A lua iluminava a estrada de pedra, coberta por uma fina camada de neve, à frente de Shinji. O rosto avermelhado e a fumaça que saia da boca a cada suspiro, indicavam que a temperatura estava baixíssima. Mesmo assim, o jovem de cabelos alvos estava focado no caminho indicado no mapa desenhado à mão em um pequeno pedaço de guardanapo. “Se eu copiei o mapa corretamente, estou próximo”, pensou. O Yamanaka havia encontrado em seus estudos de botânica sobre uma pequena vila conhecida por ter belos jardins.

Destacando-se entre a região montanhosa, o vilarejo era visto de longe. Os jardins eram realmente belos e coloridos. Cores essas que contrastavam perfeitamente com o branco da neve. Além disso, o aroma de flores era sutil e agradável. O conjunto tornava aquela região calma e acolhedora. Assim que chegou, Shinji logo se aproximou dos habitantes em busca de uma informação específica.

— Boa noite, estou procurando por Kazuki. — Tanto o nome de Kazuki quanto o vilarejo estavam anotados na contracapa do livro que ele utilizou para estudar botânica dias atrás.

— Muitos procuram por ele, mas poucos conseguem sua ajuda. — Respondeu um dos locais. — O jardim no topo da montanha, você o encontrará por lá. — O genin acenou positivamente com a cabeça, agradecendo pela resposta, e seguiu na direção indicada.

A entrada do jardim era marcada por um enorme portão de madeira adornada com flores e vinhas. Ele encontrava-se entreaberto e Shinji interpretou que poderia adentrar. Um caminho de pedra, ladeadas por musgos e neve, e pequenas lanternas de papel estrategicamente posicionadas, levava até uma pequena cabana de madeira cuja chaminé exalava uma aromada de madeira queimada. O branco, então, bateu três vezes à porta.

Não demorou para ser atendido por um homem de meia idade. Ele era tão branco quanto a neve, cabelos alvos e olhos verdes. Usava roupas totalmente pretas e um cachecol roxo que se destacava naquela ausência de cores. O sujeito equilibrava habilmente um cigarro no canto da boca enquanto falava.

— Quem me incomoda? — Sua voz era rouca e grave.

— Shinji Yamanaka, um shinobi de Iwagakure no Sato. — Abaixou brevemente a cabeça em sinal de respeito. — Você deve ser Kazuki. Encontrei seu nome anotado em um livro sobre botânica e estava associado a uma técnica chamada Hana Ninpō. Vim em busca de aprendizado.

O homem riu. — Muitos como você vêm até mim, mas nenhum é digno de aprender minhas habilidades. Não perca seu tempo, jovem.

— Faço o que for preciso. — A típica expressão estúpida de Shinji foi substituída por um olhar determinado.

— Veremos se você é capaz. Volte aqui amanhã.

— Ehh... Então, a Pedra fica um pouco distante daqui. Se importaria de me abrigar esta noite?

— Eu só tenho um sofá disponível e não espere nenhuma hospitalidade. — Retrucou.

Para alguém como Shinji, que vivia sem nenhum luxo, aquilo era o suficiente. A cabana era pequena, apenas três cômodos: um quarto; uma sala, onde estava o referido sofá; e o banheiro. Por sorte, havia uma lareira na sala, o que deixava o cômodo perfeitamente aquecido. Kazuki ainda ofereceu uma xícara de chá e um pequeno pedaço de chocolate. Após se alimentar, o genin dormiu.


O sol sequer havia nascido e Shinji foi acordado pelo pigarrear de Kazuki. O homem já estava na sala e colocava uma nova chaleira para aquecer próximo a lareira. — Você irá realizar algumas tarefas hoje e dependendo do seu desempenho irei verificar se é digno ou não dos meus ensinamentos. — Disse ao mesmo tempo que servia o hospede com uma xícara de chá e alguns biscoitos. — Depois que comer, você irá podar algumas árvores, preparar o solo para que novas sementes sejam plantadas e irá cuidar de algumas plantas especiais que tenho espalhadas pelo jardim. — Instruiu.

Não eram tarefas complicas e, embora não tivesse prática, o Yamanaka confiava no conhecimento teórico adquirido com seus estudos. Ele sabia exatamente a maneira correta de podar uma árvore sem prejudicar sua saúde, sabia como deveria ser a preparação de um solo para garantir o crescimento das plantas e conhecia uma infinidade de espécies de plantas, bem como suas características e cuidados especiais, a partir de um herbário que adquiriu em uma outra feira de livros.

O jardim de Kazuki era tão organizado quanto os corredores de uma biblioteca. Havia um setor de flores exóticas, seguindo padrões de formas e cores. O caminho de pedra era coberto por arcos adornados com trepadeiras floridas. Outra seção, era dedicada a árvores majestosas cuja disposição formava uma pequena clareira equipadas com esteiras de bambu e pequenos altares de pedra. Um outro setor, destinava-se a ervas medicinais etiquetadas com seu nome científico e propriedades curativas. No centro no jardim, havia um singelo lago onde habitavam alguns peixes koi de cores variadas.

O homem de cabelos alvos se impressionou com a atenção de cuidado de Shinji com as plantas. Ele estava decidido a passar seus conhecimentos à diante. — Jovem shinobi. — Ele chamou pela atenção do garoto. — As tarefas que você realizou até o momento são uma etapa importante do treinamento na Arte das Flores. A partir de agora, todos os dias, você deverá observar as plantas e compreender seu ciclo natural. Além disso, ao pôr-do-sol, deverá realizar seções de meditação na clareira entre as árvores. A técnica que você busca aprender é muito mais que apenas controlar as flores, é estar em harmonia com a natureza. Você deve sentir e aprender a canalizar a energias das plantas.

Os dias se passaram e o Yamanaka se tornava capaz de associar seu próprio chakra à energia das plantas. À medida que o treinamento avançava, eram incluídas seções de manipulações de pétalas e algumas técnicas pertencentes àquela arte. Além disso, Kazuki e Shinji tornavam-se mais próximos, como verdadeiros mestre e aprendiz.

— Shinji, seu treinamento finalmente chegou ao fim. A partir de agora, você deve aperfeiçoar suas habilidades em Hana Ninpō por conta própria. Quando sentir que está pronto, retorne à mim. Irei te guiar para os próximos passos. — Kazuki retornou brevemente à cabana e voltou com a muda de uma flor cuja cor era exatamente igual aos olhos do mestre. — Essa flor simboliza sua maestria e conexão com a natureza. Não permita que ela morra.

— Irei cuidar dela, Kazuki. — Shinji estendeu a mão para cumprimentar o homem. — Obrigado pelos ensinamentos e pela estadia. — Assim que se despediu, o Yamanaka retornou à Iwagakure.

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Considerações: