Cidadela do Deserto

Ainda um tanto intrigado com a edição anterior do jornal, Hakuryū naquela manhã havia solicitado para reconfigurarem o salão do espelho d’água em uma modesta sala de estar. Três cadeiras acolchoadas e uma pequena mesa de centro, conforme suas instruções, bastariam para o que tinha em mente. Ainda com o mesmo exemplar do periódico que havia levado até a sala do Sandaime, pela tarde ele se dirigiu até o comodo e lá se acomodou.

Folheou o jornal mais do que uma vez, relendo-o por completo diversas vezes. Tal era sua preocupação com aquela situação, que quis repetidamente se certificar de que realmente não havia mais nada a se retirar daquele jornal. Era um investigador, afinal, e o fato de não conseguir descobrir uma rota eficiente para descobrir mais sobre aqueles assuntos estava lhe tirando o sono todas as noites. Talvez fosse sua falta de faro para o assunto, já que apesar de ter demonstrado aptidão para o assunto e ter sido rapidamente promovido a uma das patentes mais altas, ainda sentia que faltava algo. Seu objetivo era se tornar um grande detentor de informações para ajudar sua vila. Podia não ser um professor, mas o ato de alimentar a biblioteca da vila com certeza ajudaria aqueles responsáveis por esse tipo de tarefa. E, de quebra, no fim ele próprio teria que aprender muito se quisesse fornecer muito à biblioteca.

Palavras: 229

Pseudo-Kyūbi: 2750 | 2750 CH
Reservatório: 3000 | 3000 un. — Ambiente: 500 | 500 un.

Legenda:
Falas: — Texto — descrições. | Pensamentos: "Texto" — descrições.

Cidadela do Deserto

No que se viu desistir de tentar extrair qualquer detalhe extra despercebido no jornal, dobrou o papel e o jogou sobre a mesa de centro, estalando a língua. Entretanto, àquela altura, pode subitamente perceber que já não estava mais sozinho na sala. Ziusudra entrava pelas passarelas entre as águas.

— Desistindo tão cedo? — ácido, um sorriso emergiu das sombras em seu capuz.

Apertando as mãos nos braços da poltrona, Hakuryū tomou um susto com a súbita aparição. Demorou alguns instantes para encontrar a explicação para tudo aquilo, porém logo se lembrou que ele também era um Sabaku. Provavelmente ligado ao conselho dos anciões, isso se não fosse parte dele, ele com certeza deveria ter algum nível de influência sobre todos os integrantes na hierarquia do clã.

— Acho melhor não tomar medidas tão drásticas sozinho, também. Melhor esperar que Ken-kun diga algo — apoiando o cotovelo em um dos braços da poltrona e repousando o rosto sobre sua mão, ele relaxou na cadeira.

— Hum… É? — Ziusudra avançou até o quadrado em meio às águas, ficando de pé diante das únicas plataformas que levavam para fora. — Enquanto você segue sendo inútil, por que não aproveita para aprender alguma coisa? — indagaria, sério, batendo levemente a bengala metálica no chão.

Palavras: 204

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Cidadela do Deserto

Haku arregalou os olhos. Era óbvio que ele estava ali para ensinar, mas por conta de toda aquele mau-humor, tinha demorado a perceber. E, sendo Kinsetsu como era, a resposta veio em suas expressões. Sorrindo e assentindo com cabeça, prontamente levantou na direção do velho.

Logo ambos estavam no mesmo pátio no qual haviam treinado da última vez. Haku imediatamente se colocou em postura de combate e, mais uma vez, areia negra surgiu de dentro das vestes do mestre ancião. Já conhecia aquele estilo de luta. O manto criado por ele era uma defesa formidável, entretanto criava problemas de lentidão para seu usuário. Os mesmos problemas que ele próprio enfrentava com o seu Kōtei Tokken. Claro que o seu parecia pelo menos 3x mais grave do que ele tinha testemunhado na outra ocasião. Entretanto, dessa vez, Haku estava confiante de que poderia usar aquilo contra o mestre e, quem sabe, acercar um golpe que fosse.

Logo que o suposto Satetsu no Manto se formou, no entanto, Hakuryū sentiu que algo não estava certo. Quer dizer, era definitivamente o estilo de luta com as finalidades defensivas que conhecia, mas ele não parecia o mesmo. Supondo, porém, que Ziusudra talvez fosse capaz de customizar sua aparência, Haku decidiu rapidamente se aproveitar da imobilidade que o velho teria.

Quatro martelos gigantes imediatamente se formaram. Organizados em pares nas laterais do velho, juntas as duplas formavam uma parede de 3 por 5,5 metros. Com o quádruplo do poder de esmagamento normal, Hakuryuu avançou rapidamente os pares de martelos um contra o outro. A princípio, o velho deu claros sinais de que não iria fazer as mesmas manipulações de antes, apesar de movimentações na malha metálica do manto dizerem que ele facilmente poderia se quisesse.

O que aconteceu, no entanto, embasbacou Kinsetsu. De outras lutas, ele já conhecia a velocidade máxima do velho e, o que ele fez havia acabado de provar que o manto em nada havia prejudicado a mesma. Ele simplesmente saltou para cima, quase movendo-se de forma que Haku não teria percebido. Seu manto negro, agora similar a uma mortalha, era massivo, visivelmente absurdamente poderoso. No entanto, movia-se tão livremente quanto um tecido qualquer. Haku imediatamente colocou todas as suas qualidades em ação, sua inteligência avançada trabalhava o mais rápido possível com as bases de conhecimento provenientes dos seus conhecimentos científicos, habilidade inata em ninjutsu, perícia e maestria no elemento jiton, o mesmo que o velho usava, apesar da diferença no material.

Hakuryū permaneceu alguns instantes estudando a superfície do manto do professor. Sua dinâmica e os aparentes fluxos tomados pelo pseudo-fluido originado pela limalha magnetizada. Os fragmentos de ferro deveriam acompanhar o sentido das linhas do campo magnético e, com isso, deveria ser possível extrapolar qual o formato que o campo deveria ter para atingir aquilo.

— Heh, impressionado, eu vejo — novamente o velho faria o sorriso surgir em meio às barbas que emergiam das sombras do capuz. — Este é o Kangenjutsu. Seu poder é ainda maior que o Satetsu no Manto e, graças à maestria no uso do jiton, é possível manter a camada de satetsu muito mais rente ao corpo. Dessa forma, acompanhando os movimentos corporais com maior precisão é possível anular o problema do peso — ele prosseguiria abrindo e movendo os braços para mostrar o que explicava.

Com os olhos fixos, Kinsetsu acompanhou os braços, especialmente atento aos padrões que fossem formados pela areia de ferro que constituia o manto. Lê-los era o mesmo que ler as linhas do campo magnético e, portanto, entender como ele fazia aquilo. Ele mesmo deveria ter capacidade de fazer algo similar.

— Mas, isso não é tudo que a Maestria me permite. Ao usá-la para ajudar a compensar o peso, também ganho velocidade nas manipulações feitas da satetsu do Kangejutsu — continuando, ele fez mãos surgirem e socarem o ar com uma velocidade que Haku mal conseguiu acompanhar. — E, por último… — o velho, então, desapareceu em um flash negro.

Kin imediatamente percebeu que ele havia escondido muito de sua velocidade real. Entretanto, diante de tamanha superioridade, Haku não teve como bloquear. Ziusudra apareceu bem adiante dele, socando-o no estômago.

— Toda essa massa acompanhando os punhos também aumenta minha força — sorrindo, quase maquiavélico, enquanto Haku estava paralisado pela dor do soco, uma manipulação se formou do manto.

Acertando Haku pela lateral, Kin não demorou a se ver jogado no chão, com uma dor intensa seu braço esquerdo, ele viu sua visão gradativa se escurecer. Tinha passado seus últimos instantes observando todo e qualquer detalhe no manto do Kangenjutsu. Entretanto, como consequência, havia levado os golpes em cheio e, após entender o que tinha acontecido pela última explicação de Ziusudra, finalmente pareceu relaxar. Achava que tinha uma ideia geral do que havia acontecido.

Logo, sua consciência se esvaiu.

Quando finalmente se deu conta, estava novamente em seu quarto. Dessa vez, o braço esquerdo que estava engessado. Levantou de súbito, surpreso com a epifania que tinha tido quanto ao seu Kōtei Tokken. Mas, logo deixou a cabeça cair de volta na cama. Tinha que chamar aquele médico para ver de novo o estado de seus ossos.

Palavras: 849

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