Acordou em meio a um montante de pergaminhos sob sua cabeça e indagou-se de quanto tempo permaneceu ali, apagada. A baba que escorria de sua boca molhara os manuscritos que continham os hijutsus de seu clã — Hijutsus estes que eu estava aprendendo. — O ancião ficará uma fera quando ver a marca de baba no papel real. Ha! — gargalhei em meio as quinquilharias. Em seguida, levantei e tirei o pó de minha roupa, espreguicei-me e tateei as anotações, lendo-as uma por uma. — Hm… está na hora de ir, devo aprender-lhes o mais rápido possível. —  disse a mim mesma, indo embora da biblioteca real.

A neblina escurecia qualquer observação ao céu, se bem que, aquela noite ainda estava calma. Eram meia-noite ou uma da manhã. Mas o desejo de aprendizado permanecia, intenso. E por isso, segui ao campo de treinamento não muito distante de onde eu estava. Aqueles hijutsus seriam meus, as técnicas até então secretas seriam masterizadas por mim, de uma vez por todas.

Chegando no campo, deparei-me com um belo arvoredo onde poderia treinar em paz, sem me preocupar com quaisquer pertubações ou até mesmo interrupções, ali eu estaria em paz e poderia dar meu máximo para aprender as técnicas dos pergaminhos. Minhas mãos repousaram sobre as inscrições e as abriram, na vertical, deixando-as de modo que a leitura não fosse um problema. Vi as gravuras e li suas inscrições, agindo conforme o papel designava. — Mãos em posições contrárias. Check. Pés devidamente posicionados. Check. Animação de um Ying Yang gigante abaixo dos meus pés. Check. Hora de começar. — finalizei, iniciando a investida na árvore.

4… 8… 16….. 32……..— Bom, consegui metade… mas.. devo continuar, afinal, preciso acertar sessenta e quatro vezes seguidas; não deve ser tão difícil. — ponderei, retomando à posição anterior. A todo momento meus punhos gentis danificavam mais e mais a árvore, mas ainda sim, ela se mantinha firme e forte, dizendo que aquilo não significava nada. — Maldito seja, árvore. Irei-lhe destruir quando dominar esta técnica. — finalizei, mostrando o dedo do meio para a mesma.

…

Minhas mãos já sangravam, mas nada de conseguir as 64 palmas, meu máximo fora 56 e ainda sim, com muito esforço. Havia treinado a noite toda — mas tirei um cochilo antes de continuar —, e não fazia ideia de que horas eram. O sol brilhava, minhas mãos sangravam mas tinha de continuar. Afinal, quem eu seria se desse para trás agora? Rasguei um pouco do tecido de minhas roupas e enfaixei as mãos, aderi a posição que havia no pergaminho e investi, ferozmente contra aquela maldita árvore.

— Hakke Rokujūyon Shō!  — bradei, completando as sessenta e quatro palmas, porém deslocando um dedo no último golpe. — Isso vai doer amanhã. Mas ao menos consegui dominar as técnicas. Sanjūni Shō foi fácil, afinal, utilizar sessenta e quatro vezes é ainda pior. Bom, ainda preciso aprimorar um pouco mais meu corpo antes de usá-la em algum inimigo. — pensei comigo mesma, indo embora em seguida.

Considerações e cia.: