— Para onde estamos indo, Kazuki? — Naquela fria manhã de inverno, o mestre jardineiro e seu aprendiz caminhavam tranquilamente por uma região montanhosa nos arredores de Iwagakure.

— Logo você irá descobrir, apenas faça seu trabalho. — Ordenou de forma rude. O trabalho ao qual Kazuki se referia era o de mapeamento daquela área: Shinji deveria reconhecer e anotar todas as espécies de plantas encontradas pelo caminho.

A concentração do Yamanaka, no entanto, foi frustrada por uma estranha energia que atingiu o âmago de sua alma. Era uma sensação que ele nunca havia sentido antes e chegava a dá-lo calafrios.

— Kazuki..., senti algo estranho. — Incerto sobre o que poderia ser, o jovem alertou o mestre.

— E o que seria?

— ... — O silêncio perdurou por alguns instantes. — Não sei dizer.

— Ao menos consegue mostrar?

— Por aqui. — Ele, então, desviou o caminho da estreita estrada de terra e seguiu por uma pequena trilha que se revelou à direita. O Yamanaka estava pálido e visivelmente assustado, preocupando o jardineiro. “É como se vozes estivessem me chamando, mas não dizem uma palavra sequer”, pensava. “Seriam fantasmas? Não..., eles não existem”, tentava se convencer e superar o medo.  

Ao chegarem ao final de um túnel de plantas criado naturalmente pela densa vegetação, a dupla ficou hipnotizada pelo que se revelou. Um vale em formato de círculo quase perfeito cuja beleza natural era intocada e harmônica, dando a sensação de um local sagrado. Havia um lago central de águas cristalinas que refletiam o céu e as enormes montanhas ao redor. Ao redor do lago, estendia-se um vasto campo de flores de todas as cores e tipos, formando padrões de mandalas e espirais vista daquele ângulo em que estavam.

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Considerações:

— O que é esse lugar? — Shinji estava tão maravilhado com a vista que mal pode controlar suas próprias expressões faciais.

— O Vale das Flores Eternas. — O mestre também estava impressionado.

— E o que exatamente é isso?

— Você irá entender por conta própria assim que chegarmos lá..., mas, como foi capaz de encontra-lo, deve ter sentido a energia diferente que este local emana.

Kazuki estava certo, as flores daquele vale não eram comuns. À medida que o Yamanaka foi se aproximando, ele sentiu uma conexão quase que espiritual com aquelas plantas. Seu próprio chakra pulsava dentro de seu corpo e as flores reagiam no mesmo ritmo, emitindo um suave brilho em suas respectivas tonalidades e liberando pequenas quantidades de pólen.

— Este é um lugar especial e é onde continuaremos o seu treinamento em Hana Ninpō. Aqui, as flores reagem ativamente ao chakra alheio e a conexão com elas se torna tão íntima que suas pétalas podem ser facilmente controladas, dependendo de sua habilidade. Mas...

Fala do jardineiro mestre foi interrompida por um rugido que ecoou por todo o vale e balançou ferozmente cada uma das plantas nos arredores. Na sequência, três criaturas humanoides de chakra surgiram do chão e cercaram a dupla. O primeiro deles, tinha cabeça de peixe e era azulado. O segundo, em algum tom terroso, tinha flores no lugar dos olhos. O terceiro, era branco e possuía duas pequenas asas em suas costas.

— São os guardiões deste local. Assim como você provou seu valor em meu jardim, deverá provar para eles caso queira aqui treinar.

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Considerações:

— Como assim? — Questionou Shinji, incrédulo.

— Trata-se de uma espécie de jutsu de selamento cuja origem é desconhecida, provavelmente para proteger este local. A partir do momento que você entrou neste território, você deverá passar por três desafios. Se falhar, seu chakra será selado aqui.

— Você também está nessa?

Kazuki riu.

Neste momento, o guardião da água deu um passo para o lado e sinalizou para que Shinji seguisse em frente. Ao fazê-lo, ele encontrou um pequeno riacho contaminado por alguma substância tóxica. Os peixes e toda vegetação estavam mortos, levantando um forte odor de podridão. Assim que analisou a situação, o Yamanaka caminhou pelos campos floridos à procura de algumas flores específicas com propriedades purificadoras e, devido a riqueza do local, não demorou para encontra-las.

— Kazuki, o pilão.

Ao receber o objeto Shinji misturou todas as flores encontradas, amassou-as com uma socadeira e misturou-as com um pouco de água limpa. Retornando ao riacho, despejou a mistura sobre ele. Tão logo, o equilíbrio da água foi restaurado e as plantas aquáticas floresceram outra vez. Destarte, o primeiro guardião sumiu.

O guardião da terra, por sua vez, abriu caminho e revelou o novo desafio. O branco foi guiado até uma área de campo aberto, cercado por árvores secas e sem vida, onde no centro havia um enorme caldeirão com diversas espécies de plantas raras com propriedades especiais.

Conhecimento era a chave do sucesso naquele momento, e Shinji o possuía. Analisando friamente o estado das árvores, ele foi capaz de identificar qual o tipo de doença que elas haviam contraído e sabia exatamente a planta que deveria usar para curá-la. Retornando ao caldeirão, revirou-o cautelosamente e ao encontrar a flor que procurava a colocou no pilão e preparou uma mistura pastosa que foi posta no tronco de cada árvore.  Assim, as árvores começaram a se recuperar e novas folhas brotaram, fazendo com que aquele guardião também desaparecesse.

O Yamanaka não era especialista e não possuía nenhuma habilidade naquilo que estava fazendo, porém não era esse o objeto de análise daqueles espíritos.

O último deles, então, abriu caminho para um novo desafio. Ao chegar, o genin foi recebido por uma área de campo aberto onde o vento soprava constantemente, criando padrões de movimento para as flores. Após alguns minutos observando aquela dança ritmada, uma rajada de vento soprou mais forte e as flores foram espalhadas pelo local. Desse modo, o objetivo do desafio era reorganizar as flores como elas estavam dispostas anteriormente.

Shinji era sensível aos recolher as plantas espalhadas, tomando cuidado para não as machucar. Atento a disposição inicial dessas, o Yamanaka foi capaz de organizá-las perfeitamente. Não tardou para que elas voltassem a dançar harmonicamente e o último guardião sumir.

Colocando rapidamente um pirulito na boca e retornando para o local onde Kazuki o aguardava. O branco estava pronto.

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Considerações:

— Não foi uma tarefa complicada para você, não é mesmo Shinji? — O mais velho sorria. — Agora podemos continuar com seu treinamento. Veja esse lugar. — Ele abriu os braços e girou sobre o próprio corpo, lentamente. — As flores aqui são ótimas receptoras de chakra e utilizaremos isso ao nosso favor. Na primeira fase do seu treinamento, você deverá infundir seu chakra a essas pétalas e mudar levemente suas propriedades, tornando suas bordas tão afiadas quanto lâminas.

O Yamanaka se afastou do mestre, posicionando-se exatamente em uma pequena clareira em meio ao mar de flores e se preparou para iniciar o treinamento. Tento como base o Hana Ninpō, Shinji sabia exatamente por onde começar. O problema seria os próximos passos. Liberando controladamente um pouco de chakra sobre as flores, após realizar um selo de mão como forma de canalizá-lo, elas começaram a se destacar e flutuar em direção ao aprendiz. Ao passo que isso ocorria, novas pétalas surgiam no lugar daquelas que foram arrancadas. Pouco tempo se passou e o jovem perdeu o controle e elas caíram no chão.

— Apenas prossiga. — Ordenou o jardineiro.

Shinji repetiu o processo e as pétalas caídas logo reagiram ao seu chakra e se levantaram, caindo instantes depois. As sucessivas tentativas deixaram o genin exausto, contudo, após algumas horas, ele finalmente foi capaz de mantê-las ao seu redor por um pouco mais de tempo. Kazuki, percebendo o progresso, se aproximou e colocou levemente o dedo indicador sobre uma das pétalas.

— É isso. — Afirmou, ao ver que um pequeno corte foi feito em sua pele.

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Considerações:

— Agora que você entendeu como deve manipular seu chakra para mudar as propriedades e controlar as pétalas deverá ser capaz de cria-las a partir dele, sem a necessidade de utilizar as pétalas com propriedades especiais desse lugar. Siga! — Kazuki passou as novas instruções.

Seguindo as dicas do mestre jardineiro, Shinji realizou um selo de mão se se concentrou. Canalizando uma determinada quantidade de chakra a partir desse selo, foi transformando-o em pequenas pétalas que brilhavam em uma tonalidade rósea. Essas pétalas flutuavam a cerca de um metro de distância de seu corpo e assim permaneceram enquanto o Yamanaka mantinha a concentração.

— A forma como você irá utilizá-las, depende somente de suas habilidades e criatividade. Porém, com isso, deve ter um leque de novas possibilidades com essa técnica. Seu treinamento chega ao fim hoje. — Anunciou.

O branco imediatamente perdeu a concentração e caiu de costas no chão, exausto. — Agradeço pela ajuda, Kazuki. Pode ter certeza que irei honrar o que aprendi contigo. — O agradecimento do genin veio de forma discreta, mas sincera. Ele estava ciente que não era mais o mesmo ninja de antes do encontro com o jardineiro e devia isso a ele. Restava ao Yamanaka seguir adiante com todo aquele aprendizado, não só em relação à técnica aprendida, mas também quanto sua relação com a natureza.

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Considerações: