Ah, que desleixo meu. Estava tão perdida em meus pensamentos que não notei as armas espalhadas pelo vasto campo de treinamento, que vergonha ignorar seus arredores, Umi. Uma ideia se formou em minha cabeça, obviamente a prática levava a perfeição, portanto tudo que precisava fazer era praticar o manejo de meu braço direito até que os resultados fossem positivos. Uma afirmação que seria mais simples apenas ser dita do que cumprida, mas tinha fé de que teria bons resultados enquanto continuasse tentando, afinal "se você têm motivos para fazê-lo, faça" era o que eu sempre dizia.

Segui até o tronco e retirei uma shuriken. Pessoalmente, não era muito boa com armas apesar de poder facilmente arremessa-las, eu era uma negação no combate armado mesmo sendo bastante exímia no corpo-a-corpo, era outro "algo" que eu deveria melhorar no futuro. Enfim, meu braço se moveu rapidamente, disparando o projétil em direção à árvore mais próxima e errando-a completamente. A estrela de metal atravessou o ar no lado esquerdo da árvore e seguiu adiante, caindo um pouco mais que cinco metros de onde planejava acertar. Minha mira era comprometida quando utilizava a mão direita, ao que parece.

— Acho que isso vai demorar... — Conversei comigo mesma. Continuei a disparar armas no alvo, esperando gradativamente progredir.

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— K-kyaaa! — O que foi isso?! O que foi isso?! O que diabos foi isso?!!

A aparição  repentina do Jounin causou um grande caos em minha cabeça, me fazendo perder a concentração que estive horas construindo. A sensação de dormência em meu braço esquerdo veio praticamente no mesmo instante, sendo causada pela mesma pessoa que me fez perder a compostura e agir daquela maneira embaraçosa. A verdade é que detestava que me tocassem sem avisos, talvez o homem não soubesse e simplesmente o havia feito por diversão, vide o sorriso que se formou em seu rosto.

Meu rosto continuava corado, mas pude claramente ouvir as palavras do homem e o porquê de sua aparição naquele campo. Era curioso, porém, já que eu não havia chamado ninguém para me guiar, apenas repetindo ações na esperança de que estas me fizessem melhorar em minhas inabilidades. Mais importante era a falta de ética daquele rapaz, até agora não havia recebido um pedido de desculpas! Não pude contestar suas ações por conta de ainda estar afetada pelos eventos de outrora.

Em um piscar de olhos, o Jounin desapareceu e reapareceu em uma distância média, explicando como iriamos prosseguir, um "certo!" que mais parecia o miado de um gato saiu de minha boca, lhe mostrando que eu estava pronta. Facilmente pude compreender os fundamentos daquele treinamento, não precisando mostrar indignação para com o tratamento que recebi, perdendo a mobilidade de meu braço por sabe se lá quantas horas. Já calma, preparei-me, retirando a kunai que repousava no chão e posicionando-me frente ao rapaz.

Assim, começamos. A primeira kunai fora arremessada, em resposta meu braço se moveu em encontro ao projétil, rebatendo-o. Imperfeito, claro, mas as horas gastas aprimorando meus reflexos com os alvos afiaram muito mais a movimentação de meu lado direito. Com a segunda kunai rebatida, pude perceber que minha postura tornava-se mais fragilizada, é óbvio, eu não iria poder manter uma postura perfeita por tanto tempo assim, tal fato era o motivo daquele treinamento em primeiro lugar.

Mais e mais kunais eram arremessadas, consequentemente também era rebatidas. Minha consistência física era admirável, o que permitiu que meu corpo não se cansasse com os exercícios, mas a destreza de meus bloqueios cada vez mais era comprometida. Vez ou outra apareciam cortes em meu corpo, dado os projéteis terem sido aparados de maneira leiga, fazendo-os voarem para outras direções, ainda perto de meu corpo. Era um preço justo a se pagar, pensei.

O sensei não dava trégua, parecia que a cada arma lançada, seu ritmo aumentava mais e mais. Azar o dele, pois eu poderia continuar com aquilo por mais algumas horas, haha.

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O tempo passou, incerta de quanto precisamente apenas segui o curso do treinamento. A cada golpe que era desferido, meu corpo mais e mais se adaptava a falta de meu braço esquerdo; eu estava tendo sucesso. Não demorou muito para que eu nem ao menos pudesse notar a inabilidade de movê-lo, o que tornou muito mais fácil combater os projéteis que me assolavam. Por fim, houve o fim daquela troca de golpes e novas instruções foram dadas.

Os truques do Jounin eram admiráveis, não pude deixar de pensar que ele realmente merecia o titulo que tinha, apesar de sua moralidade questionável. Com as kunais distribuídas pela bancada improvisada que era o tronco de árvore, miragens foram formadas ao redor de nós dois, se dividindo pelo campo de treinamento quase no mesmo segundo que foram criadas. Os clones eram ágeis, indo de um lado para o outro com movimentos perfeitos, sua sincronia tornaria difícil diferenciar o original do falso.

Dizendo para acertá-los, o shinobi que me instruíra até agora repousava na sombra de uma árvore próxima, com seu semblante despreocupado sempre a vista. Recolhi uma das kunais com uma das mãos — não poderia fazer outra coisa, claro — e fitei meus alvos, velozes como gazelas, não era tão diferente de acertar o tronco de árvores, a única diferença era de que os clones eram árvores vivas. Respirei fundo e dirigi um olhar sério ao ar, saltando no ar em um piscar de olhos.

A lâmina que estava em minha mão cortou o ar, seguindo até um dos alvos mais próximos. Antes de conseguir pousar aonde queria, ele se converteu em uma fumaça branca e desapareceu. Mesmo que fosse um treino para melhorar minha mira, não havia razão para que as cópias rebatessem as armas, e como não o faziam era fácil acertá-los em primeiro lugar. A pontaria não era perfeita, contudo, e a pequena falta de destreza que existia por ainda não estar acostumada a me mover e atacar com uma das mãos fazia com que errasse algumas vezes.

Demorou quase uma hora para que terminasse com os clones. Não havia acertado todos de primeira, é claro, mas o curto tempo que levei me fez um pouco orgulhosa. Olhei para meu sensei, dando-lhe um olhar de dúvida, "eu passei?" era a única pergunta que eu podia transmitir com aqueles olhos dourados.

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