A vida pacata era o que buscava. Gostava de estar preso em seu próprio mundo, pensar na suas coisas. Não obstante, tentava buscar, na sua alma, alguma habilidade que pudesse desenvolver afim de extinguir aquele ócio.

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Considerações:

Com um certo tempo, um homem chegou. Ele se assemelhava a uma pessoa velha, com alguns poucos fios de cabelo e uma barba longa. Seu corpo era firme e sua voz rígida, demonstrava ter passado por muita coisa na sua vida. Aparentemente, ele sabia exatamente o que buscava o jovem Yusuke. Respondeu com sua voz trêmula:

— Claro, senhor!

O seguiu, então, até a fábrica. A medida que abriam as portas, o cheiro de metal escoava e a luz entrava, o coração palpitava. Que fascinante era aquele lugar. Não se lembrava de estar tão animado assim há tempos. Continuou a explorar o recinto com certa cautela, por mais que tivesse a liberação para explorar a seu bel prazer. Pôs suas mãos na marreta. Deus! Como era pesada. Precisaria, com urgência, se acostumar aquele mundo. A fábrica não possuía muitos funcionários, e como a época não estava boa, não existia um homem naquele local que pudesse ensinar a arte de forjar. Desta forma, recorreu ao modo antigo: livros! Iniciou lendo sobre a estrutura dos metais. Aprendendo bastante sobre o tratamento térmico de tais materiais, em especial, o aço. Aço, uma liga de carbono e ferro em percentuais precisos, do contrário, poderia ganhar fragilidade ou fica muito maleável. Os livros de metalurgia tinham uma linguagem técnica de difícil compreensão, no entanto, um dicionário ajudava a decifrar todos os enigmas encontrados.


Não durou muito tempo até que conseguisse terminar de ler um ou dois livros. As técnicas de leitura dinâmica nunca teriam sido tão úteis quanto agora. Aprendeu tudo o que podia acerca dos metais. E, principalmente, sobre a resistência dos mais diversos materiais. Uma verdadeira aula de Engenharia Mecânica, no que diz respeito a composição, resistência e principais características dos metais.  

O dia passava, mas continuava ali, focado, até o momento que conseguisse criar sua primeira lâmina. Não possuía preferência pelo tipo de arma a ser criada, mas gostaria muito de poder criar uma Katana. Nada como o bom empirismo aliado à revisão bibliográfica, ali existia os dois. Estaria com a faca e o queijo na mão, não poderia deixar essa oportunidade passar. Ficou ao lado então de um homem vistoso de barba longa e musculoso. Ele manufaturava espadas, as quais eram bem aclamadas por todo mundo ninja. Olhou o processo, detalhe a detalhe, a temperatura das chamas, a forma em que se davam as marteladas, o molde e a bigorna. Eram tantos elementos extasiantes, não podia imaginar tamanha alegria em aprender tudo aquilo.

Muito a aprender ainda tinha, mas não se desanimava. Permaneceu imóvel, apenas observando, para aprender tudo aquilo que viesse a engrandecer o seu conhecimento.

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Observou pacientemente cada processo executado por aquele homem. Muito hábil, por sinal. Viu exatamente aonde tinha que acertar com a marreta, qual era a temperatura e quais seriam os materiais utilizados em cada proporção para tratamento do metal. Era interessante, retirava do livro e trazia a realidade, agora tudo estava mais claro em sua mente. Em certo momento, parece que o Ferreiro se incomodou um pouco com a presença do esguio rapaz, sugestionando-o a moldar uma arma. O rapaz, um pouco tímido, aceitou a proposta em um balançar de cabeça. Vagarosamente ele pegou a marreta e a morsa utilizada para segurar aquele material bruto. Estava completamente equipado com os devidos equipamentos de proteção, o fez desde que entrara na fábrica.

Apesar de pesado, ele conseguia segurar o martelo com certa maestria. O real problema seria o nervosismo, suas mãos tremiam e suavam como nunca antes, problema agravado pelo calor que fazia naquele local. Procurou focar apenas na peça, tentando esquecer o mundo. Primeiramente, incandesceu a espada na fornalha próxima, mas não a deixou por muito tempo pois sabia que o matéria poderia simplesmente derreter. Incandescente, martelou, com destreza, aquele pedaço de espada inacabada. Ela não estava tão elástica, teve alguns problemas devido ao tempo deixado no forno. E a martelada, apesar de ter sido dada no lugar correto, foi dada com força inferior ao necessário o que danificou um pouco a estética da peça. Percebeu rapidamente a diferença entre um conhecimento obtido através dos livros e o conhecimento prático, obtido através da experiências.

Ainda sim, o jovem era um pequeno gênio. Pegava o jeito rápido. E nada melhor do que os erros para ensiná-lo melhor como fazer o seu serviço. Novamente, enfiou o projeto nas chamas e esperou até que chegasse ao seu ponto ideal. Após a retirada, conseguiu ver a clara diferença entre os pontos e qual era o ideal (aquele que havia usado antes e o atual). As marretadas seguintes foram suficientemente fortes e precisas para que o material fosse moldado da forma correta. As brasas voavam e queimavam parte do braço do jovem aprendiz, mas o momento e a adrenalina faziam-no esquecer de que aquilo estava acontecendo. Ao término do processo, dedicou-se a limpar a peça e prepará-la para um banho químico. O banho não demorou e a espada finalmente estava finalizada.

Quem dera fosse tão fácil. A espada, que aparentemente estava perfeita, estava com concentrações elevadas de carbono, elemento o qual torna o metal mais frágil. Deu uma risada, não conseguindo acreditar que no próprio processo de forjamento as características do metal poderiam alterar-se. Apesar de um leve desânimo sentido, recorreu novamente a uma determinação de ferro que o abasteceria de confiança para completar o seu aprendizado. Já era noite quando repetiria, mais uma vez, o mesmo professo. O homem que antes havia dado a chance para que ele fizesse a espada começava a se arrepender um pouco da sua decisão, ou pelo menos era isso que demonstrava a sua linguagem corporal. Ele estava sentado, há horas, com sua perna balançado de um lado para o outro. Mesmo repleto de outros elementos, Yusuke continuava focado em fazer uma arma.

E tentava, cada vez mais, fazer tudo certo de uma vez por todas. O suor já escorria por todas as partes do corpo, o cansaço já diminuía a velocidade do seus braços e a força de suas marretadas, mas ele ainda estava lá, buscando a perfeição de uma vez por todas. Não sairia daquele lugar até que conseguisse uma lâmina perfeita.

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Parecia que tudo estava indo muito bem até então. A espada estava perfeita, pelo menos era assim que demonstrava estar. Mas logo o responsável dizia-lhe que só aquilo não seria necessário para ser Ferreiro e que também deveriam ser demonstradas habilidades criando outros tipos de materiais, diferentes tipos de armamentos. Entendeu bem o que aquele homem tinha a dizer, mas não disse sequer uma palavra e continuou sua busca sedenta por mais conhecimento.

As Kunais seriam as próximas a serem forjadas. Kunai mundialmente conhecida, um instrumento ninja indispensável para qualquer Shinobi que se preze. Existiam vários modelos de Kunais, dentre eles escolheu forjar a mais simples. Não havia dificuldade, era utilizar os conhecimentos obtidos durante a construção das espadas aplicados, desta vez, a manufatura das Kunais. Este pequeno instrumento, no entanto, era uma tarefa árdua graças ao seu pequeno tamanho. Não havia qualquer espaço para erro, mesmo que pequeno. Uma microfratura da peça poderia representar um grande risco ao homem que fosse fazer uso da pequena lâmina. Ainda sim, não seria tão difícil. O treino com as espadas teria sido o suficiente para fornecer uma base concisa para o forjamento.

Iniciou recolhendo os materiais necessários. A composição do metal dessa lâmina era semelhante a de uma espada, não existiam segredos. A técnica das marretadas, entretanto, exigia uma precisão ainda maior e uma força um tanto quanto regulada. E foi, desse modo, que ele construiu sua primeira Kunai. Os conselhos advindos do mestre, agora, tiveram alguma atenção. Sem eles, o pobre jovem pouco poderia ter feito. As marteladas estridentes e o cheiro de metal misturado ao clima calorento propiciaram uma experiência. Passara a gostar de estar naquele lugar mais do que em qualquer outro. Descobrira uma paixão. E, como dizem, aquilo que é feito com paixão não pode dar errado. E não deu, suas Kunais foram simplesmente perfeitas, causando alvoroço e inveja naqueles que viam o tal jovem prodígio em forja. Ninguém conseguia acreditar que ele pudesse ser tão habilidoso. Os funcionários propuseram a forja de Shurikens, não conseguiam aceitar tamanho talento, ainda mais tão jovem.

Se divertia, como nunca antes. Não queria ser um metido, ainda tinha muito a aprender, mas não pode recusar de forma alguma o desafio. E foi assim que se iniciou o processo de forja das Shurikens. A Shuriken tinha forma e composição completamente diferente das espadas e Kunais, mas ainda sim não seriam grande problema para aquele que tinha o espírito do Ferreiro consigo. Apresentou, mais uma vez, maestria invejável com os processos químicos, de condução das piras e de todo o processo de forja. Não demorou para que as primeiras Shurikens começassem a sair perfeitas, com acabamento impecável. Tinha velocidade, maestria e perfeição, todas qualidades pré-requisito para um grande Ferreiro. Ao final do processo, teve seu contato com a primeira ferramenta não manual, esta era a furadeira de bancada.

A furadeira era necessária para a realização dos furos contidos ao centro da Shuriken. A partir daí, começou a aprender um pouco mais sobre a união de máquina e homem, afim de transformar o processo mais rápido. Com gabaritos em mãos, furou, uma a uma, até que se esgotassem. Estava em casa enquanto manuseava tais ferramentas. Apesar de enciumados, os proletários passaram a ver chamas nos olhos daquele rapaz. Sentiam, nele, uma determinação inabalável. Foi quando passaram a perceber que de nada adiantaria apresentarem tal sentimento infantil e decidiram ajudar. Ensinaram, com prazer, todas as técnicas e formas de facilitar o processo de forjamento. Mostraram-no os "macetes" que ali existiam, como tornar o processo todo mais fácil. Urameshi nunca esteve tão feliz em toda sua vida.

Por fim, ajudaram-no a construir uma foice. Foice que é uma ferramenta bastante utilizada na agricultura, mas também pode ser utilizada em uma batalha. Esta, possui uma lâmina diferente de todos os tipos de arma, caracterizando-se por possuir uma lâmina longa e com uma curvatura variável. Era um tanto complicado, mas todas as dicas tornaram o processo bem simples. Além de que, diante de toda aprendizagem adquirida até aquele instante, não seria uma foice que iria bloqueá-lo em sua busca por tornar suas técnicas de forjamento perfeito. Muito pelo contrário, ela iria ajudar.

Era isso, havia concluído. Seus braços agora já estavam exaustos. Foi quando lhe foi apresentado uma segunda parte da fábrica, esta automatizada. Para entender melhor, a automatização torna todos os processos mais simples e baratos e, muitas vezes, não requerem mãos humanas para executá-las. As mãos estariam focadas em controlar o processo e não mais uma forma de manufatura. À primeira vista não lhe foi confortante aquela visão, havia feito tudo aquilo quando uma máquina conseguiria o mesmo resultado bem mais rápido. Mas, com o tempo, logo foi se acostumando mais com a sua visão. Existiam esteiras, sensores e caixas por todos os lugares. Além disso, técnicos se encarregavam de cuidar de toda a parte de controle.

Com o convívio, começou a aprender como manusear tais maquinas. O que, para sua surpresa, foi tão engrandecedor quanto a própria forja. A cabeça estava a mil, já conseguia pensar em mil e uma possibilidades do que fazer quando chegasse à sua residência. Tantos botões, tantas luzes pequenas, era realmente um ambiente de encher os olhos. Aprendeu rápido acerca de tudo aquilo, não era tão difícil quanto forjar, afinal.

Com o término de sua aprendizagem, ele agora podia se dizer um Ferreiro completo. Aprendeu tudo aquilo que podia sobre a forja e como criar materiais ninja. Agora, partia em busca de pesquisar mais coisas interessantes.

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