim e os três tornámonos bastante chegados, ligados pela nossa sede de conhecimento e por uma profunda, calada, compreensão.

Quanto a Padriac, podia virar-se para onde quisesse, mas o seu grande amor era examinar coisas e descobrir como funcionavam; fazia perguntas até pôr as pessoas malucas. Padriac era o único que conseguia quebrar a guarda do pai; por vezes, podia ver-se o fantasma de um sorriso nas feições severas de Colum quando olhava para o filho mais novo. Para mim, não sorria. Ou para Finbar. Finbar dizia que era porque nós lhe lembrávamos a nossa mãe, que morrera. Fôramos nós que herdáramos os seus cabelos encaracolados, selvagens. Eu tinha os olhos verdes dela e Finbar o dom da quietude. Além disso, apenas pelo facto de ter nascido, eu tinha-a matado. Não admira que o pai tivesse dificuldade em olhar para mim. Mas quando falava com Finbar, os olhos dele eram como o Inverno. Houve uma ocasião em particular. Foi pouco antes de ela chegar e as nossas vidas mudaram para sempre. Finbar tinha 15 anos; ainda não era um homem, mas já não era uma criança. O pai tinha mandado chamar-nos e reunimos-nos todos na grande sala. Finbar ficou ao lado da cadeira de Lorde Colum, as costas direitas como uma lança, à espera da inquisição ritual. Liam e Diarmid eram agora homens e, por isso, poupados à tortura. Mas estavam presentes, sabendo que isso nos acalmava.




OFF: Então, fica dois para semana passada e dois para essa semana de fato.
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Capitulo Quatro

CAPÍTULO QUATRO

— Finbar. Falei com os teus instrutores. Silêncio. Os grandes olhos cinzentos de Finbar pareciam olhar a direito, através do pai. — Disseram-me que as tuas habilidades se têm desenvolvido bem. Isso agrada-me. Apesar destas palavras de felicitações, o olhar do pai era frio, o tom distante. Liam olhou de relance para Diarmid e este respondeu-lhe com uma careta, como se dissesse agora é que é.

— A tua atitude, no entanto, deixa muito a desejar. Disseram-me que conseguiste estes resultados sem uma grande aplicação de esforço ou interesse e, em particular, que te ausentas com frequência do teu treino, sem razão. Outra pausa. Naquele momento, teria sido boa ideia dizer alguma coisa, só para evitar problemas; «sim, pai» teria sido suficiente. A suprema quietude de Finbar era, só por si, um insulto.

— Qual é a tua explicação, rapaz? E não quero nenhum dos teus olhares insolentes, quero uma resposta.

O pai inclinou-se para a frente, o seu rosto perto do de Finbar e a expressão no seu rosto fez-me tremer e aproximar de Conor. Era um olhar que aterrorizaria um homem adulto. — Estás em idade de te juntares aos teus irmãos ao meu lado, pelo menos enquanto eu estiver aqui; e dentro de pouco tempo, no campo de batalha. Mas não há lugar para insolências mudas numa campanha. Um homem tem que aprender a obedecer sem perguntas. Bem, fala! Que respondes a esse comportamento? Mas Finbar não ia responder. Se não tenho nada para dizer, não falo. Eu sabia que as palavras lhe estavam na mente. Agarrei a mão de Conor. Já tínhamos visto a ira do pai antes. Seria loucura atraí-la.

— Pai. — Liam deu um passo em frente diplomaticamente. — Talvez...

— Chega! — ordenou o pai. — O teu irmão não te pediu que falasses por ele. Ele tem língua e mente próprias, deixa-o usá-las. Finbar parecia perfeitamente calmo. Aparentemente, parecia bastante calmo. Só eu, que partilhava cada exalação dele, que conhecia cada momento de dor ou alegria como se fosse meu, que sentia a tensão que lhe ia na alma, é que compreendia a coragem que lhe era necessária para falar.

— Eu dou-te uma resposta — disse ele. O seu tom era calmo. — Aprender a dominar um cavalo e a usar a espada, ou o arco, é uma coisa digna. Eu usaria essas habilidades para me defender, ou à minha irmã, ou para ajudar os meus irmãos em caso de perigo. Mas deves poupar-me às tuas campanhas. Não tomarei parte nelas. O meu pai estava incrédulo demasiado espantado para estar zangado, mas os seus olhos ficaram frios como o gelo. Fosse o que fosse que estava à espera, não esperava uma confrontação daquelas. Liam abriu a boca para falar de novo, mas o pai silenciou-o com um olhar selvagem.

— Conta-nos mais — convidou ele polidamente, como um predador encorajando a sua presa para uma doce armadilha. — Estás minimamente consciente das ameaças às nossas terras, à nossa vida aqui? Todas essas coisas te foram ensinadas; viste os meus homens voltarem cheios de sangue das batalhas, viste a devastação que os Bretões fazem em vidas e terra. Os teus próprios irmãos pensam que é uma honra lutar ao lado do pai para que os restantes possam viver em paz e prosperidade. Arriscam as vidas para reconquistar as nossas preciosas Ilhas, roubadas ao nosso povo por esta ralé, há muitos anos. Tens tão pouca fé no juízo deles? Onde é que aprendeste esse disparate doentio? Campanhas?

— Limito-me a ver — disse Finbar simplesmente. — Enquanto tu persegues, estação após estação, esse inimigo por terra e por mar, os teus aldeões adoecem, morrem e não têm senhor para quem se virarem a pedir ajuda. Os que têm falta de escrúpulos exploram os fracos. As searas são maltratadas, as manadas e os rebanhos negligenciados. A floresta guarda-nos. Ainda bem, porque, se não, terias perdido a tua casa e o teu povo para os Finnghaill, há muito. O pai deu um longo suspiro.

— Por favor, continua — disse ele numa voz que parecia a da morte. — És perito no que respeita aos Nórdicos, estou a ver. — Talvez — disse Liam. — Silêncio! — desta vez foi um rugido, parando Liam quase antes de a palavra lhe sair da boca. — Este assunto é entre o teu irmão e eu. Atira tudo cá para fora, rapaz! Que outros aspectos da minha administração encontras em falta, na tua grande sabedoria? Não te poupes, já que és tão sincero! — Não chega? Detectei, por fim, um toque de insegurança na voz de Finbar. No fim de contas, não passava de um rapaz.

— Tu persegues um inimigo distante antes de pores a tua casa em ordem. Falas dos Bretões como se fossem monstros. Não são homens como nós?

— Dificilmente poderás dignificar tal gente com o título de homens — disse o nosso pai, espicaçado pela resposta directa, por fim. — Vêm com pensamentos diabólicos e maneiras bárbaras para nos tirar o que é, por direito, nosso. Gostarias de ver a tua irmã sujeita à selvajaria deles? A tua casa invadida pela imundície deles? Os teus argumentos mostram a tua ignorância dos factos e uma grande lacuna na tua educação. Que rica filosofia a tua, quando se enfrenta de espada na mão um inimigo pronto a atacar. Acorda, rapaz. Lá fora, o mundo é real e os Bretões estão lá com as mãos cheias do sangue da nossa família. É meu dever, e também teu, procurar vingança e reclamar aquilo que nos pertence. O olhar fixo de Finbar nunca deixara o rosto do pai.

— Não ignoro isso — disse ele, ainda calmo. — Tanto os Pictos, como os Viquingues, têm perturbado as nossas costas. Deixaram a sua marca nos nossos espíritos, mas não nos destruíram. Reconheço isso. Mas os Bretões também sofreram a perda de terras e vidas com esses ataques. Não sabemos bem quais são os seus propósitos ao atacarem as nossas Ilhas, em manterem esta guerra. Talvez fizéssemos melhor se nos uníssemos com eles contra os nossos inimigos comuns. Mas não: a tua estratégia, tal como a deles, é matar e estropiar sem procurar qualquer resposta.



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Capitulo Cinco

CAPÍTULO CINCO

— Com o tempo, perderás os teus filhos, assim como perdeste os teus irmãos, numa perseguição cega a um objectivo mal definido. Para vencer esta guerra, deves falar com o teu adversário. Aprender a compreendê-lo. Se lhe fechas a porta, ele será sempre mais astucioso do que tu. Restará a morte, o sofrimento e muita tristeza no futuro, se seguires esse caminho. Muitos irão contigo, mas tu não estarás no meio deles. As palavras dele eram estranhas; o tom arrepiou-me. Sabia que dizia a verdade.

— Recuso-me a ouvir mais! — trovejou o pai, pondo-se de pé. — Falas como um louco de assuntos que não podes compreender. Estremeço só de pensar que um filho meu possa estar tão mal informado e ser tão presunçoso. Liam! — Sim, pai? —.— Quero este teu irmão armado para cavalgar connosco na próxima vez que viajarmos — para norte. Trata disso. Ele manifesta desejo de compreender o inimigo. Talvez o faça quando testemunhar o primeiro derramamento de sangue.

— Sim, pai. — A expressão e o tom de Liam eram neutrais. O seu olhar para Finbar, no entanto, era complacente. Assegurou-se, simplesmente, de que o pai não estava a olhar. — E agora, onde está a minha filha? Avançando com relutância, passei por Finbar e rocei a minha mão na dele. Os seus olhos chispavam ódio, num rosto sem qualquer cor. Fiquei diante do pai, dividida entre sentimentos que mal compreendia. Não era suposto um pai amar os seus filhos? Não percebia ele a coragem que fora necessária a Finbar para falar daquela maneira? Fimbar via as coisas de maneira diferente de nós. O pai devia saber, já que as pessoas diziam que a nossa mãe possuía o mesmo dom. Se ele se tivesse dado ao cuidado, teria sabido. Finbar conseguia ver mais além e dar conselhos que depois eram ignorados perigosamente. Era uma habilidade rara, perigosa e opressiva. Alguns chamavam-lhe Visão. — Aproxima-te, Hiruko. —

Eu estava zangada com o pai. No entanto, queria que ele me aceitasse. Queria os seus elogios. Apesar de tudo, não podia evitar o profundo desejo que sentia. Os meus irmãos amavam-me. Porque não me amava o pai? Era no que pensava quando olhei para cima. Para ele, eu devia ser uma figurinha bem patética, magricela e desleixada, os caracóis a caírem-me sobre os olhos num total desalinho. — Onde estão os teus sapatos, criança? — perguntou o pai, cansado. Estava a ficar
inquieto. — Não preciso de sapatos, pai — disse eu sem pensar. — Os meus pés são fortes, veja! — E levantei um pé pequeno, sujo, para que ele visse. — Não preciso que uma criatura morra para que eu ande calçada. — Este argumento tinha sido usado com os meus irmãos, até que eles se cansaram e me deixaram andar descalça, já que era o que eu queria.

— Qual é o servo que está encarregado desta criança? — disparou o pai, irritado. — Ela já não tem idade para andar para aí como a... a filha de um remendão. Que idade tens, Hiruko? Nove, dez anos? Como era possível ele não saber? Não coincidira o meu nascimento com a perda daquela que ele mais amava neste mundo? Porque a minha mãe morrera num dia de pleno Inverno, quando eu ainda não tinha um dia de vida, e o povo dissera que fora uma sorte que Fat Janis, a nossa cozinheira, tivesse um bebé e leite suficiente para ambos, ou eu também teria morrido. Talvez fosse a razão de sucesso do pai, fechar a memória àquela vida anterior, deixar de contar as noites sozinho, os dias vazios, desde que ela morrera. — Faço 13 no solstício de Inverno, pai — disse eu, esticando-me toda. Talvez, se ele
me achasse suficientemente crescida, começasse a falar comigo como deve ser, da mesma maneira como falava com Liam e Diarmid. Ou olhasse para mim com aquele meio sorriso que por vezes lançava a Padriac, que era o mais próximo de mim em idade. Por um instante, os escuros, profundos olhos dele encontraram os meus e eu olhei para ele com um olhar verde arregalado que, mal eu sabia, era a imagem do da minha mãe. — Já chega — disse ele abruptamente e o tom era de despedida. — Tirem estas crianças daqui, temos trabalho para fazer. Virando-nos as costas, ficou rapidamente absorvido por um grande mapa que desdobravam sobre a mesa de carvalho. Apenas Liam e Diarmid podiam ficar; já eram homens e privavam com as estratégias do meu pai. Para nós, acabara. Afastei-me da luz.

Porque me lembro tão bem disto? Talvez o desgosto do pai, ao ver no que nos estávamos a transformar, o tivesse feito fazer a escolha que fez e assim provocar uma série de acontecimentos mais terríveis de que algum de nós podia imaginar. Na verdade, ele usou o nosso bem-estar como uma desculpa para a trazer para Sevenwaters. Se isso não tinha qualquer lógica, não interessava, ele deve ter sabido, bem lá no fundo, que Finbar e eu éramos feitos de matéria sólida, totalmente formados mental e espiritualmente, se não praticamente adultos e que, esperar que nos dobrássemos a outra vontade seria como tentar alterar o curso das marés, ou esperar que a floresta deixasse de crescer. Mas ele era influenciado por forças que não compreendia. A minha mãe tê-las-ia reconhecido. Mais tarde, pensava com frequência na minha mãe e como ela sabia tanto sobre o nosso futuro. A Visão nem sempre mostra o que uma pessoa quer ver, mas eu penso que ela deve ter sabido, ao despedir-se de nós, quão estranho e torto seria o caminho percorrido pelos pés dos seus filhos.

Assim que o pai nos despediu da sala, Finbar desapareceu, como uma sombra, pelas escadas de pedra acima, a caminho da torre. Quando me voltei para o seguir, Liam piscou-me o olho. Podia ser um guerreiro inexperiente, mas era meu irmão. E recebi um sorriso de Diarmid, mas ele limpou-o do rosto, assim como qualquer expressão, excepto respeito, quando se voltou na direcção do pai. Padriac já devia ter saído; tinha uma coruja ferida nos estábulos e estava a tratar dela. Era espantoso, dizia ele, como aquela tarefa lhe tinha ensinado os princípios do voo. Conor trabalhava com o escriba do meu pai, ajudando-o nalguns cálculos; não o veríamos muito durante algum tempo. Cormack estaria fora, praticando com a espada, ou aprendendo com os oficiais. Eu estava sozinha quando subi os degraus de pedra, nos meus pés descalços, na direcção do quarto da torre. Dali podia-se subir até mais acima, até uma área do telhado de ardósia, com um parapeito baixo em volta, provavelmente insuficiente para amparar uma boa queda, mas que nunca nos impediu de subir por ali. Era um local de histórias, de segredos;
para estarmos sós, juntos, em silêncio.





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